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Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
15 de agosto de 2013
Eu estava alojada junto ao Canon do Moraca, aquele rio fantástico de águas turquesa que fura por entre penhascos! Mas a noite foi de tempestade, eu pude ouvir o vento que soprava muito forte e a chuva a bater-me na janela… uma pena, porque eu fora até Podgorica para visitar a zona e o rio, e o tempo parecia não estar para ajudar, nem sequer me apetecia sair da cama para ir para aquela luta! Bolas…
Mas saí! Esperava-me um pequeno-almoço muito variado e interessante “bem, se não passear, pelo menos como!”
O temporal estava precisamente a montante do rio, onde eu queria ir! Fiquei ali a olhar para o céu e a ver para que lado soprava o vento, pois levaria o temporal consigo, já que era bem forte. E sim, levava as nuvens negras para o lado onde já estava negro e que, por acaso, era para onde eu queria ir!
No problem, mudança de planos, peguei na motita, tirei-lhe a top-case e segui para o lado inverso!
Uma pena o céu estar cinzento, Podgorica ficou com um ar mais triste por causa disso!
Podgorica, a capital do Montenegro, já se chamou Titogrado em honra do marechal Josip Broz Tito, o tal que manteve a Jugoslávia unida, contra tudo e contra todos, governando "Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido".
A cidade é literalmente fendida pelo rio. Curioso o estado natural em que ele se conserva, com as bermas em escarpas terrosas e pedregosas!
E lá fui seguindo para a costa, onde o tempo não estava nenhuma beleza, mas pelo menos não chovia!
Se aquele céu estivesse azul, a paisagem seria um deslumbramento, com Budva cheia de gente e movimento lá em baixo!
Estava bastante calor, o tempo encoberto apenas acrescentou humidade ao ar!
A Budvanska rivijera é muito procurada pelas praias, restaurante, hotéis e vidinha noturna! Eu pela vida noturna não me esforço muito mas pela praia, estava mesmo a apetecer!
Por isso fui ver se arranjava um pedaço de areia para me pôr! Para minha surpresa fui muito bem recebida por quem estava, e uma senhora velhota indicou-me a sua “espreguiçadeira” para eu me estender! Depois entendi que ela tinha duas reservadas como suas e como o marido andava a passear junto à água, ela ofereceu-me o seu lugar para eu me estender! Tão simpática!
Mesmo atrás fica uma fileira de restaurantes, cafés e tendas de todas as tretas!
Passei ali boa parte do meu dia, em conversa complicada com as pessoas que falavam pouco inglês, mas que se faziam entender! Um senhor aproximou-se cheio de curiosidade e ao saber que eu era portuguesa exclamou “Big Figo and Eusébio! Ronaldo is for girls!”
Depois de um tempo simpático e um almoço mais universal que regional voltei para a minha motita. Estava acompanhada. As pessoas ficaram atrapalhadas quando perceberam que ela era minha! Fiz-lhes sinal de que não havia problema e lá tiraram as fotos que quiseram com a criancinha e a moto, agradecendo-me muito!
Logo ali à frente, apenas a 6 ou 7 km de Budva, fica Sveti Stefan, uma ilhota ligada a terra por um istmo, que é um resort que vale a pena ver, mesmo de longe! Fui até lá!
Na sua origem foi uma fortificação do séc. XV, construída para defender a linha costeira, posteriormente uma aldeia que foi completamente adquirida pelo major Tito, que a transformou num resort de luxo.
Tentei aproximar-me. Lá em baixo à um “torniquete” com um guardião que o abre a quem quer!
Tentei entrar, estava uma motinha pequena estacionada num parque sem nada mais do que ela. O homem não me deixou ficar, disse-me que não havia lugar!!
Fiquei a olhar para ele, com ar de quem não vai reclamar mas o acha anormal de todo!
Voltei para cima, pela ruela onde é proibido estacionar! Raios, eu não iria deixar a moto a quilómetros para caminhar até ali! Parei junto a um jovem policia que vira a meio da subida. Ele estava do outro lado da rua a mandar os carros voltarem para cima, chamei-o sem desmontar da minha moto.
Perguntei-lhe onde podia parar a moto por uns minutos enquanto ia até à ilha, “no parque lá em baixo!” – respondeu ele como se fosse óbvio. “o homem diz que não há lugar para a minha moto lá!”- expliquei eu. Ele fez um gesto com o dedo como se aparafusasse a cabeça, do tipo, o homem é mas é tolo e mandou-me pô-la junto da dele e, enquanto eu a encostava bem à berma da estrada ele aproximou-se com outro rapaz. Perguntou-me de onde eu vinha.
Quando me fazem esta pergunta numa viagem nunca sei muito bem o que querem saber!
De onde venho quando? Agora, venho de Budva; hoje venho de Podogrica; neste ponto da viagem venho da Croácia; de origem, venho de Portugal! Complicado de responder, não é?
Ficou impressionado por eu vir de tão longe e, ao perceber que eu não tinha vindo de ferry ficou mudo de espanto! Mostrei-lhe o mapa total da viagem, percebeu então que ainda tinha muita estrada para fazer!
Adorou a minha moto, propôs trocar a minha pela sua, que eu era muito pequena e magrinha para ela e ele era muito maior e mais forte do que eu!
Lá o deixei mais o amigo a apreciar a minha Ninfa e fui passear pela zona.
Acho sempre piada quando encontro palavras que parecem nossas!
As praias ali têm a areia meio rosada que lhes dá um ar quase artificial!
Bolas, mas eu queria era ir até à ilha dar uma voltinha e ver como aquilo é por dentro! E não se pode! É só para hóspedes!
Fiquei meio desiludida! Por outro lado que se lixe, não teria muita piada ir passear para o meio de uma série de hotéis com gente chique… digo eu, que não pude lá ir!
Segue-se pela beira da praia, a do lado direito estava vazia, e vai-se tendo perspetivas interessantes da ilha e da praia.
Mais à frente estava montes de gente quase a fazer fila para fotografar ou ser fotografado com a ilha como cenário!
Coisa de pobre que não pode entrar como eu, mas pode fazer de conta!
E, como eu também sou pobre, aproveitei a deixa de me pedirem para tirar fotos para ser fotografada também!
Foi ao ver a foto que me apercebi como o sol me tinha marcado tanto dos últimos dias! A marca da fita da máquina fotográfica era tão forte no meu pescoço e a parte de baixo do rosto estava visivelmente mais escura que a de cima! Mas eu estava feliz, e isso é que me importava mesmo!
Quando voltei de novo à minha moto o policia veio ter comigo, pensei que me iria dizer algo porque eu demorara bem mais do que os 10, minutos que prometera! Chegou perto de mim e estendeu-me a mão com uma chave, a chave da sua scooter: “Então, é neste momento que trocamos de moto?” – perguntou com um grande sorriso.
“Não poderia trocar, tenho uma viagem para continuar!” – respondi.
“Com a minha scooter não teria qualquer problema, seguramente ninguém te incomodaria até chegares a casa!”
Seguramente que não! Ela tinha “Policija” escrito na frente e o pirilampo azul atrás! eheheh
Ainda fiquei ali um bocado na conversa e na risota com ele e parti dizendo, como sempre faço, “Bye and, your country is very, very beautiful!” porque, além de ser verdade, as pessoas merecem sabe-lo!
Na costa os hotéis continuam e a zona de passagem é meio privada. Fiz uma foto-caricatura de nós as duas, eu e a Ninfa, num dos muitos espelhos de auxílio à condução que há em todos os cruzamentos por ali!
Parei para ver a coisa de longe e segui pela costa para sul, para seguir de volta para Podgorica.
Mais abaixo entra-se em ângulo reto em relação à costa e atravessa-se uma ponta do lago Escútare ou Skadarsko jezero, que vira no dia anterior de longe. Infelizmente a linha do comboio não permite aproximar dele naquele ponto!
O calor voltava a estar meio infernal e eu só pensava em abastecer-me de água fresca!
Passei em Podgorica, no meio de uma planície que parece nunca mais acabar, rodeada de ciprestes
Há infinidades de bancadas de venda de fruta pela berma da estrada, mesmo no centro da cidade! Repuxos improvisados de mangueiras que deitam água sobre as melancias, garantem que a fruta não estará quente se a compramos! Os figos são uma das minhas frutas preferidas e não resisti a experimenta-los: eram simplesmente D E L I C I O S O S!
E logo a seguir ficava o meu hostel e começava o deslumbramento do Canon do Moraca!
São quilómetros de frescura e beleza que acompanhei com pausas refrescantes e figos doces e suculentos!
Há momentos em que parece que a estrada é apenas um rasgão no rochedo onde nada cabe, mas na realidade a estrada é larga e passa por ela todo o tipo de veiculo, até ao maior camião!
Um carro com 5 jovens caíra ali havia pouco tempo, naquele ponto da estrada, estava lá montado todo um altar, com flores e as fotos deles! Eu tinha parado para ver o rio lá em baixo e fiquei chocada ao imaginar alguém cair ali de carro!
Preparava-me para seguir quando apareceu um tipo sei lá de onde, pois aquilo é longe de tudo, não há sequer uma cabana perto. Dizia ele para eu lhe dar a máquina fotográfica que ele me tirava uma foto a conduzir na rua! Apenas fez um gesto na direção da maquina que eu trazia pendurada ao peito e eu passei-me, fiz um ar de má e atirei-lhe com um “What??” tão convincente e autoritário que o homem desapareceu na natureza!
Se tinha má intensão era burro o suficiente para não perceber que bastava dar-me um empurrão e eu cairia mais a moto, pois estava em posição bem instável! Mas o meu ar deve ser mais intimidatório do que eu podia imaginar! Eheheh
E passeei o resto da minha tarde por aquelas paisagens, voltando para o hostel onde me esperava um belo e baratinho jantar. Os hotéis e hostels têm visível prazer em assinalar que são “biker friendly”
Naquela noite fiz serão no bar, um pequeno pavilhão construído em madeira, onde a net era forte e me permitia fazer uma série de pesquisas. O patrão, que estava numa mesa perto com um grupo de amigos, achou-me muita graça e ofereceu-me toda a cerveja que eu quis beber! Ele falava pouco inglês, mas o filho foi traduzindo o que ele me queria dizer, tinha-me visto em Budva e ficara espantado com o conjunto que fazíamos, a moto e eu e, sem imaginar que eu estava hospedada no seu hostel! Quando me viu chegar ali ficou todo vaidoso, até tirou fotos à moto para mostrar aos amigos! Foi muito engraçado o serão!
E foi o fim do meu 17º dia de viagem!
Eu estava alojada junto ao Canon do Moraca, aquele rio fantástico de águas turquesa que fura por entre penhascos! Mas a noite foi de tempestade, eu pude ouvir o vento que soprava muito forte e a chuva a bater-me na janela… uma pena, porque eu fora até Podgorica para visitar a zona e o rio, e o tempo parecia não estar para ajudar, nem sequer me apetecia sair da cama para ir para aquela luta! Bolas…
Mas saí! Esperava-me um pequeno-almoço muito variado e interessante “bem, se não passear, pelo menos como!”
O temporal estava precisamente a montante do rio, onde eu queria ir! Fiquei ali a olhar para o céu e a ver para que lado soprava o vento, pois levaria o temporal consigo, já que era bem forte. E sim, levava as nuvens negras para o lado onde já estava negro e que, por acaso, era para onde eu queria ir!
No problem, mudança de planos, peguei na motita, tirei-lhe a top-case e segui para o lado inverso!
Uma pena o céu estar cinzento, Podgorica ficou com um ar mais triste por causa disso!
