Procurar
Entrar
Últimos assuntos
» Descubra a beleza de Ponte da Barca: Um passeio encantador pelo coração do Minhopor parchao Hoje à(s) 07:14
» Normandia
por Cesar Filipe Ontem à(s) 12:32
» Natureza SELVAGEM : QUEDAS de Água do Gerês Xurés
por parchao Dom Abr 07 2024, 14:07
» Motovloggers em Evolução: Desconstruindo Hábitos
por parchao Seg Mar 04 2024, 20:52
» Mota, Estradas e Paisagens: Da Régua a Amarante - Portugal
por parchao Ter Fev 27 2024, 14:24
» [Notícia] PR promulga diploma que adia inspeções obrigatórias para motociclos
por Serzedo Dom Dez 31 2023, 14:56
» Almoço de amigos 2023
por Serzedo Qui Dez 21 2023, 14:52
» Sertã Autêntica: Uma Viagem pela História e Cultura 4k
por parchao Dom Dez 10 2023, 19:56
» Explorar a Rota Atlântica: Uma Experiência de Mota Inesquecível
por parchao Qui Nov 30 2023, 08:31
» Passeio em Algodres: Olhar Íntimo sobre Esta Aldeia Distinta
por parchao Sáb Nov 25 2023, 15:14
» [Cancelado] Encontro de Natal M&D 2023
por Serzedo Seg Nov 20 2023, 11:58
» Sobrevoo Sereno: Descobrindo os Encantos Aéreos dos Lagos do Sabor
por parchao Sáb Nov 04 2023, 15:42
» Roteiro por Mogadouro: História, Cultura e Natureza 4k
por parchao Sáb Nov 04 2023, 15:40
» Explorando o Coração de Portugal: Pedrógão Grande 4k
por parchao Sex Out 20 2023, 19:31
» Rota Panorâmica: Aventura de Moto na Serra da Estrela 4k
por parchao Dom Set 03 2023, 08:38
» Sierra de Gredos (Espanha)
por Serzedo Qui Ago 24 2023, 09:39
» De Moto por Marrocos!
por Swift Qua Ago 23 2023, 11:35
» Ribeira de Pena - Portugal - Aventura Única e Memorável - 4k
por parchao Sáb Ago 19 2023, 14:42
» Parque Natural Las Batuecas – Sierra de Francia e Las Hurdes (Espanha)
por Swift Sex Ago 18 2023, 15:43
» Miranda do Douro - Parque Natural - Bragança - Portugal - 4k
por parchao Dom Ago 13 2023, 20:17
» Nagoselo do Douro -Portugal-Imponentes Paisagens-4k
por parchao Dom Ago 13 2023, 20:15
» Voltinha até ao Alpes Franceses
por Cesar Filipe Dom Ago 06 2023, 18:32
» como transportar moto do brasil para portugal
por Akio Yamaguchi Sáb Jul 22 2023, 20:08
» [Notícia] Linhas brancas para ajudar motociclistas nas curvas
por nunomsp Dom Jul 09 2023, 14:43
» Descubra a magia de Góis 4k
por parchao Sex Jul 07 2023, 19:53
» EN 304 Motor Boxer - Bike Sound
por parchao Qui Jun 15 2023, 17:40
» Ruinas Sanatório Albergaria Grandella Portugal Montachique 4k
por parchao Qui Jun 15 2023, 17:38
» Senhora da Graça-Monte Farinha-Aerial View-portugal 4k video
por parchao Seg maio 29 2023, 18:03
» Freixo de Espada à Cinta - Douro Internacional - Portugal-4k
por parchao Qui maio 11 2023, 18:51
» Mêda - Guarda - Portugal 4k
por parchao Qui maio 11 2023, 18:49
» [Notícia] IPO de motociclos
por Serzedo Qui maio 11 2023, 13:08
» Penacova Coimbra Portugal - Roteiro do Arista 4K
por parchao Sáb Abr 22 2023, 17:03
» Alguma volta programada?
por PTex Dom Mar 12 2023, 23:22
» Sebolido Boneca Penafiel Douro Porto Portugal 4k
por parchao Sex Mar 10 2023, 20:23
» EN 221 Motor boxer - BMW R1200RT - BIKE SOUND
por Velasquez Qua Mar 08 2023, 21:35
» Vila Nova de Foz Côa - Beautiful Place to Visit in Portugal 4k
por parchao Dom Fev 19 2023, 11:27
» Visita Barcelos (4K) - Beauty of Portugal from Every Angle
por parchao Dom Fev 19 2023, 09:45
» Está frio, mas ainda assim...
por Serzedo Qui Jan 26 2023, 10:13
» Retrospetiva 2022 - A Terapia do Ano (DJI 4k)
por parchao Seg Jan 16 2023, 19:52
» Monsaraz - Alentejo - Enorme varanda do Alqueva 4k
por parchao Ter Dez 27 2022, 13:51
» 5 BELOS ROTEIROS NO MINHO
por o_mototurista Sáb Dez 24 2022, 14:25
» 5 BELOS ROTEIROS EM TRÁS-OS-MONTES
por o_mototurista Sáb Dez 24 2022, 14:23
» Evento de Natal M&D 2022 ( Datas 3 e 4 de Dezembro 2022)
por Serzedo Ter Dez 13 2022, 15:13
» Tour Alpes 2022, Alpes Franceses + Itália e Suiça
por Velasquez Dom Dez 11 2022, 17:14
» [Telegram] Motos & Destinos
por Velasquez Ter Nov 22 2022, 13:21
Doação por Paypal
Passeando por caminhos Celtas - 2014
+27
PValdeira
santos466
Misantropiae
Vítor Soares
ricmags
Nuno Oliveira
Rambo
Ramos Pinto
JCTransalp
Jose Soares
Alexandre Simões
Carlos Balio
filipeoliveira
Correia
Carlospira
LoneRider
Sakana
Luís Azevedo
Joao Luis
Simone
Elisio FJR
nunomsp
SerpaJ
JorgeMaiaMarques
fanansan
paulo domingos
Gracinda Ramos
31 participantes
Página 7 de 8
Página 7 de 8 • 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Rambo escreveu:Gracinda Ramos escreveu:Rambo escreveu:Bibó... ... ... Eusébio!! (não ligo a futebol..) não posso ter os defeitos todos
e então, quantos kms já tens? o almoço é para este mês?
Estou a chegar aos 81.000 sim!
mas com o aniversário do forum a aproximar-se não estou a ver espaço para celebrar!
!!!
Marca uma data.. Março, Abril, Maio...
contando ainda com alguns membros do fórum que também manifestaram interesse em vir, já reuni uma dúzia de moteiros/as amigos/as que estão ansiosos por te conhecer
Então o melhor é abrir um tópico para isso, com o programa da festa, no dia em que a minha Ninfa fizer os 81.000 Km!
Depois junta-se um grupo durante o tempo necessário até haver festa!
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Esse tópico já existe.. " os meus 800 Mil kms.."
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
26 de agosto de 2014
Não sei porquê mas, da primeira vez que fui passear para o Reino Unido foi o circular ao contrário o que me baralhou as ideias, de resto tudo foi de adaptação fácil, mas desta vez se o circular ao contrário não me perturbou nada, já as distâncias fizeram-me errar alguns cálculos! Por diversas vezes me esqueci que estava a trabalhar em milhas e por isso 400milhas queria na realidade dizer 640 e tal quilómetros, por exemplo! Ora eu naquele dia tinha 419 milhas pela frente, o que queria dizer quase 675km… e isso queria dizer também que, com a travessia, eu iria ficar sem tempo para catar o que quer que fosse até chegar à Bretanha, a ultima zona celta até chegar a Espanha!
Por outro lado com o tempo ranhoso e cinzento que se mantinha, certamente não perderia grande coisa! Por isso enchi-me de comida, no último pequeno-almoço britânico, composto de bacon, salada de tomate, ovos estrelados, feijoada, cogumelos frutas, sumo e chá, entre outras coisas que a senhora me foi trazendo depois, como pão, queijo e manteiga! A dada altura eu já achava que ela nunca pararia de me encher de comida e eu não pararia de comer!
“you have to eat, you're too skinny and the motorbike is too big!”
Eu adoro quando me chamam magrinha, sobretudo quando estou gordinha como nunca estive antes!
“I’m skinny?” eheheh
Eu podia habituar-me a ter tal tratamento todos os dias de manhã!
O mar estava bravo e o céu quase assustador lá fora! Equipei-me para a guerra com o tempo e fiz-me ao caminho!
Não valeria a pena parar em lado nenhum com um tempo tão feio, deixei para trás Margate e a sua Clock Tower …
E segui para Dover para atravessar o canal!
Havia já bastantes carros em diversas filas, para o embarque,mas não se avistava qualquer moto!
Os guardas daquilo tudo foram tão simpáticos comigo que me fizeram entrar no barco bem antes de começarem a mandar entrar os carros! Tão queridos, não me quiseram deixar ali à chuva e eu pude ver o porão completamente vazio!
Uma sensação curiosa! Ainda por cima quando do nada apareceu logo um senhor para amarrar a minha motita ao chão, como se de uma princesa se tratasse, com direito a tratamento VIP exclusivo!
E lá ficou ela toda catita, bem na frente do porão completamente vazio, pronta para ser a primeira a sair mal a enorme porta se abrisse!
O porão estava todo por conta dela…
E o barco todo por minha conta! Que sensação esquisita!
Escolhi o melhor lugar para mim, junto de uma janela que não estivesse muito suja e se visse vem para fora. E demorou quase uma eternidade até as pessoas começarem a entrar e outra eternidade até começar tudo a mover-se!
Não podia deixar de me sentir um pouco triste ao deixar o Reino, havia ainda tanta coisa que eu queria ver por ali e já tinha de me ir embora, ainda por cima com um tempo tão triste!
Barcos iam e barcos vinham, aquele canal é quase uma estrada de barcos que fazem a travessia a todo o momento!
A travessia não é muito longa nem demorada, pouco mais de uma hora, e eu estava de volta ao porão, para o encontrar repleto! Eu nem via mais a minha bonequinha, que estava completamente sozinha na frente de todos aqueles carros matulões e ameaçadores!
Mas ela tinha feito amizade com os vizinhos e ninguém lhe tinha feito qualquer mal!
O tempo tenebroso mantinha-se no lado de França, em Calais!
Ao contrário da última vez que conduzi pelo Reino Unido e voltei a entrar na França, não me custou nada voltar a conduzir pela direita. Mas, por via das dúvidas, há sinais a lembrar os mais distraídos para não se esquecerem de que lado da estrada devem circular!
Contornei o centro de Calais pelo lado do canal e segui por aquele lado mesmo, não valeria a pena explorar mais uma vez a cidade, pois já o fizera aquando da minha última travessia em 2011. E encontrei a église Notre-Dame de Calais!
L’église Notre-Dame de Calais, uma igreja construída entre o séc. XIV e XVI, é completamente diferente de todas as igrejas francesas, porque foi construída segundo o estilo Tudor inglês. Ali se casou Charles de Gaulle em 1921, mas o que me despertou o interesse foi o seu interior visivelmente degradado.
Questionei-me sobre o que se teria passado ali, para que o órgão estivesse espalhado às peças, ao longo da nave lateral direita e eu nem conseguisse descobrir onde ele devia estar. Não era um restauro o que lhe estavam a fazer, portanto! Perguntei a uma senhora que se aproximou de mim, atraída pelo meu interesse pelo edifício… a resposta chocou-me! A igreja estava mutilada desde os violentos bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial e estava a ser ainda recuperada aos poucos… Eu não esperava que o passado estivesse ainda tão presente...
E havia peças de pedra amontoadas nos cantos, e havia buracos nas paredes, onde antes deviam encaixar as bigas de suporte do coro…
E toda a construção prometia estar em trabalhos de restauro por muito tempo ainda…
Aquele era de certa forma o prelúdio de um passeio pelos vestígios da 2ª Guerra mundial, ao longo da Normandia, que eu iria começar no dia seguinte…
A igreja fica numa porção de terra quase completamente rodeada de água, embora fique plenamente em terra. Um canal cerca quase completamente o pedaço de chão naquele ponto.
E ao longe eu via a torre vermelha do Hôtel de Ville de Calais.
"O Hôtel de Ville de Calais é uma construção lindíssima! Dá-se umas voltas pela cidade sem se encontrar o edifício da câmara, que normalmente está junto do centro, e vamos encontra-lo mais além, sem que se perceba porquê! Então a história conta tudo como foi, na realidade no final do séc. XIX duas terras foram fundidas, Calais e Saint-Pierre, e a câmara foi então construída numa zona deserta entre as duas populações! Num estilo que conjuga o estilo renascentista francês e o estilo Tudor inglês, ela surpreende e encanta, para lá de um jardim cuidado onde só peca o estacionamento que não permite uma visão totalmente limpa do conjunto!”
(on Passeando pela vida – a página)
E lá estava a Torre!
"Um pormenor de construção que sempre me fascina são as torres! Torres de castelos, igrejas ou casas levam-me em sonhos de infância, histórias de encantar, filmes fantásticos. E nunca me deixam indiferente! Torres de sonhos, de arquitetura arrojada, de história de épocas em que a vida de uma construção passava pelo seu encanto exterior, decorativo e romântico. Sempre olho para cada torre como quem olha para uma obra de arte lá no topo, onde só quem é atento toma atenção… um pormenor que é, afinal, a “raça” de um edifício!”
(in Passeando pela vida – a página)
O tempo estava a melhorar e eu tinha mais de 600 km pela frente! Que belo dia para apreciar estrada atrás de estrada, com nuvens inspiradoras que mudavam de forma e tom a cada quilómetro.
Quando percorro grandes distâncias, conduzindo seguido, tenho a sensação de que estou a atravessar o mundo, vicio-me no ato de conduzir e vou apenas apreciando a paisagem que muda a cada quilómetro, como quem olha para um documentário.
Naquele caminho imaginava que paisagens estavam para lá do que via… eu sabia que do meu lado direito começaria a passar a zona da batalha da Normandia e por ali fora as praias do desembarque…
Eu já estivera ali e agora voltava para reviver tudo de novo, amanhã, depois de uma bela noite de sono!
E foi o fim do 29º dia de viagem…
Não sei porquê mas, da primeira vez que fui passear para o Reino Unido foi o circular ao contrário o que me baralhou as ideias, de resto tudo foi de adaptação fácil, mas desta vez se o circular ao contrário não me perturbou nada, já as distâncias fizeram-me errar alguns cálculos! Por diversas vezes me esqueci que estava a trabalhar em milhas e por isso 400milhas queria na realidade dizer 640 e tal quilómetros, por exemplo! Ora eu naquele dia tinha 419 milhas pela frente, o que queria dizer quase 675km… e isso queria dizer também que, com a travessia, eu iria ficar sem tempo para catar o que quer que fosse até chegar à Bretanha, a ultima zona celta até chegar a Espanha!
Por outro lado com o tempo ranhoso e cinzento que se mantinha, certamente não perderia grande coisa! Por isso enchi-me de comida, no último pequeno-almoço britânico, composto de bacon, salada de tomate, ovos estrelados, feijoada, cogumelos frutas, sumo e chá, entre outras coisas que a senhora me foi trazendo depois, como pão, queijo e manteiga! A dada altura eu já achava que ela nunca pararia de me encher de comida e eu não pararia de comer!
“you have to eat, you're too skinny and the motorbike is too big!”
Eu adoro quando me chamam magrinha, sobretudo quando estou gordinha como nunca estive antes!
“I’m skinny?” eheheh
Eu podia habituar-me a ter tal tratamento todos os dias de manhã!
O mar estava bravo e o céu quase assustador lá fora! Equipei-me para a guerra com o tempo e fiz-me ao caminho!
Não valeria a pena parar em lado nenhum com um tempo tão feio, deixei para trás Margate e a sua Clock Tower …
E segui para Dover para atravessar o canal!
