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Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
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Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
No meio deste dilúvio o São Pedro lá se distraiu no Sábado, e eu aproveitei para fazer gosto ao dedo...
Um pulinho até à terra de nuestros hermanos, mas não por causa da gasolina, que está ao preço de cá...
Um passeiozito pela zona raiana espanho/portuguesa...
Ao todo 530kms de boa estrada, Sol, vento nas trombas, e umas quantas fotos para recordar... do Best.
Proximamente, fotos e crónica...
Ah, claro... e os números...
Track: http://www.gpsies.com/map.do?fileId=fofvupxfxkuqxapq
Inicio:30:03:2013 10:18:35
Fim: 30:03:2013 19:23:24
Distância total percorrida (GPS): 491kms
Tempo Total: 9:04:49 (Andamento: 07:52:20 + Paragens: 01:12:29)
Altitude Mínima: 6.70m
Altitude Máxima: 476.80m
Velocidade Média (andamento): 62.37km/h
Distribuição de velocidades:
0-60km/h: 11.3%
60-100km/h: 50.0%
100-140km/h: 33.1%
+140km/h: 5.6%
Cumps!
Um pulinho até à terra de nuestros hermanos, mas não por causa da gasolina, que está ao preço de cá...
Um passeiozito pela zona raiana espanho/portuguesa...
Ao todo 530kms de boa estrada, Sol, vento nas trombas, e umas quantas fotos para recordar... do Best.
Proximamente, fotos e crónica...
Ah, claro... e os números...
Track: http://www.gpsies.com/map.do?fileId=fofvupxfxkuqxapq
Inicio:30:03:2013 10:18:35
Fim: 30:03:2013 19:23:24
Distância total percorrida (GPS): 491kms
Tempo Total: 9:04:49 (Andamento: 07:52:20 + Paragens: 01:12:29)
Altitude Mínima: 6.70m
Altitude Máxima: 476.80m
Velocidade Média (andamento): 62.37km/h
Distribuição de velocidades:
0-60km/h: 11.3%
60-100km/h: 50.0%
100-140km/h: 33.1%
+140km/h: 5.6%
Cumps!
Última edição por Cobra em Seg Abr 01 2013, 22:21, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Por várias razões o ano de 2013 não tem sido farto para mim em mototurismo.
Não me posso propriamente queixar, com ano e meio a Tiger está à beira das duas dezenas de milhares de kms, e isso tem-se traduzido apenas em alegrias.
No entanto, tenho de reconhecer que para este tipo de andamento, o primeiro trimestre deste ano digamos, tem sido fraquinho. Ao ponto de cada vez que entro na garagem já me parece que aqueles "olhos" de Tigre me fitam ameaçadoramente como quem diz:
"Então pá, já não se anda?!"...
O tempo também tem estado para lá de mau, e bem sei que não é desculpa, mas sinceramente a sensação de rolar sob do Sol é para mim bem distinta de o fazer debaixo de chuva, e acreditem já apanhei várias molhas de ir à cueca.
Assim, fim-de-semana após fim-de-semana, tenho estado atento ao calendário meteorológico.
No inicio da semana a previsão no accuweather para à Páscoa era de Sol e 20 e poucos graus de máxima, viva o luxo!...
A meio da semana já previa chuva na sexta. Na Sexta já só se safava o sábado...
Por curiosidade espreitei o site do instituto meteorológico português que dava aguaceiros durante o dia, mas estes são como o Gaspar, não acertam uma.
O dia estava escolhido e a volta também. Batarias apontadas para Espanha, mais propriamente para a zona raiana junto ao Guadiana e Alqueva.
500 e muitos quilómetros, o mais possível por nacionais evitando o Alto Alentejo e Ribatejo para fugir a prováveis cheias e inundações.
Como geralmente não gosto de ir e vir pelo mesmo caminho, tracei uma rota com ida mais a Sul, com passagem pelo Alqueva, e regresso mais a Norte por Elvas. Duas regiões que merecem bem uma visita.
Do lado espanhol, no território da Extremadura, identifiquei alguns pontos de passagem abaixo de Badajoz.
Villanueva del Fresno, um pequeno e pacato vilarejo raiano, e Alconchel, outro pueblo típico á beira de uma colina com castelo.
Ainda, Olivenza ou Olivença, um polémico baluarte de riqueza histórica, e finalmente, as ruínas da Ponte da Ajuda que outrora assegurava a passagem sobre o Guadiana.
Ao todo, qualquer coisa como 6h30 de caminho.
Já não saí de cedo de casa... Às 9h00 vim cá fora espreitar o céu. Estava com jeitos de se aguentar... Vou ariscar e deixar as calças de chuva em casa. Mesmo assim meti umas impermeáveis na mala.
Eram umas 10h00 quando meti o Tigre a rugir e saí de casa. Segui pela A2 e já ia perto de Setúbal quando resolvo ligar para casa. Carrego no botãozito do intercom para fazer chamada, mas o fulano responde-me com dois apitos secos no capacete… Olha, olha…
Em princípio, dois apitos é sinal que algo não funciona… Bom, lá tive de parar na estação de serviço de Palmela para fazer a vistoria ao equipamento.
Quando deitei mãos ao telemóvel apercebi-me que este não funcionava. Ou melhor, funcionava mas sem rede... Depois lembrei-me que talvez fosse do cartão, é que raramente uso este telemóvel só mesmo para andar de mota, o que ultimamente não tem acontecido de amiúde.
Neste aparelho, tenho um destes planos sem carregamentos obrigatórios... Que são um belo cocó, pois fiquei a saber que obrigam a fazer chamada não gratuita de 4 em 4 meses. O que implicitamente implica carregamentos…
Este já foi... Tenho de ali ir comprar outro... 5€, com 5€ em chamadas. Serve.
Enfiei o cartão no telemóvel, marquei o PIN, mas o sacana não estava a cooperar. Com o Sol no visor nem me apercebi bem do que era.
Estava a ponto de ir lá devolver o cartão e fazer barulho, quando me apercebi que tinha enfiado o cartão de “pernas pró ar”. Meti-o como deve de ser e lá estava de novo ligado ao mundo…
Com isto tudo resolvi atrasar um pouco a minha saída da AE e só em Montemor é que encarrilei pela nacional.