Podgorica, a capital do Montenegro, já se chamou Titogrado em honra do marechal Josip Broz Tito, o tal que manteve a Jugoslávia unida, contra tudo e contra todos, governando "Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido".
A cidade é literalmente fendida pelo rio. Curioso o estado natural em que ele se conserva, com as bermas em escarpas terrosas e pedregosas!
E lá fui seguindo para a costa, onde o tempo não estava nenhuma beleza, mas pelo menos não chovia!
Se aquele céu estivesse azul, a paisagem seria um deslumbramento, com Budva cheia de gente e movimento lá em baixo!
Estava bastante calor, o tempo encoberto apenas acrescentou humidade ao ar!
A Budvanska rivijera é muito procurada pelas praias, restaurante, hotéis e vidinha noturna! Eu pela vida noturna não me esforço muito mas pela praia, estava mesmo a apetecer!
Por isso fui ver se arranjava um pedaço de areia para me pôr! Para minha surpresa fui muito bem recebida por quem estava, e uma senhora velhota indicou-me a sua “espreguiçadeira” para eu me estender! Depois entendi que ela tinha duas reservadas como suas e como o marido andava a passear junto à água, ela ofereceu-me o seu lugar para eu me estender! Tão simpática!
Mesmo atrás fica uma fileira de restaurantes, cafés e tendas de todas as tretas!
Passei ali boa parte do meu dia, em conversa complicada com as pessoas que falavam pouco inglês, mas que se faziam entender! Um senhor aproximou-se cheio de curiosidade e ao saber que eu era portuguesa exclamou “Big Figo and Eusébio! Ronaldo is for girls!”
Depois de um tempo simpático e um almoço mais universal que regional voltei para a minha motita. Estava acompanhada. As pessoas ficaram atrapalhadas quando perceberam que ela era minha! Fiz-lhes sinal de que não havia problema e lá tiraram as fotos que quiseram com a criancinha e a moto, agradecendo-me muito!
Logo ali à frente, apenas a 6 ou 7 km de Budva, fica Sveti Stefan, uma ilhota ligada a terra por um istmo, que é um resort que vale a pena ver, mesmo de longe! Fui até lá!
Na sua origem foi uma fortificação do séc. XV, construída para defender a linha costeira, posteriormente uma aldeia que foi completamente adquirida pelo major Tito, que a transformou num resort de luxo.
Tentei aproximar-me. Lá em baixo à um “torniquete” com um guardião que o abre a quem quer!
Tentei entrar, estava uma motinha pequena estacionada num parque sem nada mais do que ela. O homem não me deixou ficar, disse-me que não havia lugar!!
Fiquei a olhar para ele, com ar de quem não vai reclamar mas o acha anormal de todo!
Voltei para cima, pela ruela onde é proibido estacionar! Raios, eu não iria deixar a moto a quilómetros para caminhar até ali! Parei junto a um jovem policia que vira a meio da subida. Ele estava do outro lado da rua a mandar os carros voltarem para cima, chamei-o sem desmontar da minha moto.
Perguntei-lhe onde podia parar a moto por uns minutos enquanto ia até à ilha, “no parque lá em baixo!” – respondeu ele como se fosse óbvio. “o homem diz que não há lugar para a minha moto lá!”- expliquei eu. Ele fez um gesto com o dedo como se aparafusasse a cabeça, do tipo, o homem é mas é tolo e mandou-me pô-la junto da dele e, enquanto eu a encostava bem à berma da estrada ele aproximou-se com outro rapaz. Perguntou-me de onde eu vinha.
Quando me fazem esta pergunta numa viagem nunca sei muito bem o que querem saber!
De onde venho quando? Agora, venho de Budva; hoje venho de Podogrica; neste ponto da viagem venho da Croácia; de origem, venho de Portugal! Complicado de responder, não é?
Ficou impressionado por eu vir de tão longe e, ao perceber que eu não tinha vindo de ferry ficou mudo de espanto! Mostrei-lhe o mapa total da viagem, percebeu então que ainda tinha muita estrada para fazer!
Adorou a minha moto, propôs trocar a minha pela sua, que eu era muito pequena e magrinha para ela e ele era muito maior e mais forte do que eu!
Lá o deixei mais o amigo a apreciar a minha Ninfa e fui passear pela zona.
Acho sempre piada quando encontro palavras que parecem nossas!
As praias ali têm a areia meio rosada que lhes dá um ar quase artificial!
Bolas, mas eu queria era ir até à ilha dar uma voltinha e ver como aquilo é por dentro! E não se pode! É só para hóspedes!
Fiquei meio desiludida! Por outro lado que se lixe, não teria muita piada ir passear para o meio de uma série de hotéis com gente chique… digo eu, que não pude lá ir!
Segue-se pela beira da praia, a do lado direito estava vazia, e vai-se tendo perspetivas interessantes da ilha e da praia.
Mais à frente estava montes de gente quase a fazer fila para fotografar ou ser fotografado com a ilha como cenário!
Coisa de pobre que não pode entrar como eu, mas pode fazer de conta!
E, como eu também sou pobre, aproveitei a deixa de me pedirem para tirar fotos para ser fotografada também!
Foi ao ver a foto que me apercebi como o sol me tinha marcado tanto dos últimos dias! A marca da fita da máquina fotográfica era tão forte no meu pescoço e a parte de baixo do rosto estava visivelmente mais escura que a de cima! Mas eu estava feliz, e isso é que me importava mesmo!
Quando voltei de novo à minha moto o policia veio ter comigo, pensei que me iria dizer algo porque eu demorara bem mais do que os 10, minutos que prometera! Chegou perto de mim e estendeu-me a mão com uma chave, a chave da sua scooter: “Então, é neste momento que trocamos de moto?” – perguntou com um grande sorriso.
“Não poderia trocar, tenho uma viagem para continuar!” – respondi.
“Com a minha scooter não teria qualquer problema, seguramente ninguém te incomodaria até chegares a casa!”
Seguramente que não! Ela tinha “Policija” escrito na frente e o pirilampo azul atrás! eheheh
Ainda fiquei ali um bocado na conversa e na risota com ele e parti dizendo, como sempre faço, “Bye and, your country is very, very beautiful!” porque, além de ser verdade, as pessoas merecem sabe-lo!
Na costa os hotéis continuam e a zona de passagem é meio privada. Fiz uma foto-caricatura de nós as duas, eu e a Ninfa, num dos muitos espelhos de auxílio à condução que há em todos os cruzamentos por ali!
Parei para ver a coisa de longe e segui pela costa para sul, para seguir de volta para Podgorica.
Mais abaixo entra-se em ângulo reto em relação à costa e atravessa-se uma ponta do lago Escútare ou Skadarsko jezero, que vira no dia anterior de longe. Infelizmente a linha do comboio não permite aproximar dele naquele ponto!
O calor voltava a estar meio infernal e eu só pensava em abastecer-me de água fresca!
Passei em Podgorica, no meio de uma planície que parece nunca mais acabar, rodeada de ciprestes
Há infinidades de bancadas de venda de fruta pela berma da estrada, mesmo no centro da cidade! Repuxos improvisados de mangueiras que deitam água sobre as melancias, garantem que a fruta não estará quente se a compramos! Os figos são uma das minhas frutas preferidas e não resisti a experimenta-los: eram simplesmente D E L I C I O S O S!
E logo a seguir ficava o meu hostel e começava o deslumbramento do Canon do Moraca!
São quilómetros de frescura e beleza que acompanhei com pausas refrescantes e figos doces e suculentos!
Há momentos em que parece que a estrada é apenas um rasgão no rochedo onde nada cabe, mas na realidade a estrada é larga e passa por ela todo o tipo de veiculo, até ao maior camião!
Um carro com 5 jovens caíra ali havia pouco tempo, naquele ponto da estrada, estava lá montado todo um altar, com flores e as fotos deles! Eu tinha parado para ver o rio lá em baixo e fiquei chocada ao imaginar alguém cair ali de carro!
Preparava-me para seguir quando apareceu um tipo sei lá de onde, pois aquilo é longe de tudo, não há sequer uma cabana perto. Dizia ele para eu lhe dar a máquina fotográfica que ele me tirava uma foto a conduzir na rua! Apenas fez um gesto na direção da maquina que eu trazia pendurada ao peito e eu passei-me, fiz um ar de má e atirei-lhe com um “What??” tão convincente e autoritário que o homem desapareceu na natureza!
Se tinha má intensão era burro o suficiente para não perceber que bastava dar-me um empurrão e eu cairia mais a moto, pois estava em posição bem instável! Mas o meu ar deve ser mais intimidatório do que eu podia imaginar! Eheheh
E passeei o resto da minha tarde por aquelas paisagens, voltando para o hostel onde me esperava um belo e baratinho jantar. Os hotéis e hostels têm visível prazer em assinalar que são “biker friendly”
Naquela noite fiz serão no bar, um pequeno pavilhão construído em madeira, onde a net era forte e me permitia fazer uma série de pesquisas. O patrão, que estava numa mesa perto com um grupo de amigos, achou-me muita graça e ofereceu-me toda a cerveja que eu quis beber! Ele falava pouco inglês, mas o filho foi traduzindo o que ele me queria dizer, tinha-me visto em Budva e ficara espantado com o conjunto que fazíamos, a moto e eu e, sem imaginar que eu estava hospedada no seu hostel! Quando me viu chegar ali ficou todo vaidoso, até tirou fotos à moto para mostrar aos amigos! Foi muito engraçado o serão!
E foi o fim do meu 17º dia de viagem!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Levaste com mais 1 M mas já aviso que não me acredito em nada do que estou para aqui a ler!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
________________________
MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Oh valha-me Deus, lá teremos de combinar um belo de um almoço para eu te contar toda a verdade que tu não acreditas em mim por escrito!Elisio FJR escreveu:Levaste com mais 1 M mas já aviso que não me acredito em nada do que estou para aqui a ler!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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Beijucas!
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Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Obrigada minha gente pelos vossos comentários e pelos vossos !
À custa disso estou a chegar aos 1000 e aí quero uma festa pelo meu record!
À custa disso estou a chegar aos 1000 e aí quero uma festa pelo meu record!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Obrigado mais uma vez por este dia de viagem...
Fabuloso, e aqui vai a minha contribuição para atingires o record
Fabuloso, e aqui vai a minha contribuição para atingires o record
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
16 de agosto de 2013
E chegava o momento de seguir para um dos grandes destinos desta viagem!
Há sempre um ou dois destinos que me direcionam numa viagem, esses que ditam para que lado ir, e este era na Grécia, o que me faria atravessar 2 países para lá chegar! Por isso naquele dia eu faria quase 700 km por 4 países: Montenegro, Albânia, Macedónia e Grécia!
Embora tivesse uma longa distância para percorrer não me sentia nada preocupada nem pressionada! Há dias assim, em que o calor é mais aflitivo do que os quilómetros e aquele dia prometia ser quente de novo. Lembro-me que durante a noite molhei diversas vezes o meu lenço para limpar o rosto e o pôr sobre a cabeça, como se faz quando as pessoas têm febre, porque o calor era muito e eu sentia-me febril, mesmo com o ar condicionado ligado!
Começava a achar que nunca me livraria do sofrimento do calor e tratava mas era de me mentalizar para ele, como um tropa se prepara mentalmente para uma missão dura!
À hora que me levantei ainda apetecia andar por ali a passear, em redor do hostel, enquanto o pequeno-almoço era preparado!
O edifício é voltado para o rio, que fica do outro lado do caminho que é privado do hostel.
Constatei que andava a passear “pelo quarto de dormir” de uma série de caminhantes que dormiam ao relento, no relvado da berma do caminho do hostel! Constatei também que ali se dá guarida a todo o tipo de viajantes, entre mochileiros que dormiam ali na relva, caravanistas parqueados logo a seguir e gente como eu, muito mais comodista que preferi pagar 20€ e dormir duas noites numa cama de casal fofa, num quarto enorme, com televisão e ar condicionado!
