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Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
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Elisio FJR
tchico
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cristina
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Joao Luis
Carlos Balio
TodayAdventure
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Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Num outro fórum, a nossa companheira Cristina lembrou-me uma pequena crónica que fiz, há uns tempos atrás. Copio-a para aqui, para que vejam as paisagens de Inverno aqui à porta de casa (Parque de Montesinho e zona do Lago de Sanabria).
--
Mini fotocrónica de um passeio à arca congeladora
(escrito em Dezembro de 2008)
Na verdade foi menos radical do que um passeio dentro da arca congeladora, mas as vistas foram mais interessantes.
O nevão de sexta-feira passada em Bragança não se voltou a repetir por aqui. A neve voltou no entanto a alegrar outras zonas como Vila Real, Castro d'Aire, etc. Cá pela cidade, a neve foi desaparecendo das ruas, mas continua a pintar a paisagem das encostas aqui em volta. A meio da manhã de hoje, segunda de feriado, o sol espreitou por entre as nuvens e achei que era altura de ver como estavam os campos aqui em volta. Quem sabe, uma ida até à Sanabria.
"Pescoceira" e ceroulas a postos (tudo o que um motard necessita para a neve... ), sinto-me preparado para o passeio. Lá fora estarão não mais do que 3 ou 4 graus positivos, mas os raios de Sol reflectidos nas vastas extensões de neve, fazem da jornada um dia bem luminoso. Rumo em direcção a Vinhais, por uma estrada sem neve, mas com gelo traiçoeiro nas curvas mais abrigadas do sol. Viro à direita numa das primeiras aldeias, Portela, e sigo por uma estrada terciária, com muita neve mas onde consigo ir circulando, até Oleiros, onde vive uma família alemã que se fixou ali há alguns anos. Estou já em domínios do Parque Natural de Montesinho.
Passei por algumas zonas inclinadas muito ao abrigo da luz do sol, que me levaram algum tempo a ultrapassar. O piso estava tão escorregadio, vidrado, que estive várias vezes quase a cair. A roda de trás teimava em ultrapassar a da frente! Cheguei por fim a uma aldeia simpática chamada Cova da Lua que tem um alojamento rural famoso aqui na zona. Daí perguntei a alguns locais como se ia para o Soutelo. Conhecia a estrada asfaltada mas queria ver como estavam as pistas. Soutelo estava apenas a 1 km. É a partir desta povoação que há uma pista que nos permite que nos permite ir até ao topo da Serra de Montesinho. Com a neve que estava a encontrar dificilmente me meteria por esta pista, mas queria ver se havia mesmo um restaurante novo no Soutelo, como tinha ouvido dizer recentemente.
Igreja do Soutelo
Couvinhas do Soutelo em apuros...
Diz a couvinha Etelvina para a couvinha Hermengarda:
"Ai, meu Deus, Hermengarda, como vamos conseguir sobreviver assim?..."
O pano de fundo, com a imagem de mais uma capela da aldeia, dá um quadro dramático-religioso a condizer...
Latas da aldeia, alguns dias depois do nevão
Confimei que existia de facto um restaurante novo! Terei que cá vir em breve. A luminosidade do dia e as condições de alguma instabilidade (nuvens, vento) estavam tão interessantes que não queria perder parte do dia fechado num restaurante e decidi então que iria aproveitar o magnífico solzinho e luz para rumar até ao Parque Natural da Sanabria, apesar do muito frio, para fazer fotografias.
Panorama de um dos parques eólicos espanhóis junto à fronteira portuguesa.
O meu equipamento económico de Inverno: pescoceira (um dos melhores acessórios que inventaram!) - 2 euros, ceroulas compradas em 1989, na Alemanha - 2 marcos.
Como o início do passeio me tinha mostrado que as estradas secundárias não tinham sido limpas, eram pouco circuladas e por isso ainda acumulavam bastante neve, decidi continuar a jornada pela principal ligação de Bragança a Espanha, na direcção Norte. Como os dias estão bastante curtos nesta época, queria ter algum tempo para explorar algumas estradas em redor do Lago da Sanabria. O percurso passa na aldeia do Portelo e termina em Puebla de Sanabria. Esta povoação é um importante ponto de cruzamento com a autoestrada que une a Galiza ao resto da Espanha (a A-52, chamada autoestrada das Rias Bajas) e da linha comboio que será transformada para acolher uma das linhas do TGV espanhol.