O tempo estava bom com perspectivas de melhorar. Lá ao fundo já se via algum céu azul a surgir entre as nuvens… Maravilha!
Paisagem do melhor… Atravessar estas planícies nesta altura é um espectáculo memorável.
Avista-se sobreiros e azinheiras sobre um tapete verdejante até ao horizonte. São cores que agradam à vista, o cinzento da estrada, o verde dos prados e o azul e branco do céu. O gado esse está de boa saúde, pudera! Com esta fartura de “hortaliça” à disposição…
Passei por Évora e daí a bocado estava a parar junto a uma ponte sobre o rio Degebe.
A minha geografia em rios é fraca, mas para quem não sabe como eu, fica a saber que se trata de um afluente do Guadiana que desagua no Alqueva junto à Amieira.
E bem bonito que é.
Passagem por Reguengos de Monsaraz e novamente uma paragem, desta vez na praça da Liberdade para um retracto à bonita Igreja Matriz.
Enquanto ali estava, assisti a uma discussão acesa entre três ou quatro locais castiços. Nada de grave, é tudo boa gente, e tudo acabou com cada um a seguir para casa. Gosto de assistir a estes “quadros” humanos de longe, ajuda à mistura e a enraizar o local, e esse é quanto a mim o que deve ser o verdadeiro espírito do viajante.
Um deles vinha nesta relíquia, não resisti a tirar-lhe uma foto. Gosto do pormenor da topcase.
Saindo de Reguengos, daí a pouco estava a atravessar as pontes sobre o Alqueva. Aquilo está bem cheio meus amigos! Mais um metrito e já se faz aquaplaning na estrada.
Uma paragem estratégica para retracto que daqui avista-se Mourão e Monsaraz (respectivamente) no topo dos montes.
Dois locais que também recomendo a visita. Mas hoje, infelizmente para mim não dá, siga em direcção a Espanha.
Finalmente Villanueva del Fresno… Bolas, gosto deste nome… Faz-me lembrar uma cidade mexicana de pistoleiros à velha moda do Faroeste.
Na verdade, historicamente Villanueva fica conhecido por um evento dramático. Humberto Delgado, o General “Sem Medo” fugido em exílio após derrota eleitoral fraudulenta contra o candidato do regime Américo Tomás, regressa a Portugal em 1965 por del Fresno e é aí emboscado pelos agentes da PIDE que o assassinam.
Mas bom, adiante com o drama. Tinha guardados dois ou três pontos no GPS, primeiro o castelo, ou o que resta dele…
Depois a Praça de Touros…
E finalmente a praça principal… Que existe sempre em qualquer pueblo espanhol de jeito, e geralmente tem um de dois nomes, Plaza Mayor ou Plaza de España. Aqui era de Espanha.
Uma praceta interessante, com bares claro, que aqui e como em toda Espanha, beber e comer é coisa muito importante e que ocupa parte do dia.
Estacionei a bifa em local próprio e reservado. Acho isto fantástico, não estou de facto habituado a chegar ao largo de lugarejos em que esteja marcado no chão “motos”.
Na tugalândia habitualmente enfiamo-las entre carros quando dá ou em cima do passeio quando não há alternativa… Caramba arranjar três ou quatro metros de borda de estrada será assim tão difícil? Senhores presidentes de junta ponham os olhos nos manolos se faz favor!
Dei por ali umas voltas a pé com a máquina fotográfica em punho...
Tudo impecavelmente limpo, mantido e organizado. Não me espantou, é algo a que estou habituado a ver nesta região, desde a maior vila à mais pequena aldeia. Nunca aqui tinha estado, mas o pueblo segue o aspecto do que existe normalmente no Sul.
Casinhas brancas de um a dois pisos com algum colorido decorativo e janelas cobertas de grades a negro. Nota-se aqui também alguma influência árabe.
E a igreja claro. Há sempre uma igreja secular, tal qual na nossa terra.
A praça é encantadora, com um espaço amplo que parece destinado a uma qualquer fiesta que se faça por aqui.
Fui-me sentar à esplanada e comi por ali um bocadilo (ou sandócha em português). Estava calor e eu com pressa de me fazer à estrada, de modo que não me demorei muito. Abastecimento à saída de Villanueva a 1.463€ por litro!… Já lá vai o tempo em que a gasolina era mais barata em Espanha, agora só mesmo em Marrocos!
continua...
Não me posso propriamente queixar, com ano e meio a Tiger está à beira das duas dezenas de milhares de kms, e isso tem-se traduzido apenas em alegrias.
No entanto, tenho de reconhecer que para este tipo de andamento, o primeiro trimestre deste ano digamos, tem sido fraquinho. Ao ponto de cada vez que entro na garagem já me parece que aqueles "olhos" de Tigre me fitam ameaçadoramente como quem diz:
"Então pá, já não se anda?!"...
O tempo também tem estado para lá de mau, e bem sei que não é desculpa, mas sinceramente a sensação de rolar sob do Sol é para mim bem distinta de o fazer debaixo de chuva, e acreditem já apanhei várias molhas de ir à cueca.
Assim, fim-de-semana após fim-de-semana, tenho estado atento ao calendário meteorológico.
No inicio da semana a previsão no accuweather para à Páscoa era de Sol e 20 e poucos graus de máxima, viva o luxo!...
A meio da semana já previa chuva na sexta. Na Sexta já só se safava o sábado...
Por curiosidade espreitei o site do instituto meteorológico português que dava aguaceiros durante o dia, mas estes são como o Gaspar, não acertam uma.
O dia estava escolhido e a volta também. Batarias apontadas para Espanha, mais propriamente para a zona raiana junto ao Guadiana e Alqueva.
500 e muitos quilómetros, o mais possível por nacionais evitando o Alto Alentejo e Ribatejo para fugir a prováveis cheias e inundações.
Como geralmente não gosto de ir e vir pelo mesmo caminho, tracei uma rota com ida mais a Sul, com passagem pelo Alqueva, e regresso mais a Norte por Elvas. Duas regiões que merecem bem uma visita.
Do lado espanhol, no território da Extremadura, identifiquei alguns pontos de passagem abaixo de Badajoz.