E segui o curso do rio Moraca na direção do Skadarsko jezero, pois a fronteira com a Albânia fica lá pelo meio do lago!
Ao passear-me por ali ficava fascinada com o estado natural em que o rio se conserva, ninguém diria que estamos na capital de um país com uma paisagem destas!
E lá estava o lago Escútare ou Skadarsko jezero, o maior dos Balcãs, que é alimentado pelas águas rio Moraca e desagua no mar Adriático através de um outro rio.
A ruínha que escolhi para ir até ele era, no mínimo, original! Irregular, cheia de altos e baixos, areias e cascalho, de quando em quando, mas cheia de encanto também!
As perspetivas que ia tendo do lago eram encantadoras àquela hora da manhã, ainda com as brumas matinais a encher tudo de encanto!
A estrada nacional parecia uma autoestrada em comparação com a estradinha ziguezagueante que eu fizera!
Cheguei à fronteira da Albânia já a circular num autêntico inferno! O termómetro da moto não deixava de piscar nos 50º, o que queria dizer que não conseguia contar mais do que isso!
Eu já levava o lenço enfiado no vão do vidro para poder limpar a cara, no arranca e pára para passar a fronteira.
E o lago continua pela Albânia!
O lixo pelo chão começa logo ali, a 50 metros da fronteira, veja-se quando parei para ler o mapa do pais na berma da estrada!
A estrada parecia uma reta sem fim com construções isoladas, muitas em mau estado e uma série de bombas de gasolina abandonadas, até chegar a uma cidade… uma população… um lugar, sei lá! Sei que era cheio de lixo, confusão…
A fazer lembrar uma cidade marroquina, com burros estacionadas na berma da estrada e tudo!
Nem parei, o calor era infernal, o ambiente cheio de pó e trânsito, de tal maneira que nem parei e poucas fotos tirei.
Segui para Shkodër que, apesar de ter uma “entrada” igualmente desordenada e desarranjada, tem um centro bem fofinho, perto da mesquita!
Eu estava a precisar muito de beber algo fresco e aquele ambiente foi o meu oásis!
Oh, quase me deixei desfalecer numa esplanada tão confortável, agarrada a uma enorme copada de sumo de laranja fresquíssimo!
A mesquita fica num jardim entre a zona trapalhona e a zona turística!
Foi esta cidade que deu o nome ao Lago Escútare que também é
“Skadar” “Shkodër” “Shkodra” dependendo da língua em que é pronunciado!
E segui pelos montes com o rio como paisagem!
Uma pena o lixo por todos os lados, mesmo quando não há casas por perto, ele está lá! O que destoa profundamente com a beleza das paisagens!
Parece que por aquelas terras a água tem sempre cores extraordinárias e quase irreais!
A minha ideia não era propriamente “catar” o país e sim ver como ele é, como são as paisagens, as pessoas, o ambiente! Porque se trata de um dos países mais pobres da Europa, onde grande parte da população é camponesa, e não existe muita informação sobre ele!
Encontrei ciganos, que me acenaram adeus quando parei para fotografar os seus cavalos a pastar selados, como se fossem partir a qualquer momento!
E recantos decrépitos, abandonados e cheios de lixo também…
Na berma das estradas viam-se tendinhas montadas com telhado de folhas de milho, onde miúdos assavam massaroca para vender aos transeuntes e, sobretudo, aos turistas.
Por aquela altura eu já estava morta de sede há umas horas, mas não havia nada onde comprar o que quer que fosse. Até que vi um larguinho na berma da estrada com uma fonte, onde uma série de pessoas lavava as mãos. Não resisti, dei meia volta e fui até lá, peguei na minha garrafa de água, há muito vazia e fui enche-la na fonte. Aquelas mulheres ficaram todas a olhar para mim, lavavam as mãos e a cara com sabonete que estava pousado na berma da fonte, que tinha a forma de dois golfinhos entrelaçados.
Quando olhei para a água dentro da garrafa, que desilusão, era turba!
Voltei-me para as senhoras e perguntei mais por gestos do que por palavras, se aquela água não se podia beber!
Responderam-me todas em coro “no, no, Bar, Bar!” apontando para o bar que ficava logo ali ao lado. Bolas, eu não tinha lekë, como iria pagar a água?
Fui até à moto, tratar de tirar o capacete e buscar euros a ver se conseguia comprar água! Estava eu nessa operação quando uma senhora vem do bar com uma garrafa de água gelada e ma oferece! Fiquei espantada! Fiz o gesto de quem pergunta quanto é, ela respondeu-me com um gesto amplo, com as mãos abertas, significando “nada”.
As pessoas em redor olhavam com satisfação, pelo menos sorriam para mim e para ela! Abri ali mesmo a garrafa e bebi quase metade, a água era deliciosa!
Agradeci mais uma vez, disse adeus àquelas pessoas tão simpáticas e segui o meu caminho tão satisfeita e enternecida “há gente tão boa por este mundo!”
As ruas que fiz eram pavimentadas mas parecia que tinham aluído, olhava-se de repente e não havia buraco algum, mas ao passar era necessário contornar pedaços literalmente engelhados de alcatrão!
Tal como na Bósnia vêm-se pequenos altares na berma das estradas, em honra de mortos em acidentes de viação!
Já andava atenta às estações de serviço há um bom pedaço, tentando encontrar alguma com o sinal de cartão de crédito, quando encontrei uma mandei abastecer e… quando fui pagar não aceitava cartão nenhum! Oh raios partam o azar! Claro que acabei por pagar em euros ou não sei como seria! O homem deu-me o troco em lekë, e eu que estava a sair do país fiquei com um nota para gastar!
Mais uns quantos quilómetros e estava a chegar à fronteira com a Macedónia. Bem, agora que tinha dinheiro fui mas é beber qualquer coisa antes de sair do país.
Pedi cerveja e água e ainda bem que não pedi mais nada porque um senhor que estava lá sentado numa mesa pagou tudo o que pedi! Puxa, aqueles albaneses são todos boas pessoas? Fui-me sentar numa mesa enquanto toda a gente olhava para mim com uma curiosidade simpática, já que sorriam para mim!
Ao despedir-me disse adeus a toda a gente e recebi um caloroso adeus com direito a acenos e tudo, enquanto alguns vinham até à porta ver-me partir!
Tenho de voltar à Albânia!
Logo a seguir à fronteira acaba o lixo por todos os lados!
A Macedónia foi também um país que apenas atravessei, estava demasiado calor para eu parar aqui e ali, mas deu para ver que é um país lindo que terei que visitar mais demoradamente um dia que volte àqueles lados.
Desta vez parei apenas em Ohrid, com o seu lago que prometia alguma frescura no inferno de calor que eu vinha a atravessar há horas!
Ohrid é a cidade maior na borda do lago com o seu nome. Ohrid, que em português é Ácrida, é uma cidade turística e simpática que só consegui visitar depois de parar junto ao lago e molhar os pés e as mãos e quase enfiar a cabeça dentro dele! Por momentos até a visão da água me pareceu quente, por momentos pensei que não seria capaz de me afastar dali para seguir para a Grécia. Fiquei ajoelhada na berma do cais, como os islâmicos fazem quando rezam, as mãos na água e a cabeça mais baixa que o corpo. A tensão arterial equilibrou e só então fui ver o povo, passear pelas ruas e beber algo bem fresco.
A cidade estava cheia de gente que se passeava com todo aquele calor! Nos jardins tem estátuas de tipos cabeçudos com ar de filósofos. Não consegui perceber quem eram porque a escrita deles é inteligível! Nem o abecedário é parecido com o nosso!
As pessoas comiam gelados sofregamente, eu limitava-me a carregar comigo uma garrafa de água… tenho sempre a sensação de que o gelado por ser doce me deixará ainda mais cheia de cede!
Achei curiosos os altares deles, ortodoxos, cheios de imagens e velinhas!
Quando voltei ao lago estava cheio de ondulação! Be diferente de quando eu chegara!
E voltei a enfiar os pés na água…
e deitei-me um pouco no jardim à sombra, com as pernas das calças todas molhadas e com uma enorme vontade de não me mexer nem mais um passo…
Mas o tempo iria começar a arrefecer um pouco e, animada por essa ideia, lá arranjei coragem para seguir o meu caminho até Trikala na Grécia, que ficava ainda a uma infinidade de quilómetros!
Se eu fico preocupada quando vejo uma vaca a olhar fixamente para mim, imagine-se o que sinto quando vejo uma manada a correr na minha direção!
A minha aventura com as vacas gregas apenas estava a começar! Elas lá passaram a trote por mim, o que não me impediu de parar e pôr o descanso à moto! Nunca confiar em bichos que são maiores que eu e a minha motita!
Cheguei tarde a Trikala mas, só lá é que entendi o quanto era tarde! É que eu não tinha reparado que a hora da Grécia é igual à de Istambul, o que quer dizer 2 horas mais tarde que aqui, e eu pensava que era só uma hora a mais!
Fui comer a um restaurante logo acima do hostel e fui tão bem recebida e servida que iria lá voltar nas noites seguintes.
Fui dormir, pressentindo os montes gigantescos em torno de mim. de repente a vontade que a manhã chegasse rápido era muita, mesmo sabendo que iria sofrer de novo com o calor, eu queria muito ver o que me envolvia naquele que foi um dos destinos impulsionadores desta viagem!
E foi o fim do 18º dia de viagem!
E chegava o momento de seguir para um dos grandes destinos desta viagem!
Há sempre um ou dois destinos que me direcionam numa viagem, esses que ditam para que lado ir, e este era na Grécia, o que me faria atravessar 2 países para lá chegar! Por isso naquele dia eu faria quase 700 km por 4 países: Montenegro, Albânia, Macedónia e Grécia!
Embora tivesse uma longa distância para percorrer não me sentia nada preocupada nem pressionada! Há dias assim, em que o calor é mais aflitivo do que os quilómetros e aquele dia prometia ser quente de novo. Lembro-me que durante a noite molhei diversas vezes o meu lenço para limpar o rosto e o pôr sobre a cabeça, como se faz quando as pessoas têm febre, porque o calor era muito e eu sentia-me febril, mesmo com o ar condicionado ligado!
Começava a achar que nunca me livraria do sofrimento do calor e tratava mas era de me mentalizar para ele, como um tropa se prepara mentalmente para uma missão dura!
À hora que me levantei ainda apetecia andar por ali a passear, em redor do hostel, enquanto o pequeno-almoço era preparado!
O edifício é voltado para o rio, que fica do outro lado do caminho que é privado do hostel.
Constatei que andava a passear “pelo quarto de dormir” de uma série de caminhantes que dormiam ao relento, no relvado da berma do caminho do hostel! Constatei também que ali se dá guarida a todo o tipo de viajantes, entre mochileiros que dormiam ali na relva, caravanistas parqueados logo a seguir e gente como eu, muito mais comodista que preferi pagar 20€ e dormir duas noites numa cama de casal fofa, num quarto enorme, com televisão e ar condicionado!
E segui o curso do rio Moraca na direção do Skadarsko jezero, pois a fronteira com a Albânia fica lá pelo meio do lago!
Ao passear-me por ali ficava fascinada com o estado natural em que o rio se conserva, ninguém diria que estamos na capital de um país com uma paisagem destas!
E lá estava o lago Escútare ou Skadarsko jezero, o maior dos Balcãs, que é alimentado pelas águas rio Moraca e desagua no mar Adriático através de um outro rio.