Havia já bastantes carros em diversas filas, para o embarque,mas não se avistava qualquer moto!
Os guardas daquilo tudo foram tão simpáticos comigo que me fizeram entrar no barco bem antes de começarem a mandar entrar os carros! Tão queridos, não me quiseram deixar ali à chuva e eu pude ver o porão completamente vazio!
Uma sensação curiosa! Ainda por cima quando do nada apareceu logo um senhor para amarrar a minha motita ao chão, como se de uma princesa se tratasse, com direito a tratamento VIP exclusivo!
E lá ficou ela toda catita, bem na frente do porão completamente vazio, pronta para ser a primeira a sair mal a enorme porta se abrisse!
O porão estava todo por conta dela…
E o barco todo por minha conta! Que sensação esquisita!
Escolhi o melhor lugar para mim, junto de uma janela que não estivesse muito suja e se visse vem para fora. E demorou quase uma eternidade até as pessoas começarem a entrar e outra eternidade até começar tudo a mover-se!
Não podia deixar de me sentir um pouco triste ao deixar o Reino, havia ainda tanta coisa que eu queria ver por ali e já tinha de me ir embora, ainda por cima com um tempo tão triste!
Barcos iam e barcos vinham, aquele canal é quase uma estrada de barcos que fazem a travessia a todo o momento!
A travessia não é muito longa nem demorada, pouco mais de uma hora, e eu estava de volta ao porão, para o encontrar repleto! Eu nem via mais a minha bonequinha, que estava completamente sozinha na frente de todos aqueles carros matulões e ameaçadores!
Mas ela tinha feito amizade com os vizinhos e ninguém lhe tinha feito qualquer mal!
O tempo tenebroso mantinha-se no lado de França, em Calais!
Ao contrário da última vez que conduzi pelo Reino Unido e voltei a entrar na França, não me custou nada voltar a conduzir pela direita. Mas, por via das dúvidas, há sinais a lembrar os mais distraídos para não se esquecerem de que lado da estrada devem circular!
Contornei o centro de Calais pelo lado do canal e segui por aquele lado mesmo, não valeria a pena explorar mais uma vez a cidade, pois já o fizera aquando da minha última travessia em 2011. E encontrei a église Notre-Dame de Calais!
L’église Notre-Dame de Calais, uma igreja construída entre o séc. XIV e XVI, é completamente diferente de todas as igrejas francesas, porque foi construída segundo o estilo Tudor inglês. Ali se casou Charles de Gaulle em 1921, mas o que me despertou o interesse foi o seu interior visivelmente degradado.
Questionei-me sobre o que se teria passado ali, para que o órgão estivesse espalhado às peças, ao longo da nave lateral direita e eu nem conseguisse descobrir onde ele devia estar. Não era um restauro o que lhe estavam a fazer, portanto! Perguntei a uma senhora que se aproximou de mim, atraída pelo meu interesse pelo edifício… a resposta chocou-me! A igreja estava mutilada desde os violentos bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial e estava a ser ainda recuperada aos poucos… Eu não esperava que o passado estivesse ainda tão presente...
E havia peças de pedra amontoadas nos cantos, e havia buracos nas paredes, onde antes deviam encaixar as bigas de suporte do coro…
E toda a construção prometia estar em trabalhos de restauro por muito tempo ainda…
Aquele era de certa forma o prelúdio de um passeio pelos vestígios da 2ª Guerra mundial, ao longo da Normandia, que eu iria começar no dia seguinte…
A igreja fica numa porção de terra quase completamente rodeada de água, embora fique plenamente em terra. Um canal cerca quase completamente o pedaço de chão naquele ponto.
E ao longe eu via a torre vermelha do Hôtel de Ville de Calais.
"O Hôtel de Ville de Calais é uma construção lindíssima! Dá-se umas voltas pela cidade sem se encontrar o edifício da câmara, que normalmente está junto do centro, e vamos encontra-lo mais além, sem que se perceba porquê! Então a história conta tudo como foi, na realidade no final do séc. XIX duas terras foram fundidas, Calais e Saint-Pierre, e a câmara foi então construída numa zona deserta entre as duas populações! Num estilo que conjuga o estilo renascentista francês e o estilo Tudor inglês, ela surpreende e encanta, para lá de um jardim cuidado onde só peca o estacionamento que não permite uma visão totalmente limpa do conjunto!”
(on Passeando pela vida – a página)
E lá estava a Torre!
"Um pormenor de construção que sempre me fascina são as torres! Torres de castelos, igrejas ou casas levam-me em sonhos de infância, histórias de encantar, filmes fantásticos. E nunca me deixam indiferente! Torres de sonhos, de arquitetura arrojada, de história de épocas em que a vida de uma construção passava pelo seu encanto exterior, decorativo e romântico. Sempre olho para cada torre como quem olha para uma obra de arte lá no topo, onde só quem é atento toma atenção… um pormenor que é, afinal, a “raça” de um edifício!”
(in Passeando pela vida – a página)
O tempo estava a melhorar e eu tinha mais de 600 km pela frente! Que belo dia para apreciar estrada atrás de estrada, com nuvens inspiradoras que mudavam de forma e tom a cada quilómetro.
Quando percorro grandes distâncias, conduzindo seguido, tenho a sensação de que estou a atravessar o mundo, vicio-me no ato de conduzir e vou apenas apreciando a paisagem que muda a cada quilómetro, como quem olha para um documentário.
Naquele caminho imaginava que paisagens estavam para lá do que via… eu sabia que do meu lado direito começaria a passar a zona da batalha da Normandia e por ali fora as praias do desembarque…
Eu já estivera ali e agora voltava para reviver tudo de novo, amanhã, depois de uma bela noite de sono!
E foi o fim do 29º dia de viagem…
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
27 de agosto de 2014
E pronto, o Reino Unido estava para trás e eu estava de volta à bela França!
Sempre me encanto com os encantos daquele belo país e a Bretanha continua a ser um recanto que me intriga e atrai, pela sua beleza e história.
Eu estava hospedada numa “maison d'hôtes” muito curiosa, num apartamento no sótão de uma casa muito antiga e inspiradora. As vezes que eu fotografei aquelas escadas!
E, tal como eu imaginara ao fazer uma reserva para 3 noites, era o sitio ideal para eu estar só, poder tirar as malas da moto, espalhar todas as minhas coisas por todo o lado e poder cozinhar! Esse pormenor de poder cozinhar fez-me tão feliz, depois de tanto tempo desejando comida de panela decente!
A dona da casa era muito simpática e foi-me dando coisas da horta que cultivava nas traseiras, batatas, cebolas e tomates, e eu fui fazendo os meus petiscos com tanta vontade que quase não precisaria de prato, à quantidade de vezes que ia depenicando da panela!
Depois de muita conversa ilustrada de mapas e prospetos de divulgação turística da zona, eu tinha 3 ou 4 coisas para ver naquele dia.
E a Normandia ficaria para o dia seguinte…
Pipriac era o nome da terra onde eu estava, bem no meio da zona que eu queria explorar naqueles dias. As pessoas ficavam a olhar para mim quando eu passava. Deduzi que não estavam muito habituadas a ver alguém de capacete enfiado a visitar igrejas…
Mas como ninguém me disse nada e eu só queria dar uma espreitadela, foi mesmo de capacete na cabeça que visitei a igreja sim senhor! Acho que não há lei eclesiástica que diga que isso é pecado… digo eu!
E segui para uma terrinha chamada La Gacilly onde decorria um festival de fotografia…
Oh, La Gacilly é uma vilazinha encantadora, com casinhas de pedra, a lembrar as casinhas de xisto do Piódão, com os caixilhos das portas e janelas em corres vivas, e muitas árvores, trepadeiras e jardins por todos os lados!
E como se não bastasse, realiza desde há mais de 10 anos um grande festival de fotografia ao ar livre que estava a decorrer!
E estavam lá fotos de Robert Capa, o grande fotografo que guerra que eu tanto admiro!
E o país convidado era os Estado Unidos, com fotos fantásticas, como as de Steve McCurry!
Perdi-me por ali, a ver a exposição que estava por todos os lados, ruelas e jardins, e a desenhar aqui e ali uma casinha mais encantadora ou um recanto mais pitoresco!
Porque as casinhas são mesmo muito bonitinhas por ali e apetece parar em cada recanto e desenhar!
Depois de horas a catar o mundo da fotografia e as ruelas de casas em xisto, a vilazinha que visitei a seguir ainda me encantou mais!
“Rochefort-en-Terre figura entre os "Plus Beaux Villages de France" e isso é garantia de “coisa bonita” mas ao chegar-se lá, rapidamente se percebe que ela é muito mais que bonita: é encantadora! Há uma harmonia extraordinária entre os diversos estilos arquitetónicos que se foram acumulando e justapondo ao longo dos séculos, desde a formação do local lá pelo séc. XII. Construções góticas, renascentistas e posteriores, convivem perfeitamente para um ambiente idílico de conto de fadas. Andei por ali muito tempo, o dia estava lindo e a vontade de captar tudo não me deixava ir embora. Nem sei quanto desenhos fiz, mas fotos foram tantas!”
(in Passeando pela vida – a página)
Algumas casas ficaram associadas aos desenhos que fiz! Uma sensação curiosa que experimento hoje ao olhar as fotos!
casinhas medievais que “coabitam” com casinhas mais recentes, renascentistas…
Formando um conjunto encantador por toda a povoação!
com direito a castelinho medieval e tudo a completar o conjunto!
A igreja de Notre-Dame-de-la-Tronchaye, numa mistura do estilo românico e gótico, a condizer com a redondeza!
“Sentir que uma viagem se aproxima do fim é sempre penoso para mim! Podem dizer que as saudades de casa têm de apertar, que eu tenho de ter vontade de voltar, que o meu coração tem de estar cá e não lá onde eu quero andar… Mas a verdade é que eu quero sempre continuar, com saudades, com vontades, com tudo, eu apenas quero continuar! Então não perco o entusiasmo, nem a vontade de ver tudo até ao fim e os últimos dias de uma viagem são aproveitados com a mesma intensidade que os primeiros, como quem vive a vida até ao ultimo momento! Assim me aconteceu quando cheguei a Rochefort-en-Terre, depois de um longo percurso de tantos quilómetros e tanta coisa explorada, eu me encantei! E sentei-me na berma de um vaso de flores, que era uma peça só esculpida num bloco de granito, na Place du Puits, e deixei-me ficar, apenas olhando. Desenhei, conversei e quis que aquele momento nunca mais acabasse e ele tornou-se eterno…”
(in Passeando pela vida – a página)
O dia não ficaria sempre assim bonito, por isso eu aproveitei o mais possível aqueles momentos de sol, apreciando as paisagens, conversando com as pessoas e finalmente partindo para uma terra mais à frente! Era cedo e eu tinha vontade de ver mais!
Redon lembra-me sempre o pintor simbolista francês, mas ali era uma cidade, com um centro histórico muito pitoresco!
Aquelas casinhas todas tortas, com os travejamentos exteriores sempre me prendem a atenção!
Fica ali no limite entre 2 províncias, o Loire Atlantique e o Lille et Vilaine e fica também numa confluência dos rios Vilaine e Oust, que mais parecem canais que quase dão a volta à cidade!
E há comportas e eclusas para gerir o fluxo das águas e tudo! Mesmo assim dizem que no inverno não é raro inundar-se aquilo tudo!
A igreja tem uma torre que não lhe pertence! Sim isso existe! Aquela torre está fora da igreja mesmo!
O corpo da igreja é essencialmente românico e a torre é gótica, um grande incêndio acabou por provocar a separação das partes e hoje a torre está ali, sozinha, mas de pé!
Uma beleza natural como eu aprecio, sem grandes intervenções posteriores que impeçam de apreciar a construção original…
O tempo estava a pôr-se ranhoso lá fora e isso impedia-me de explorar pormenores que aprecio, como uma série de grafitis que encontrei num recanto meio abandonado. Sempre provocam em mim aquele efeito da saudade de pegar nas tintas ou nos sprays e desatar a desenhar em grande…
E quando o dia já estava a meter água, passei em Roche-Bernard! Uma pena pois teria apreciado tudo muito melhor sem chuva, claro!
E segui para Guérande, uma cidade medieval que eu queria muito visitar! É conhecida por ter duas paisagens contrastantes, uma branca, por causa das suas salinas, e outra negra por causa da turfa!
O centro histórico é muralhado e é lindo por dentro! Claro que com a chuva que já era muita, fui-me refugiar na igreja!
A origem da igreja é tão antiga que se perde na mistura de restauros e reconstruções posteriores, mas continua linda e mostrando um pouco do românico, do gótico e até de pormenores anteriores!
Com o mau tempo lá fora deu para apreciar alguns pormenores com muita calma!
Mas eu tinha de sair da igreja, por isso à primeira aberta fui explorar as ruelas cheias de gente e guarda-chuvas e outras curiosidades!
Quantas vezes ando à procura de um porquinho mealheiro e não encontro nenhum e ali havia tantos!
Coisas que encontrei por lá e que fizeram tanto sentido!
A muralha é impressionante! Não é muito alta mas é perfeita e muito bem conservada!
E fui embora, meio amuada com o tempo que se voltara contra mim de novo!
E de repente passei por um castelo encantado… ou pelo menos encantador!
“Eu nunca consigo ficar indiferente a um castelo que avisto no meu caminho, paro sempre, olho sempre, tento sempre saber algo mais sobre ele e, se não puder aproximar-me, fico ali como uma adolescente a apreciar o seu ídolo inatingível até a consciência me fazer pegar na moto e seguir o meu caminho! Tudo isso voltou a acontecer quando pelo canto do olho eu vi o Château de la Bretesche “passar” ao longe, para lá de um lago que surgiu no espaço entre as árvores que faziam um muro, do lado esquerdo da rua que eu percorria! É uma construção medieval do séc. XIV que foi restaurado no séc. XIX. Que coisa linda! Mas quando descobri o que ele é hoje ainda fiquei mais fascinada! Ele foi vendido a uma empresa particular que o transformou em diversos apartamentos, onde vive gente! Ui, viver ali seria como viver num conto de fadas todos os dias, com direito a lago, jardins e até um campo de golfe com 18 buracos… céus, eu teria de deixar de viajar, só para desfrutar a sério da minha casa!”
(in Passeando pela vida – a página)
Que coisa linda!
E depois de muito fotografar e desenhar o castelinho lá segui para casa, desejando do fundo do coração que o tempo melhorasse porque no dia seguinte eu queria ir percorrer as praias do desembarque e a chuva não seria boa companhia…
E eu que nem sou grande apreciadora de chocolate, fui-me deliciar com um bom vinho, um jantar à minha maneira e chocolate com avelãs para sobremesa! Como eu gosto da França, onde há tudo o que eu gosto de comer!
E foi o fim do 30º dia de viagem…
E pronto, o Reino Unido estava para trás e eu estava de volta à bela França!
Sempre me encanto com os encantos daquele belo país e a Bretanha continua a ser um recanto que me intriga e atrai, pela sua beleza e história.
Eu estava hospedada numa “maison d'hôtes” muito curiosa, num apartamento no sótão de uma casa muito antiga e inspiradora. As vezes que eu fotografei aquelas escadas!
E, tal como eu imaginara ao fazer uma reserva para 3 noites, era o sitio ideal para eu estar só, poder tirar as malas da moto, espalhar todas as minhas coisas por todo o lado e poder cozinhar! Esse pormenor de poder cozinhar fez-me tão feliz, depois de tanto tempo desejando comida de panela decente!
A dona da casa era muito simpática e foi-me dando coisas da horta que cultivava nas traseiras, batatas, cebolas e tomates, e eu fui fazendo os meus petiscos com tanta vontade que quase não precisaria de prato, à quantidade de vezes que ia depenicando da panela!