Villanueva del Fresno, um pequeno e pacato vilarejo raiano, e Alconchel, outro pueblo típico á beira de uma colina com castelo.
Ainda, Olivenza ou Olivença, um polémico baluarte de riqueza histórica, e finalmente, as ruínas da Ponte da Ajuda que outrora assegurava a passagem sobre o Guadiana.
Ao todo, qualquer coisa como 6h30 de caminho.
Já não saí de cedo de casa... Às 9h00 vim cá fora espreitar o céu. Estava com jeitos de se aguentar... Vou ariscar e deixar as calças de chuva em casa. Mesmo assim meti umas impermeáveis na mala.
Eram umas 10h00 quando meti o Tigre a rugir e saí de casa. Segui pela A2 e já ia perto de Setúbal quando resolvo ligar para casa. Carrego no botãozito do intercom para fazer chamada, mas o fulano responde-me com dois apitos secos no capacete… Olha, olha…
Em princípio, dois apitos é sinal que algo não funciona… Bom, lá tive de parar na estação de serviço de Palmela para fazer a vistoria ao equipamento.
Quando deitei mãos ao telemóvel apercebi-me que este não funcionava. Ou melhor, funcionava mas sem rede... Depois lembrei-me que talvez fosse do cartão, é que raramente uso este telemóvel só mesmo para andar de mota, o que ultimamente não tem acontecido de amiúde.
Neste aparelho, tenho um destes planos sem carregamentos obrigatórios... Que são um belo cocó, pois fiquei a saber que obrigam a fazer chamada não gratuita de 4 em 4 meses. O que implicitamente implica carregamentos…
Este já foi... Tenho de ali ir comprar outro... 5€, com 5€ em chamadas. Serve.
Enfiei o cartão no telemóvel, marquei o PIN, mas o sacana não estava a cooperar. Com o Sol no visor nem me apercebi bem do que era.
Estava a ponto de ir lá devolver o cartão e fazer barulho, quando me apercebi que tinha enfiado o cartão de “pernas pró ar”. Meti-o como deve de ser e lá estava de novo ligado ao mundo…
Com isto tudo resolvi atrasar um pouco a minha saída da AE e só em Montemor é que encarrilei pela nacional.
O tempo estava bom com perspectivas de melhorar. Lá ao fundo já se via algum céu azul a surgir entre as nuvens… Maravilha!
Paisagem do melhor… Atravessar estas planícies nesta altura é um espectáculo memorável.
Avista-se sobreiros e azinheiras sobre um tapete verdejante até ao horizonte. São cores que agradam à vista, o cinzento da estrada, o verde dos prados e o azul e branco do céu. O gado esse está de boa saúde, pudera! Com esta fartura de “hortaliça” à disposição…
Passei por Évora e daí a bocado estava a parar junto a uma ponte sobre o rio Degebe.
A minha geografia em rios é fraca, mas para quem não sabe como eu, fica a saber que se trata de um afluente do Guadiana que desagua no Alqueva junto à Amieira.
E bem bonito que é.
Passagem por Reguengos de Monsaraz e novamente uma paragem, desta vez na praça da Liberdade para um retracto à bonita Igreja Matriz.
Enquanto ali estava, assisti a uma discussão acesa entre três ou quatro locais castiços. Nada de grave, é tudo boa gente, e tudo acabou com cada um a seguir para casa. Gosto de assistir a estes “quadros” humanos de longe, ajuda à mistura e a enraizar o local, e esse é quanto a mim o que deve ser o verdadeiro espírito do viajante.
Um deles vinha nesta relíquia, não resisti a tirar-lhe uma foto. Gosto do pormenor da topcase.
Saindo de Reguengos, daí a pouco estava a atravessar as pontes sobre o Alqueva. Aquilo está bem cheio meus amigos! Mais um metrito e já se faz aquaplaning na estrada.
Uma paragem estratégica para retracto que daqui avista-se Mourão e Monsaraz (respectivamente) no topo dos montes.
Dois locais que também recomendo a visita. Mas hoje, infelizmente para mim não dá, siga em direcção a Espanha.
Finalmente Villanueva del Fresno… Bolas, gosto deste nome… Faz-me lembrar uma cidade mexicana de pistoleiros à velha moda do Faroeste.
Na verdade, historicamente Villanueva fica conhecido por um evento dramático. Humberto Delgado, o General “Sem Medo” fugido em exílio após derrota eleitoral fraudulenta contra o candidato do regime Américo Tomás, regressa a Portugal em 1965 por del Fresno e é aí emboscado pelos agentes da PIDE que o assassinam.
Mas bom, adiante com o drama. Tinha guardados dois ou três pontos no GPS, primeiro o castelo, ou o que resta dele…
Depois a Praça de Touros…
E finalmente a praça principal… Que existe sempre em qualquer pueblo espanhol de jeito, e geralmente tem um de dois nomes, Plaza Mayor ou Plaza de España. Aqui era de Espanha.
Uma praceta interessante, com bares claro, que aqui e como em toda Espanha, beber e comer é coisa muito importante e que ocupa parte do dia.
Estacionei a bifa em local próprio e reservado. Acho isto fantástico, não estou de facto habituado a chegar ao largo de lugarejos em que esteja marcado no chão “motos”.
Na tugalândia habitualmente enfiamo-las entre carros quando dá ou em cima do passeio quando não há alternativa… Caramba arranjar três ou quatro metros de borda de estrada será assim tão difícil? Senhores presidentes de junta ponham os olhos nos manolos se faz favor!
Dei por ali umas voltas a pé com a máquina fotográfica em punho...
Tudo impecavelmente limpo, mantido e organizado. Não me espantou, é algo a que estou habituado a ver nesta região, desde a maior vila à mais pequena aldeia. Nunca aqui tinha estado, mas o pueblo segue o aspecto do que existe normalmente no Sul.
Casinhas brancas de um a dois pisos com algum colorido decorativo e janelas cobertas de grades a negro. Nota-se aqui também alguma influência árabe.
E a igreja claro. Há sempre uma igreja secular, tal qual na nossa terra.
A praça é encantadora, com um espaço amplo que parece destinado a uma qualquer fiesta que se faça por aqui.