A ruínha que escolhi para ir até ele era, no mínimo, original! Irregular, cheia de altos e baixos, areias e cascalho, de quando em quando, mas cheia de encanto também!
As perspetivas que ia tendo do lago eram encantadoras àquela hora da manhã, ainda com as brumas matinais a encher tudo de encanto!
A estrada nacional parecia uma autoestrada em comparação com a estradinha ziguezagueante que eu fizera!
Cheguei à fronteira da Albânia já a circular num autêntico inferno! O termómetro da moto não deixava de piscar nos 50º, o que queria dizer que não conseguia contar mais do que isso!
Eu já levava o lenço enfiado no vão do vidro para poder limpar a cara, no arranca e pára para passar a fronteira.
E o lago continua pela Albânia!
O lixo pelo chão começa logo ali, a 50 metros da fronteira, veja-se quando parei para ler o mapa do pais na berma da estrada!
A estrada parecia uma reta sem fim com construções isoladas, muitas em mau estado e uma série de bombas de gasolina abandonadas, até chegar a uma cidade… uma população… um lugar, sei lá! Sei que era cheio de lixo, confusão…
A fazer lembrar uma cidade marroquina, com burros estacionadas na berma da estrada e tudo!
Nem parei, o calor era infernal, o ambiente cheio de pó e trânsito, de tal maneira que nem parei e poucas fotos tirei.
Segui para Shkodër que, apesar de ter uma “entrada” igualmente desordenada e desarranjada, tem um centro bem fofinho, perto da mesquita!
Eu estava a precisar muito de beber algo fresco e aquele ambiente foi o meu oásis!
Oh, quase me deixei desfalecer numa esplanada tão confortável, agarrada a uma enorme copada de sumo de laranja fresquíssimo!
A mesquita fica num jardim entre a zona trapalhona e a zona turística!
Foi esta cidade que deu o nome ao Lago Escútare que também é
“Skadar” “Shkodër” “Shkodra” dependendo da língua em que é pronunciado!
E segui pelos montes com o rio como paisagem!
Uma pena o lixo por todos os lados, mesmo quando não há casas por perto, ele está lá! O que destoa profundamente com a beleza das paisagens!
Parece que por aquelas terras a água tem sempre cores extraordinárias e quase irreais!
A minha ideia não era propriamente “catar” o país e sim ver como ele é, como são as paisagens, as pessoas, o ambiente! Porque se trata de um dos países mais pobres da Europa, onde grande parte da população é camponesa, e não existe muita informação sobre ele!
Encontrei ciganos, que me acenaram adeus quando parei para fotografar os seus cavalos a pastar selados, como se fossem partir a qualquer momento!
E recantos decrépitos, abandonados e cheios de lixo também…
Na berma das estradas viam-se tendinhas montadas com telhado de folhas de milho, onde miúdos assavam massaroca para vender aos transeuntes e, sobretudo, aos turistas.
Por aquela altura eu já estava morta de sede há umas horas, mas não havia nada onde comprar o que quer que fosse. Até que vi um larguinho na berma da estrada com uma fonte, onde uma série de pessoas lavava as mãos. Não resisti, dei meia volta e fui até lá, peguei na minha garrafa de água, há muito vazia e fui enche-la na fonte. Aquelas mulheres ficaram todas a olhar para mim, lavavam as mãos e a cara com sabonete que estava pousado na berma da fonte, que tinha a forma de dois golfinhos entrelaçados.
Quando olhei para a água dentro da garrafa, que desilusão, era turba!
Voltei-me para as senhoras e perguntei mais por gestos do que por palavras, se aquela água não se podia beber!
Responderam-me todas em coro “no, no, Bar, Bar!” apontando para o bar que ficava logo ali ao lado. Bolas, eu não tinha lekë, como iria pagar a água?
Fui até à moto, tratar de tirar o capacete e buscar euros a ver se conseguia comprar água! Estava eu nessa operação quando uma senhora vem do bar com uma garrafa de água gelada e ma oferece! Fiquei espantada! Fiz o gesto de quem pergunta quanto é, ela respondeu-me com um gesto amplo, com as mãos abertas, significando “nada”.
As pessoas em redor olhavam com satisfação, pelo menos sorriam para mim e para ela! Abri ali mesmo a garrafa e bebi quase metade, a água era deliciosa!
Agradeci mais uma vez, disse adeus àquelas pessoas tão simpáticas e segui o meu caminho tão satisfeita e enternecida “há gente tão boa por este mundo!”
As ruas que fiz eram pavimentadas mas parecia que tinham aluído, olhava-se de repente e não havia buraco algum, mas ao passar era necessário contornar pedaços literalmente engelhados de alcatrão!
Tal como na Bósnia vêm-se pequenos altares na berma das estradas, em honra de mortos em acidentes de viação!
Já andava atenta às estações de serviço há um bom pedaço, tentando encontrar alguma com o sinal de cartão de crédito, quando encontrei uma mandei abastecer e… quando fui pagar não aceitava cartão nenhum! Oh raios partam o azar! Claro que acabei por pagar em euros ou não sei como seria! O homem deu-me o troco em lekë, e eu que estava a sair do país fiquei com um nota para gastar!
Mais uns quantos quilómetros e estava a chegar à fronteira com a Macedónia. Bem, agora que tinha dinheiro fui mas é beber qualquer coisa antes de sair do país.
Pedi cerveja e água e ainda bem que não pedi mais nada porque um senhor que estava lá sentado numa mesa pagou tudo o que pedi! Puxa, aqueles albaneses são todos boas pessoas? Fui-me sentar numa mesa enquanto toda a gente olhava para mim com uma curiosidade simpática, já que sorriam para mim!
Ao despedir-me disse adeus a toda a gente e recebi um caloroso adeus com direito a acenos e tudo, enquanto alguns vinham até à porta ver-me partir!
Tenho de voltar à Albânia!
Logo a seguir à fronteira acaba o lixo por todos os lados!
A Macedónia foi também um país que apenas atravessei, estava demasiado calor para eu parar aqui e ali, mas deu para ver que é um país lindo que terei que visitar mais demoradamente um dia que volte àqueles lados.
Desta vez parei apenas em Ohrid, com o seu lago que prometia alguma frescura no inferno de calor que eu vinha a atravessar há horas!
Ohrid é a cidade maior na borda do lago com o seu nome. Ohrid, que em português é Ácrida, é uma cidade turística e simpática que só consegui visitar depois de parar junto ao lago e molhar os pés e as mãos e quase enfiar a cabeça dentro dele! Por momentos até a visão da água me pareceu quente, por momentos pensei que não seria capaz de me afastar dali para seguir para a Grécia. Fiquei ajoelhada na berma do cais, como os islâmicos fazem quando rezam, as mãos na água e a cabeça mais baixa que o corpo. A tensão arterial equilibrou e só então fui ver o povo, passear pelas ruas e beber algo bem fresco.
A cidade estava cheia de gente que se passeava com todo aquele calor! Nos jardins tem estátuas de tipos cabeçudos com ar de filósofos. Não consegui perceber quem eram porque a escrita deles é inteligível! Nem o abecedário é parecido com o nosso!
As pessoas comiam gelados sofregamente, eu limitava-me a carregar comigo uma garrafa de água… tenho sempre a sensação de que o gelado por ser doce me deixará ainda mais cheia de cede!
Achei curiosos os altares deles, ortodoxos, cheios de imagens e velinhas!
Quando voltei ao lago estava cheio de ondulação! Be diferente de quando eu chegara!
E voltei a enfiar os pés na água…
e deitei-me um pouco no jardim à sombra, com as pernas das calças todas molhadas e com uma enorme vontade de não me mexer nem mais um passo…
Mas o tempo iria começar a arrefecer um pouco e, animada por essa ideia, lá arranjei coragem para seguir o meu caminho até Trikala na Grécia, que ficava ainda a uma infinidade de quilómetros!
Se eu fico preocupada quando vejo uma vaca a olhar fixamente para mim, imagine-se o que sinto quando vejo uma manada a correr na minha direção!
A minha aventura com as vacas gregas apenas estava a começar! Elas lá passaram a trote por mim, o que não me impediu de parar e pôr o descanso à moto! Nunca confiar em bichos que são maiores que eu e a minha motita!
Cheguei tarde a Trikala mas, só lá é que entendi o quanto era tarde! É que eu não tinha reparado que a hora da Grécia é igual à de Istambul, o que quer dizer 2 horas mais tarde que aqui, e eu pensava que era só uma hora a mais!
Fui comer a um restaurante logo acima do hostel e fui tão bem recebida e servida que iria lá voltar nas noites seguintes.
Fui dormir, pressentindo os montes gigantescos em torno de mim. de repente a vontade que a manhã chegasse rápido era muita, mesmo sabendo que iria sofrer de novo com o calor, eu queria muito ver o que me envolvia naquele que foi um dos destinos impulsionadores desta viagem!
E foi o fim do 18º dia de viagem!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
E aqui vai mais um
Mais um dia fabuloso e bem documentado, obrigado...
Mais um dia fabuloso e bem documentado, obrigado...
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Gracinda
Cada vez gosto mais da tua crónica os meus parabéns.
Mais um merito para a mesa do canto e o meu obrigado pela partilha
Tradução do gogoole tradutor para Cirilico Macedonio
Gracinda
Секој пат како и повеќето од вашиот хроничен алал да му е.
Друга заслуга за маса во ќош и мојата благодарност за споделување
Continuação de boa crónica e obrigado pela partilha pois tem sido uma viagem em peras lê-la
Sem mais
Panzer Tank
Cada vez gosto mais da tua crónica os meus parabéns.
Mais um merito para a mesa do canto e o meu obrigado pela partilha
Tradução do gogoole tradutor para Cirilico Macedonio
Gracinda
Секој пат како и повеќето од вашиот хроничен алал да му е.
Друга заслуга за маса во ќош и мојата благодарност за споделување
Continuação de boa crónica e obrigado pela partilha pois tem sido uma viagem em peras lê-la
Sem mais
Panzer Tank
Última edição por Panzer Tank em Qui Out 17 2013, 11:04, editado 1 vez(es)
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Obrigada!
Por causa dessa escrita "marada" Panzer Tank, é que eu a dada altura me sentia completamente analfabeta por aquelas terras! Até entrar na Roménia, quase deprimia a tentar entender algo do que aparecia nas planas!
Por causa dessa escrita "marada" Panzer Tank, é que eu a dada altura me sentia completamente analfabeta por aquelas terras! Até entrar na Roménia, quase deprimia a tentar entender algo do que aparecia nas planas!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
E vai
________________________
http://pelomundoem2rodas.blogspot.pt/
https://www.youtube.com/user/micasimba/videos
carlosferreira- Motociclista a começar.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Já há muito que não dava mais 1:merito:
Luís Azevedo- Ainda é motorato!
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
17 de agosto de 2013
Foi por Meteora que fui ali!
Foi por ela que eu reservei 3 noites em Trikala!
“Meteora, foi um dos destinos impulsionadores desta viagem! Uma sequência de mosteiros ortodoxos “pendurados” no ar, em grandes blocos de pedra que parecem sair verticalmente do chão, simplesmente deslumbrante! Desde a primeira vez que deparei com uma imagem de Meteora que eu quis cá vir. A princípio pensei que eram apenas imagens manipuladas, arte digital, daquela que faz cenários fantásticos para filmes, mas não, é mesmo real! Hoje visitei 2 mosteiros já, amanhã continuarei a explorar… acho que nunca me cansarei de fotografar isto tudo de todos os ângulos!”
Lembro-me de estar a escolher o hostel para pernoitar e encontrar aquele em que fiquei e ficar deslumbrada pelas fotos que apresentava no site. “Certamente que isto é tudo mentira, devem ter ido tirar as fotos mais abaixo para pôr aqui e só quando lá chegar é que vou ver o que aquilo é mesmo!”. O preço era demasiado baixo para me darem tanto, pensava eu!