Aqui se vê um dos túneis da linha do comboio que passa junto à Puebla de Sanabria:
A estrada é muito sinuosa e de bom piso, mas já junto à Puebla tem algumas rectas, ao fundo das quais se recortam os picos da Sanabria ainda "decorados" com algumas cores do Outono.
Já na Puebla fui ver o rio que havia gelado. Eis-me a sair da água, qual sereia motorizada....
Uma vista do castelo. O centro histórico e medieval da Puebla está primorosamente conservado e merece uma subida/visita.
Já junto ao Lago da Sanabria, o maior lago de origem glaciar da península ibérica, com as suas límpidas e gélidas águas e uma das suas praias. Custa a acreditar que em Julho e Agosto está cheia de banhistas, heim?
Vai um geladinho?
E porque praia é praia e é suposto apanharmos banhos de sol das brancas (literal!) areias, cá estou...
Depois das praias na face Sul do Lago, rumei a San Martin de Castañeda, onde se encontra um mosteiro cisterciense que alberga, num dos anexos, o parque interpretativo, muito interessante, por sinal.
Mesmo ao lado, está um pequeno restaurante com uma bonita vista sobre o Lago (La Terraza). Não me queria demorar, pois pretendia continuar a estrada de um sentido (não dá passagem para a face Norte) que se dirige à Laguna de los Pesces, a mais de 1600 metros, onde costumo tentar patinar um bocadinho. Sentia-me gelado até aos ossos e começava a nevar levemente. A temperatura a esta altitude devia ser já negativa e havia algum vento, o que aumentava a sensação de frio. Havia algumas nuvens negras que encobriam largas zonas sobre os montes em redor. Fiz um rápido lanche almoçarado com um Pepito de Ternera, que consiste numa grande sandwiche de bife tenro de vitela numa carcaça comprida de pão espanhol. Como sempre, o frio, o vento, a neve aumentam as sensações de prazer das coisas simples da vida. A comida (simples) sabe-nos melhor, o café com leite quente parece-nos duplamente delicioso.
No café estava exposto este "remédio para la crisis"...
Mais reconfortado, voltei a sair para o ataque final à subida para Laguna, a uns 12 quilómetros. Passados dois ou três quilómetros dou com esta placa:
Ora como bem sabemos, o fruto proibido é o mais apetecido, e tinha que ir ver o que se passava "lá em cima", imaginando que iria encontrar dificuldades... Já não é a primeira vez que tenho que desistir de subir à Lagoa, com tempestades de neve a meio da subida. Desta vez havia neve mas no imediato a estrada parecia relativamente desimpedida. E lá fui por ali acima...
As estradas que circundavam o Lago estavam praticamente desertas, e só aqui e ali me cruzava com um carro de matrícula portuguesa (muito raramente). Nesta derradeira subida à Laguna não me cruzei absolutamente com ninguém (bom, a estrada estava supostamente cortada, certo? ). Este feriado é só "nosso", como sabem. Na próxima segunda-feira, dia 8, os espanhóis já partilharão connosco a fiesta. O cenário do Lago, durante a subida e descida foi magnífico, muito melhor do que o de um dia de céu azul, de Verão ou de Inverno. As nuvens, a neve, os bocadinhos de azul do céu, o visível instabilidade do tempo, tudo produzia magníficas cores difíceis de descrever e muito mais de fotografar. Os tons eram de um acinzentado, acastanhado luminoso, que se vêem raras vezes.
As vaquinhas lá encontravam algum pasto na subida!...
Quanto mais subia, mais frequentemente apareciam pequenos tufos de neve no caminho, mas devagarinho lá se foram passando um a um. Algumas vistas para o lago e mais ao fundo, terras lusas.
Em certo momento, os tufos de neve converteram-se num manto de neve quase permanente na estrada e a paisagem era quase totalmente branca. Uma vista para a direcção Norte.
Este era o aspecto da estrada onde fiquei mariquinhas e não continuei. Estava a muito poucos quilómetros da Laguna, que certamente estava bem gelada e boa para a patinagem.