Fui-me sentar à esplanada e comi por ali um bocadilo (ou sandócha em português). Estava calor e eu com pressa de me fazer à estrada, de modo que não me demorei muito. Abastecimento à saída de Villanueva a 1.463€ por litro!… Já lá vai o tempo em que a gasolina era mais barata em Espanha, agora só mesmo em Marrocos!
continua...
Última edição por Cobra em Ter Abr 02 2013, 00:06, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Meti-me pela EX-107, que é a estrada que ruma a Norte em direcção a Badajoz. Bom piso, bom traçado e a paisagem a ajudar… Curti que nem um doido aqueles cerca de 40kms que vão daqui a Olivença.
Mas antes, paragem em Alconchel... Uma surpresa… E caiu-me no goto este lugar.
Não sei explicar mas veio-me um sorriso aos lábios com a vista que se tem à chegada.
Trata-se de um pueblozito igual ou menor que Del Fresno, com a particularidade de se situar na base de uma colina onde no topo está edificado um castelo, bem conservado.
Chegando a Sul passa-se por uma ponte sobre uma ribeira. Daí consegui avistar outra ponte paralela mais estreita e antiga. Provavelmente a original por onde antigamente as pessoas e animais faziam a travessia. Meti-me pela povoação em direcção a esta, que facilmente encontrei.
Foto da praxe, curtir as vistas e siga.
O acesso ao castelo faz-se à saída de Alconchel. Uma subida íngreme até um parque de estacionamento lá em cima. Fui espreitar mas parece que visitas, só marcadas previamente… Bem, se calhar não calha mal, já tenho o dia bem cheio. Uma boa razão para voltar.
Se soubesse teria reservado mais tempo para Alconchel, merece claramente.
E continuei por esta estrada maravilhosa até Olivença que é nossa.
Não conheço Olivença… Enfim, quero dizer, já lá tenho passado várias vezes, mas isso não é verdadeiramente conhecer.
Desta vez sozinho estava à minha vontade… Sinceramente, gosto de rolar das duas formas. Em grupo ou sozinho, cada uma tem os seus prós e contras.
Viajar a solo tem esta vantagem, podemos seguir para onde queremos e demorar lá o tempo que pretendermos. Anda-se um pouco mais sossegado.
Estacionei a inglesa na avenida principal de Olivença, claro está o ponto de encontro do povo para o beberete. Depois enfiei-me de máquina a tiracolo pelas ruelas da cidade.
Olivença é relativamente grande e encerra um legado histórico importante para a sua dimensão.
Convém aqui deixar um apontamento histórico que irei intervalando com fotos para aligeirar o tema, mas acreditem vale a pena a leitura, é a nossa história.
Desde sempre, terra de todos e de ninguém, as fundações remontam à reconquista cristã da península ibérica, quando nessa altura o território foi doado pelo rei de Leão como recompensa aos templários. Reclamado por D. Dinis rei de Portugal a sua posse foi oficializada entre Castela e Portugal em 1297 pelo Tratado de Alcanizes, ficando Portugal com Olivença, Ribacôa, Campo Maior, Ouguela, e São Félix de Galegos a troco de Aiamonte, Esparregal, Ferreira e Valência de Alcântara.
Por essa altura Olivença e Campo Maior assumiam importância estratégica na defesa de Elvas e na ofensiva a Badajoz. Assim os reis portugueses mandam fortificar os castelos de ambas as localidades. Olivença recebe um cercado com catorze torres e mais tarde uma imponente torre de menagem com 35 e metros, à época a mais alta do reino.
Sobre o reinado de D. Manuel I nasce outra obra monumental, a Ponte da Ajuda que debruçada sobre o Guadiana assegurava a ligação a Olivença das forças portuguesas na margem esquerda do rio. Mas a esta lá irei mais adiante.
Com a Guerra da Restauração da Independência o cercado cai e dá lugar a uma muralha de traçado abaluartado. Munida de nove baluartes (ou pontas) segue o mesmo jeito da peculiar cidade fortaleza de Almeida, mais Norte e que conta com doze baluartes.
Resistiu a quatro assaltos dos espanhóis, sucumbindo no quinto que teve lugar em 1657.
Permaneceu nas mãos de Espanha até 1668, por altura do Tratado de Lisboa que encerrou o conflito.
Na sequência da Guerra das Laranjas (prelúdio da Guerra Peninsular) a cidade é de novo tomada em 1801, pelas tropas espanholas, desta vez sem resistência.
Espanha impõe a sua posse como conquista, através do Tratado de Badajoz que une o território perpetuamente aos seus domínios. Não só Olivença, mas também os povoado desde o Guadiana, de modo a que o rio seja agora limite do reino. Portugal repudia o Tratado e ocupa temporariamente Olivença com um contingente luso-britânico.
O Tratado de Paris de 1814 anula explicitamente o de Badajoz, e o de Viena incita à devolução do território. Só em1817 os espanhóis assinam o tratado, no entanto, adiando sucessivamente o cumprimento do estabelecido. Mais tarde os espanhóis revalidam o Tratado de Badajoz, considerando o de Viena como não tendo força legal. Em 1840 o uso do português em Olivença é proibido.
Em 1864, a demarcação das fronteiras entre os dois países é suspensa a Norte de Olivença, pelo recuso de Portugal em reconhecer a soberania de Espanha sobre este território. Só em 1926 os trabalhos são reatados, mas continuam a Sul de Olivença.
Durante a Guerra Civil Espanhola, Olivença sofre o efeito de colonização, recebendo habitantes oriundos de diversos pontos de Espanha. Nesse período qualquer uso do que não seja Castelhano é severamente punido. O uso do português é reprimido com multa ou mesmo detenção. Os nomes dos lugares em português são eliminados e os habitantes rebaptizados para nomes semelhantes em castelhano. Com os colonos espanhóis instalados na administração, o governo franquista consegue impor a sua vontade obrigando os oliventinos à resignação e conformismo.
Recentemente dois importantes políticos estiveram ligados ao tema de Olivença, nomeadamente Humberto Delgado (o general “Sem Medo”, que curiosamente conheceu a morte ali perto) e o Almirante Pinheiro de Azevedo que em 1982 chegou a propor uma ”marcha verde” sobre a cidade.