Mas a verdade é que, mesmo de noite, quando ali cheguei, eu pressentia a presença dos enormes blocos, no escuro, logo ali! Mesmo sendo muito grandes tinham de estar suficientemente próximos para eu lhes sentir o perfil tão acima do horizonte!
O meu quarto, como todos os do hostel, não dava para um corredor interno como seria previsível, e sim para um terraço que contornava a casa. E, especialmente o meu, ficava voltado para o lado mais bonito da cidade e para o lado mais largo do terraço também, onde havia flores e cadeiras e tudo!
Quando sai a porta… Meteora encheu o meu horizonte de espanto!
A minha motita tinha-se instalado junto de uma amiga que lhe fez companhia durante as 2 noites seguintes.
Curiosamente os donos da moto não saiam nela! Diz-se de Mateora, como de outras cidades no mundo, que ela deve ser visitada a pé mas, mesmo eu andando muito a pé para visitar uma cidade, continuo a dizer que há distancias que se fazem muito melhor de moto!
É o caso ali, as estradas são boas, as paisagens são deslumbrantes, toda a montanha parece envolver-nos em qualquer ponto do percurso, depois é só parar a moto e caminhar!
E os mosteiros começam a aparecer no topo de qualquer penedo gigantesco!
Meteora, dizem que quer dizer “no meio do céu” e eu acrescentaria e “brotado da terra”!
Ali se pode encontrar o maior complexo de mosteiros cristãos, apenas superado por outro complexo religioso, também na Grécia, no Monte Atos, onde eu terei de ir um dia destes!
Na realidade, reza a história que os primeiros mosteiros se foram instalando em cavernas e reentrâncias nas rochas, lá pelo séc XI. Os monges eremitas queriam mesmo ficar longe do mundo e conseguiram-no! Na realidade eles queriam defender-se da ocupação otomana e ali ninguém os poderia alcançar!
Foram construídos posteriormente mais de 20 mosteiros e hoje 6 deles são visitáveis:
1- Megálos Metéoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da Transfiguração),
2- Varlaam,
3- Ágios Stéphanos (Santo Estêvão),
4- Ágia Tríada (Santíssima Trindade),
5- São Nicolau Anapausas
6- Roussanou.
Destes 6 visitei 3… que aquilo de escalar escadas dá cabo das pernas à gente e no fim eles acabam por ser meio semelhantes!
Fui visitar o Grande Meteoro, fica mesmo no fim da rua e pareceu-me que não tinha de escalar muitos degraus!
Claro que me enganei, pois o facto de haver uma entrada direta da rua, não impede que se tenha de descer o monte onde estamos, para escalar aquele em que o mosteiro está!
Os monges têm “elevador moderníssimo" para entrarem diretos no mosteiro, mas é só para eles e para todas as mercadorias e tralhas que um mosteiro precisa para se manter! Nós, povo comum curioso, temos de penar para lá chegar! É justo, afinal ninguém nos chamou lá!
Antigamente este acesso direto era feito por redes grossíssimas de corda que eram içadas por roldanas desde a torre dos mosteiros, e por ali subia e descia tudo, inclusive pessoas!
É que os pilares de rocha chegam a ter quase 600 metros de atura a pique!
O mais encantador da subida é a perspetiva que se vai tendo sobre outros mosteiros, que vão aparecendo por entre as escarpas, revelando-se como visões extraordinárias! Só por isso já vale a subida!
Ao lado do Grande Meteoro fica o Varlaam, que não visitei mas que fotografei e desenhei até à exaustão!
À entrada de cada mosteiro existem saias, tipo avental, daquelas que se amarram à cintura, para as mulheres vestirem. A principio não entendi, pois se eu nem de calções estava, o que teria de tapar com as saias?
Um monge simpático só me dizia “ponha-a, é melhor!” e repetia aquilo talvez porque não sabia dizer mais! As saias até eram bonitas e frescas, nem a sentia mais depois de vestida! Eram de seda preta com bolinhas brancas! Não perdi a oportunidade de pedir a alguém que me tirasse uma foto, tinha de registar o momento “griff” da minha visita!
Lá de cima a paisagem é sempre deslumbrante, com o vale contornado pelos blocos de pedra e Trikala lá em baixo!
O mosteiro vizinho perfeitamente visível, mais abaixo, por entre pedras a pique!
Os mosteiros não são completamente visitáveis, porque estão em funcionamento, por isso há ali gente a viver, como num condomínio fechado, onde tudo se faz e muita coisa se produz!
O único sitio onde não se pode tirar fotos é nas igrejas mas, claro, a gente quando tem oportunidade sempre capta uma ou outra perspetiva da coisa, porque são muito bonitas e totalmente pintadas no interior!
Se fizessem um hotel ali o ambiente seria muito agradável e, seguramente, teria muitos hospedes!
Há no Metorum um museu com coisas militares, incluindo imagens das grandes guerras e fardas da época.
Acho sempre curioso ver fardas militares com saias! Não sei como eles se arranjavam a manobrar uma saia plissada daquelas em tempo de guerra!
O mosteiro é grande e cheio de recantos com representações religiosas em que as caras dos santos parecem todas iguais! Deviam estar sempre mal dispostos quando posavam para o mosaico!
Ali havia tudo o necessário para se viver, desde campo cultivado até cozinha perfeitamente apetrechada para cozinhar!
Com direito a ossário e tudo!
Quando vi a placa não entendi o que iria ver! Um cemitério ali?
“O Mosteiro do Grande Meteoron foi o primeiro mosteiro que visitei em Meteora! Uma construção do séc. XIV e um dos poucos que se podem visitar hoje. Desce-se do nível da rua, onde eu deixei ficar a moto, e começa-se a subir a escada encravada na rocha até ao mosteiro que fica no penhasco em frente. Foi uma sensação extraordinária entrar ali, como quem entra numa imagem há muito idealizada na cabeça! Num recanto encontrei uma placa que dizia “ossuary”! Então espreita-se pela abertura, numa porta antiga e robusta de madeira, e lá estão eles! Ossos e crânios arrumados, como livros, em estantes! Curiosa sensação estar perante tal vestígio do passado!”
Na torre pode-se visitar o local de carga e descarga, quando tudo isso se fazia por roldanas e redes de corda que tudo transportavam!
A operação tinha este aspeto vista de fora, naquele “saco” de rede subia e descia gente também!
Tudo muito bonito ali em cima, podia passar ali uns tempos sem sair, apenas a relaxar, numa estadia muito "zen", fotografando em todas as direções e desenhando todo o tempo!
Aquele padre era ortodoxo e vinha da Roménia! Toda uma camioneta de romenos andava a passear por ali comigo. Quando saímos fizeram uma festa ao encontrarem o meu meio de transporte e ainda ficaram mais contentes quando disse que iria seguir a minha viagem até à terra deles!
Até palmas bateram!
“Vais-te apaixonar pela Roménia!” diziam todos “After seeing Romania with your own eyes you will be in love with my country forever!” dizia o monge… e tinha razão!
E segui pela rua que liga todos os mosteiros visitáveis, parando aqui e ali para ver cada um nos seus melhores ângulos!
Lá de cima podem-se ver mais do que os 6 em visita, estão por todos os lados, encavalitados nas rochas que chegam a parecer dedos apontados para o céu!
Cá mais abaixo podia ver o Grand Meteoro, que acabara de visitar e o Varlaam, que fotografara vezes sem conta!
E a estrada lá em baixo, que passa por todo o lado! Pensar que quem visita os mosteiros a pé tem de a fazer subindo, indo de mosteiro em mosteiro, subir degraus e mais degraus e depois voltar caminhando, por uma infinidade de quilómetros de caminho!
Há rochas estrategicamente posicionadas onde toda a gente vai e onde toda a gente pede que lhe tirem fotos, com aquela paisagem como fundo! Tirei fotos a uma infinidade de pessoas que me pediam e, claro, aproveitei e também me tiraram a mim!
Ao fundo, por entre o limite dos rochedos, vê-se Kalabáka, a cidade mais próxima, com o Mosteiro de Agia Tríada, que serviu de cenário ao filme de James Bond, sobre a grande pedra da esquerda!
Só de olhar para ele foi-se a vontade de o visitar! Nem a fama e a história me fazia querer subir todo aquele enorme rochedo para ir lá acima… mas acabaria por me render e não partir sem lá ir, não naquele dia… mais tarde!
Naquele dia fui visitar o único mosteiro de mulheres de entre os 6, o Ágios Stéphanos.
Vestiam de negro, embrulhadas quase até aos olhos, pareciam islâmicas e eram antipáticas! Não pude evitar o sentimento de que eram mulheres “ressabiadas” mas se calhar fui injusta! Repetiram-me vezes sem conta que tinha de vestir uma saia, e eu a vesti-la! "já entendi! abre os olhos, estou a vesti-la não vês?"
O bilhete para visitar qualquer dos mosteiros é de 3€ e vale o dinheiro, se bem que devia ser descontado o esforço da subida no preço do dito!
Como as meninas eram antipáticas e nos tratavam como se fossemos usurpadores do que era seu, como se algum visitante fosse invadir o seu espaço, que afinal elas tinham posto ao dispor da nossa visita, não tive qualquer preconceito em “roubar” as fotos que quis! Elas bem berravam para toda a gente “No photo, no photo!” mas eram burras demais para perceberem que há maquinas que não usam flash e não fazem barulho, como a minha, e só chateavam os inocentes que nem faziam menção de tentar fotografar, deixando-me em paz, mais à frente!
O calor era imenso ali em cima! Cheguei a ter pena das “monjas” porque eu desmaiaria se andasse toda embrulhada em panos pretos! Até dei um desconto ao seu mau-feitio, pois se até os gatos se enfiavam dentro das fontes!
Kalabáka lá em baixo!
E foi onde fui a seguir, visitar a Igreja Bizantina da Assunção da Virgem, do séc. XI!
Sempre tive curiosidade de visitar estas igrejas e aquela estava ali, encostada à montanha, sem ninguém a enche-la de confusão!
Mais uma vez não era permitido fotografar, mas a senhora confiou que se eu tentasse fotografar ouviria a máquina…
De longe a visão de Kalabáka com Meteora sobre si é deslumbrante!
E fui para casa, que tinha todos os atrativos num dia de mais de 40º graus de calor, a começar pela paisagem e seguindo pela simpatia das pessoas!
O meu terraço tinha esta paisagem incrível!
Por isso comprei uma garrafa de vinho e uma série de bugigangas de que gosto muito e fui-me instalar no maior conforto a saborear o paraíso!
Para minha surpresa a dona do hostel “adotou-me” e trouxe-me um belo prato de fruta fresca, entre figos, melão e pêssego! Que coisa deliciosa acompanhada com um vinho da zona delicioso!
Naquele dia eu pesei-me!
Descobri uma balança no quarto e… tinha perdido 7 quilos!
Aquela viagem estava a retirar de mim mais do que devia! Eu simplesmente não podia continuar a perder tanto peso porque, naturalmente, não era gordura o que eu estava a perder! Estava no 19º dia de viagem e ninguém perde 7 quilos em 19 dias! Eu estava a perder tudo e com isso acabaria por perder também massa muscular!
Relembrei a minha alimentação nos últimos tempos e percebi que, mesmo comendo bem, não o fazia com a regularidade necessária, tinha passado dias a beber de tudo e a comer menos do que devia, porque o calor faz isso à gente!
Ficou decidido que iria comer para a mundial naquela noite, pois então!
Entardecia e eu fui subir de novo a montanha para ver aquilo tudo ao pôr-do-sol!
