Sweet, Soft & Lazy Trip

Andava há que tempos a sonhar com um passeio maiorzinho… desde que tenho mota, há pouco mais de 3 anos, já tinha ido ao Algarve 2 vezes com a 125… e depois mais umas tantas com a Drag. E, por coincidência, tinha trazido a Grande Senhora do Algarve, onde a comprei. E também tinha ido à concentração da Vidigueira no ano passado, e faço muitas vezes runs de 200/300kms. Mas tirar assim uns dias e partir apenas com um roadbook mais ou menos delineado, nunca tinha feito. Eram para ser apenas 2 dias, acabaram em 3.

Chamei-lhe SS&L Trip, porque a ideia era uma volta de slowrider (que é o que eu sou), portanto impus que não passava das 3.000 rpm. Calma lá à rapaziada das GT’s, habituados a regimes de 13.000… A Grande Senhora começa a redline às 6.000… tem a estonteante potência máxima de 73HP às 5.000, e o BRUTAL binário máximo (sim, que aqui vocês não brincam…) de 136Nm às 2.750. Um tractor, portanto, que trepa paredes, faz a Serra de Arrábida em 5ª. Para terem uma ideia, a 120 à hora, a rolar, não chega às 2.600… portanto, abaixo de 3.000 estava garantido o slowriding. E posso antecipar já que foi completamente cumprido… excepto alguma aceleradela para ultrapassagens.

Bom, embora lá então à cronologia da viagem e respectivos instantâneos, stay tuned, que tem algumas peripécias menos desejadas:

Dia 1 - 4ª de cinzas, saímos do Montijo de manhã, aqui está a Grande Senhora depois de abastecer



Km 111,6 – Vimieiro, primeira paragem para (eu) meter água



KM 134,8 – Almocinho em Estremoz, galinha do campo em tomate, muita bom






KM 153,4 – Vila Viçosa, não podia faltar a pose em frente ao palácio



KM 166,7 – Alandroal para cafezinho, e o primeiro “embate” que tivemos, eu e a Grande Senhora, com ruas estreitas e ingremes, estradas de empedrado e escorregadias…



KM 205,9 – Reguengos de Monsaraz, foi só parar para o boneco



KM 219,1 – Na estrada a caminho de Mourão. Fiz a experiência de ligar um bocado o rádio. A mais de 100Km/h, ouve-se lindamente. Mas continuo a gostar muito mais de ouvir o troar do V2. Portantos,… desliga.






KM 227,6 – Em Mourão



KM 253,6 – Amareleja, segundo embate com as tais estradas de empedrado e escorregadias. Olhem lá o parque solar…



KM 280,5 – Moura, já noite…



KM 313,8 – Serpa, local de jantar e pernoita. Abastecer a Grande Senhora para arrancar logo de manhãzinha. Levou 18.08l, o que significa uma média de 5.8l/100. Ora digam lá que não é bom para uma Grande Senhora com mais de 400Kg em ordem de marcha, e um motorzinho de 1700cm3…



Dia 2 – Em Serpa, pequeno-almoço tomado e pronto para arrancar, algum nevoeiro. Decidi ir pela estrada do Pulo do Lobo. Má decisão… mas lá iremos.



Como dizia, lá arranquei, tranquilamente, pela estrada fora. Era estreita e algo em mau estado, mas nada que não se fizesse sem problemas. Vi a primeira lebre da viagem, já tinha visto umas quantas perdizes e outra passarada. Mas, às tantas, a estrada começa a descer à séria…



A descida era mesmo bastante abrupta. E, de repente, vislumbro o que se vislumbra lá ao fundo. Decide, não decide, já não dá para parar em segurança (e mesmo que parasse não havia jeito de voltar os 400Kg para trás, só para a frente mesmo), e entro mesmo na zona de terra… aí já não pára mesmo… primeira metida, embraiagem em controlo e travão meio apertado, e a ver vamos...



Só há duas maneiras: ou aguento a Grande Senhora a andar sobre a terra (com aquelas curvas…) até ficar mais direito e consigo por os pés no chão em segurança, ou…



Olha lá a Grande Senhora em pose nada senhoril, a roda da frente resvalou pr’aí à 3ª ou 4ª oportunidade que teve. Por a pose ser tão pouco senhoril, só vos deixo vê-la ao longe, os close-ups ficam entre mim e ela… de notar que todas as fotos anteriores foram tiradas depois do tombo. Dá para perceber bem a inclinação… e as poucas esperanças de chegar a terreno mais plano. Devo dizer que estivemos neste preparo mais que uma hora e não passou ninguém. Nem a pé nem a cavalo nem a voar…

Até que chegou a assistência em viagem, impecável, lá conseguimos por a Grande Senhora direita, e depois em cima do reboque. Acreditem, mesmo para 2 não foi tarefa muito fácil. Depois o reboque veio de marcha atrás, comigo em cima da Grande Senhora para a travar e garantir que não resvalava (…), perto de 1 Km estrada acima, até se conseguir dar a volta e voltar para Serpa. Aqui está a Grande Senhora já em pose digna, sobre o seu transporte:



Manhã perdida, volta a Serpa e almoço, sem história.