Depois de muita conversa ilustrada de mapas e prospetos de divulgação turística da zona, eu tinha 3 ou 4 coisas para ver naquele dia.
E a Normandia ficaria para o dia seguinte…
Pipriac era o nome da terra onde eu estava, bem no meio da zona que eu queria explorar naqueles dias. As pessoas ficavam a olhar para mim quando eu passava. Deduzi que não estavam muito habituadas a ver alguém de capacete enfiado a visitar igrejas…
Mas como ninguém me disse nada e eu só queria dar uma espreitadela, foi mesmo de capacete na cabeça que visitei a igreja sim senhor! Acho que não há lei eclesiástica que diga que isso é pecado… digo eu!
E segui para uma terrinha chamada La Gacilly onde decorria um festival de fotografia…
Oh, La Gacilly é uma vilazinha encantadora, com casinhas de pedra, a lembrar as casinhas de xisto do Piódão, com os caixilhos das portas e janelas em corres vivas, e muitas árvores, trepadeiras e jardins por todos os lados!
E como se não bastasse, realiza desde há mais de 10 anos um grande festival de fotografia ao ar livre que estava a decorrer!
E estavam lá fotos de Robert Capa, o grande fotografo que guerra que eu tanto admiro!
E o país convidado era os Estado Unidos, com fotos fantásticas, como as de Steve McCurry!
Perdi-me por ali, a ver a exposição que estava por todos os lados, ruelas e jardins, e a desenhar aqui e ali uma casinha mais encantadora ou um recanto mais pitoresco!
Porque as casinhas são mesmo muito bonitinhas por ali e apetece parar em cada recanto e desenhar!
Depois de horas a catar o mundo da fotografia e as ruelas de casas em xisto, a vilazinha que visitei a seguir ainda me encantou mais!
“Rochefort-en-Terre figura entre os "Plus Beaux Villages de France" e isso é garantia de “coisa bonita” mas ao chegar-se lá, rapidamente se percebe que ela é muito mais que bonita: é encantadora! Há uma harmonia extraordinária entre os diversos estilos arquitetónicos que se foram acumulando e justapondo ao longo dos séculos, desde a formação do local lá pelo séc. XII. Construções góticas, renascentistas e posteriores, convivem perfeitamente para um ambiente idílico de conto de fadas. Andei por ali muito tempo, o dia estava lindo e a vontade de captar tudo não me deixava ir embora. Nem sei quanto desenhos fiz, mas fotos foram tantas!”
(in Passeando pela vida – a página)
Algumas casas ficaram associadas aos desenhos que fiz! Uma sensação curiosa que experimento hoje ao olhar as fotos!
casinhas medievais que “coabitam” com casinhas mais recentes, renascentistas…
Formando um conjunto encantador por toda a povoação!
com direito a castelinho medieval e tudo a completar o conjunto!
A igreja de Notre-Dame-de-la-Tronchaye, numa mistura do estilo românico e gótico, a condizer com a redondeza!
“Sentir que uma viagem se aproxima do fim é sempre penoso para mim! Podem dizer que as saudades de casa têm de apertar, que eu tenho de ter vontade de voltar, que o meu coração tem de estar cá e não lá onde eu quero andar… Mas a verdade é que eu quero sempre continuar, com saudades, com vontades, com tudo, eu apenas quero continuar! Então não perco o entusiasmo, nem a vontade de ver tudo até ao fim e os últimos dias de uma viagem são aproveitados com a mesma intensidade que os primeiros, como quem vive a vida até ao ultimo momento! Assim me aconteceu quando cheguei a Rochefort-en-Terre, depois de um longo percurso de tantos quilómetros e tanta coisa explorada, eu me encantei! E sentei-me na berma de um vaso de flores, que era uma peça só esculpida num bloco de granito, na Place du Puits, e deixei-me ficar, apenas olhando. Desenhei, conversei e quis que aquele momento nunca mais acabasse e ele tornou-se eterno…”
(in Passeando pela vida – a página)
O dia não ficaria sempre assim bonito, por isso eu aproveitei o mais possível aqueles momentos de sol, apreciando as paisagens, conversando com as pessoas e finalmente partindo para uma terra mais à frente! Era cedo e eu tinha vontade de ver mais!
Redon lembra-me sempre o pintor simbolista francês, mas ali era uma cidade, com um centro histórico muito pitoresco!
Aquelas casinhas todas tortas, com os travejamentos exteriores sempre me prendem a atenção!
Fica ali no limite entre 2 províncias, o Loire Atlantique e o Lille et Vilaine e fica também numa confluência dos rios Vilaine e Oust, que mais parecem canais que quase dão a volta à cidade!
E há comportas e eclusas para gerir o fluxo das águas e tudo! Mesmo assim dizem que no inverno não é raro inundar-se aquilo tudo!
A igreja tem uma torre que não lhe pertence! Sim isso existe! Aquela torre está fora da igreja mesmo!
O corpo da igreja é essencialmente românico e a torre é gótica, um grande incêndio acabou por provocar a separação das partes e hoje a torre está ali, sozinha, mas de pé!
Uma beleza natural como eu aprecio, sem grandes intervenções posteriores que impeçam de apreciar a construção original…
O tempo estava a pôr-se ranhoso lá fora e isso impedia-me de explorar pormenores que aprecio, como uma série de grafitis que encontrei num recanto meio abandonado. Sempre provocam em mim aquele efeito da saudade de pegar nas tintas ou nos sprays e desatar a desenhar em grande…
E quando o dia já estava a meter água, passei em Roche-Bernard! Uma pena pois teria apreciado tudo muito melhor sem chuva, claro!
E segui para Guérande, uma cidade medieval que eu queria muito visitar! É conhecida por ter duas paisagens contrastantes, uma branca, por causa das suas salinas, e outra negra por causa da turfa!
O centro histórico é muralhado e é lindo por dentro! Claro que com a chuva que já era muita, fui-me refugiar na igreja!
A origem da igreja é tão antiga que se perde na mistura de restauros e reconstruções posteriores, mas continua linda e mostrando um pouco do românico, do gótico e até de pormenores anteriores!
Com o mau tempo lá fora deu para apreciar alguns pormenores com muita calma!
Mas eu tinha de sair da igreja, por isso à primeira aberta fui explorar as ruelas cheias de gente e guarda-chuvas e outras curiosidades!
Quantas vezes ando à procura de um porquinho mealheiro e não encontro nenhum e ali havia tantos!
Coisas que encontrei por lá e que fizeram tanto sentido!
A muralha é impressionante! Não é muito alta mas é perfeita e muito bem conservada!
E fui embora, meio amuada com o tempo que se voltara contra mim de novo!
E de repente passei por um castelo encantado… ou pelo menos encantador!
“Eu nunca consigo ficar indiferente a um castelo que avisto no meu caminho, paro sempre, olho sempre, tento sempre saber algo mais sobre ele e, se não puder aproximar-me, fico ali como uma adolescente a apreciar o seu ídolo inatingível até a consciência me fazer pegar na moto e seguir o meu caminho! Tudo isso voltou a acontecer quando pelo canto do olho eu vi o Château de la Bretesche “passar” ao longe, para lá de um lago que surgiu no espaço entre as árvores que faziam um muro, do lado esquerdo da rua que eu percorria! É uma construção medieval do séc. XIV que foi restaurado no séc. XIX. Que coisa linda! Mas quando descobri o que ele é hoje ainda fiquei mais fascinada! Ele foi vendido a uma empresa particular que o transformou em diversos apartamentos, onde vive gente! Ui, viver ali seria como viver num conto de fadas todos os dias, com direito a lago, jardins e até um campo de golfe com 18 buracos… céus, eu teria de deixar de viajar, só para desfrutar a sério da minha casa!”
(in Passeando pela vida – a página)
Que coisa linda!
E depois de muito fotografar e desenhar o castelinho lá segui para casa, desejando do fundo do coração que o tempo melhorasse porque no dia seguinte eu queria ir percorrer as praias do desembarque e a chuva não seria boa companhia…
E eu que nem sou grande apreciadora de chocolate, fui-me deliciar com um bom vinho, um jantar à minha maneira e chocolate com avelãs para sobremesa! Como eu gosto da França, onde há tudo o que eu gosto de comer!
E foi o fim do 30º dia de viagem…
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Boas,
Mais um " Fantabulástico " relato !!!!!
Fantásticas aquelas paisagens da Bretanha...aquelas casinhas lindas, os jardins, as portadas e janelas ás cores....FANTÁSTICO !!!!!
Parabéns por mais este " livro magico de imagens "...
Mais um para que venha o resto...
Mais um " Fantabulástico " relato !!!!!
Fantásticas aquelas paisagens da Bretanha...aquelas casinhas lindas, os jardins, as portadas e janelas ás cores....FANTÁSTICO !!!!!
Parabéns por mais este " livro magico de imagens "...
Mais um para que venha o resto...
________________________
CARLOS PIRES
Mama Sumae !!
Carlospira- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Viagem de encantar sem dúvida!
Tinha planeado ir hoje ao cinema vêr o filme "Noite em fuga" com o Liam Neeson.. mas depois destes palácios e castelos todos, acho que vou mesmo vêr a "Cinderela" e deixar os socos, bombas e murros nas trombas para outra altura..
Tinha planeado ir hoje ao cinema vêr o filme "Noite em fuga" com o Liam Neeson.. mas depois destes palácios e castelos todos, acho que vou mesmo vêr a "Cinderela" e deixar os socos, bombas e murros nas trombas para outra altura..
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Obrigada por ainda me acompanharem!
A história está a chegar ao fim e está a custar acabar com ela, mas mais 2 dia e estarei em casa! 2 dias muito bonitos também, por sinal!
A história está a chegar ao fim e está a custar acabar com ela, mas mais 2 dia e estarei em casa! 2 dias muito bonitos também, por sinal!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda, como isto tem sido a conta gotas, vais obrigar-me a reler e rever tudo de novo
Obrigada por mais este dia de viagem.
Aqui vai mais um
Obrigada por mais este dia de viagem.
Aqui vai mais um
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Eu sei que tem demorado a sair, mas tenho coisas entre mãos (umas relacionadas com trabalho, outras com viagens mesmo) que me vêm preenchendo muito do meu tempo!
Mas a parte que diz respeito a viagens, em breve será noticiada, assim que eu termine esta crónica! Prometo!
Mas a parte que diz respeito a viagens, em breve será noticiada, assim que eu termine esta crónica! Prometo!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
28 de agosto de 2014
O dia seguinte foi como uma oração!
Não importava se eu já tinha estado na Normandia, se já tinha visitado uma ou outra praia do desembarque, nada importava, apenas importava voltar lá e fazer todo o percurso como uma via-sacra, um caminho sagrado.
O aspeto do que eu queria ver era simples, famoso e cheio de indicações…
Mas algumas voltas que eu daria seriam bem mais complexas, cheias de caminhos incógnitos ou esquecidos e sem quaisquer indicações, muitas das vezes, para além dos vestígios ainda hoje visíveis, de tudo o que por ali se passou!
Desenhei o meu próprio caminho e fui seguindo…
Não me importava que sequencia fazer, que museus visitar, que rituais seguir, apenas me importava ver e sentir cada pedaço de caminho que eu fizesse, cada ponto que eu alcançasse!
Não quero fazer uma lição de história, porque essa toda a gente a sabe, ou pode saber, basta ir até ao Google e pesquisar um pouco, não muito, que tudo surgirá em catadupa.
**** ****
O meu pequeno apartamento em Pipriac tinha este aspeto:
Ali tracei o meu destino daquele dia, com a senhora da casa muito preocupada porque eu iria para muito longe com a moto e ameaçava chover!
“Oh minha senhora, não se preocupe que à chuva estou eu bem habituada! Só é pena pois não dá jeito para fotografar ou desenhar!”
“Vai para tão longe não terá tempo para fotografar, desenhar e voltar hoje ainda!” – insistia ela
“Tenho sim, tempo para isso e muito mais, confie em mim!”
E é claro que tive!
**** ****
As memórias estão marcadas pelo caminho nas mais variadas formas…
“ As guerras não fazem os grandes homens, mas revelam a grandeza dos homens justos.”
Escultura dedicada a “Todos os abriram o caminho da liberdade no dia D”
O tempo estava bem melhor do que ela ou eu pensamos e a ameaça de chuva apenas trouxe mais encanto e mistério ao meu percurso com nuvens inspiradoras sobre o mar impressionante!
E as praias do desembarque estavam deslumbrantes…
Utah, era uma das praias que eu não tinha visitado ainda e pude caminhar pelas suas areias, levar a moto quase até elas!
Anda-se por ali e, tal como as placas anunciam, aquilo é um museu a céu aberto! Os vestígios do “Mur de L’Atlantique” são tantos, com as baterias bem visíveis, na borda das praias, nas bermas das estradas ou mesmo em plena água…
Como se pode pensar em guerra, morte e destruição quando se tem uma visão tão privilegiada sobre o mar?
E a rua segue junto ao mar, placidamente como se nada se tivesse passado ali, até voltarmos a cruzar com mais um Ponto Fortificado, como aparecem referenciados… por todo o lado!
“O seu sacrifício, a nossa liberdade”
Havia gente muito surpreendida com a minha moto! Fizemos amizade e descobrimos que eles vinham de onde eu vinha, da Irlanda, apenas eles eram mesmo de lá e tinham chegado de ferry, enquanto eu vinha de dar uma volta bem maior!
Logo ali fica Sainte-Mère-Église.
Havia por lá uma série de motards! E havia festa também. Eu preferi ir ver primeiro as coisas sérias.
Eles tinham ar de quem estava a beber há um bom bocado e eu não me podia render a essas tentações, ou a policia que também andava por ali, não me deixaria partir depois!
Sainte-Mère-Église ficava no meio de toda a batalha e por isso ficou conhecida por ser a primeira cidade a ser libertada, para além da célebre história do para-quedista que ficou pendurado na torre a igreja, quando o seu para-quedas se engatou nas saliências de pedra da torre!
O John Steele, era o homem, fez-se de morto e ficou ali em cima por muito tempo, até virem socorre-lo. Foi capturado pelos alemães, mas acabou por se libertar e ficar para contar a história!
Hoje está um boneco lá em cima, pendurado pelo para-quedas a lembrar o momento!
Claro que fui ver a famosa igreja por dentro!
Na rua, junto do sitio onde pousamos as motos, havia uma exposição de fotografia que assinalava cada ano desde 1944 até 2014 em 70 fotos marcantes!
Claro que me dei ao cuidado de as captar todas, uma a uma, para mais tarde relembrar qual retratou cada ano…
A minha bonequinha fez mais amizade com as motos dos irlandeses do que eu com eles!
Eles estavam todos ao monte a comer e a beber, numa esplanada. Eu apenas os cumprimentei e a festa era tão ruidosa, que eu nem me aproximei muito, fui direta a uma tenda que vendia salsichas gigantescas grelhadas na brasa e deliciei-me sem quebrar o sentimento de introspeção que vinha vivendo e queria continuar a viver! Sorry guys!
E então voltei ao Cemitério e Memorial Americano em Omaha Beach…
É daqueles sítios que me puxam para visitar a cada vez que passo perto e naquele dia fazia ainda mais sentido…
Havia muita gente por lá e o silêncio era surpreendentemente absoluto…
… como quem entra numa catedral onde se vela um corpo… ali velavam-se cerca de 10.000 corpos…
Acho que se “ouve” o silêncio até nas fotos…
O efeito das cruzes é tão forte que é impossível ficar indiferente!
“E eu voltei lá de novo este ano!