Com a deliberação do Espaço Schengen desaparecem as fronteiras enquanto barreiras e há lugar a uma aproximação entre os dois estados. Mas em Olivença o número de espanhóis é já maioria sobre os descendentes portugueses, e os seus habitantes não vêem razões para preferir a soberania portuguesa. A administração espanhola inicia então um processo de aproximação e recuperação do legado patrimonial português da cidade.
Actualmente a situação está indefinida, pois Portugal não reclama Olivença, mas também não abdica da sua pretensão. Para melhorar o acesso à cidade o estado português assumiu o financiamento e direcção da obra de uma nova ponte rodoviária sobre o Guadiana, assim como da recuperação da antiga Ponte da Ajuda, cabendo toda execução à Câmara Municipal de Elvas. Ao assumir o encargo do projecto, o Governo Português assume então que Olivença é parte integrante de Portugal e que a ligação sobre o Guadiana não tem dimensão internacional, como assim pretendia Espanha. A ponte de acesso rodoviário é inaugurada a 11 de Novembro de 2000 sem o Governo Português, supostamente para que a presença ao lado do Alcaide espanhol não seja vista como um reconhecimento da soberania de Espanha sobre o território.
Em 2010, foram inauguras novas placas toponímicas em azulejo no centro histórico de Olivença, recuperando os nomes português originais das ruas. Muito desses nomes continuam a ser usados pela população até aos dias de hoje.
Estive por ali uma hora em passeio. Bebi um isotónico, estava a ficar com bastante sede, e meti-me de novo a caminho.
continua...
Mas antes, paragem em Alconchel... Uma surpresa… E caiu-me no goto este lugar.
Não sei explicar mas veio-me um sorriso aos lábios com a vista que se tem à chegada.
Trata-se de um pueblozito igual ou menor que Del Fresno, com a particularidade de se situar na base de uma colina onde no topo está edificado um castelo, bem conservado.
Chegando a Sul passa-se por uma ponte sobre uma ribeira. Daí consegui avistar outra ponte paralela mais estreita e antiga. Provavelmente a original por onde antigamente as pessoas e animais faziam a travessia. Meti-me pela povoação em direcção a esta, que facilmente encontrei.
Foto da praxe, curtir as vistas e siga.
O acesso ao castelo faz-se à saída de Alconchel. Uma subida íngreme até um parque de estacionamento lá em cima. Fui espreitar mas parece que visitas, só marcadas previamente… Bem, se calhar não calha mal, já tenho o dia bem cheio. Uma boa razão para voltar.
Se soubesse teria reservado mais tempo para Alconchel, merece claramente.
E continuei por esta estrada maravilhosa até Olivença que é nossa.
Não conheço Olivença… Enfim, quero dizer, já lá tenho passado várias vezes, mas isso não é verdadeiramente conhecer.
Desta vez sozinho estava à minha vontade… Sinceramente, gosto de rolar das duas formas. Em grupo ou sozinho, cada uma tem os seus prós e contras.
Viajar a solo tem esta vantagem, podemos seguir para onde queremos e demorar lá o tempo que pretendermos. Anda-se um pouco mais sossegado.
Estacionei a inglesa na avenida principal de Olivença, claro está o ponto de encontro do povo para o beberete. Depois enfiei-me de máquina a tiracolo pelas ruelas da cidade.
Olivença é relativamente grande e encerra um legado histórico importante para a sua dimensão.
Convém aqui deixar um apontamento histórico que irei intervalando com fotos para aligeirar o tema, mas acreditem vale a pena a leitura, é a nossa história.
Desde sempre, terra de todos e de ninguém, as fundações remontam à reconquista cristã da península ibérica, quando nessa altura o território foi doado pelo rei de Leão como recompensa aos templários. Reclamado por D. Dinis rei de Portugal a sua posse foi oficializada entre Castela e Portugal em 1297 pelo Tratado de Alcanizes, ficando Portugal com Olivença, Ribacôa, Campo Maior, Ouguela, e São Félix de Galegos a troco de Aiamonte, Esparregal, Ferreira e Valência de Alcântara.
Por essa altura Olivença e Campo Maior assumiam importância estratégica na defesa de Elvas e na ofensiva a Badajoz. Assim os reis portugueses mandam fortificar os castelos de ambas as localidades. Olivença recebe um cercado com catorze torres e mais tarde uma imponente torre de menagem com 35 e metros, à época a mais alta do reino.
Sobre o reinado de D. Manuel I nasce outra obra monumental, a Ponte da Ajuda que debruçada sobre o Guadiana assegurava a ligação a Olivença das forças portuguesas na margem esquerda do rio. Mas a esta lá irei mais adiante.
Com a Guerra da Restauração da Independência o cercado cai e dá lugar a uma muralha de traçado abaluartado. Munida de nove baluartes (ou pontas) segue o mesmo jeito da peculiar cidade fortaleza de Almeida, mais Norte e que conta com doze baluartes.
Resistiu a quatro assaltos dos espanhóis, sucumbindo no quinto que teve lugar em 1657.
Permaneceu nas mãos de Espanha até 1668, por altura do Tratado de Lisboa que encerrou o conflito.
Na sequência da Guerra das Laranjas (prelúdio da Guerra Peninsular) a cidade é de novo tomada em 1801, pelas tropas espanholas, desta vez sem resistência.
Espanha impõe a sua posse como conquista, através do Tratado de Badajoz que une o território perpetuamente aos seus domínios. Não só Olivença, mas também os povoado desde o Guadiana, de modo a que o rio seja agora limite do reino. Portugal repudia o Tratado e ocupa temporariamente Olivença com um contingente luso-britânico.
O Tratado de Paris de 1814 anula explicitamente o de Badajoz, e o de Viena incita à devolução do território. Só em1817 os espanhóis assinam o tratado, no entanto, adiando sucessivamente o cumprimento do estabelecido. Mais tarde os espanhóis revalidam o Tratado de Badajoz, considerando o de Viena como não tendo força legal. Em 1840 o uso do português em Olivença é proibido.