Os limpa-neves tinham claramente andado por ali, mas mais neve se tinha entretanto acumulado. O problema nem era a neve, mas o gelo que tornava a moto ingovernável. Não conseguia pará-la de forma nenhuma num terreno inclinado e era uma questão de tempo até malhar. Entretanto o dia estava a extinguir-se rapidamente e começava a fazer frio a sério. A luz e as cores sobre o Lago da Sanabria continuavam magníficas e continuei a fazer fotos na descida. Eis uma selecção, porventura com alguma repetição...
Já de regresso ao Lago da Sanabria e com o Sol desparecido atrás dos montes, algumas fotos de mais uma das praias do Lago.
Desci de seguida quase até Puente de Sanabria, povoação junto à qual se está a construir - a bom ritmo - a novíssima "Casa do Parque Natural da Sanabria". O local fica praticamente em frente ao terreno onde se faz o acampamento da concentração de Verão do Lago da Sanabria.
As fotos seguintes são tiradas no miradouro do castelo de Puebla de Sanabria ou no próprio castelo, já a noite caía.
A última imagem é para a Transalp aproveitar a boa luz que iluminava os monumentos do centro histórico da Puebla. Cá está ela a pôr-se a jeito.
Parei um pouco para um café con leche revigorante. Na televisão do bar, a RTE1 emitia uma reportagem sobre as grandes quedas de neve na Galiza e nas Asturias. Havia aldeias isoladas há três dias. Voltei à estrada já com noite cerrada. No céu à minha frente, com algumas clareiras sem nuvens, a lua em fase crescente fazia-se acompanhar de muito perto de dois pontinhos muito luminosos, os dois planetas mais brilhantes do firmamento, Vénus e Júpiter, num alinhamento que acontece raramente. À minha chegada a Bragança, cerca das 18h30, a temperatura exterior era de um grau positivo. Ouvi na TSF, que várias pessoas ligaram para a rádio para saberem do que se tratavam aqueles dois pontinhos misteriosos "junto" à Lua.
Foram só algumas horas ao sabor dos elementos, mas o meu suficiente programa de fuga à rotina.
--
Zé Paulo.
--
Mini fotocrónica de um passeio à arca congeladora
(escrito em Dezembro de 2008)
Na verdade foi menos radical do que um passeio dentro da arca congeladora, mas as vistas foram mais interessantes.
O nevão de sexta-feira passada em Bragança não se voltou a repetir por aqui. A neve voltou no entanto a alegrar outras zonas como Vila Real, Castro d'Aire, etc. Cá pela cidade, a neve foi desaparecendo das ruas, mas continua a pintar a paisagem das encostas aqui em volta. A meio da manhã de hoje, segunda de feriado, o sol espreitou por entre as nuvens e achei que era altura de ver como estavam os campos aqui em volta. Quem sabe, uma ida até à Sanabria.
"Pescoceira" e ceroulas a postos (tudo o que um motard necessita para a neve... ), sinto-me preparado para o passeio. Lá fora estarão não mais do que 3 ou 4 graus positivos, mas os raios de Sol reflectidos nas vastas extensões de neve, fazem da jornada um dia bem luminoso. Rumo em direcção a Vinhais, por uma estrada sem neve, mas com gelo traiçoeiro nas curvas mais abrigadas do sol. Viro à direita numa das primeiras aldeias, Portela, e sigo por uma estrada terciária, com muita neve mas onde consigo ir circulando, até Oleiros, onde vive uma família alemã que se fixou ali há alguns anos. Estou já em domínios do Parque Natural de Montesinho.
Passei por algumas zonas inclinadas muito ao abrigo da luz do sol, que me levaram algum tempo a ultrapassar. O piso estava tão escorregadio, vidrado, que estive várias vezes quase a cair. A roda de trás teimava em ultrapassar a da frente! Cheguei por fim a uma aldeia simpática chamada Cova da Lua que tem um alojamento rural famoso aqui na zona. Daí perguntei a alguns locais como se ia para o Soutelo. Conhecia a estrada asfaltada mas queria ver como estavam as pistas. Soutelo estava apenas a 1 km. É a partir desta povoação que há uma pista que nos permite que nos permite ir até ao topo da Serra de Montesinho. Com a neve que estava a encontrar dificilmente me meteria por esta pista, mas queria ver se havia mesmo um restaurante novo no Soutelo, como tinha ouvido dizer recentemente.