Eu tinha de voltar! Simplesmente eu não podia passar perto sem voltar…
E cada vez que eu volto a um sítio levo na mente e no coração o que me fez falta ver em visitas passadas, então eu entrei no espaço e fui andando, sem ligar ao que toda a gente liga, sem ver o que toda a gente vê, até às cruzes, as infinitas cruzes… e fiquei ali, como quem acorda de repente, apenas olhando em redor. Quanta beleza, quanta dor, quanta história anónima, particular e incógnita, quanta vida ali perdida… Sentei-me entre todas as cruzes e fiquei, apenas fiquei, o tempo que o meu coração me pediu que ficasse…”
(in Passeando pela vida – a página)
Tive de me forçar a sair dali, eu não iria passar o resto do dia a passear pelo meio de um mar de cruzes de mármore!
Pertinho fica a Omaha beach…
As praias tomaram os nomes de código no dia do desembarque e permaneceram até hoje, como homenagem ao mar de homens que ali lutou ou morreu.
“Les Braves, o memorial de guerra na areia de Omaha Beach, uma escultura cheia de significado que resiste às marés desde 2004, quando o dia D, o desembarque na Normandia, comemorava 60 anos. Ali se lembram os americanos caídos em batalha em 3 conjuntos de curvas e colunas em aço inoxidável: as asas da esperança, a elevação da liberdade e as asas da fraternidade. Um monumento que foi criado para ser efémero e se tornou definitivo, como tantas vezes foi acontecendo na história das cidades e dos eventos, como o Atomium em Bruxelas ou a Torre Eiffel em Paris…
Fui vê-lo de novo, o mar estava calmo e baixo, por isso passeava-se na areia, pessoas em cadeiras de rodas visitavam o local, tinham ar de combatentes ou familiares. O ambiente que se vivia era ainda de comemoração dos 70 anos do dia D, fotos lembravam-no em diversos pontos na entrada da praia. Como quem visita um cemitério, o ambiente era palpavelmente grave…”
(in Passeando pela vida – a página)
E havia pessoas que visitavam os locais como eu, mas com uma dificuldade e uma ligação emocional bem mais forte que a minha! Havia gente que perdeu gente ou lutou ali na época e voltava lá, naquele dia… não consegui evitar que uma tristeza profunda se apoderasse de mim…
E eu andava e parava tantas vezes, a cada vez que algo me chamava a atenção, e por ali tudo chama a atenção! Tanto vestígio do passado, tantas exposições de fotos, tantos memoriais, tantas coisas que foram deixadas para trás no tempo da guerra e que estão onde ficaram e onde pertencem….
Na bateria de Longes fui recebida com tanta simpatia, como se achassem que eu os honrava coma minha visita…
tanta gente por ali e tanto silêncio…
As praias estão cheias de restos do passado, podem-se ver até no mar…
A Juno beach foi a mais difícil de encontrar, porque não está bem sinalizada como as outras. Na realidade ela, e todas as praias, estendem-se seguidas umas às outras desde Utah até Sword, e a Juno por vezes sem areia, sem memorial algum….
Mas o mar acusa-a facilmente, cheio de blocos de cimento que pertenceram ao Muro do Atlântico…
E depois de muitos quilómetros, muitas voltas, os últimos memoriais…
“No dia D, na manhã do dia 6 de Junho de 1944, no sector de “Sword beach”, como sempre fizeram os escoceses por muitas gerações, o general da brigada Lord Lovat, chefe da 1ª Brigada Especial em Serviço, mas também chefe do Clan das Highlands, ordenou ao seu tocador pessoal, Bill Millin, que tocasse a sua gaita de foles, enquanto os seus comandos desembarcavam. Por trás do tumulto da batalha, o som da música anunciava a libertação, com o “pipper” abrindo o caminho. Naquele dia os dois se tornaram lendas!”
E a França rende-lhes homenagem com uma escultura inspiradora!
E o fim do percurso tinha de ser em Caen, junto do seu memorial e museu…
Ali se encontram tantas coisas em memória daqueles dias e enaltecendo a paz… ali se encontra também uma das reproduções de autor da celebre pistola com um nó no cano, “No violence”
E fui para casa, com um céu a ameaçar cair-me em cima, para completar o quadro triste que fui construindo ao longo do dia…
Mas em Pirpriac estava um belo pôr-do-sol que me alegrou o serão!
A dona da casa tinha estado todo o dia a fazer chouriças e recebeu-me com animação, mostrando-me a obra num forno que ela tinha no quintal! Curiosa a facilidade com que por ali se fazem estas coisas, mesmo vivendo numa cidade!
Quando subi até casa só queria estar com alguém!
É nestes momentos que o Facebook me faz tanta companhia! Havia muita gente conhecida on-line que me aconchegou o coração, celebramos on-line e tudo, com um copo de vinho, eu lá e os meus ciber-amigos cá!
E foi o fim do 31 dia de viagem! “Amanhã” eu desceria todo o país até ao norte de Espanha, onde fica a zona mais celta da Península Ibérica: as Astúrias e os Picos da Europa!
O dia seguinte foi como uma oração!
Não importava se eu já tinha estado na Normandia, se já tinha visitado uma ou outra praia do desembarque, nada importava, apenas importava voltar lá e fazer todo o percurso como uma via-sacra, um caminho sagrado.
O aspeto do que eu queria ver era simples, famoso e cheio de indicações…
Mas algumas voltas que eu daria seriam bem mais complexas, cheias de caminhos incógnitos ou esquecidos e sem quaisquer indicações, muitas das vezes, para além dos vestígios ainda hoje visíveis, de tudo o que por ali se passou!
Desenhei o meu próprio caminho e fui seguindo…
Não me importava que sequencia fazer, que museus visitar, que rituais seguir, apenas me importava ver e sentir cada pedaço de caminho que eu fizesse, cada ponto que eu alcançasse!
Não quero fazer uma lição de história, porque essa toda a gente a sabe, ou pode saber, basta ir até ao Google e pesquisar um pouco, não muito, que tudo surgirá em catadupa.
**** ****
O meu pequeno apartamento em Pipriac tinha este aspeto:
Ali tracei o meu destino daquele dia, com a senhora da casa muito preocupada porque eu iria para muito longe com a moto e ameaçava chover!
“Oh minha senhora, não se preocupe que à chuva estou eu bem habituada! Só é pena pois não dá jeito para fotografar ou desenhar!”
“Vai para tão longe não terá tempo para fotografar, desenhar e voltar hoje ainda!” – insistia ela
“Tenho sim, tempo para isso e muito mais, confie em mim!”
E é claro que tive!
**** ****
As memórias estão marcadas pelo caminho nas mais variadas formas…
“ As guerras não fazem os grandes homens, mas revelam a grandeza dos homens justos.”
Escultura dedicada a “Todos os abriram o caminho da liberdade no dia D”
O tempo estava bem melhor do que ela ou eu pensamos e a ameaça de chuva apenas trouxe mais encanto e mistério ao meu percurso com nuvens inspiradoras sobre o mar impressionante!
E as praias do desembarque estavam deslumbrantes…
Utah, era uma das praias que eu não tinha visitado ainda e pude caminhar pelas suas areias, levar a moto quase até elas!
Anda-se por ali e, tal como as placas anunciam, aquilo é um museu a céu aberto! Os vestígios do “Mur de L’Atlantique” são tantos, com as baterias bem visíveis, na borda das praias, nas bermas das estradas ou mesmo em plena água…
Como se pode pensar em guerra, morte e destruição quando se tem uma visão tão privilegiada sobre o mar?
E a rua segue junto ao mar, placidamente como se nada se tivesse passado ali, até voltarmos a cruzar com mais um Ponto Fortificado, como aparecem referenciados… por todo o lado!
“O seu sacrifício, a nossa liberdade”
Havia gente muito surpreendida com a minha moto! Fizemos amizade e descobrimos que eles vinham de onde eu vinha, da Irlanda, apenas eles eram mesmo de lá e tinham chegado de ferry, enquanto eu vinha de dar uma volta bem maior!
Logo ali fica Sainte-Mère-Église.
Havia por lá uma série de motards! E havia festa também. Eu preferi ir ver primeiro as coisas sérias.
Eles tinham ar de quem estava a beber há um bom bocado e eu não me podia render a essas tentações, ou a policia que também andava por ali, não me deixaria partir depois!
Sainte-Mère-Église ficava no meio de toda a batalha e por isso ficou conhecida por ser a primeira cidade a ser libertada, para além da célebre história do para-quedista que ficou pendurado na torre a igreja, quando o seu para-quedas se engatou nas saliências de pedra da torre!
O John Steele, era o homem, fez-se de morto e ficou ali em cima por muito tempo, até virem socorre-lo. Foi capturado pelos alemães, mas acabou por se libertar e ficar para contar a história!
Hoje está um boneco lá em cima, pendurado pelo para-quedas a lembrar o momento!
Claro que fui ver a famosa igreja por dentro!
Na rua, junto do sitio onde pousamos as motos, havia uma exposição de fotografia que assinalava cada ano desde 1944 até 2014 em 70 fotos marcantes!
Claro que me dei ao cuidado de as captar todas, uma a uma, para mais tarde relembrar qual retratou cada ano…
A minha bonequinha fez mais amizade com as motos dos irlandeses do que eu com eles!
Eles estavam todos ao monte a comer e a beber, numa esplanada. Eu apenas os cumprimentei e a festa era tão ruidosa, que eu nem me aproximei muito, fui direta a uma tenda que vendia salsichas gigantescas grelhadas na brasa e deliciei-me sem quebrar o sentimento de introspeção que vinha vivendo e queria continuar a viver! Sorry guys!
E então voltei ao Cemitério e Memorial Americano em Omaha Beach…
É daqueles sítios que me puxam para visitar a cada vez que passo perto e naquele dia fazia ainda mais sentido…
Havia muita gente por lá e o silêncio era surpreendentemente absoluto…
… como quem entra numa catedral onde se vela um corpo… ali velavam-se cerca de 10.000 corpos…
Acho que se “ouve” o silêncio até nas fotos…
O efeito das cruzes é tão forte que é impossível ficar indiferente!
“E eu voltei lá de novo este ano!
Eu tinha de voltar! Simplesmente eu não podia passar perto sem voltar…
E cada vez que eu volto a um sítio levo na mente e no coração o que me fez falta ver em visitas passadas, então eu entrei no espaço e fui andando, sem ligar ao que toda a gente liga, sem ver o que toda a gente vê, até às cruzes, as infinitas cruzes… e fiquei ali, como quem acorda de repente, apenas olhando em redor. Quanta beleza, quanta dor, quanta história anónima, particular e incógnita, quanta vida ali perdida… Sentei-me entre todas as cruzes e fiquei, apenas fiquei, o tempo que o meu coração me pediu que ficasse…”
(in Passeando pela vida – a página)
Tive de me forçar a sair dali, eu não iria passar o resto do dia a passear pelo meio de um mar de cruzes de mármore!
Pertinho fica a Omaha beach…
As praias tomaram os nomes de código no dia do desembarque e permaneceram até hoje, como homenagem ao mar de homens que ali lutou ou morreu.
“Les Braves, o memorial de guerra na areia de Omaha Beach, uma escultura cheia de significado que resiste às marés desde 2004, quando o dia D, o desembarque na Normandia, comemorava 60 anos. Ali se lembram os americanos caídos em batalha em 3 conjuntos de curvas e colunas em aço inoxidável: as asas da esperança, a elevação da liberdade e as asas da fraternidade. Um monumento que foi criado para ser efémero e se tornou definitivo, como tantas vezes foi acontecendo na história das cidades e dos eventos, como o Atomium em Bruxelas ou a Torre Eiffel em Paris…
Fui vê-lo de novo, o mar estava calmo e baixo, por isso passeava-se na areia, pessoas em cadeiras de rodas visitavam o local, tinham ar de combatentes ou familiares. O ambiente que se vivia era ainda de comemoração dos 70 anos do dia D, fotos lembravam-no em diversos pontos na entrada da praia. Como quem visita um cemitério, o ambiente era palpavelmente grave…”
(in Passeando pela vida – a página)
E havia pessoas que visitavam os locais como eu, mas com uma dificuldade e uma ligação emocional bem mais forte que a minha! Havia gente que perdeu gente ou lutou ali na época e voltava lá, naquele dia… não consegui evitar que uma tristeza profunda se apoderasse de mim…
E eu andava e parava tantas vezes, a cada vez que algo me chamava a atenção, e por ali tudo chama a atenção! Tanto vestígio do passado, tantas exposições de fotos, tantos memoriais, tantas coisas que foram deixadas para trás no tempo da guerra e que estão onde ficaram e onde pertencem….
Na bateria de Longes fui recebida com tanta simpatia, como se achassem que eu os honrava coma minha visita…
tanta gente por ali e tanto silêncio…
As praias estão cheias de restos do passado, podem-se ver até no mar…
A Juno beach foi a mais difícil de encontrar, porque não está bem sinalizada como as outras. Na realidade ela, e todas as praias, estendem-se seguidas umas às outras desde Utah até Sword, e a Juno por vezes sem areia, sem memorial algum….
Mas o mar acusa-a facilmente, cheio de blocos de cimento que pertenceram ao Muro do Atlântico…
E depois de muitos quilómetros, muitas voltas, os últimos memoriais…
“No dia D, na manhã do dia 6 de Junho de 1944, no sector de “Sword beach”, como sempre fizeram os escoceses por muitas gerações, o general da brigada Lord Lovat, chefe da 1ª Brigada Especial em Serviço, mas também chefe do Clan das Highlands, ordenou ao seu tocador pessoal, Bill Millin, que tocasse a sua gaita de foles, enquanto os seus comandos desembarcavam. Por trás do tumulto da batalha, o som da música anunciava a libertação, com o “pipper” abrindo o caminho. Naquele dia os dois se tornaram lendas!”
E a França rende-lhes homenagem com uma escultura inspiradora!
E o fim do percurso tinha de ser em Caen, junto do seu memorial e museu…
Ali se encontram tantas coisas em memória daqueles dias e enaltecendo a paz… ali se encontra também uma das reproduções de autor da celebre pistola com um nó no cano, “No violence”
E fui para casa, com um céu a ameaçar cair-me em cima, para completar o quadro triste que fui construindo ao longo do dia…
Mas em Pirpriac estava um belo pôr-do-sol que me alegrou o serão!
A dona da casa tinha estado todo o dia a fazer chouriças e recebeu-me com animação, mostrando-me a obra num forno que ela tinha no quintal! Curiosa a facilidade com que por ali se fazem estas coisas, mesmo vivendo numa cidade!
Quando subi até casa só queria estar com alguém!
É nestes momentos que o Facebook me faz tanta companhia! Havia muita gente conhecida on-line que me aconchegou o coração, celebramos on-line e tudo, com um copo de vinho, eu lá e os meus ciber-amigos cá!
E foi o fim do 31 dia de viagem! “Amanhã” eu desceria todo o país até ao norte de Espanha, onde fica a zona mais celta da Península Ibérica: as Astúrias e os Picos da Europa!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
29 de agosto de 2014
Um belo sol me despertou no dia seguinte! Que bom, para cobrir grandes distâncias a companhia do sol é sempre bem-vinda!
A casa onde eu estava hospedada estava em obras e fui acordada por alguém que esgravatava na parede do lado de fora.
Espreitei e aquilo deu quase uma cena tipo Romeu e Julieta, com o rapaz no andaime a conversar comigo na janela. Simpático, cobriu-se de desculpas por me ter acordado.
“Sem problema senhor, eu tenho mesmo de partir!”
Porque tem de ser tão perturbador o regresso a casa?
Porque não hei-de ser como toda a gente que, a certo momento, está farto de viajar e quer voltar para o ninho?
É claro que eu gosto de voltar a casa mas, a consciência de tudo o que eu gostaria de ver ainda é tão grande, que eu quero sempre continuar mais um pouco!
Naquele dia eu iria apenas descer a França, sem mais nada para fazer ou ver, apenas descer… e não é fácil descer um pais lindíssimo sem parar a cada quilómetro para ver mais um pouco! Por isso eu pus o meu GPS a pensar por mim, a levar-me por estradas secundárias, evitando tudo o que pudesse perturbar o meu caminho, e desci!