KM 376,5 – Minas de S. Domingos



KM 393.5 – Mértola



Depois fiz a estrada de Mértola a Almodôvar, estrada em condições razoáveis e sem trânsito, lá tive mais uns encontros com lebres, perdizes e restante passarada, incluindo de rapina.
KM 456 – Nascente do Rio Mira. Um parque eólico com as ventoinhas mesmo pertinho da estrada



KM 484 – Alte, cheguei à povoação não pela estrada principal mas antes vindo de cima do bico do monte, e aí vem mais uma peripécia com estradas estreitas, ingremes e escorregadias, o segundo susto e uns quantos suores frios. Atrás do sítio onde parei para a foto seguinte eram dois ganchos a 180º consecutivos, num espaço de uns 80m a estrada desceu mais de 10m… o primeiro gancho era para a esquerda e negociou-se em 1ª, lá seguimos, mas quanto ao segundo, para a direita… encosta tudo à esquerda, dois pés no chão, 1ª, embraiagem e travão, e só tirei os pés do chão no fim da curva. Desta não tombámos, mas não ganhei para os nervos…



KM 496,3 – Messines



KM 539,1 – Portimão, jantar. Sabiam que em Portimão se come uma das melhores Francesinhas deste país? Preparadas por um senhor que há bastantes anos foi de escantilhão do norte para lá e por lá ficou






Nesta vêem-se as marcas da peripécia do Pulo do Lobo na Grande Senhora…

KM 561 – Silves, para a dormida, fim de um dia por um lado atribulado, por outro muito preenchido…

Dia 3 – Saída de Silves de manhã, estava um tempo glorioso



KM 581,4 – Armação de Pera, manhã de praticar esplanada, apanhar sol e sombra e ler um bocado



Um espectáculo, os meus amigos que me vieram visitar









KM 604,3 – de volta a Portimão para almoçar. Sabiam que em Portimão se come uma das melhores Tostas deste país? Não duvidem…



Olha a amiga que veio pedir um bocadinho de tosta



Continuação da nobre arte de praticar esplanada















KM 656,2 Aljezur, já de rota (quase) batida de volta a casa



KM 713,9 Vila Nova de Milfontes






KM 746,3 S. Torpes


















KM 876,2 – Montijo, fim da Sweet, Soft and Lazy Trip. Quase 900Km, media total abaixo de 5.8l. E repito, objectivo cumprido, sempre abaixo das 3.000rpm, slowriding garantido.



Peripécias, umas desejadas outras menos, outras nada. Mas faz parte, faz parte. E se calhar havia peripécias que se desejavam mas que não aconteceram, mas isso é doutro filme…

Próximas trips & runs, quem sabe o que vai sair… e se alguém gostar e se sentir identificado com o estilo slowrider, estamos aí… aceitamos alvitres…

Uma voltinha bem documentada
Já passei por alguns desses lugares nas minhas travessias de norte a sul, que se devem fazer em slowrider...
Obrigado pela partilha e claro arrisca-te a levar
Abraço

Excelente volta! E é bom saber que a saúde continua de ferro para ambos, não obstante as peripécias.
Aquelas estradinhas de Estremoz, tão deliciosas ao ritmo ideal de se ver a paisagem... E que saudade de Portimão, a lembrar as noites quentes de Agosto a passear com o meu Pai e o meu Irmão junto às traineiras a ouvir a musiqueta da Feira da Sardinha. As traineiras, depois de passarem para o lado industrial do rio por uns anos, voltaram às origens junto da povoação... Ainda lá estão?

Obrigado por este relato!
Tudo de bom e muitas mais voltas na Grande Senhora

Excelente partilha!
Há coisas que se podem e devem saborear nas calmas!

8 pela volta

Excelente crónica

Excelente partilha!
Às vezes sabe mesmo bem ler nas calmas uma reportagem feita nas calmas, pela calmaria da planicie Alentejana!

Saia mais um !

Abraço

José Carlos

Ah Grande Senhora, para o dono que lhe permitiu "deitar" um pouco.

Passeio bem planeado (daria para alguns prviligiados da prosa do nosso cantinho escreverem oito semanas) não que o teu não esteja explicito e sucinto, quem anda com um cavalo destes deve cuidar os caminhos e ainda mais solitário é de levar um macaco hidraulico na mala (eu tambem não falo muito porque até banho de lama já tive--mas com amigos para ajudar o por a menina na posição eréctil)
Parabéns pelo passeio e descrição do mesmo e

Bela voltinha!

Belo voltedo sim senhor...eu também fiz um volta parecida o verão passado, e essa estradinha do Pulo do Lobo...uiii também lá meti o ferro sem saber o que me esperava ia a dois e a gota quase a acabar...mas como a minha já tem mestrado em off road, eu consegui lá chegar e voltar sem ela amochar...é dar-lhe mais treinos desses que um destes dias vais a Dakar tens aí um grande canhão.

a caminho...


já no local...sobrevivi


o que esperava no final da estrada...

Drifterman escreveu:Belo voltedo sim senhor...eu também fiz um volta parecida o verão passado, e essa estradinha do Pulo do Lobo...uiii também lá meti o ferro sem saber o que me esperava ia a dois e a gota quase a acabar...mas como a minha já tem mestrado em off road, eu consegui lá chegar e voltar sem ela amochar...é dar-lhe mais treinos desses que um destes dias vais a Dakar tens aí um grande canhão.

a caminho...


já no local...sobrevivi


o que esperava no final da estrada...

Muito bom. Ajuda a perceber que as minhas esperanças não eram mesmo muitas... hei-de lá voltar, mas com outro meio de transporte. Até pode ser um ferro na mesma, mas será mais ligeirinho e baixinho. Acho eu que com a minha Drag não tombava... sei lá

Bela volta. E isso do slow riding agrada-me muito. Que o digao o Elísio e o Filipe

Obrigado a todos!

Entretanto e já agora, porque não trazer para cá a canção que deu o mote à trip? Gosto muito desta versão, é a ideal para o espírito da coisa... slowriders, ah!, pois é!

Tenta pelo outro lado...é mais soft...quanto ao tamanho do animal...mais treino e um kit d'unhas apropriado e estás lá