Igreja do Soutelo
Couvinhas do Soutelo em apuros...
Diz a couvinha Etelvina para a couvinha Hermengarda:
"Ai, meu Deus, Hermengarda, como vamos conseguir sobreviver assim?..."
O pano de fundo, com a imagem de mais uma capela da aldeia, dá um quadro dramático-religioso a condizer...
Latas da aldeia, alguns dias depois do nevão
Confimei que existia de facto um restaurante novo! Terei que cá vir em breve. A luminosidade do dia e as condições de alguma instabilidade (nuvens, vento) estavam tão interessantes que não queria perder parte do dia fechado num restaurante e decidi então que iria aproveitar o magnífico solzinho e luz para rumar até ao Parque Natural da Sanabria, apesar do muito frio, para fazer fotografias.
Panorama de um dos parques eólicos espanhóis junto à fronteira portuguesa.
O meu equipamento económico de Inverno: pescoceira (um dos melhores acessórios que inventaram!) - 2 euros, ceroulas compradas em 1989, na Alemanha - 2 marcos.
Como o início do passeio me tinha mostrado que as estradas secundárias não tinham sido limpas, eram pouco circuladas e por isso ainda acumulavam bastante neve, decidi continuar a jornada pela principal ligação de Bragança a Espanha, na direcção Norte. Como os dias estão bastante curtos nesta época, queria ter algum tempo para explorar algumas estradas em redor do Lago da Sanabria. O percurso passa na aldeia do Portelo e termina em Puebla de Sanabria. Esta povoação é um importante ponto de cruzamento com a autoestrada que une a Galiza ao resto da Espanha (a A-52, chamada autoestrada das Rias Bajas) e da linha comboio que será transformada para acolher uma das linhas do TGV espanhol.
Aqui se vê um dos túneis da linha do comboio que passa junto à Puebla de Sanabria:
A estrada é muito sinuosa e de bom piso, mas já junto à Puebla tem algumas rectas, ao fundo das quais se recortam os picos da Sanabria ainda "decorados" com algumas cores do Outono.
Já na Puebla fui ver o rio que havia gelado. Eis-me a sair da água, qual sereia motorizada....
Uma vista do castelo. O centro histórico e medieval da Puebla está primorosamente conservado e merece uma subida/visita.
Já junto ao Lago da Sanabria, o maior lago de origem glaciar da península ibérica, com as suas límpidas e gélidas águas e uma das suas praias. Custa a acreditar que em Julho e Agosto está cheia de banhistas, heim?
Vai um geladinho?
E porque praia é praia e é suposto apanharmos banhos de sol das brancas (literal!) areias, cá estou...
Depois das praias na face Sul do Lago, rumei a San Martin de Castañeda, onde se encontra um mosteiro cisterciense que alberga, num dos anexos, o parque interpretativo, muito interessante, por sinal.
Mesmo ao lado, está um pequeno restaurante com uma bonita vista sobre o Lago (La Terraza). Não me queria demorar, pois pretendia continuar a estrada de um sentido (não dá passagem para a face Norte) que se dirige à Laguna de los Pesces, a mais de 1600 metros, onde costumo tentar patinar um bocadinho. Sentia-me gelado até aos ossos e começava a nevar levemente. A temperatura a esta altitude devia ser já negativa e havia algum vento, o que aumentava a sensação de frio. Havia algumas nuvens negras que encobriam largas zonas sobre os montes em redor. Fiz um rápido lanche almoçarado com um Pepito de Ternera, que consiste numa grande sandwiche de bife tenro de vitela numa carcaça comprida de pão espanhol. Como sempre, o frio, o vento, a neve aumentam as sensações de prazer das coisas simples da vida. A comida (simples) sabe-nos melhor, o café com leite quente parece-nos duplamente delicioso.
No café estava exposto este "remédio para la crisis"...
Mais reconfortado, voltei a sair para o ataque final à subida para Laguna, a uns 12 quilómetros. Passados dois ou três quilómetros dou com esta placa:
Ora como bem sabemos, o fruto proibido é o mais apetecido, e tinha que ir ver o que se passava "lá em cima", imaginando que iria encontrar dificuldades... Já não é a primeira vez que tenho que desistir de subir à Lagoa, com tempestades de neve a meio da subida. Desta vez havia neve mas no imediato a estrada parecia relativamente desimpedida. E lá fui por ali acima...