Voltei a passar na igreja de Pipriac, por uma questão de, já que não vou ver nada no caminho ao menos vejo a igreja da terrinha!
E aquela visita deu conversa para caramba com os senhores das lojas ali perto a fazerem-me imensas perguntas e a tirarem fotos à minha moto.
E então seguiu-se um percurso cheio de tudo e de coisa nenhuma!
Por entre searas e vinhas, campos e planícies adornadas com nuvens tão inspiradoras que nada mais me apetecia fazer senão conduzir, deixando a moto deslizar em movimento fluido e absorver tudo o que a minha memória conseguisse, porque o que via seria registado no meu mundo das sensações, não no das recordações históricas!
“Paisagem inspiradora é uma estrada cheia de possibilidades, de descobertas para fazer ou de sensações para despertar! E eu queria ter uma estrada no meu caminho, para fazer de novo amanhã, voltar a sentir que as minhas rodas me levam por onde eu quiser, a mim e aos meus sonhos. E quanto tudo parece tão longe e impossível, há sempre uma imagem gravada de espanto na minha memória, quando os céus me inspiraram e o horizonte me acolheu…”
(in Passeando pela vida – a página)
Cognac, quando as paisagens deixam de ser apenas searas e passam a ser também vinhas….
É tão inspirador viajar com paisagens deslumbrantes e céus impressionantes…
Entrei em Cognac, estava na hora de comer qualquer coisa e, para minha alegria, havia no centro um stand Honda!
A minha bonequinha já levava mais de 12.000 km de viagem sem nada pedir para além de gasolina mas, como já é hábito em todas as viagens que faço, uma luz vinha fundida há uma série de quilómetros!
Eu tenho de aprender de uma vez a trocar uma lâmpada, pois é coisa fácil e necessária, já que há sempre uma que me abandona pelo caminho!
“Como sempre a minha bonequinha ficou ceguinha de um olho há uma série de dias! Isso sempre me aconteceu em todas as motos e em todas as viagens! Mas desde que na Áustria fui a um concessionário Suzuki e quase me desmontaram a frente da moto, demoraram 2 horas a trocar a lâmpada, paguei 36€ e ainda levei o recado de que é muito difícil mudar uma lâmpada na minha moto... desta vez esperei por uma oficina Honda!
10 minutos e 6€ depois estava ela toda alegre e radiosa, com uma olhadela às pastilhas, ao óleo e à pressão dos pneus!
Honda é Honda, não há como a casa mãe! []”
(escrevia eu no meu mural do Facebook)
A simpatia e prontidão com que fui atendida agradou-me bastante, um respeito por quem viaja e tem de continuar o seu caminho, sem que com isso me fizessem pagar excessivamente, como uma taxa de urgência! Apreciei muito!
Gosto de ver a minha bonequinha no meio de outras motos e mesmo assim acha-la a mais linda!
Linda!
E estava na hora de partir de novo...
e vieram mais vinhas, mais planícies, mais searas, até eu chegar a Dax…
Cheguei ao local onde ficaria hospedada e não me apeteceu sair mais.
Eu conheço a sensação de fim, de “não me apetece ver mais senão sinto mais que está a acabar” e foi o que me aconteceu ali. Fechei-me no quarto como uma acção de protesto contra mim mesma, contra a inevitabilidade da vida, contra a sensação de “tenho de amuar e mainada!”
E foi o fim do 32 dia de viagem...
Um belo sol me despertou no dia seguinte! Que bom, para cobrir grandes distâncias a companhia do sol é sempre bem-vinda!
A casa onde eu estava hospedada estava em obras e fui acordada por alguém que esgravatava na parede do lado de fora.
Espreitei e aquilo deu quase uma cena tipo Romeu e Julieta, com o rapaz no andaime a conversar comigo na janela. Simpático, cobriu-se de desculpas por me ter acordado.
“Sem problema senhor, eu tenho mesmo de partir!”
Porque tem de ser tão perturbador o regresso a casa?
Porque não hei-de ser como toda a gente que, a certo momento, está farto de viajar e quer voltar para o ninho?
É claro que eu gosto de voltar a casa mas, a consciência de tudo o que eu gostaria de ver ainda é tão grande, que eu quero sempre continuar mais um pouco!
Naquele dia eu iria apenas descer a França, sem mais nada para fazer ou ver, apenas descer… e não é fácil descer um pais lindíssimo sem parar a cada quilómetro para ver mais um pouco! Por isso eu pus o meu GPS a pensar por mim, a levar-me por estradas secundárias, evitando tudo o que pudesse perturbar o meu caminho, e desci!
Voltei a passar na igreja de Pipriac, por uma questão de, já que não vou ver nada no caminho ao menos vejo a igreja da terrinha!
E aquela visita deu conversa para caramba com os senhores das lojas ali perto a fazerem-me imensas perguntas e a tirarem fotos à minha moto.
E então seguiu-se um percurso cheio de tudo e de coisa nenhuma!
Por entre searas e vinhas, campos e planícies adornadas com nuvens tão inspiradoras que nada mais me apetecia fazer senão conduzir, deixando a moto deslizar em movimento fluido e absorver tudo o que a minha memória conseguisse, porque o que via seria registado no meu mundo das sensações, não no das recordações históricas!
“Paisagem inspiradora é uma estrada cheia de possibilidades, de descobertas para fazer ou de sensações para despertar! E eu queria ter uma estrada no meu caminho, para fazer de novo amanhã, voltar a sentir que as minhas rodas me levam por onde eu quiser, a mim e aos meus sonhos. E quanto tudo parece tão longe e impossível, há sempre uma imagem gravada de espanto na minha memória, quando os céus me inspiraram e o horizonte me acolheu…”
(in Passeando pela vida – a página)
Cognac, quando as paisagens deixam de ser apenas searas e passam a ser também vinhas….
É tão inspirador viajar com paisagens deslumbrantes e céus impressionantes…
Entrei em Cognac, estava na hora de comer qualquer coisa e, para minha alegria, havia no centro um stand Honda!
A minha bonequinha já levava mais de 12.000 km de viagem sem nada pedir para além de gasolina mas, como já é hábito em todas as viagens que faço, uma luz vinha fundida há uma série de quilómetros!
Eu tenho de aprender de uma vez a trocar uma lâmpada, pois é coisa fácil e necessária, já que há sempre uma que me abandona pelo caminho!
“Como sempre a minha bonequinha ficou ceguinha de um olho há uma série de dias! Isso sempre me aconteceu em todas as motos e em todas as viagens! Mas desde que na Áustria fui a um concessionário Suzuki e quase me desmontaram a frente da moto, demoraram 2 horas a trocar a lâmpada, paguei 36€ e ainda levei o recado de que é muito difícil mudar uma lâmpada na minha moto... desta vez esperei por uma oficina Honda!
10 minutos e 6€ depois estava ela toda alegre e radiosa, com uma olhadela às pastilhas, ao óleo e à pressão dos pneus!
Honda é Honda, não há como a casa mãe! []”
(escrevia eu no meu mural do Facebook)
A simpatia e prontidão com que fui atendida agradou-me bastante, um respeito por quem viaja e tem de continuar o seu caminho, sem que com isso me fizessem pagar excessivamente, como uma taxa de urgência! Apreciei muito!
Gosto de ver a minha bonequinha no meio de outras motos e mesmo assim acha-la a mais linda!
Linda!
E estava na hora de partir de novo...
e vieram mais vinhas, mais planícies, mais searas, até eu chegar a Dax…
Cheguei ao local onde ficaria hospedada e não me apeteceu sair mais.
Eu conheço a sensação de fim, de “não me apetece ver mais senão sinto mais que está a acabar” e foi o que me aconteceu ali. Fechei-me no quarto como uma acção de protesto contra mim mesma, contra a inevitabilidade da vida, contra a sensação de “tenho de amuar e mainada!”
E foi o fim do 32 dia de viagem...
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
30 de agosto de 2014
O norte de Espanha era o fim do meu caminho celta. Eu não iria à Galiza, ultimo recanto celta antes de chegar a Portugal, mas iria às Astúrias, simplesmente eu queria acabar os meus dias de viagem ali, num dos recantos mais bonitos que conheço!
O meu mapa celta ficaria praticamente concluído nos dois dias seguintes e isso, se por um lado me enchia de satisfação, como sempre acontece quando concluo uma epopeia sem acidentes nem incidentes, por outro lado enchia-me de nostalgia… e os Picos da Europa seriam o sitio perfeito para eu parar, relaxar e passear um pouco, tão perto do céu, tão no meio do paraíso!
O dia acordou ranhoso mas mesmo assim eu não teria de correr por ali baixo até ao meu destino seguinte sem nada ver!
Dax estava ali à mão de semear e eu nada vira no dia anterior, por isso fui passear pela cidade! A cidade é conhecida como termal, portanto com vestígios romanos, como em todos os recantos da Europa onde há termas!
Junto da igreja havia feira, também é costume haver feiras ao fim-de-semana junto das igrejas, hábitos medievais a maior parte das vezes!
A igreja, que é uma catedral, a Cathédrale Notre-Dame de Dax, estava fechada mas a feira estava aberta e muito interessante.
Oh, o aspeto que a comida tinha já aquela hora da manhã! Apetecia atacar logo um frango assado ou um prato de paelha!
E os queijos! Oh os queijos franceses sempre me tiram do sério!
Mas eu ia tomar o pequeno almoço, não ia almoçar ainda, era muito cedo!
Foi curiosa a sensação de estar em casa que se gerou!
Sentei-me numa esplanada onde, pelo que me apercebi depois, toda clientela era gente da feira e por isso amigos e conhecidos entre si. Ficaram muito espantados a olhar para mim enquanto pousava amoto ali ao lado, até deram pareceres onde eu podia encosta-la sem perturbar. Depois quando me sentei e pedi um croissant e um café e o dono do café disse que já não tinha mais croissants os vizinhos das outras mesas deram-me dos deles, que não tinham comido.
“Mangez, vous avez besoin d'énergie pour conduire cet avion la!”
E foi na mais amena cavaqueira que eu me enchi de croissants e queijo e fiambre e sumo de laranja e tudo e não saia mais dali se não me forçasse a afastar com um adeus respondido por uma dúzia de mãos no ar!
Gente simples é gente boa em todos os países! Adorei-os!
A voltinha da praxe pela cidade foi feita de moto. É sempre assim, dou umas voltas por um lado e pelo outro, encontro o que procuro, paro um pouco…
Os morais sempre me fazem parar! Sempre que encontro “trompe l'oeil” eu paro!
Alguns são tão bem feitos que confundem mesmo os olhos, que vêem gente em janelas que não existem ao lado de gente que existe em janelas reais!
E lá estavam as termas romanas!
À saída da cidade, o touro!
As touradas e largadas de touros não são exclusividade peninsular, na França também são muito apreciadas, sobretudo por ali, pelo país basco francês!
As festas de Dax são parecidas com as de Bayonne, toda a gente veste de branco com faixas vermelhas, soltam-se touros e toda a gente corre em loucura pelas ruas, ao estilo do Festival de San Fermin em Pamplona e Navarra.
E por falar em Bayonne, era para lá que eu iria a seguir!
Ficava mesmo no meu caminho!
O dia estava cinzento, o que era uma pena, pois aquela cidade com sol é uma delícia! Assim o rio Adour estava meio tristinho com a cidade em seu redor menos colorida do que habitualmente!
A catedral sempre me despertou o interesse e nunca a tinha conseguido ver por dentro!
Sempre que passei em Bayonne havia festa e gente pelas ruas e a catedral estava fechada!
Mas desta vez a festa ia longe e estava mesmo à minha espera: aberta e sozinha!
A Catedral de Sainte-Marie de Bayonne é uma construção gótica extraordinária! Demorou uma eternidade até estar pronta, desde o séc. XIII quando começou a sua construção, com uns 4 séculos para acabar o corpo e mais 2 para terminar as torres! Como outras construções pela Europa, demorou para caramba a reunir as condições para a irem terminando!
Aquele teto, como sempre numa construção gótica, lindo!
E o claustro!
Como eu queria vê-lo…
Não havia ninguém por ali, embora o claustro tenha saída direta para rua, e eu sentei-me no chão e fiquei ali a olhar!
O centro do claustro é relvado e a igreja é visível dali como não é da rua, já que as casas estão muito perto e não dão ângulo para a ver!
Não resisti a tomar um café ali mesmo, numa esplanada junto ao edifício e curtir a sua presença tão perto!
E ali mesmo, nos recantos formados pelo próprio edifício da catedral, estava gente a vender as suas pinturas!
Pinturas para todos os gostos, incluindo o mau gosto!
Depois vinham as ruinhas, lindas, ladeadas de casa altas e coloridas!
Eu adoro aquelas ruas!
Com gente “maluca” sempre em festa algures! Pelo menos é assim sempre que ali passo!
A sensação de estar ali sempre se assemelha para mim a estar numa cidade espanhola!
Cheia de gente animada e viva e ambiente de festa, mesmo quando a festa já foi há tempos!
Apreciar a cidade de longe, do outro lado do rio…
Passear pelos seus recantos e descobrir pormenores curiosos…
Era tudo o que eu queria fazer há algum tempo, por isso desta vez eu passei lá no fim de viagem e não no início, quando apanho sempre as festas da cidade no auge!
A minha menina ainda encontrou uma prima antes de partirmos de Bayonne! []
O caminho é sempre o mesmo, por ali, e faço-o como se fosse uma rotina infinitas vezes repetida… e é! Quantas vezes já passei em Saint-Jean-de-Luz…
Depois entra-se em Espanha, quando a praia alterna com a montanha…
A foz do rio Agüera em Oriñón, sempre impressionante!
E a estrada encantadora que me levaria ao meu destino!
Chegar ali, depois de uma viagem cheia de coisas encantadoras, foi como colocar calmamente a cereja em cima do bolo!
Perdi-me pelos montes, como sempre me perco quando ando pelos Picos da Europa! São simplesmente caminhos por onde vale a pena e apetece perder-me!
Até que decidi subir até onde eu iria dormir!
As nuvens iam ficando ao meu nível… ou eu ao nível delas! Ali eu podia dizer que andava mesmo com a cabeça nas nuvens!
Eu queria subir e ficar, ter tempo para parar, ficar quieta, curtir aquele paraíso, naquele sitio onde eu já não ia há muito tempo!
Porque, como todos os sítios onde eu passo com frequência, eu alterno as zonas que visito, para que não me farte, para que haja sempre algo que eu não vejo há tempos, quando volto a passar!
O tempo que eu demorei a percorrer aqueles caminho de encanto, as vezes que eu parei, apenas para olhar, por vezes até me esquecendo de fotografar!
O sol punha-se e eu chegava a casa, que naquele dia seria em Sotres! Aos anos que eu não ía ali!
E foi o fim do 33º dia de viagem…
O norte de Espanha era o fim do meu caminho celta. Eu não iria à Galiza, ultimo recanto celta antes de chegar a Portugal, mas iria às Astúrias, simplesmente eu queria acabar os meus dias de viagem ali, num dos recantos mais bonitos que conheço!
O meu mapa celta ficaria praticamente concluído nos dois dias seguintes e isso, se por um lado me enchia de satisfação, como sempre acontece quando concluo uma epopeia sem acidentes nem incidentes, por outro lado enchia-me de nostalgia… e os Picos da Europa seriam o sitio perfeito para eu parar, relaxar e passear um pouco, tão perto do céu, tão no meio do paraíso!
O dia acordou ranhoso mas mesmo assim eu não teria de correr por ali baixo até ao meu destino seguinte sem nada ver!
Dax estava ali à mão de semear e eu nada vira no dia anterior, por isso fui passear pela cidade! A cidade é conhecida como termal, portanto com vestígios romanos, como em todos os recantos da Europa onde há termas!