Em 1864, a demarcação das fronteiras entre os dois países é suspensa a Norte de Olivença, pelo recuso de Portugal em reconhecer a soberania de Espanha sobre este território. Só em 1926 os trabalhos são reatados, mas continuam a Sul de Olivença.
Durante a Guerra Civil Espanhola, Olivença sofre o efeito de colonização, recebendo habitantes oriundos de diversos pontos de Espanha. Nesse período qualquer uso do que não seja Castelhano é severamente punido. O uso do português é reprimido com multa ou mesmo detenção. Os nomes dos lugares em português são eliminados e os habitantes rebaptizados para nomes semelhantes em castelhano. Com os colonos espanhóis instalados na administração, o governo franquista consegue impor a sua vontade obrigando os oliventinos à resignação e conformismo.
Recentemente dois importantes políticos estiveram ligados ao tema de Olivença, nomeadamente Humberto Delgado (o general “Sem Medo”, que curiosamente conheceu a morte ali perto) e o Almirante Pinheiro de Azevedo que em 1982 chegou a propor uma ”marcha verde” sobre a cidade.
Com a deliberação do Espaço Schengen desaparecem as fronteiras enquanto barreiras e há lugar a uma aproximação entre os dois estados. Mas em Olivença o número de espanhóis é já maioria sobre os descendentes portugueses, e os seus habitantes não vêem razões para preferir a soberania portuguesa. A administração espanhola inicia então um processo de aproximação e recuperação do legado patrimonial português da cidade.
Actualmente a situação está indefinida, pois Portugal não reclama Olivença, mas também não abdica da sua pretensão. Para melhorar o acesso à cidade o estado português assumiu o financiamento e direcção da obra de uma nova ponte rodoviária sobre o Guadiana, assim como da recuperação da antiga Ponte da Ajuda, cabendo toda execução à Câmara Municipal de Elvas. Ao assumir o encargo do projecto, o Governo Português assume então que Olivença é parte integrante de Portugal e que a ligação sobre o Guadiana não tem dimensão internacional, como assim pretendia Espanha. A ponte de acesso rodoviário é inaugurada a 11 de Novembro de 2000 sem o Governo Português, supostamente para que a presença ao lado do Alcaide espanhol não seja vista como um reconhecimento da soberania de Espanha sobre o território.
Em 2010, foram inauguras novas placas toponímicas em azulejo no centro histórico de Olivença, recuperando os nomes português originais das ruas. Muito desses nomes continuam a ser usados pela população até aos dias de hoje.
Estive por ali uma hora em passeio. Bebi um isotónico, estava a ficar com bastante sede, e meti-me de novo a caminho.
continua...
Última edição por Cobra em Ter Abr 02 2013, 00:26, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Brutal Cobra
Sempre a faturar Essa "bifa"está um espectaculo.
Impressionante a qualidade das fotos!
Saia um big
Abraço
Zé Carlos
Sempre a faturar Essa "bifa"está um espectaculo.
Impressionante a qualidade das fotos!
Saia um big
Abraço
Zé Carlos
Zecacbr- Já conduz... mal!
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
dos bem merecidos...
________________________
Felicidade é um modo de viajar, não um destino.
Roy Goodman
https://www.facebook.com/emergenciamotociclista?ref=hl
com4riding.blogspot.com
Andorra 1984
Férias Moto 1983
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Cucu!
Sentiste um a entrar? Foi meu!
Parabens! Adorei a voltinha, num sol que já me deixa saudades!
Sentiste um a entrar? Foi meu!
Parabens! Adorei a voltinha, num sol que já me deixa saudades!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
espectacular
estou com "raiva" de fazer essa viagem
já agora...podes esclarecer algo s/ o gps. ando a pensar em adquirir um e .....
estou com "raiva" de fazer essa viagem
já agora...podes esclarecer algo s/ o gps. ando a pensar em adquirir um e .....
joaquim santos silva- Zero à esquerda
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
De Olivença ao Guadiana é um pulo. Ao chegar à margem há ali um desviozito identificado como o acesso à Ponte da Ajuda.
A Ponte da Ajuda, ou de Nossa Senhora da Ajuda foi edificada em 1510 pela mão de D.Manuel I com o propósito de assegurar o apoio ao Castelo de Olivença.
Esta ponte é de grande importância, pois observando a sua localização geográfica percebe-se como está ligada intimamente com a questão de Olivença, mais propriamente com a dificuldade que Portugal teve em defender aquele lugar.
Originalmente era composta por dezanove arcos que cobriam uma distância de 380m de ponta a ponta. Com 5m de largura, ostentava no centro um torreão de três pisos, que ainda está parcialmente visível actualmente.
Uns anos depois da sua construção, os arcos centrais desabaram na sequência de fortes cheias que aumentaram fortemente o caudal do rio.
Em 1641, é reparada, substituindo-se dois arcos por pontes levadiças.
Pouco tempo depois, no ano 1646, sofre de novo estragados, sendo parcialmente destruída pelo exército castelhano durante a Guerra da Restauração.
Novamente em 1709, durante a Guerra de Sucessão Espanhola, o exército espanhol faz explodir a ponte, ficando a ligação através da mesma impossibilitada até ao dia de hoje.
Em 1994 ao abrigo do seu manifesto direito de soberania sobre Olivença, o estado português recusa um empreendimento transfronteiriço para a construção de uma ponte rodoviária sobre o Guadiana, paralela às ruínas da Ponte da Ajuda. Reclama a si a obra e assume todos os encargos e responsabilidades da construção na nova travessia. Em 2000 a nova ligação é inaugurada, a poucos metros da antiga, totalmente construída e financiada pelo governo português.
Já passei várias vezes por esta nova ponte rodoviária, avistando com curiosidade, sempre de longe as ruínas da velha ponte. Mas desta vez estava com vagar.
O acesso faz-se por uma estrada estreita mal alcatroada e acaba metros à frente numa extensão mais larga que serve de parque.
A partir de ali segue-se a pé, e serão talvez uns 15 metros até à margem.
Abordei as ruínas pelo lado de Olivença, onde a extensão do que resta é mais curta, o que se percebe. Se a destruição por explosão veio da mão dos espanhóis, é natural que estes o fizessem pela margem direita, a mais próxima de Espanha.