As estradas que circundavam o Lago estavam praticamente desertas, e só aqui e ali me cruzava com um carro de matrícula portuguesa (muito raramente). Nesta derradeira subida à Laguna não me cruzei absolutamente com ninguém (bom, a estrada estava supostamente cortada, certo? ). Este feriado é só "nosso", como sabem. Na próxima segunda-feira, dia 8, os espanhóis já partilharão connosco a fiesta. O cenário do Lago, durante a subida e descida foi magnífico, muito melhor do que o de um dia de céu azul, de Verão ou de Inverno. As nuvens, a neve, os bocadinhos de azul do céu, o visível instabilidade do tempo, tudo produzia magníficas cores difíceis de descrever e muito mais de fotografar. Os tons eram de um acinzentado, acastanhado luminoso, que se vêem raras vezes.
As vaquinhas lá encontravam algum pasto na subida!...
Quanto mais subia, mais frequentemente apareciam pequenos tufos de neve no caminho, mas devagarinho lá se foram passando um a um. Algumas vistas para o lago e mais ao fundo, terras lusas.
Em certo momento, os tufos de neve converteram-se num manto de neve quase permanente na estrada e a paisagem era quase totalmente branca. Uma vista para a direcção Norte.
Este era o aspecto da estrada onde fiquei mariquinhas e não continuei. Estava a muito poucos quilómetros da Laguna, que certamente estava bem gelada e boa para a patinagem.
Os limpa-neves tinham claramente andado por ali, mas mais neve se tinha entretanto acumulado. O problema nem era a neve, mas o gelo que tornava a moto ingovernável. Não conseguia pará-la de forma nenhuma num terreno inclinado e era uma questão de tempo até malhar. Entretanto o dia estava a extinguir-se rapidamente e começava a fazer frio a sério. A luz e as cores sobre o Lago da Sanabria continuavam magníficas e continuei a fazer fotos na descida. Eis uma selecção, porventura com alguma repetição...
Já de regresso ao Lago da Sanabria e com o Sol desparecido atrás dos montes, algumas fotos de mais uma das praias do Lago.
Desci de seguida quase até Puente de Sanabria, povoação junto à qual se está a construir - a bom ritmo - a novíssima "Casa do Parque Natural da Sanabria". O local fica praticamente em frente ao terreno onde se faz o acampamento da concentração de Verão do Lago da Sanabria.
As fotos seguintes são tiradas no miradouro do castelo de Puebla de Sanabria ou no próprio castelo, já a noite caía.
A última imagem é para a Transalp aproveitar a boa luz que iluminava os monumentos do centro histórico da Puebla. Cá está ela a pôr-se a jeito.
Parei um pouco para um café con leche revigorante. Na televisão do bar, a RTE1 emitia uma reportagem sobre as grandes quedas de neve na Galiza e nas Asturias. Havia aldeias isoladas há três dias. Voltei à estrada já com noite cerrada. No céu à minha frente, com algumas clareiras sem nuvens, a lua em fase crescente fazia-se acompanhar de muito perto de dois pontinhos muito luminosos, os dois planetas mais brilhantes do firmamento, Vénus e Júpiter, num alinhamento que acontece raramente. À minha chegada a Bragança, cerca das 18h30, a temperatura exterior era de um grau positivo. Ouvi na TSF, que várias pessoas ligaram para a rádio para saberem do que se tratavam aqueles dois pontinhos misteriosos "junto" à Lua.
Foram só algumas horas ao sabor dos elementos, mas o meu suficiente programa de fuga à rotina.
--
Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Espectacular Zé Paulo, obrigado pela partilha.
Tive uma Transalp igualzinha a esta, e que saudades tenho da bichinha.
Abraço
Tive uma Transalp igualzinha a esta, e que saudades tenho da bichinha.
Abraço
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Brutal, nunca andei na neve, um dia destes cálha
Joao Luis- Já dorme com a moto!
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Fantástico!!!
muito obrigado pela partilha...
Abraço
José Paulo
muito obrigado pela partilha...