Junto da igreja havia feira, também é costume haver feiras ao fim-de-semana junto das igrejas, hábitos medievais a maior parte das vezes!
A igreja, que é uma catedral, a Cathédrale Notre-Dame de Dax, estava fechada mas a feira estava aberta e muito interessante.
Oh, o aspeto que a comida tinha já aquela hora da manhã! Apetecia atacar logo um frango assado ou um prato de paelha!
E os queijos! Oh os queijos franceses sempre me tiram do sério!
Mas eu ia tomar o pequeno almoço, não ia almoçar ainda, era muito cedo!
Foi curiosa a sensação de estar em casa que se gerou!
Sentei-me numa esplanada onde, pelo que me apercebi depois, toda clientela era gente da feira e por isso amigos e conhecidos entre si. Ficaram muito espantados a olhar para mim enquanto pousava amoto ali ao lado, até deram pareceres onde eu podia encosta-la sem perturbar. Depois quando me sentei e pedi um croissant e um café e o dono do café disse que já não tinha mais croissants os vizinhos das outras mesas deram-me dos deles, que não tinham comido.
“Mangez, vous avez besoin d'énergie pour conduire cet avion la!”
E foi na mais amena cavaqueira que eu me enchi de croissants e queijo e fiambre e sumo de laranja e tudo e não saia mais dali se não me forçasse a afastar com um adeus respondido por uma dúzia de mãos no ar!
Gente simples é gente boa em todos os países! Adorei-os!
A voltinha da praxe pela cidade foi feita de moto. É sempre assim, dou umas voltas por um lado e pelo outro, encontro o que procuro, paro um pouco…
Os morais sempre me fazem parar! Sempre que encontro “trompe l'oeil” eu paro!
Alguns são tão bem feitos que confundem mesmo os olhos, que vêem gente em janelas que não existem ao lado de gente que existe em janelas reais!
E lá estavam as termas romanas!
À saída da cidade, o touro!
As touradas e largadas de touros não são exclusividade peninsular, na França também são muito apreciadas, sobretudo por ali, pelo país basco francês!
As festas de Dax são parecidas com as de Bayonne, toda a gente veste de branco com faixas vermelhas, soltam-se touros e toda a gente corre em loucura pelas ruas, ao estilo do Festival de San Fermin em Pamplona e Navarra.
E por falar em Bayonne, era para lá que eu iria a seguir!
Ficava mesmo no meu caminho!
O dia estava cinzento, o que era uma pena, pois aquela cidade com sol é uma delícia! Assim o rio Adour estava meio tristinho com a cidade em seu redor menos colorida do que habitualmente!
A catedral sempre me despertou o interesse e nunca a tinha conseguido ver por dentro!
Sempre que passei em Bayonne havia festa e gente pelas ruas e a catedral estava fechada!
Mas desta vez a festa ia longe e estava mesmo à minha espera: aberta e sozinha!
A Catedral de Sainte-Marie de Bayonne é uma construção gótica extraordinária! Demorou uma eternidade até estar pronta, desde o séc. XIII quando começou a sua construção, com uns 4 séculos para acabar o corpo e mais 2 para terminar as torres! Como outras construções pela Europa, demorou para caramba a reunir as condições para a irem terminando!
Aquele teto, como sempre numa construção gótica, lindo!
E o claustro!
Como eu queria vê-lo…
Não havia ninguém por ali, embora o claustro tenha saída direta para rua, e eu sentei-me no chão e fiquei ali a olhar!
O centro do claustro é relvado e a igreja é visível dali como não é da rua, já que as casas estão muito perto e não dão ângulo para a ver!
Não resisti a tomar um café ali mesmo, numa esplanada junto ao edifício e curtir a sua presença tão perto!
E ali mesmo, nos recantos formados pelo próprio edifício da catedral, estava gente a vender as suas pinturas!
Pinturas para todos os gostos, incluindo o mau gosto!
Depois vinham as ruinhas, lindas, ladeadas de casa altas e coloridas!
Eu adoro aquelas ruas!
Com gente “maluca” sempre em festa algures! Pelo menos é assim sempre que ali passo!
A sensação de estar ali sempre se assemelha para mim a estar numa cidade espanhola!
Cheia de gente animada e viva e ambiente de festa, mesmo quando a festa já foi há tempos!
Apreciar a cidade de longe, do outro lado do rio…
Passear pelos seus recantos e descobrir pormenores curiosos…
Era tudo o que eu queria fazer há algum tempo, por isso desta vez eu passei lá no fim de viagem e não no início, quando apanho sempre as festas da cidade no auge!
A minha menina ainda encontrou uma prima antes de partirmos de Bayonne! []
O caminho é sempre o mesmo, por ali, e faço-o como se fosse uma rotina infinitas vezes repetida… e é! Quantas vezes já passei em Saint-Jean-de-Luz…
Depois entra-se em Espanha, quando a praia alterna com a montanha…
A foz do rio Agüera em Oriñón, sempre impressionante!
E a estrada encantadora que me levaria ao meu destino!
Chegar ali, depois de uma viagem cheia de coisas encantadoras, foi como colocar calmamente a cereja em cima do bolo!
Perdi-me pelos montes, como sempre me perco quando ando pelos Picos da Europa! São simplesmente caminhos por onde vale a pena e apetece perder-me!
Até que decidi subir até onde eu iria dormir!
As nuvens iam ficando ao meu nível… ou eu ao nível delas! Ali eu podia dizer que andava mesmo com a cabeça nas nuvens!
Eu queria subir e ficar, ter tempo para parar, ficar quieta, curtir aquele paraíso, naquele sitio onde eu já não ia há muito tempo!
Porque, como todos os sítios onde eu passo com frequência, eu alterno as zonas que visito, para que não me farte, para que haja sempre algo que eu não vejo há tempos, quando volto a passar!
O tempo que eu demorei a percorrer aqueles caminho de encanto, as vezes que eu parei, apenas para olhar, por vezes até me esquecendo de fotografar!
O sol punha-se e eu chegava a casa, que naquele dia seria em Sotres! Aos anos que eu não ía ali!
E foi o fim do 33º dia de viagem…
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
31 de agosto de 2014
Eu queria tanto ficar ali por muitos dias…
O albergue fica no extremo do penhasco onde fica o pueblo, acima dos 1000 metros de altitude e com o precipício tão perto quanto deslumbrante. Podem-se ver algumas casas da aldeia mais à frente e apetece ficar, relaxar, aproveitar o tempo para escrever um pouco, talvez desenhar…
Mas não dava mais, eu tinha de partir, o mês de agosto estava a chegar ao fim e no dia seguinte eu iria para casa. Felizmente o tempo ajudava, com um sol radioso e uma temperatura amena, que desceria a pique ao anoitecer, mas tudo bem.
A cada vez que passo eu visito os Pico da Europa e, à semelhança do que faço em sítios onde passo muitas vezes, escolho uma parte diferente para passear e, desta vez, a minha estadia em Sotres tinha como intensão levar-me a reviver caminhos que não fazia há tanto tempo! Há tanto tempo que ainda os fiz de Africa Twin, percorrendo trilhos e catando caminhos cheios de beleza.
Sem uma trail eu não poderia meter-me por trilhos, mas podia explorar ruelas em caracol a pique que eu conhecia e era o que eu estava determinada a fazer: levar a minha motita até ao topo dos montes e rever picos que são para mim “velhos amigos”.
E sem querer ir muito longe, apenas me deixando ir, a quantidade de coisas que eu veria naquele dia!
No albergue estava alojado um motard que meteu conversa comigo na noite anterior. Era espanhol, já não me lembro de onde, e não queria ir a lado nenhum, não gostava de nada do que eu gosto, não via interesse nas coisas que me moviam e apenas viera até ali para fazer quilómetros.
Fiquei a vê-lo preparar-se para partir, imaginando o que eu faria naquele dia se tivesse a moto dele à minha disposição!
Eu não tinha pressa nenhuma, tinha o dia inteiro para passear e a minha motita leve e sem tralhas para me acompanhar, tudo o que eu precisava para ser feliz!
Apenas o caminho desde Sotres até ao mundo real cá em baixo já era um deslumbramento em cada curva!
Difícil seguir quando o que apetece é parar e fotografar cada pedaço de caminho!
Então, de entre as ruinhas sem pavimento, lá apareceu a que eu queria, estreitinha, cheia de curvas e com um piso aceitável para a minha bonequinha poder subir!
Era a estrada do paraíso!
Com uma sequência extraordinária de curvas em cotovelo a inspirar a condução!
Então eu vi-o!
Parei a moto mesmo ali e fiquei a aprecia-lo!
Ao tempo que eu não via o Naranjo de Bulnes e lá estava ele, imponente e tão visível como poucas vezes está!
Sentei-me na moto e desenhei…
Ali acima fica um mirador. É tão bom caminhar por tão impressionantes caminhos sem um milhão de turistas a perturbar o silêncio!
Como um altar onde se pode venerar a natureza, é o que aquele, e outros miradores por ali são!
Deslumbrante!
“O Urriellu Picu, ou Naranjo de Bulnes, é aquele pico extraordinário no coração dos Picos de Europa que se impõe, como se de gente se tratasse, sobre nós! Majestoso, não é o ponto mais alto daqui da montanha, mas é seguramente o mais mítico. E basta olhar para ele para se entender porquê. Fiquei ali a olha-lo como se fosse a primeira vez que o via. A montanha sempre tem esse efeito sobre mim. Tenho de o rever amanhã, antes de me ir embora, em tom de despedida.”
(in Passeando pela vida – a página)
Simplesmente não conseguia tirar os olhos dele!
E voltei a desenhar!
Que tempo inspirador estava! Um céu azul intenso sempre inspira para fotografar e desenhar!
Inspiração para explorar caminhos duvidosos mas que a minha bonequinha ainda vai conseguindo fazer!
E quando se vai aos Picos há sempre um ou dois pontos de passagem obrigatória!
Covadonga, uma rápida passagem, só para ver se está tudo no mesmo sítio!
Pelayo, o primeiro rei das Asturias, a quem chamam o primeiro rei de Espanha!
Ainda espreitei na igreja mas é proibido fotografar e quando me proíbem de fotografar a vontade que tenho é de voltar as costas e sair, e foi o que fiz!
(in Passeando pela vida – a página)
Outro ponto de visita obrigatória é Cangas de Onis, com a sua igreja tão característica e o monumento a D. Pelayo na frente!
Ali não havia impedimento a fotografias. Eu nunca entendo muito bem porque não é permitido fotografar o interior de determinadas igrejas, parece que uma foto rouba algo ao monumento! Desde que não se use flash, nada se perde numa foto!
A igreja é recente, de meados do séc XX, e é consagrada a Nuestra Señora de la Asunción.
E logo ali fica o mercado que estava cheio de vida e de coisas boas!
, o que eu me fartei de comer por ali enquanto catava todos os recantos e bancadas! Aquela espécie de empadas e bôlas de carne e de tudo, acompanhadas por uma boa cerveja, com uns pedacinhos de queijo que me iam oferecendo para eu provar, foi uma alegria!
Depois veio a ponte, tinha de vir! Incontornável a visita! Não sei quantas vezes já a visitei, nem quantas vezes já subi ali acima, mas naquele dia eu estava particularmente interessada em ficar um pouco junto dela.
Acontece-me frequentemente ao chegar a casa sentir que devia ter aproveitado mais um momento e, ao voltar a passar, corrijo o erro! E foi o que fiz, sobretudo porque queria fazer alguns desenhos e, da última vez que ali estive não estava sozinha, por isso não pude faze-lo!
De cima da ponte a paisagem é interessante! Ninguém imagina que a ponte é tão alta e que se consegue ver tão longe lá de cima!
Eu iria explorar aqueles lados a seguir, o Camin da la Reina, depois de explorar melhor a redondeza da ponte!
Aos pés da ponte há rochas com fartura para a gente passear, que estão frequentemente repletas de gente a fazer poses para a fotografia, com a ponte como cenário de fundo. Típico!
“Chamam-lhe ponte Romana mas ela denuncia traços posteriores, pode ser uma remodelação/reconstrução de uma ponte anterior e daí venha o seu nome! A Puente Romano de Cangas de Onís é como que o ex-libris da cidade, impossível passar e ficar indiferente! Da última vez que lá passei dei-me ao requinte de a viver bem de perto, passei-lhe por cima, desci ao rio Sella, passeei-me por baixo, pelos rochedos acessíveis, e admirei os seus encantos em todos os ângulos. É uma ponte admirável num ambiente encantador!”
(in Passeando pela vida – a página)
Mas eu queria ir para o outro lado, o lado que ninguém vê e onde ninguém quer ser visto!
O Rio Sella é muito bonito ali, tal como eu me lembrava e tal como eu precisava!
Sentei-me e ali fiquei, primeiro sem fazer nada, apenas a apreciar os encantos da envolvência…
A ponte vista deste lado é muito mais encantadora do que do outro, porque não se vê ninguém, aos magotes lá em cima a espreitar para a fotografia. Deste lado ela está só e linda!
Procurei um sítio menos frontal, gosto de ver as coisas em ângulos inspiradores…
e desenhei!
Fiquei ali tanto tempo, fiz vários desenhos, comi o resto das empadas e do queijo, acabei coma cerveja e só depois é que me fui embora.
O Camín de la Reina tem origem num caminho romano e deve o seu nome à Rainha Isabel II que o percorreu um dia a caminho de Covadonga! Começa logo a seguir à ponte e passa por 2 ou 3 pequenos povoados muito fofinhos!
E fui eu andando, parando e desenhando mais um pouco, aqui e ali!
Eu adoro aqueles espigueiros!
O rio, sempre encantador acompanha boa parte do percurso, tendo até uma central elétrica algures numa encruzilhada, entre o voltar à estrada principal e o continuar pelo monte acima.
Claro que eu continuei pelo monte acima!
E quase pelo monte abaixo também, com a rua a desfalecer aqui e ali!
Que importa se as ruas têm saída ou se eu vou ter de voltar para trás a qualquer momento? Importa o que eu vou vendo e vivendo!
Então segui para Riaño que aquele embalse sempre me fascina!
"Eu nunca tinha visto o Embalse de Riaño tão vazio, talvez porque passe por aqueles sítios sempre no início da primavera e desta vez era já o fim do verão. Não sei! Mas a sensação foi de inteira novidade! A água era mais baixa, os montes eram mais altos e aquele leve toque de desolação provocado pelo vazio conferiu àquele reencontro um sabor de espanto, que não seria de esperar considerando a quantidade de vezes que já ali estivera antes. É sempre assim, nada está realmente visto para sempre, há uma emoção em cada visita que a faz ser única de novo!”
(in Passeando pela vida – a página)
Riaño é sempre um pueblo encantador, com os montes impressionantes como pano de fundo, esmo se o embalse está em baixo!
E a ponte, de repente, parecia tão alta! Uma sensação curiosa ver tudo de novo e ser como se fosse tudo novo!
O regresso a casa não tinha de ser pelo meso sitio, por isso atravessei o parque natural em direção a Caín. Eu não iria até lá, mas iria curtir uma paisagem extraordinária e diferente do que vira durante o dia!
Tão relaxante passear pela montanha, tão gratificante sentir todas as variações de temperatura, todas as nuances dos odores da terra! Tão gratificante tudo por ali…
Era ali que eu viraria para casa…
“Não há nada que perturbe a serenidade de uma estrada de montanha, quando não há mais ninguém a percorrer o mesmo caminho que eu. E não há duas montanhas semelhantes, mesmo quando elas se erguem em altos muros de pedra bruta, a pique, a partir do chão, há algo no que vejo e sinto que me leva para os Alpes, algo que me traz para os Picos. E eu passeava por caminhos de Caín, como quem passeia pela primeira vez pelo paraíso, mesmo sendo caminhos tão conhecidos, tão já percorridos. Há sempre algo de novo na beleza, algo nunca visto, que faz com ela valha a pena reviver e revisitar…uma vez e outra…”
(in Passeando pela vida – a página)
E cheguei a casa que naquela noite seria ainda em Sotres…
E foi o fim do… penúltimo dia de viagem… amanhã eu iria para casa, para minha casa!