Os rochedos estratégicos estão sempre cheios de gente ao entardecer, não era só eu que queria ver o sol pôr-se!
Um grego, emigrante na França, andava por ali com a sua motinha e encontrava-o a cada vez que parava para ver mais um ângulo da paisagem! Falávamos em francês e voltávamos a encontrar-nos no mosteiro seguinte! Dizia ele que o português e o grego eram povos muito parecidos e que nunca vira uma moto portuguesa por ali! Voltaria a estar com ele no dia seguinte, a ver o pôr–do-sol de todos os ângulos e a partir de todos os mosteiros!
Com uma estrada daquelas quem quer andar por ali a pé?
E fui-me encher de comida, como tinha prometido a mim própria!
Voltei ao restaurante simpático onde jantara no dia anterior. Comi divinalmente com direito a tudo incluindo um ambiente supersimpático de esplanada,
e a Ninfa à porta! Que mais se pode querer da vida?
E foi o fim do 19º dia de viagem!
Foi por Meteora que fui ali!
Foi por ela que eu reservei 3 noites em Trikala!
“Meteora, foi um dos destinos impulsionadores desta viagem! Uma sequência de mosteiros ortodoxos “pendurados” no ar, em grandes blocos de pedra que parecem sair verticalmente do chão, simplesmente deslumbrante! Desde a primeira vez que deparei com uma imagem de Meteora que eu quis cá vir. A princípio pensei que eram apenas imagens manipuladas, arte digital, daquela que faz cenários fantásticos para filmes, mas não, é mesmo real! Hoje visitei 2 mosteiros já, amanhã continuarei a explorar… acho que nunca me cansarei de fotografar isto tudo de todos os ângulos!”
Lembro-me de estar a escolher o hostel para pernoitar e encontrar aquele em que fiquei e ficar deslumbrada pelas fotos que apresentava no site. “Certamente que isto é tudo mentira, devem ter ido tirar as fotos mais abaixo para pôr aqui e só quando lá chegar é que vou ver o que aquilo é mesmo!”. O preço era demasiado baixo para me darem tanto, pensava eu!
Mas a verdade é que, mesmo de noite, quando ali cheguei, eu pressentia a presença dos enormes blocos, no escuro, logo ali! Mesmo sendo muito grandes tinham de estar suficientemente próximos para eu lhes sentir o perfil tão acima do horizonte!
O meu quarto, como todos os do hostel, não dava para um corredor interno como seria previsível, e sim para um terraço que contornava a casa. E, especialmente o meu, ficava voltado para o lado mais bonito da cidade e para o lado mais largo do terraço também, onde havia flores e cadeiras e tudo!
Quando sai a porta… Meteora encheu o meu horizonte de espanto!
A minha motita tinha-se instalado junto de uma amiga que lhe fez companhia durante as 2 noites seguintes.
Curiosamente os donos da moto não saiam nela! Diz-se de Mateora, como de outras cidades no mundo, que ela deve ser visitada a pé mas, mesmo eu andando muito a pé para visitar uma cidade, continuo a dizer que há distancias que se fazem muito melhor de moto!
É o caso ali, as estradas são boas, as paisagens são deslumbrantes, toda a montanha parece envolver-nos em qualquer ponto do percurso, depois é só parar a moto e caminhar!
E os mosteiros começam a aparecer no topo de qualquer penedo gigantesco!
Meteora, dizem que quer dizer “no meio do céu” e eu acrescentaria e “brotado da terra”!
Ali se pode encontrar o maior complexo de mosteiros cristãos, apenas superado por outro complexo religioso, também na Grécia, no Monte Atos, onde eu terei de ir um dia destes!
Na realidade, reza a história que os primeiros mosteiros se foram instalando em cavernas e reentrâncias nas rochas, lá pelo séc XI. Os monges eremitas queriam mesmo ficar longe do mundo e conseguiram-no! Na realidade eles queriam defender-se da ocupação otomana e ali ninguém os poderia alcançar!
Foram construídos posteriormente mais de 20 mosteiros e hoje 6 deles são visitáveis:
1- Megálos Metéoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da Transfiguração),
2- Varlaam,
3- Ágios Stéphanos (Santo Estêvão),
4- Ágia Tríada (Santíssima Trindade),
5- São Nicolau Anapausas
6- Roussanou.
Destes 6 visitei 3… que aquilo de escalar escadas dá cabo das pernas à gente e no fim eles acabam por ser meio semelhantes!
Fui visitar o Grande Meteoro, fica mesmo no fim da rua e pareceu-me que não tinha de escalar muitos degraus!
Claro que me enganei, pois o facto de haver uma entrada direta da rua, não impede que se tenha de descer o monte onde estamos, para escalar aquele em que o mosteiro está!
Os monges têm “elevador moderníssimo" para entrarem diretos no mosteiro, mas é só para eles e para todas as mercadorias e tralhas que um mosteiro precisa para se manter! Nós, povo comum curioso, temos de penar para lá chegar! É justo, afinal ninguém nos chamou lá!
Antigamente este acesso direto era feito por redes grossíssimas de corda que eram içadas por roldanas desde a torre dos mosteiros, e por ali subia e descia tudo, inclusive pessoas!
É que os pilares de rocha chegam a ter quase 600 metros de atura a pique!
O mais encantador da subida é a perspetiva que se vai tendo sobre outros mosteiros, que vão aparecendo por entre as escarpas, revelando-se como visões extraordinárias! Só por isso já vale a subida!
Ao lado do Grande Meteoro fica o Varlaam, que não visitei mas que fotografei e desenhei até à exaustão!
À entrada de cada mosteiro existem saias, tipo avental, daquelas que se amarram à cintura, para as mulheres vestirem. A principio não entendi, pois se eu nem de calções estava, o que teria de tapar com as saias?
Um monge simpático só me dizia “ponha-a, é melhor!” e repetia aquilo talvez porque não sabia dizer mais! As saias até eram bonitas e frescas, nem a sentia mais depois de vestida! Eram de seda preta com bolinhas brancas! Não perdi a oportunidade de pedir a alguém que me tirasse uma foto, tinha de registar o momento “griff” da minha visita!
Lá de cima a paisagem é sempre deslumbrante, com o vale contornado pelos blocos de pedra e Trikala lá em baixo!
O mosteiro vizinho perfeitamente visível, mais abaixo, por entre pedras a pique!
Os mosteiros não são completamente visitáveis, porque estão em funcionamento, por isso há ali gente a viver, como num condomínio fechado, onde tudo se faz e muita coisa se produz!
O único sitio onde não se pode tirar fotos é nas igrejas mas, claro, a gente quando tem oportunidade sempre capta uma ou outra perspetiva da coisa, porque são muito bonitas e totalmente pintadas no interior!
Se fizessem um hotel ali o ambiente seria muito agradável e, seguramente, teria muitos hospedes!
Há no Metorum um museu com coisas militares, incluindo imagens das grandes guerras e fardas da época.
Acho sempre curioso ver fardas militares com saias! Não sei como eles se arranjavam a manobrar uma saia plissada daquelas em tempo de guerra!
O mosteiro é grande e cheio de recantos com representações religiosas em que as caras dos santos parecem todas iguais! Deviam estar sempre mal dispostos quando posavam para o mosaico!
Ali havia tudo o necessário para se viver, desde campo cultivado até cozinha perfeitamente apetrechada para cozinhar!
Com direito a ossário e tudo!
Quando vi a placa não entendi o que iria ver! Um cemitério ali?
“O Mosteiro do Grande Meteoron foi o primeiro mosteiro que visitei em Meteora! Uma construção do séc. XIV e um dos poucos que se podem visitar hoje. Desce-se do nível da rua, onde eu deixei ficar a moto, e começa-se a subir a escada encravada na rocha até ao mosteiro que fica no penhasco em frente. Foi uma sensação extraordinária entrar ali, como quem entra numa imagem há muito idealizada na cabeça! Num recanto encontrei uma placa que dizia “ossuary”! Então espreita-se pela abertura, numa porta antiga e robusta de madeira, e lá estão eles! Ossos e crânios arrumados, como livros, em estantes! Curiosa sensação estar perante tal vestígio do passado!”
Na torre pode-se visitar o local de carga e descarga, quando tudo isso se fazia por roldanas e redes de corda que tudo transportavam!
A operação tinha este aspeto vista de fora, naquele “saco” de rede subia e descia gente também!
Tudo muito bonito ali em cima, podia passar ali uns tempos sem sair, apenas a relaxar, numa estadia muito "zen", fotografando em todas as direções e desenhando todo o tempo!
Aquele padre era ortodoxo e vinha da Roménia! Toda uma camioneta de romenos andava a passear por ali comigo. Quando saímos fizeram uma festa ao encontrarem o meu meio de transporte e ainda ficaram mais contentes quando disse que iria seguir a minha viagem até à terra deles!
Até palmas bateram!
“Vais-te apaixonar pela Roménia!” diziam todos “After seeing Romania with your own eyes you will be in love with my country forever!” dizia o monge… e tinha razão!
E segui pela rua que liga todos os mosteiros visitáveis, parando aqui e ali para ver cada um nos seus melhores ângulos!
Lá de cima podem-se ver mais do que os 6 em visita, estão por todos os lados, encavalitados nas rochas que chegam a parecer dedos apontados para o céu!
Cá mais abaixo podia ver o Grand Meteoro, que acabara de visitar e o Varlaam, que fotografara vezes sem conta!
E a estrada lá em baixo, que passa por todo o lado! Pensar que quem visita os mosteiros a pé tem de a fazer subindo, indo de mosteiro em mosteiro, subir degraus e mais degraus e depois voltar caminhando, por uma infinidade de quilómetros de caminho!
Há rochas estrategicamente posicionadas onde toda a gente vai e onde toda a gente pede que lhe tirem fotos, com aquela paisagem como fundo! Tirei fotos a uma infinidade de pessoas que me pediam e, claro, aproveitei e também me tiraram a mim!
Ao fundo, por entre o limite dos rochedos, vê-se Kalabáka, a cidade mais próxima, com o Mosteiro de Agia Tríada, que serviu de cenário ao filme de James Bond, sobre a grande pedra da esquerda!
Só de olhar para ele foi-se a vontade de o visitar! Nem a fama e a história me fazia querer subir todo aquele enorme rochedo para ir lá acima… mas acabaria por me render e não partir sem lá ir, não naquele dia… mais tarde!
Naquele dia fui visitar o único mosteiro de mulheres de entre os 6, o Ágios Stéphanos.
Vestiam de negro, embrulhadas quase até aos olhos, pareciam islâmicas e eram antipáticas! Não pude evitar o sentimento de que eram mulheres “ressabiadas” mas se calhar fui injusta! Repetiram-me vezes sem conta que tinha de vestir uma saia, e eu a vesti-la! "já entendi! abre os olhos, estou a vesti-la não vês?"
O bilhete para visitar qualquer dos mosteiros é de 3€ e vale o dinheiro, se bem que devia ser descontado o esforço da subida no preço do dito!
Como as meninas eram antipáticas e nos tratavam como se fossemos usurpadores do que era seu, como se algum visitante fosse invadir o seu espaço, que afinal elas tinham posto ao dispor da nossa visita, não tive qualquer preconceito em “roubar” as fotos que quis! Elas bem berravam para toda a gente “No photo, no photo!” mas eram burras demais para perceberem que há maquinas que não usam flash e não fazem barulho, como a minha, e só chateavam os inocentes que nem faziam menção de tentar fotografar, deixando-me em paz, mais à frente!
O calor era imenso ali em cima! Cheguei a ter pena das “monjas” porque eu desmaiaria se andasse toda embrulhada em panos pretos! Até dei um desconto ao seu mau-feitio, pois se até os gatos se enfiavam dentro das fontes!