Aqui, houve a iniciativa de cimentar o piso do que resta… Provavelmente as intenções terão sido as melhores, mas em termos de património, não sei se o efeito também o será.
Desta ponta, avista-se o outro lado, e o que ainda resta do torreão, que é pouco.
A outra margem estava animada e repleta de gente, parece que havia ali uma prova qualquer de motocross.
Apesar de ainda haver margem, o Guadiana está bem cheio, e a corrente sente-se forte.
Tirei ali umas quantas fotos, o local é monumental e inspira uma tranquilidade própria dos locais com história.
Depois voltei à Tiger e atravessei o Guadiana, pela ponte que agora está de pé.
Uma paragem a meio para duas ou três fotos e meti-me a caminho de Elvas. E ainda ia com tempo para mais uma visita.
continua...
A Ponte da Ajuda, ou de Nossa Senhora da Ajuda foi edificada em 1510 pela mão de D.Manuel I com o propósito de assegurar o apoio ao Castelo de Olivença.
Esta ponte é de grande importância, pois observando a sua localização geográfica percebe-se como está ligada intimamente com a questão de Olivença, mais propriamente com a dificuldade que Portugal teve em defender aquele lugar.
Originalmente era composta por dezanove arcos que cobriam uma distância de 380m de ponta a ponta. Com 5m de largura, ostentava no centro um torreão de três pisos, que ainda está parcialmente visível actualmente.
Uns anos depois da sua construção, os arcos centrais desabaram na sequência de fortes cheias que aumentaram fortemente o caudal do rio.
Em 1641, é reparada, substituindo-se dois arcos por pontes levadiças.
Pouco tempo depois, no ano 1646, sofre de novo estragados, sendo parcialmente destruída pelo exército castelhano durante a Guerra da Restauração.
Novamente em 1709, durante a Guerra de Sucessão Espanhola, o exército espanhol faz explodir a ponte, ficando a ligação através da mesma impossibilitada até ao dia de hoje.
Em 1994 ao abrigo do seu manifesto direito de soberania sobre Olivença, o estado português recusa um empreendimento transfronteiriço para a construção de uma ponte rodoviária sobre o Guadiana, paralela às ruínas da Ponte da Ajuda. Reclama a si a obra e assume todos os encargos e responsabilidades da construção na nova travessia. Em 2000 a nova ligação é inaugurada, a poucos metros da antiga, totalmente construída e financiada pelo governo português.
Já passei várias vezes por esta nova ponte rodoviária, avistando com curiosidade, sempre de longe as ruínas da velha ponte. Mas desta vez estava com vagar.
O acesso faz-se por uma estrada estreita mal alcatroada e acaba metros à frente numa extensão mais larga que serve de parque.
A partir de ali segue-se a pé, e serão talvez uns 15 metros até à margem.
Abordei as ruínas pelo lado de Olivença, onde a extensão do que resta é mais curta, o que se percebe. Se a destruição por explosão veio da mão dos espanhóis, é natural que estes o fizessem pela margem direita, a mais próxima de Espanha.
Aqui, houve a iniciativa de cimentar o piso do que resta… Provavelmente as intenções terão sido as melhores, mas em termos de património, não sei se o efeito também o será.
Desta ponta, avista-se o outro lado, e o que ainda resta do torreão, que é pouco.
A outra margem estava animada e repleta de gente, parece que havia ali uma prova qualquer de motocross.
Apesar de ainda haver margem, o Guadiana está bem cheio, e a corrente sente-se forte.
Tirei ali umas quantas fotos, o local é monumental e inspira uma tranquilidade própria dos locais com história.
Depois voltei à Tiger e atravessei o Guadiana, pela ponte que agora está de pé.
Uma paragem a meio para duas ou três fotos e meti-me a caminho de Elvas. E ainda ia com tempo para mais uma visita.
continua...
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Já só falta mais uma parte... afinal a viagem também foi só de um dia
Obrigado a todos, assim dá gosto perder um tempinho a compor as imagens e texto
Gosto de partilhar estas "aventuras" na esperança de dar a conhecer estes locais e quem sabe suscitar a curiosidade de alguns para fazer estes roteiros.
Cumps!
Obrigado a todos, assim dá gosto perder um tempinho a compor as imagens e texto
Gosto de partilhar estas "aventuras" na esperança de dar a conhecer estes locais e quem sabe suscitar a curiosidade de alguns para fazer estes roteiros.
Cumps!
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
joaquim santos silva escreveu:espectacular
estou com "raiva" de fazer essa viagem
já agora...podes esclarecer algo s/ o gps. ando a pensar em adquirir um e .....
Obrigado Joaquim.
GPS, serve qualquer um que te agrade...
Depois podes investir mais ou menos tostões, consoante queiras uma solução mais ou menos adaptada a viajar de mota (suporte, fixação, integração com intercom/telefone e estanquidade).
Eu estou habituado ao interface Tomtom, e tenho montado um Urban Rider que é próprio para condução de mota.
Cumps!
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Uma bela volta (solo rider) com a qualidade que já nos habituas-te.
Como tal aqui vai o incentivo para mais uma parte
Abraço
Como tal aqui vai o incentivo para mais uma parte
Abraço
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Saia mais um
Em Maio está planeado um fim de semana para essa zona. Já estou a tirar notas, thanks!
Abraço
Zé Carlos
Em Maio está planeado um fim de semana para essa zona. Já estou a tirar notas, thanks!
Abraço
Zé Carlos
Zecacbr- Já conduz... mal!
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Belo passeio, acompanhado por excelente crónica e fotos!
Mereceu de incentivo!
Abraço
JM
Mereceu de incentivo!
Abraço
JM
________________________
Abraço,
JohnMiranda
JohnMiranda- Zero à esquerda
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Obrigado pela partilha, muito bom
Cumprimentos
Mário P.
Cumprimentos
Mário P.
________________________
Mário P.- Zero à esquerda
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Como sempre excelente! Grande lição de história!
já meti o impresso para ser um dos teus fãs oficiais! ahahhaha
já meti o impresso para ser um dos teus fãs oficiais! ahahhaha
________________________
Boas curvas!