Eu queria tanto ficar ali por muitos dias…
O albergue fica no extremo do penhasco onde fica o pueblo, acima dos 1000 metros de altitude e com o precipício tão perto quanto deslumbrante. Podem-se ver algumas casas da aldeia mais à frente e apetece ficar, relaxar, aproveitar o tempo para escrever um pouco, talvez desenhar…
Mas não dava mais, eu tinha de partir, o mês de agosto estava a chegar ao fim e no dia seguinte eu iria para casa. Felizmente o tempo ajudava, com um sol radioso e uma temperatura amena, que desceria a pique ao anoitecer, mas tudo bem.
A cada vez que passo eu visito os Pico da Europa e, à semelhança do que faço em sítios onde passo muitas vezes, escolho uma parte diferente para passear e, desta vez, a minha estadia em Sotres tinha como intensão levar-me a reviver caminhos que não fazia há tanto tempo! Há tanto tempo que ainda os fiz de Africa Twin, percorrendo trilhos e catando caminhos cheios de beleza.
Sem uma trail eu não poderia meter-me por trilhos, mas podia explorar ruelas em caracol a pique que eu conhecia e era o que eu estava determinada a fazer: levar a minha motita até ao topo dos montes e rever picos que são para mim “velhos amigos”.
E sem querer ir muito longe, apenas me deixando ir, a quantidade de coisas que eu veria naquele dia!
No albergue estava alojado um motard que meteu conversa comigo na noite anterior. Era espanhol, já não me lembro de onde, e não queria ir a lado nenhum, não gostava de nada do que eu gosto, não via interesse nas coisas que me moviam e apenas viera até ali para fazer quilómetros.
Fiquei a vê-lo preparar-se para partir, imaginando o que eu faria naquele dia se tivesse a moto dele à minha disposição!
Eu não tinha pressa nenhuma, tinha o dia inteiro para passear e a minha motita leve e sem tralhas para me acompanhar, tudo o que eu precisava para ser feliz!
Apenas o caminho desde Sotres até ao mundo real cá em baixo já era um deslumbramento em cada curva!
Difícil seguir quando o que apetece é parar e fotografar cada pedaço de caminho!
Então, de entre as ruinhas sem pavimento, lá apareceu a que eu queria, estreitinha, cheia de curvas e com um piso aceitável para a minha bonequinha poder subir!
Era a estrada do paraíso!
Com uma sequência extraordinária de curvas em cotovelo a inspirar a condução!
Então eu vi-o!
Parei a moto mesmo ali e fiquei a aprecia-lo!
Ao tempo que eu não via o Naranjo de Bulnes e lá estava ele, imponente e tão visível como poucas vezes está!
Sentei-me na moto e desenhei…
Ali acima fica um mirador. É tão bom caminhar por tão impressionantes caminhos sem um milhão de turistas a perturbar o silêncio!
Como um altar onde se pode venerar a natureza, é o que aquele, e outros miradores por ali são!
Deslumbrante!
“O Urriellu Picu, ou Naranjo de Bulnes, é aquele pico extraordinário no coração dos Picos de Europa que se impõe, como se de gente se tratasse, sobre nós! Majestoso, não é o ponto mais alto daqui da montanha, mas é seguramente o mais mítico. E basta olhar para ele para se entender porquê. Fiquei ali a olha-lo como se fosse a primeira vez que o via. A montanha sempre tem esse efeito sobre mim. Tenho de o rever amanhã, antes de me ir embora, em tom de despedida.”
(in Passeando pela vida – a página)
Simplesmente não conseguia tirar os olhos dele!
E voltei a desenhar!
Que tempo inspirador estava! Um céu azul intenso sempre inspira para fotografar e desenhar!
Inspiração para explorar caminhos duvidosos mas que a minha bonequinha ainda vai conseguindo fazer!
E quando se vai aos Picos há sempre um ou dois pontos de passagem obrigatória!
Covadonga, uma rápida passagem, só para ver se está tudo no mesmo sítio!
Pelayo, o primeiro rei das Asturias, a quem chamam o primeiro rei de Espanha!
Ainda espreitei na igreja mas é proibido fotografar e quando me proíbem de fotografar a vontade que tenho é de voltar as costas e sair, e foi o que fiz!
(in Passeando pela vida – a página)
Outro ponto de visita obrigatória é Cangas de Onis, com a sua igreja tão característica e o monumento a D. Pelayo na frente!
Ali não havia impedimento a fotografias. Eu nunca entendo muito bem porque não é permitido fotografar o interior de determinadas igrejas, parece que uma foto rouba algo ao monumento! Desde que não se use flash, nada se perde numa foto!
A igreja é recente, de meados do séc XX, e é consagrada a Nuestra Señora de la Asunción.
E logo ali fica o mercado que estava cheio de vida e de coisas boas!
, o que eu me fartei de comer por ali enquanto catava todos os recantos e bancadas! Aquela espécie de empadas e bôlas de carne e de tudo, acompanhadas por uma boa cerveja, com uns pedacinhos de queijo que me iam oferecendo para eu provar, foi uma alegria!
Depois veio a ponte, tinha de vir! Incontornável a visita! Não sei quantas vezes já a visitei, nem quantas vezes já subi ali acima, mas naquele dia eu estava particularmente interessada em ficar um pouco junto dela.
Acontece-me frequentemente ao chegar a casa sentir que devia ter aproveitado mais um momento e, ao voltar a passar, corrijo o erro! E foi o que fiz, sobretudo porque queria fazer alguns desenhos e, da última vez que ali estive não estava sozinha, por isso não pude faze-lo!
De cima da ponte a paisagem é interessante! Ninguém imagina que a ponte é tão alta e que se consegue ver tão longe lá de cima!
Eu iria explorar aqueles lados a seguir, o Camin da la Reina, depois de explorar melhor a redondeza da ponte!
Aos pés da ponte há rochas com fartura para a gente passear, que estão frequentemente repletas de gente a fazer poses para a fotografia, com a ponte como cenário de fundo. Típico!
“Chamam-lhe ponte Romana mas ela denuncia traços posteriores, pode ser uma remodelação/reconstrução de uma ponte anterior e daí venha o seu nome! A Puente Romano de Cangas de Onís é como que o ex-libris da cidade, impossível passar e ficar indiferente! Da última vez que lá passei dei-me ao requinte de a viver bem de perto, passei-lhe por cima, desci ao rio Sella, passeei-me por baixo, pelos rochedos acessíveis, e admirei os seus encantos em todos os ângulos. É uma ponte admirável num ambiente encantador!”
(in Passeando pela vida – a página)
Mas eu queria ir para o outro lado, o lado que ninguém vê e onde ninguém quer ser visto!
O Rio Sella é muito bonito ali, tal como eu me lembrava e tal como eu precisava!
Sentei-me e ali fiquei, primeiro sem fazer nada, apenas a apreciar os encantos da envolvência…
A ponte vista deste lado é muito mais encantadora do que do outro, porque não se vê ninguém, aos magotes lá em cima a espreitar para a fotografia. Deste lado ela está só e linda!
Procurei um sítio menos frontal, gosto de ver as coisas em ângulos inspiradores…
e desenhei!
Fiquei ali tanto tempo, fiz vários desenhos, comi o resto das empadas e do queijo, acabei coma cerveja e só depois é que me fui embora.
O Camín de la Reina tem origem num caminho romano e deve o seu nome à Rainha Isabel II que o percorreu um dia a caminho de Covadonga! Começa logo a seguir à ponte e passa por 2 ou 3 pequenos povoados muito fofinhos!
E fui eu andando, parando e desenhando mais um pouco, aqui e ali!
Eu adoro aqueles espigueiros!
O rio, sempre encantador acompanha boa parte do percurso, tendo até uma central elétrica algures numa encruzilhada, entre o voltar à estrada principal e o continuar pelo monte acima.
Claro que eu continuei pelo monte acima!
E quase pelo monte abaixo também, com a rua a desfalecer aqui e ali!
Que importa se as ruas têm saída ou se eu vou ter de voltar para trás a qualquer momento? Importa o que eu vou vendo e vivendo!
Então segui para Riaño que aquele embalse sempre me fascina!
"Eu nunca tinha visto o Embalse de Riaño tão vazio, talvez porque passe por aqueles sítios sempre no início da primavera e desta vez era já o fim do verão. Não sei! Mas a sensação foi de inteira novidade! A água era mais baixa, os montes eram mais altos e aquele leve toque de desolação provocado pelo vazio conferiu àquele reencontro um sabor de espanto, que não seria de esperar considerando a quantidade de vezes que já ali estivera antes. É sempre assim, nada está realmente visto para sempre, há uma emoção em cada visita que a faz ser única de novo!”
(in Passeando pela vida – a página)
Riaño é sempre um pueblo encantador, com os montes impressionantes como pano de fundo, esmo se o embalse está em baixo!
E a ponte, de repente, parecia tão alta! Uma sensação curiosa ver tudo de novo e ser como se fosse tudo novo!
O regresso a casa não tinha de ser pelo meso sitio, por isso atravessei o parque natural em direção a Caín. Eu não iria até lá, mas iria curtir uma paisagem extraordinária e diferente do que vira durante o dia!
Tão relaxante passear pela montanha, tão gratificante sentir todas as variações de temperatura, todas as nuances dos odores da terra! Tão gratificante tudo por ali…
Era ali que eu viraria para casa…
“Não há nada que perturbe a serenidade de uma estrada de montanha, quando não há mais ninguém a percorrer o mesmo caminho que eu. E não há duas montanhas semelhantes, mesmo quando elas se erguem em altos muros de pedra bruta, a pique, a partir do chão, há algo no que vejo e sinto que me leva para os Alpes, algo que me traz para os Picos. E eu passeava por caminhos de Caín, como quem passeia pela primeira vez pelo paraíso, mesmo sendo caminhos tão conhecidos, tão já percorridos. Há sempre algo de novo na beleza, algo nunca visto, que faz com ela valha a pena reviver e revisitar…uma vez e outra…”
(in Passeando pela vida – a página)
E cheguei a casa que naquela noite seria ainda em Sotres…
E foi o fim do… penúltimo dia de viagem… amanhã eu iria para casa, para minha casa!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
1 de Setembro de 2014
E este era o meu ultimo dia de viagem, o dia em que eu iria embora, aquele em que a minha casa, ao fim do dia, seria mesmo em casa.
Há sempre uma vontade de voltar e rever o meu canto, o meu moçoilo, parar e nada fazer para além de apreciar o estar! Mas há sempre também uma enorme vontade de continuar, de seguir explorando, descobrindo. É tão difícil lidar com a sensação de urgência, de necessidade de continuar fora do banal e da rotina do dia-a-dia…
O meu mapa seria o mais simples e menos criativo, como um ponto final pode ser…
Estava fresquinho ali em cima, mas eu tomei o pequeno almoço cá fora, com a minha motita como companhia e a paisagem inspiradora a alegrar a minha despedida!
Sotres estava particularmente solarenga e colorida, o que era uma inspiração para a minha ultima passeata por aqueles montes!
E de novo a estrada serpenteante, desde o topo dos montes, me fez querer continuar a conduzir eternamente pela montanha.
Cabrales lá ao fundo…
Mas eu não iria embora já, eu queria subir até Bulnes antes de partir e, demorasse quanto demorasse, eu iria faze-lo!
Antes de ser construído o funicular, o acesso à aldeia lá em cima era difícil, por caminhos irregulares e nem sempre acessíveis. Mas agora tudo é simples!
Entra-se naquela espécie de autocarro em degraus…
E sai-se lá em cima, junto da aldeia!
Uma pequena placa anuncia o nosso ponto de chegada!
“Bulnes (La Villa), como aparece designada na placa que nos recebe quando chegados ao pueblo vindos do funicular, é uma aldeia encantadora a mais de 600 metros do nível do mar, com a montanha gigantesca a servir de paisagem e proteção! E, para lá da montanha que fica mesmo em cima, fica o Naranjo de Bulnes, imponente, como uma entidade que tudo vê, tudo observa, lá em cima. Este pequeno pueblo já foi o mais isolado de toda a Espanha mas agora conta com o funicular que se tornou uma ponte tão pratica e bem-vinda, para turistas, alpinistas e habitantes. E foi nele que eu subi até ao paraíso. A calma e a paz tomou conta de mim mal cheguei lá acima, e a vontade era de ficar, caminhar, escrever, desenhar… fechar os olhos e reter para sempre aquela sensação. Subi um pouco o monte, nunca poderia ir até ao Naranjo, mas podia ficar lá em cima mais um pouco, no meio de vacas e riachos e ruídos feitos de silencio como só a natureza sabe fazer…”
(in Passeando pela vida – a página)
A aldeia é um encanto, com ruinhas estreitinhas e casinhas que parecem de brincar!
Passeei por ali sem qualquer pressa, afinal as coisas bonitas não têm tempo para ser apreciadas!
Pormenores que enchem de encanto o que já é encantador!
Tem ali mesmo, na berma do riacho, um restaurante lindo e eu decidi que iria almoçar ali. Seria o meu local de despedida da aldeia e da viagem, depois eu iria para casa contente e com uma belíssima memória!
Mas antes eu iria subir o monte!
Não muito, mas iria subir enquanto me apetecesse subir, para ver e ficar um pouco pelo caminho a apreciar o momento!
As perspetivas da aldeia eram sempre encantadoras, sobretudo quando me afastava e ela ia ficando para trás… lá para baixo…
O caminho é empedrado, o que facilita a sua descoberta no meio da vegetação e a sua escalada.
Mas à medida que ia subindo ele ia ficando cada vez mais torto e escavacado! Alguém andava a revirar as pedras que o calcetavam!
A subida ingreme valia a pena, pela paisagem que ia proporcionando e pela paz do silêncio que me permitia experimentar.
Sentava-me na berma do caminho e olhava em volta. Havia casitas pela encosta, refúgios ou apenas casebres de armazenamento de materiais, que tornavam o enquadramento perfeito!
Fiz zoom e percebi que eram mesmo casinhas habitadas!
Eu não tinha água nos meus pinceis de reservatório, uma falha minha que não os enchera lá em baixo, mas podia ouvir o restolhar da água por ali. Se a água fosse limpa poderia enche-los com água da montanha!
Lá estava ela! Não era muita, podia-se ver que o pequeno lago habitualmente suportaria muito mais água, mas o verão ia adiantado por isso já se perdera muita!
E sim, era bem limpa e sem impurezas! Eu podia encher os meus pinceis sem temer que alguma poeira entupisse a passagem da água do reservatório para o pincel em si!
Ora com os pinceis prontos já podia fazer umas aguarelas simples por ali!
Então eu vi de novo o Naranjo!
E enquanto olhava para ele um avião completou o quadro com uma linha branca. Que coisa bonita!
O pico é verdadeiramente impressionante!
Ouvia chocalhar perto de mim, no meio do silêncio da montanha, uma vaquinha pastava placidamente.
Vaquinhas de alta montanha que escalam os caminhos e lhes reviram as pedras! Entendi de repente quem dava cabo do caminho que eu vinha percorrendo!
Ouviam-se chocalhos mais em baixo e mais alem, havia vacas a pastar por ali sem que eu entendesse de onde vinham ou para onde iam!
E as suas pegadas de repente tornavam-se tão obvias por entre as pedras do caminho!
Comecei a descida, não tinha interesse em ir muito mais longe pois não iria caminhar até ao pico nem voltaria para Sotres por ali. Eu iria voltar a Bulnes, comer e descer o funicular!