Kalabáka lá em baixo!
E foi onde fui a seguir, visitar a Igreja Bizantina da Assunção da Virgem, do séc. XI!
Sempre tive curiosidade de visitar estas igrejas e aquela estava ali, encostada à montanha, sem ninguém a enche-la de confusão!
Mais uma vez não era permitido fotografar, mas a senhora confiou que se eu tentasse fotografar ouviria a máquina…
De longe a visão de Kalabáka com Meteora sobre si é deslumbrante!
E fui para casa, que tinha todos os atrativos num dia de mais de 40º graus de calor, a começar pela paisagem e seguindo pela simpatia das pessoas!
O meu terraço tinha esta paisagem incrível!
Por isso comprei uma garrafa de vinho e uma série de bugigangas de que gosto muito e fui-me instalar no maior conforto a saborear o paraíso!
Para minha surpresa a dona do hostel “adotou-me” e trouxe-me um belo prato de fruta fresca, entre figos, melão e pêssego! Que coisa deliciosa acompanhada com um vinho da zona delicioso!
Naquele dia eu pesei-me!
Descobri uma balança no quarto e… tinha perdido 7 quilos!
Aquela viagem estava a retirar de mim mais do que devia! Eu simplesmente não podia continuar a perder tanto peso porque, naturalmente, não era gordura o que eu estava a perder! Estava no 19º dia de viagem e ninguém perde 7 quilos em 19 dias! Eu estava a perder tudo e com isso acabaria por perder também massa muscular!
Relembrei a minha alimentação nos últimos tempos e percebi que, mesmo comendo bem, não o fazia com a regularidade necessária, tinha passado dias a beber de tudo e a comer menos do que devia, porque o calor faz isso à gente!
Ficou decidido que iria comer para a mundial naquela noite, pois então!
Entardecia e eu fui subir de novo a montanha para ver aquilo tudo ao pôr-do-sol!
Os rochedos estratégicos estão sempre cheios de gente ao entardecer, não era só eu que queria ver o sol pôr-se!
Um grego, emigrante na França, andava por ali com a sua motinha e encontrava-o a cada vez que parava para ver mais um ângulo da paisagem! Falávamos em francês e voltávamos a encontrar-nos no mosteiro seguinte! Dizia ele que o português e o grego eram povos muito parecidos e que nunca vira uma moto portuguesa por ali! Voltaria a estar com ele no dia seguinte, a ver o pôr–do-sol de todos os ângulos e a partir de todos os mosteiros!
Com uma estrada daquelas quem quer andar por ali a pé?
E fui-me encher de comida, como tinha prometido a mim própria!
Voltei ao restaurante simpático onde jantara no dia anterior. Comi divinalmente com direito a tudo incluindo um ambiente supersimpático de esplanada,
e a Ninfa à porta! Que mais se pode querer da vida?
E foi o fim do 19º dia de viagem!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Dass, até é caso para dizer, não é que tu sejas diferente, o que acontece é que ninguém consegue ser igual a ti!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mais 1 M
Mais 1 M
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MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Está boa!Elisio FJR escreveu:Dass, até é caso para dizer, não é que tu sejas diferente, o que acontece é que ninguém consegue ser igual a ti!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mais 1 M
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Fabuloso este 19º dia, fabulosas fotos e um sentido de partilha de louvar.
Obrigada mais uma vez, e aqui vai o 960:merito:
Obrigada mais uma vez, e aqui vai o 960:merito:
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Já á algum tempo que não brindo a comadre!!!Então lá vai porque é merecido.
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---Até 100 Deus nos protege, A mais de 100 Deus poderá acolhernos..." Padre Zé Fernando"
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
18 de agosto de 2013
Naquele segundo dia por Meteora eu decidi passear pela montanha ali perto!
Estava muito calor mas, mesmo assim, eu decidi ir! Apenas cometi um pequeno erro, fui passear de calções e o sol escaldante foi desenhando zonas vermelhas nas minhas pernas, ao mesmo tempo que toda a moto parecia escaldar, ao ponto de eu escaldar um tornozelo na carenagem! Dizem que a Pan European aquece, eu nunca dei por ela, o que aqueceu foi mesmo o sol, ao ponto de os plásticos se tornarem perigosos para as minhas pernas brancas e frágeis, que não viam o sol há vários anos!
Comecei por dar uma volta pela redondeza porque simplesmente não me podia impedir de ir sempre ver mais um pouco! Trikala fica ali aninhada junto dos grandes rochedos de Meteora e as casas vão até eles subindo por ruelas íngremes que vão até eles!
Rochedos que parecem paredes enormes, por vezes!
Fui-me afastando, com vontade de ir e de ficar, com aquele paraíso a afastar-se de mim no horizonte! “tenho de voltar cedo para passear por ali logo!” prometi a mim própria!
Logo a seguir comecei a subir, podia ver no GPS uma estrada convidativa e segui por ela! Tudo era tão bonito em meu redor que tive a certeza de que escolhera algo de bonito para fazer!
E começou ali mais uma epopeia com as benditas vacas! Detesto cruzar com bichos que são maiores e mais pesados do que eu mais a minha moto juntas!
A rua era um espanto! Retorcia-se como uma linha num bolso, subindo em curvas espirais encantadoras!
Se aquilo fosse na França ou na Suíça, teria por todo o lado placas a dizer “coll de qualquer coisa” e se fosse na Italia teria também em cada curva uma placa com a numero da curva! Como era na Grécia não tinha nada e estava cheia de surpresas! Nem eu imaginava quantas até elas começarem a aparecer!
Ficava como fico em cada passo de montanha que faço, entre o sigo curtindo a estrada ou paro para tirar umas fotos?!
Mas rapidamente percebi que parar a cada curva seria o mais aconselhado, à medida que as tais surpresas foram começando a aparecer!
É que o aspeto irrepreensível da estrada era tão enganador, que ninguém podia prever que a cada passo ela simplesmente tivesse desaparecido e fosse substituída por grandes buracos, ou longos pedaços de terra batida, sempre posicionados em curvas estratégicas e insuspeitas!
Estava em grande altitude e algo destruíra parte da estrada! Ele como que caíra pelo monte abaixo em algumas zonas e outras preparavam-se para cair também!
A minha motita está longe de ser uma trail, mas lá se vai desenrascando se o piso não for terrível e, como a paisagem era deslumbrante, eu lá fui seguindo, esperando que os buracos não fossem tão grandes que me fizessem ter de voltar para trás!
Havia demasiados pedaços de estrada a ameaçar resvalar pelo monte abaixo a qualquer momento!
“Sem problema! Um carro pesa muito mais do que a minha moto e, se eles passam aqui, não há-se ser comigo que a estrava vai cair!” – este deve ser o pensamento dos que arriscam e caem pelos buracos, mas eu lá segui animada por ele!
Enquanto eu fui tirando fotos é porque a coisa não estava nada má!
Mas a verdade é que ia olhando para as curvas em cotovelo cá de cima a ver em que estado estavam! E, claro, foi-se o encanto de curvar “à matador” com o panorama!
Podia ver a linha desenhada pela estrada pelos montes fora, numa paisagem deslumbrante e só desejava que ela fosse transitável para mim!
Muitas curvas desfeitas e manhosos depois, entre ambientes lindíssimos, apareceu lá em baixo uma povoação! Quando vejo uma aldeia penso sempre que a estrada estará melhor a partir dali, afinal serve quem lá mora! Essa ideia animou-me “Boa, vão se acabar os pedaços de estrada ruins e será sempre boa estrada depois!”, mas claro que estava enganada!
A povoação era servida por ruas que mais pareciam caminhos privados, calcetados com pedaços de mármore e eu nem sabia por onde ir, temendo dar comigo a entrar pela porta de uma casa qualquer!
Então acabaram as fotos! O que quer dizer que a coisa ficou bem mais negra!
Dei comigo a passar numa rua muito a pique no meio do povoado! Não sabia se devia seguir ou voltar! Perguntei a uns senhores se podia seguir por ali abaixo! Acenaram-me que sim apontando o caminho com as mãos! E foi horrível!
A rua era tão íngreme que tinha uma espécie de degraus 15cm, tudo em mármore, e fazia curvas e tudo! Não havia como inverter a marcha, só me restava descer aquilo tudo! A moto saltitava de degrau em degrau e eu apenas agarrava o guiador com toda a força para que a roda da frente não abanasse! Se eu caísse ali tenho a certeza que a moto continuaria a deslizar por ali abaixo até bater numa curva ou noutra mais abaixo! Foi então que eu me levantei seguindo de pé para que a moto saltitasse livre do meu peso, para que não batesse com nada no chão!
Então quando eu pensava que estava a chegar ao fim da aventura e que nada de pior podia aparecer, a ruela desapareceu e deu lugar à maior buracada, com direito a terra solta, com cascalho à mistura e tudo!
“valha-me Deus, que eu tenho de seguir para a frente custe o que custar!”
Na realidade naquele momento não poderia voltar para trás pois não me meteria a subir os degraus com a moto, isso era certo! Cheguei ao fim do povoado e o caminho piorava a cada curva, descendo a pique. Estava tão cansada de dominar uma moto de 320kg, debaixo de um sol escaldante, que arranjei maneira de parar um pouco, mesmo com a moto a deslizar pelo cascalho. Uma série de pedrinhas rolaram por ali abaixo empurradas pela travagem da moto!
E tirei uma foto ao fundo do penhasco!
Já se via o alcatrão lá em baixo! Oh maravilhosa visão!
Eu entendi que estava num parque natural perto de Pramanta, mas não consegui entender mais nada! Não há forma de entender grego!
E passei o rio Aqueloo, aquele que já foi venerado como espirito do deus Aqueloo!
A beleza continuava e a estrada não melhorava!
Com quilómetros de estrada em cascalho solto!
E pontes de metal que pareciam autoestradas no meio de tanto pó, escorregadelas e derrapagens na areia!
Cheguei a Arta sem qualquer vontade de visitar o que quer que fosse! A cidade estava deserta e eu morta de cansaço! Meti-me na única esplanada a funcionar e quase desfaleci de prazer ao saborear uma cerveja tão gelada que quase me partia os dentes!
Eu sei que a cidade tem os seus encantos e a redondeza é digna de visita, mas naquele momento eu só queria voltar para Meteora e arrefecer os miolos!
E foi o que fiz, mandei o meu Patrick (GPS) pensar por mim e levar-me rapidamente para Trikala pela autoestrada mais próxima!
Só ao voltar avistar os grandes penedos no fim da rua despertei de uma condução em piloto automático, estava a chegar de novo ao meu paraíso!
A senhora de casa voltou a trazer-me um belíssimo prato de frutos variados, frescos e descascados, que me souberam pela vida, acompanhados pelo resto do vinho gelado que sobrara do dia anterior!
OH, as energias voltaram-me logo, à medida que o tempo arrefecia finalmente um pouco!
E voltei a sair! Tinha de ir ver uma última vez os penhascos ao pôr-do-sol!
Desta vez ainda vi o mosteiro de St George ”Mandelas” encrustado na parede de rocha
É destes mosteiros que os monges não saem facilmente! Alguns não sairão mais até ao fim dos seus dias, pois nem têm mais condições de escalar aquilo!
Era tão reconfortante passear por ali, e voltar a fotografar tudo de novo, pois não se consegue andar por ali sem se tirar um milhão de fotos!
Andavam por ali uma série de “navetes” a passear turistas que paravam nos pontos estratégicos para as pessoas poderem ver o pôr-do-sol! Algumas pessoas pareciam fazer mais festa à minha moto do que à paisagem!