Pedro Santos
*Fazer600 99 *Yamaha Thunderace 1000cc *Daelim S2 125cc *Fazer600 02
santos466- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Elvas é também uma cidade fortificada, como foram a maioria dos lugares fronteiriços. Mas pela sua dimensão representou um papel importante de força e defesa do território português frente ao bastião espanhol de Badajoz.
A Praça-forte de Elvas encontrava-se defendida por uma muralha poligonal estrelada de doze frentes. No seu interior abrigavam-se os quartéis, casernas, depósitos e paióis.
No exterior quatro fortins e dois fortes complementavam a defesa.
Um dos fortes, o mais grandioso, já o conhecia. É o Forte da Graça, jóia e obra única mundial, que se encontra infelizmente ao abandono sem destino certo.
O outro, menor, do lado oposto, encontra-se recuperado e serve actualmente de museu. Foi esse que resolvi conhecer, o Forte de Santa Luzia.
Situado a Sul da muralha e da cidade, o acesso faz-se por estrada estreita a subir.
Deixei a bifa no estacionamento e dirigi-me à entrada. O acesso é livre e gratuito.
O forte segue a construção habitual das obras militares da época, com a sua construção abaluartada (em estrela) e está bem mantido e cuidado.
Existe um fosso, uma ponte levadiça e uma estrutura elevada, a qual se denomina normalmente por Casa do Governador.
No seu interior existe também uma exposição temporária.
O Forte é relativamente pequeno quando comparado com o que existe do lado oposto, o Forte da Graça, esse sim o rei das fortalezas, a verdadeira jóia.
Mas agradou-me bastante andar por ali, explorar os recantos e poder desfrutar da belíssima vista sobre a cidade.
E toca a fazer o caminho de volta, não sem antes passar brevemente pelo centro histórico.
Regresso por nacional, pois está claro...
Estremoz, Arraiolos, Montemor e Vendas Novas até alcançar a A2 que me faria atravessar o Tejo e chegar a casa.
Seriam umas 19h30 quando fiz calar o rugir do Tigre e cheguei a casa, radioso e satisfeito, com uma barrigada de boas memórias.
Máquina fantástica, que dá vontade de pilotar horas a fio… Estava capaz de arrancar amanhã de manhã outra vez, mas estava mesmo!
O tempo aguentou-se sem problemas, nada de aguaceiros como previra o meteo.pt…
Mas lá ao fundo, o céu era negro, vem ali chuva para amanhã… E veio!
Fim!
A Praça-forte de Elvas encontrava-se defendida por uma muralha poligonal estrelada de doze frentes. No seu interior abrigavam-se os quartéis, casernas, depósitos e paióis.
No exterior quatro fortins e dois fortes complementavam a defesa.
Um dos fortes, o mais grandioso, já o conhecia. É o Forte da Graça, jóia e obra única mundial, que se encontra infelizmente ao abandono sem destino certo.
O outro, menor, do lado oposto, encontra-se recuperado e serve actualmente de museu. Foi esse que resolvi conhecer, o Forte de Santa Luzia.
Situado a Sul da muralha e da cidade, o acesso faz-se por estrada estreita a subir.
Deixei a bifa no estacionamento e dirigi-me à entrada. O acesso é livre e gratuito.
O forte segue a construção habitual das obras militares da época, com a sua construção abaluartada (em estrela) e está bem mantido e cuidado.
Existe um fosso, uma ponte levadiça e uma estrutura elevada, a qual se denomina normalmente por Casa do Governador.
No seu interior existe também uma exposição temporária.
O Forte é relativamente pequeno quando comparado com o que existe do lado oposto, o Forte da Graça, esse sim o rei das fortalezas, a verdadeira jóia.
Mas agradou-me bastante andar por ali, explorar os recantos e poder desfrutar da belíssima vista sobre a cidade.
E toca a fazer o caminho de volta, não sem antes passar brevemente pelo centro histórico.
Regresso por nacional, pois está claro...
Estremoz, Arraiolos, Montemor e Vendas Novas até alcançar a A2 que me faria atravessar o Tejo e chegar a casa.
Seriam umas 19h30 quando fiz calar o rugir do Tigre e cheguei a casa, radioso e satisfeito, com uma barrigada de boas memórias.
Máquina fantástica, que dá vontade de pilotar horas a fio… Estava capaz de arrancar amanhã de manhã outra vez, mas estava mesmo!
O tempo aguentou-se sem problemas, nada de aguaceiros como previra o meteo.pt…
Mas lá ao fundo, o céu era negro, vem ali chuva para amanhã… E veio!
Fim!
Cobra- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Magnifico passeio e belas fotos
________________________
13 Abril 2012 Honda NC700X Preta...
25 Janeiro 1996 a 12 Abril 2012 Honda CB500 140 mil Km
1991 a 1996 Sachs Fuego 100 mil km
sergiom- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Só hoje é que cheguei aqui!!!
Grande regresso em excelente forma do Cobra (motard, historiador e escritor)!!!
Gostei de rever o que já conheço e adoro, mais 1 M!
Grande regresso em excelente forma do Cobra (motard, historiador e escritor)!!!
Gostei de rever o que já conheço e adoro, mais 1 M!
________________________
MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
espetacular
agradecido pela partilha.
agradecido pela partilha.
so.usa- Zero à direita
Re: Raya na Páscoa, (Solo Ride) (30MAR2013)
Muito bom mesmo!
Pequeno aparte. Na "margem Portuguesa" da ponte da Ajuda, e onde estava a "animação",é o local em que as pessoas da zona de Elvas e arredores se juntam na altura da Páscoa para comer o tradicional borrego, fazendo parte de uma tradição muito antiga. As tuas fotos fizeram-me ir buscar memórias longínquas. Arre Porr@, que saudades.
Pequeno aparte. Na "margem Portuguesa" da ponte da Ajuda, e onde estava a "animação",é o local em que as pessoas da zona de Elvas e arredores se juntam na altura da Páscoa para comer o tradicional borrego, fazendo parte de uma tradição muito antiga. As tuas fotos fizeram-me ir buscar memórias longínquas. Arre Porr@, que saudades.
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Atikman
atikman- Zero à direita
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