Varias grupos de pessoas começavam a subir quando eu estava já a descer. Deviam ficar intrigados questionando-se de onde vinha eu de chapéu e blusão debaixo do braço, quando todos os que encontrei subindo iam equipados com roupas próprias para caminhar!
E, tal como decidira à chegada, fui almoçar, tudo aquilo a que tenho direito por aquelas terras, onde se come tão bem!
As mesas na esplanada são encantadoras, com flores por perto e o riacho a correr ao lado.
Havia gente do outro lado a comer sandes e eu não tive inveja nenhuma delas, pois o meu menu prometia ser bom!
A minha ultima refeição de viagem era composta por entradas de patê com tostas e vinho! Trouxeram-me uma garrafa inteira de vinho só para mim!!!
Depois uma bela fabada asturiana!
E foi só aí que me lembrei de fazer uma (tão na moda) selfie!
A seguir veio carne com batatas. Valha-me Deus, aquela gente não parava de me trazer comida!
E por fim ainda tive direito a sobremesa e café e não me apetecia andar, só rolar…
Não sei quanto tempo fiquei ali a curtir uma barriga cheia de comida, até que me obriguei a levantar da mesa e ir embora!
O funicular fica por ali, no meio dos montes…
E desci sozinha, àquela hora as pessoas queriam subir, não descer!
E fiz-me à estrada, sem vontade de parar em lado nenhum!
Afinal se eu tinha de voltar para casa, que fosse logo, não valeria a pena andar a catar as proximidades, pois essas eu cato a qualquer momento!
Cheguei a casa cedo, o moçoilo esperava-me na garagem para me dar as boas-vindas e me tirar as ultimas fotos da viagem.
A minha motita, mais uma vez, portou-se muito bem nesta viagem, sempre fiel e amiga, agora ficaria sem malas a dormir na sua casa depois de mais de um mês de estrada.
E eu cheguei ao meu escritório a tempo de ver o pôr-do-sol na minha janela…
E foi o fim do ultimo dia de viagem...
Cheguei a casa depois de:
34 dias
16.500 km
15.600 fotos
850 litros de gasolina
1.250.50 € em gasolina
629 € em dormidas
244€ Ferrys
Despesa total: 2.615.48 €
O que me faltou?
Um pouco mais de tempo para explorar tanta beleza que tive de deixar para trás!
O que sobrou?
Encantamento ao percorrer terras antigas cheias de lendas e vestígios de um passado que me fascina, como é o celta.
O que valeu a pena?
Tudo valeu a pena, porque depois das chuva os céus são lindos e límpidos e as nuvens da Escócia contrastam de uma forma deslumbrante esse azul…
O que teria dispensado?
Alguns momentos de frustração que a chuva provocou, quando começou a interferir com o mp3 e com a maquina fotográfica!
O que me apetece dizer ainda?
Esta viagem foi deslumbrante e variada o suficiente para ter deixado uma sensação de que ficou muito para ver!
Adeus e até ao meu próximo regresso à estrada!
E este era o meu ultimo dia de viagem, o dia em que eu iria embora, aquele em que a minha casa, ao fim do dia, seria mesmo em casa.
Há sempre uma vontade de voltar e rever o meu canto, o meu moçoilo, parar e nada fazer para além de apreciar o estar! Mas há sempre também uma enorme vontade de continuar, de seguir explorando, descobrindo. É tão difícil lidar com a sensação de urgência, de necessidade de continuar fora do banal e da rotina do dia-a-dia…
O meu mapa seria o mais simples e menos criativo, como um ponto final pode ser…
Estava fresquinho ali em cima, mas eu tomei o pequeno almoço cá fora, com a minha motita como companhia e a paisagem inspiradora a alegrar a minha despedida!
Sotres estava particularmente solarenga e colorida, o que era uma inspiração para a minha ultima passeata por aqueles montes!
E de novo a estrada serpenteante, desde o topo dos montes, me fez querer continuar a conduzir eternamente pela montanha.
Cabrales lá ao fundo…
Mas eu não iria embora já, eu queria subir até Bulnes antes de partir e, demorasse quanto demorasse, eu iria faze-lo!
Antes de ser construído o funicular, o acesso à aldeia lá em cima era difícil, por caminhos irregulares e nem sempre acessíveis. Mas agora tudo é simples!
Entra-se naquela espécie de autocarro em degraus…
E sai-se lá em cima, junto da aldeia!
Uma pequena placa anuncia o nosso ponto de chegada!
“Bulnes (La Villa), como aparece designada na placa que nos recebe quando chegados ao pueblo vindos do funicular, é uma aldeia encantadora a mais de 600 metros do nível do mar, com a montanha gigantesca a servir de paisagem e proteção! E, para lá da montanha que fica mesmo em cima, fica o Naranjo de Bulnes, imponente, como uma entidade que tudo vê, tudo observa, lá em cima. Este pequeno pueblo já foi o mais isolado de toda a Espanha mas agora conta com o funicular que se tornou uma ponte tão pratica e bem-vinda, para turistas, alpinistas e habitantes. E foi nele que eu subi até ao paraíso. A calma e a paz tomou conta de mim mal cheguei lá acima, e a vontade era de ficar, caminhar, escrever, desenhar… fechar os olhos e reter para sempre aquela sensação. Subi um pouco o monte, nunca poderia ir até ao Naranjo, mas podia ficar lá em cima mais um pouco, no meio de vacas e riachos e ruídos feitos de silencio como só a natureza sabe fazer…”
(in Passeando pela vida – a página)
A aldeia é um encanto, com ruinhas estreitinhas e casinhas que parecem de brincar!
Passeei por ali sem qualquer pressa, afinal as coisas bonitas não têm tempo para ser apreciadas!
Pormenores que enchem de encanto o que já é encantador!
Tem ali mesmo, na berma do riacho, um restaurante lindo e eu decidi que iria almoçar ali. Seria o meu local de despedida da aldeia e da viagem, depois eu iria para casa contente e com uma belíssima memória!
Mas antes eu iria subir o monte!
Não muito, mas iria subir enquanto me apetecesse subir, para ver e ficar um pouco pelo caminho a apreciar o momento!
As perspetivas da aldeia eram sempre encantadoras, sobretudo quando me afastava e ela ia ficando para trás… lá para baixo…
O caminho é empedrado, o que facilita a sua descoberta no meio da vegetação e a sua escalada.
Mas à medida que ia subindo ele ia ficando cada vez mais torto e escavacado! Alguém andava a revirar as pedras que o calcetavam!
A subida ingreme valia a pena, pela paisagem que ia proporcionando e pela paz do silêncio que me permitia experimentar.
Sentava-me na berma do caminho e olhava em volta. Havia casitas pela encosta, refúgios ou apenas casebres de armazenamento de materiais, que tornavam o enquadramento perfeito!
Fiz zoom e percebi que eram mesmo casinhas habitadas!
Eu não tinha água nos meus pinceis de reservatório, uma falha minha que não os enchera lá em baixo, mas podia ouvir o restolhar da água por ali. Se a água fosse limpa poderia enche-los com água da montanha!
Lá estava ela! Não era muita, podia-se ver que o pequeno lago habitualmente suportaria muito mais água, mas o verão ia adiantado por isso já se perdera muita!
E sim, era bem limpa e sem impurezas! Eu podia encher os meus pinceis sem temer que alguma poeira entupisse a passagem da água do reservatório para o pincel em si!
Ora com os pinceis prontos já podia fazer umas aguarelas simples por ali!
Então eu vi de novo o Naranjo!
E enquanto olhava para ele um avião completou o quadro com uma linha branca. Que coisa bonita!
O pico é verdadeiramente impressionante!
Ouvia chocalhar perto de mim, no meio do silêncio da montanha, uma vaquinha pastava placidamente.
Vaquinhas de alta montanha que escalam os caminhos e lhes reviram as pedras! Entendi de repente quem dava cabo do caminho que eu vinha percorrendo!
Ouviam-se chocalhos mais em baixo e mais alem, havia vacas a pastar por ali sem que eu entendesse de onde vinham ou para onde iam!
E as suas pegadas de repente tornavam-se tão obvias por entre as pedras do caminho!
Comecei a descida, não tinha interesse em ir muito mais longe pois não iria caminhar até ao pico nem voltaria para Sotres por ali. Eu iria voltar a Bulnes, comer e descer o funicular!
Varias grupos de pessoas começavam a subir quando eu estava já a descer. Deviam ficar intrigados questionando-se de onde vinha eu de chapéu e blusão debaixo do braço, quando todos os que encontrei subindo iam equipados com roupas próprias para caminhar!
E, tal como decidira à chegada, fui almoçar, tudo aquilo a que tenho direito por aquelas terras, onde se come tão bem!
As mesas na esplanada são encantadoras, com flores por perto e o riacho a correr ao lado.
Havia gente do outro lado a comer sandes e eu não tive inveja nenhuma delas, pois o meu menu prometia ser bom!
A minha ultima refeição de viagem era composta por entradas de patê com tostas e vinho! Trouxeram-me uma garrafa inteira de vinho só para mim!!!
Depois uma bela fabada asturiana!
E foi só aí que me lembrei de fazer uma (tão na moda) selfie!
A seguir veio carne com batatas. Valha-me Deus, aquela gente não parava de me trazer comida!
E por fim ainda tive direito a sobremesa e café e não me apetecia andar, só rolar…
Não sei quanto tempo fiquei ali a curtir uma barriga cheia de comida, até que me obriguei a levantar da mesa e ir embora!
O funicular fica por ali, no meio dos montes…
E desci sozinha, àquela hora as pessoas queriam subir, não descer!
E fiz-me à estrada, sem vontade de parar em lado nenhum!
Afinal se eu tinha de voltar para casa, que fosse logo, não valeria a pena andar a catar as proximidades, pois essas eu cato a qualquer momento!
Cheguei a casa cedo, o moçoilo esperava-me na garagem para me dar as boas-vindas e me tirar as ultimas fotos da viagem.
A minha motita, mais uma vez, portou-se muito bem nesta viagem, sempre fiel e amiga, agora ficaria sem malas a dormir na sua casa depois de mais de um mês de estrada.
E eu cheguei ao meu escritório a tempo de ver o pôr-do-sol na minha janela…
E foi o fim do ultimo dia de viagem...
Cheguei a casa depois de:
34 dias
16.500 km
15.600 fotos
850 litros de gasolina
1.250.50 € em gasolina
629 € em dormidas
244€ Ferrys
Despesa total: 2.615.48 €
O que me faltou?
Um pouco mais de tempo para explorar tanta beleza que tive de deixar para trás!
O que sobrou?
Encantamento ao percorrer terras antigas cheias de lendas e vestígios de um passado que me fascina, como é o celta.
O que valeu a pena?
Tudo valeu a pena, porque depois das chuva os céus são lindos e límpidos e as nuvens da Escócia contrastam de uma forma deslumbrante esse azul…
O que teria dispensado?
Alguns momentos de frustração que a chuva provocou, quando começou a interferir com o mp3 e com a maquina fotográfica!
O que me apetece dizer ainda?
Esta viagem foi deslumbrante e variada o suficiente para ter deixado uma sensação de que ficou muito para ver!
Adeus e até ao meu próximo regresso à estrada!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Cucu!
Espero que tenham apreciado minimamente esta crónica, que se tornou longa e demorada porque outras coisas relacionadas com viagens me foram prendendo o tempo e a atenção!
Se a apreciaram, ou se nem a leram, sempre podem voltar a ela e relê-la pois haverá tempo, dado que não haverá próxima crónica!
Sim, haverá próxima viagem, mas não haverá próxima crónica, porque da próxima viagem surgirá um livro… assim, se quiserem saber novidades terão de esperar que ele seja escrito, paginado, impresso e comercializado, e garanto que não se deverão desiludir, considerando que não será um livro de viagens comum.
Ok, nada em mim é muito comum afinal, mas esse livro será à minha maneira, nada terá a ver com uma crónica e será recheado de desenhos, aguarelas e fotografias, a ilustrar “estórias” mais do que história!
Vamo-nos vendo por aí, enquanto desenho a próxima viagem …
Espero que tenham apreciado minimamente esta crónica, que se tornou longa e demorada porque outras coisas relacionadas com viagens me foram prendendo o tempo e a atenção!
Se a apreciaram, ou se nem a leram, sempre podem voltar a ela e relê-la pois haverá tempo, dado que não haverá próxima crónica!
Sim, haverá próxima viagem, mas não haverá próxima crónica, porque da próxima viagem surgirá um livro… assim, se quiserem saber novidades terão de esperar que ele seja escrito, paginado, impresso e comercializado, e garanto que não se deverão desiludir, considerando que não será um livro de viagens comum.
Ok, nada em mim é muito comum afinal, mas esse livro será à minha maneira, nada terá a ver com uma crónica e será recheado de desenhos, aguarelas e fotografias, a ilustrar “estórias” mais do que história!
Vamo-nos vendo por aí, enquanto desenho a próxima viagem …
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda Ramos escreveu:Cucu!
porque da próxima viagem surgirá um livro…
Opá, Fantástico
Joao Luis- Já dorme com a moto!
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Esse livro está demorado.. já não era sem tempo!
Foto curiosa a do túnel do funicular.
Foto curiosa a do túnel do funicular.
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Que lindo local para terminares a tua viagem!!! A aldeia de Bulnes continua envolta em paz e harmonia mesmo após ter-se tornado mais fácil o seu acesso com o funicular. E então o caminho que segue até ao Naranjo e ao refugio de Urriellu é deslumbrante!
Fico á espera da tua próxima viagem e claro que vou sentir a falta das tuas crónicas e excelentes fotos.
Fico á espera da tua próxima viagem e claro que vou sentir a falta das tuas crónicas e excelentes fotos.
Espsanto- Zero à direita
Viagens
Por falar em viagens.. acho que fica bem aqui
https://youtu.be/qbUTx7nxhak
https://youtu.be/qbUTx7nxhak
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Uma crónica fabulosa...
Foi muito bom acompanhar esta tua viagem, muito obrigada
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Joao Luis escreveu:Gracinda Ramos escreveu:Cucu!
porque da próxima viagem surgirá um livro…
Opá, Fantástico
Estou a tratar disso, vamos ver se sai mesmo o que eu quero, esperando que vocês gostem!
Rambo escreveu:Esse livro está demorado.. já não era sem tempo!
Foto curiosa a do túnel do funicular.
Haverá uma viagem desenhada especialmente para esse fim! Conto dar novidades em breve!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Espsanto escreveu:Que lindo local para terminares a tua viagem!!! A aldeia de Bulnes continua envolta em paz e harmonia mesmo após ter-se tornado mais fácil o seu acesso com o funicular. E então o caminho que segue até ao Naranjo e ao refugio de Urriellu é deslumbrante!
Fico á espera da tua próxima viagem e claro que vou sentir a falta das tuas crónicas e excelentes fotos.
Há muito tempo que eu não ía a Bulnes e foi mesmo a cereja em cima do bolo nesta viagem, para terminar! De uma próxima vez tenho de pensar em caminhar até ao Naranjo!
Na próxima viagem não haverá cronica mas eu darei mais noticias pelo caminho, pelo menos assim espero! Já que não há crónica, há novidades frequentes!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Página 7 de 8 • 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8
Tópicos semelhantes
» A caminho e por caminhos (bons e maus) de Vinhais
» Qualquer coisa como TransEstrelaica (percorrer a Serra da Estrela pelos caminhos menos turísticos e mais deslumbrantes)
» Passeando pela Suíça - 2012
» Passeando até à Escócia!
» Passeando pela Arrábida
» Qualquer coisa como TransEstrelaica (percorrer a Serra da Estrela pelos caminhos menos turísticos e mais deslumbrantes)
» Passeando pela Suíça - 2012
» Passeando até à Escócia!
» Passeando pela Arrábida
Página 7 de 8
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|