Abraço
José Paulo
zephex- Zero à direita
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Lindo! obrigado pela companhia ao almoço
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Grande crónica... que de mini não tem nada.
Isto foi para lembrar o que ainda espera para este Inverno não?
"V"
Isto foi para lembrar o que ainda espera para este Inverno não?
"V"
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Obrigado!
Estas são as minhas mines. As grandes (como a dos Pirinéus, que "ainda agora" começou), tenho dificuldade em terminar. Falta-me o tempo.
Pois, mais ou menos. Nem todos os Invernos são assim tão nevados. Este, de 2008, foi uma maravilha.
Mas a minha estação do ano favorita está agora a começar. No Domingo passado vi, na Sanabria, como os primeiros sinais da mudança de cor da folhagem começam a aparecer. As cores são exuberantes. Espero ter tempo para, em passeio, retratar em filme esta bonita estação do ano, que os turistas parecem não conhecer.
Zé Paulo.
Serzedo escreveu:Grande crónica... que de mini não tem nada.
Estas são as minhas mines. As grandes (como a dos Pirinéus, que "ainda agora" começou), tenho dificuldade em terminar. Falta-me o tempo.
Serzedo escreveu:
Isto foi para lembrar o que ainda espera para este Inverno não?
Pois, mais ou menos. Nem todos os Invernos são assim tão nevados. Este, de 2008, foi uma maravilha.
Mas a minha estação do ano favorita está agora a começar. No Domingo passado vi, na Sanabria, como os primeiros sinais da mudança de cor da folhagem começam a aparecer. As cores são exuberantes. Espero ter tempo para, em passeio, retratar em filme esta bonita estação do ano, que os turistas parecem não conhecer.
Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Eu adoro ir ao Gerês e subir rumar em direcção à Portela do Homem, tem lá zonas lindas no Outono... aquilo é bonito todo o ano.
"V"
"V"
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Sim, na zona abaixo de Orense, Xinzo de Limia. Essa é também uma zona termal, que se estende até Chaves, Verín. Um dia "boto" aqui umas fotos!
Zé Paulo.
Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Fabuloso. As fotos dão mesmo vontade de ir até lá e andar pela neve. Excelente crónica, obrigado pela partilha Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Today Hi,
Eu a ler a tua crónica até me passei completamente, andar de moto na neve e no gelo?????????? Isso para mim chama-se speedway!!!!!!!!!!
Não é mesmo para mim e muito menos para a FJR! Há uns anos tive que andar na neve (e no gelo) com o meu carro de então (Audi A4) e até tremia, eu só queria chegar a um Hotel (Hostal etc...) mas não cheguei, fiquei bloqueado (eu e os outros) na autovia a chegar a Burgos desde as 18h até às 06h!!! Para mim chegou-me!!!
Mas claro que este teu passeio só demonstra a tua grande paixão pelas motos, passeios e natureza!!!
M dado, sorry!
Eu a ler a tua crónica até me passei completamente, andar de moto na neve e no gelo?????????? Isso para mim chama-se speedway!!!!!!!!!!
Não é mesmo para mim e muito menos para a FJR! Há uns anos tive que andar na neve (e no gelo) com o meu carro de então (Audi A4) e até tremia, eu só queria chegar a um Hotel (Hostal etc...) mas não cheguei, fiquei bloqueado (eu e os outros) na autovia a chegar a Burgos desde as 18h até às 06h!!! Para mim chegou-me!!!
Mas claro que este teu passeio só demonstra a tua grande paixão pelas motos, passeios e natureza!!!
M dado, sorry!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Elisio FJR escreveu:
M dado, sorry!
És mau Elísio! Um dia tenho que vos fazer compreender o meu trauma com estas coisas dos "M". Tá claro que nunca "sofreram" deste horrível trauma...
Elisio FJR escreveu:
Há uns anos tive que andar na neve (e no gelo) com o meu carro de então (Audi A4) e até tremia, eu só queria chegar a um Hotel (Hostal etc...) mas não cheguei, fiquei bloqueado (eu e os outros) na autovia a chegar a Burgos desde as 18h até às 06h!!! Para mim chegou-me!!!
Vou sempre muito devagarinho e tranquilo, caso contrário a queda pode ser feia... Andar sob um nevão nem sempre é agradável e seguro, mas já me aconteceu algumas vezes e há que decidir o que fazer. Neste caso, foi um ou dois dias depois de um nevão, e foi bem agradável, tomando alguns cuidados.