Voltei a encontrar o senhor do dia anterior! Andava de novo na sua motoreta a passar por ali, parava a cada mosteiro, fumava um cigarro, falava um bocado comigo e voltava a encontra-lo no seguinte!
Há brincadeira giras que se fazem por ali, como estacionar a motita num local especial!
Ou apanhar-me a mim e a ela num enquadramento curioso!
E o sol pôs-se e eu fui embora! Tinha sido um dia lindo mas difícil, tinha de comer para repor energias!
No restaurante já me recebiam como se fosse da casa, afinal era a 3ª noite que eu lá ia jantar!
O patrão até me levou a visitar o espaço
Porque estava muito calor e ele estava no assador! Só de olhar para o fogo até me sentir mal!
E foi o fim do 20º dia de viagem…
Naquele segundo dia por Meteora eu decidi passear pela montanha ali perto!
Estava muito calor mas, mesmo assim, eu decidi ir! Apenas cometi um pequeno erro, fui passear de calções e o sol escaldante foi desenhando zonas vermelhas nas minhas pernas, ao mesmo tempo que toda a moto parecia escaldar, ao ponto de eu escaldar um tornozelo na carenagem! Dizem que a Pan European aquece, eu nunca dei por ela, o que aqueceu foi mesmo o sol, ao ponto de os plásticos se tornarem perigosos para as minhas pernas brancas e frágeis, que não viam o sol há vários anos!
Comecei por dar uma volta pela redondeza porque simplesmente não me podia impedir de ir sempre ver mais um pouco! Trikala fica ali aninhada junto dos grandes rochedos de Meteora e as casas vão até eles subindo por ruelas íngremes que vão até eles!
Rochedos que parecem paredes enormes, por vezes!
Fui-me afastando, com vontade de ir e de ficar, com aquele paraíso a afastar-se de mim no horizonte! “tenho de voltar cedo para passear por ali logo!” prometi a mim própria!
Logo a seguir comecei a subir, podia ver no GPS uma estrada convidativa e segui por ela! Tudo era tão bonito em meu redor que tive a certeza de que escolhera algo de bonito para fazer!
E começou ali mais uma epopeia com as benditas vacas! Detesto cruzar com bichos que são maiores e mais pesados do que eu mais a minha moto juntas!
A rua era um espanto! Retorcia-se como uma linha num bolso, subindo em curvas espirais encantadoras!
Se aquilo fosse na França ou na Suíça, teria por todo o lado placas a dizer “coll de qualquer coisa” e se fosse na Italia teria também em cada curva uma placa com a numero da curva! Como era na Grécia não tinha nada e estava cheia de surpresas! Nem eu imaginava quantas até elas começarem a aparecer!
Ficava como fico em cada passo de montanha que faço, entre o sigo curtindo a estrada ou paro para tirar umas fotos?!
Mas rapidamente percebi que parar a cada curva seria o mais aconselhado, à medida que as tais surpresas foram começando a aparecer!
É que o aspeto irrepreensível da estrada era tão enganador, que ninguém podia prever que a cada passo ela simplesmente tivesse desaparecido e fosse substituída por grandes buracos, ou longos pedaços de terra batida, sempre posicionados em curvas estratégicas e insuspeitas!
Estava em grande altitude e algo destruíra parte da estrada! Ele como que caíra pelo monte abaixo em algumas zonas e outras preparavam-se para cair também!
A minha motita está longe de ser uma trail, mas lá se vai desenrascando se o piso não for terrível e, como a paisagem era deslumbrante, eu lá fui seguindo, esperando que os buracos não fossem tão grandes que me fizessem ter de voltar para trás!
Havia demasiados pedaços de estrada a ameaçar resvalar pelo monte abaixo a qualquer momento!
“Sem problema! Um carro pesa muito mais do que a minha moto e, se eles passam aqui, não há-se ser comigo que a estrava vai cair!” – este deve ser o pensamento dos que arriscam e caem pelos buracos, mas eu lá segui animada por ele!
Enquanto eu fui tirando fotos é porque a coisa não estava nada má!
Mas a verdade é que ia olhando para as curvas em cotovelo cá de cima a ver em que estado estavam! E, claro, foi-se o encanto de curvar “à matador” com o panorama!
Podia ver a linha desenhada pela estrada pelos montes fora, numa paisagem deslumbrante e só desejava que ela fosse transitável para mim!
Muitas curvas desfeitas e manhosos depois, entre ambientes lindíssimos, apareceu lá em baixo uma povoação! Quando vejo uma aldeia penso sempre que a estrada estará melhor a partir dali, afinal serve quem lá mora! Essa ideia animou-me “Boa, vão se acabar os pedaços de estrada ruins e será sempre boa estrada depois!”, mas claro que estava enganada!
A povoação era servida por ruas que mais pareciam caminhos privados, calcetados com pedaços de mármore e eu nem sabia por onde ir, temendo dar comigo a entrar pela porta de uma casa qualquer!
Então acabaram as fotos! O que quer dizer que a coisa ficou bem mais negra!
Dei comigo a passar numa rua muito a pique no meio do povoado! Não sabia se devia seguir ou voltar! Perguntei a uns senhores se podia seguir por ali abaixo! Acenaram-me que sim apontando o caminho com as mãos! E foi horrível!
A rua era tão íngreme que tinha uma espécie de degraus 15cm, tudo em mármore, e fazia curvas e tudo! Não havia como inverter a marcha, só me restava descer aquilo tudo! A moto saltitava de degrau em degrau e eu apenas agarrava o guiador com toda a força para que a roda da frente não abanasse! Se eu caísse ali tenho a certeza que a moto continuaria a deslizar por ali abaixo até bater numa curva ou noutra mais abaixo! Foi então que eu me levantei seguindo de pé para que a moto saltitasse livre do meu peso, para que não batesse com nada no chão!
Então quando eu pensava que estava a chegar ao fim da aventura e que nada de pior podia aparecer, a ruela desapareceu e deu lugar à maior buracada, com direito a terra solta, com cascalho à mistura e tudo!
“valha-me Deus, que eu tenho de seguir para a frente custe o que custar!”
Na realidade naquele momento não poderia voltar para trás pois não me meteria a subir os degraus com a moto, isso era certo! Cheguei ao fim do povoado e o caminho piorava a cada curva, descendo a pique. Estava tão cansada de dominar uma moto de 320kg, debaixo de um sol escaldante, que arranjei maneira de parar um pouco, mesmo com a moto a deslizar pelo cascalho. Uma série de pedrinhas rolaram por ali abaixo empurradas pela travagem da moto!
E tirei uma foto ao fundo do penhasco!
Já se via o alcatrão lá em baixo! Oh maravilhosa visão!
Eu entendi que estava num parque natural perto de Pramanta, mas não consegui entender mais nada! Não há forma de entender grego!
E passei o rio Aqueloo, aquele que já foi venerado como espirito do deus Aqueloo!
A beleza continuava e a estrada não melhorava!
Com quilómetros de estrada em cascalho solto!
E pontes de metal que pareciam autoestradas no meio de tanto pó, escorregadelas e derrapagens na areia!
Cheguei a Arta sem qualquer vontade de visitar o que quer que fosse! A cidade estava deserta e eu morta de cansaço! Meti-me na única esplanada a funcionar e quase desfaleci de prazer ao saborear uma cerveja tão gelada que quase me partia os dentes!
Eu sei que a cidade tem os seus encantos e a redondeza é digna de visita, mas naquele momento eu só queria voltar para Meteora e arrefecer os miolos!
E foi o que fiz, mandei o meu Patrick (GPS) pensar por mim e levar-me rapidamente para Trikala pela autoestrada mais próxima!
Só ao voltar avistar os grandes penedos no fim da rua despertei de uma condução em piloto automático, estava a chegar de novo ao meu paraíso!
A senhora de casa voltou a trazer-me um belíssimo prato de frutos variados, frescos e descascados, que me souberam pela vida, acompanhados pelo resto do vinho gelado que sobrara do dia anterior!
OH, as energias voltaram-me logo, à medida que o tempo arrefecia finalmente um pouco!
E voltei a sair! Tinha de ir ver uma última vez os penhascos ao pôr-do-sol!
Desta vez ainda vi o mosteiro de St George ”Mandelas” encrustado na parede de rocha
É destes mosteiros que os monges não saem facilmente! Alguns não sairão mais até ao fim dos seus dias, pois nem têm mais condições de escalar aquilo!
Era tão reconfortante passear por ali, e voltar a fotografar tudo de novo, pois não se consegue andar por ali sem se tirar um milhão de fotos!
Andavam por ali uma série de “navetes” a passear turistas que paravam nos pontos estratégicos para as pessoas poderem ver o pôr-do-sol! Algumas pessoas pareciam fazer mais festa à minha moto do que à paisagem!
Voltei a encontrar o senhor do dia anterior! Andava de novo na sua motoreta a passar por ali, parava a cada mosteiro, fumava um cigarro, falava um bocado comigo e voltava a encontra-lo no seguinte!
Há brincadeira giras que se fazem por ali, como estacionar a motita num local especial!
Ou apanhar-me a mim e a ela num enquadramento curioso!
E o sol pôs-se e eu fui embora! Tinha sido um dia lindo mas difícil, tinha de comer para repor energias!
No restaurante já me recebiam como se fosse da casa, afinal era a 3ª noite que eu lá ia jantar!
O patrão até me levou a visitar o espaço
Porque estava muito calor e ele estava no assador! Só de olhar para o fogo até me sentir mal!
E foi o fim do 20º dia de viagem…
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
É uma tortura ver estas paisagens
Fiquei com peninha da Ninfa... tadinha a descer degraus!!!
Obrigada mais um vez e aqui vai mais um para o recorde
Fiquei com peninha da Ninfa... tadinha a descer degraus!!!
Obrigada mais um vez e aqui vai mais um para o recorde
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Primoroso, paisagens extraordinárias e escrita a marcar pontos. atribuido.
jose.leal.560- Zero à esquerda
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Afinal os treinos Marroquinos eram para um prova na Europa!
Luís Azevedo- Ainda é motorato!
Re: Passeando pelos Balcãs... rumo à Roménia!
Obrigada!
É verdade! Eu até sou uma medrosa mas, como diz a minha mãe "a barriga é que manda a perna!” e eu arrisco sempre de novo mais uma estrada serpenteante que aparece no meu GPS!
Claro que fico sempre a pensar e me pergunto porque não me limito a andar por onde toda a gente anda! Porque me tenho de meter por estradas de montanha mal elas aparecem do meu Patrick... mas depois digo para mim "Bates mal mas és uma gaja do caraças! Se não tivesses arriscado nada vias para além do que a autoestrada te desse!” e eu nem gosto de passear por autoestradas! ehehehh
Só me faltou uma Go-Pro para registar a parte mais sumarenta da aventura pois com as mãos tão ocupadas (agarradas ao guiador como se agarrassem a vida) nem pensar em fotografar o que quer que fosse!
É verdade! Eu até sou uma medrosa mas, como diz a minha mãe "a barriga é que manda a perna!” e eu arrisco sempre de novo mais uma estrada serpenteante que aparece no meu GPS!
Claro que fico sempre a pensar e me pergunto porque não me limito a andar por onde toda a gente anda! Porque me tenho de meter por estradas de montanha mal elas aparecem do meu Patrick... mas depois digo para mim "Bates mal mas és uma gaja do caraças! Se não tivesses arriscado nada vias para além do que a autoestrada te desse!” e eu nem gosto de passear por autoestradas! ehehehh
Só me faltou uma Go-Pro para registar a parte mais sumarenta da aventura pois com as mãos tão ocupadas (agarradas ao guiador como se agarrassem a vida) nem pensar em fotografar o que quer que fosse!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
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