Tenho muitas peripécias para contar na neve, quer de moto, quer de carro. A única vez que fiquei bloqueado foi uma vez de carro na autoestrada para Budapeste. Passei a noite parado num engarrafamento monumental, mas como estava de carro quentinho com a namorada, não custou tanto. De outra vez viajei uma noite inteira para fazer 200/300 kms em França sob uma tempestade de neve. Havia muita gente bloqueada e parada na berma, mas não sei como, consegui ir nos trilhos dos camiões e chegar a Grenoble de manhã... sem correntes para neve nos pneus! O curioso foi que, se bem que na altura a moda dos vídeos / youtube ainda estivesse bem longe do auge, filmei tudinho. Qualquer dia ponho o filme online! O meu pai assustou-se quando lhe mostrei o filme e lhe disse que ia a conduzir e a filmar.
Elisio FJR escreveu:
Não é mesmo para mim e muito menos para a FJR!
Pode não ser para ti, mas olha que a FJR não se nega. Olha para a minha (ex-)FJR a regressar dos Pinguinos, em 2006, à chegada a Bragança.
Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Oh rapaz, quando este gajo diz que não é para ele é se puder decidir porque se não puder já é!!!!!!!!!!!!!! A vida é assim mesmo!!!
Eu se estiver em casa e estiver a chover não saio de casa para dar um passeio de moto mas se tiver combinado uma saída e estiver a chover que remédio tenho eu!!!!!
Naquela noite foi curioso e claro aprendi muito!!! Deviam de ser 17h 30m (cá, lá já era noite densa) e eu já tinha aprendido que era muito melhor rolar em cima da neve que dos trilhos dos camiões (lá havia gelo), eu evitava movimentos bruscos e seguia a 40-50km/h quando vejo muitos farois atrás de mim, encosto com cuidado e passa-me um Renault AE de 40 toneladas a 90 km/h ... naquele momento apeteceu-me ser camionista!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu se estiver em casa e estiver a chover não saio de casa para dar um passeio de moto mas se tiver combinado uma saída e estiver a chover que remédio tenho eu!!!!!
Naquela noite foi curioso e claro aprendi muito!!! Deviam de ser 17h 30m (cá, lá já era noite densa) e eu já tinha aprendido que era muito melhor rolar em cima da neve que dos trilhos dos camiões (lá havia gelo), eu evitava movimentos bruscos e seguia a 40-50km/h quando vejo muitos farois atrás de mim, encosto com cuidado e passa-me um Renault AE de 40 toneladas a 90 km/h ... naquele momento apeteceu-me ser camionista!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Elisio FJR escreveu:Oh rapaz, quando este gajo diz que não é para ele é se puder decidir porque se não puder já é!!!!!!!!!!!!!! A vida é assim mesmo!!!
Essa é que é essa! Os camiões andam de facto muito melhor na neve em certas circunstâncias! -- Zé Paulo.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Por acaso andar na neve tb é coisa que não me seduz particularmente...o gelo é danado...
Boa partilha....num vou dar mérito...
Boa partilha....num vou dar mérito...
Trophyvitor- Já sai à rua a conduzir.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Impressionante... excelente reportagem cheia de fotografias à altura...
Nunca andei na neve... deve ser complicado...
Um abraço.
Nunca andei na neve... deve ser complicado...
Um abraço.
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Boas
Palavras para quê....excelente!!!
Abraço
Palavras para quê....excelente!!!
Abraço
tdg-rui- A tirar a carta
Re: Branco, branquinho... (passeio domingueiro em Trás os Montes)
Bonito passeio, obrigado pela partilha.
Lembraste-me de um dos mais bonitos passeios que fiz á meia duzia de anos á barragem da Paradela, Pitão das Junias e Montalegre em Dezembro, os telhados das aldeias, as arvores as encostas simplesmente espectacular.
Lembraste-me de um dos mais bonitos passeios que fiz á meia duzia de anos á barragem da Paradela, Pitão das Junias e Montalegre em Dezembro, os telhados das aldeias, as arvores as encostas simplesmente espectacular.
Jorge CBFista- A tirar a carta
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