Procurar
Entrar
Últimos assuntos
» Tour Alpes 2024 - Alpes francesespor José Luiz Qua Out 16 2024, 15:25
» Descubra a beleza de Ponte da Barca: Um passeio encantador pelo coração do Minho
por parchao Sex Abr 26 2024, 07:14
» Normandia
por Cesar Filipe Qui Abr 25 2024, 12:32
» Natureza SELVAGEM : QUEDAS de Água do Gerês Xurés
por parchao Dom Abr 07 2024, 14:07
» Motovloggers em Evolução: Desconstruindo Hábitos
por parchao Seg Mar 04 2024, 20:52
» Mota, Estradas e Paisagens: Da Régua a Amarante - Portugal
por parchao Ter Fev 27 2024, 14:24
» [Notícia] PR promulga diploma que adia inspeções obrigatórias para motociclos
por Serzedo Dom Dez 31 2023, 14:56
» Almoço de amigos 2023
por Serzedo Qui Dez 21 2023, 14:52
» Sertã Autêntica: Uma Viagem pela História e Cultura 4k
por parchao Dom Dez 10 2023, 19:56
» Explorar a Rota Atlântica: Uma Experiência de Mota Inesquecível
por parchao Qui Nov 30 2023, 08:31
» Passeio em Algodres: Olhar Íntimo sobre Esta Aldeia Distinta
por parchao Sáb Nov 25 2023, 15:14
» [Cancelado] Encontro de Natal M&D 2023
por Serzedo Seg Nov 20 2023, 11:58
» Sobrevoo Sereno: Descobrindo os Encantos Aéreos dos Lagos do Sabor
por parchao Sáb Nov 04 2023, 15:42
» Roteiro por Mogadouro: História, Cultura e Natureza 4k
por parchao Sáb Nov 04 2023, 15:40
» Explorando o Coração de Portugal: Pedrógão Grande 4k
por parchao Sex Out 20 2023, 19:31
» Rota Panorâmica: Aventura de Moto na Serra da Estrela 4k
por parchao Dom Set 03 2023, 08:38
» Sierra de Gredos (Espanha)
por Serzedo Qui Ago 24 2023, 09:39
» De Moto por Marrocos!
por Swift Qua Ago 23 2023, 11:35
» Ribeira de Pena - Portugal - Aventura Única e Memorável - 4k
por parchao Sáb Ago 19 2023, 14:42
» Parque Natural Las Batuecas – Sierra de Francia e Las Hurdes (Espanha)
por Swift Sex Ago 18 2023, 15:43
» Miranda do Douro - Parque Natural - Bragança - Portugal - 4k
por parchao Dom Ago 13 2023, 20:17
» Nagoselo do Douro -Portugal-Imponentes Paisagens-4k
por parchao Dom Ago 13 2023, 20:15
» Voltinha até ao Alpes Franceses
por Cesar Filipe Dom Ago 06 2023, 18:32
» como transportar moto do brasil para portugal
por Akio Yamaguchi Sáb Jul 22 2023, 20:08
» [Notícia] Linhas brancas para ajudar motociclistas nas curvas
por nunomsp Dom Jul 09 2023, 14:43
» Descubra a magia de Góis 4k
por parchao Sex Jul 07 2023, 19:53
» EN 304 Motor Boxer - Bike Sound
por parchao Qui Jun 15 2023, 17:40
» Ruinas Sanatório Albergaria Grandella Portugal Montachique 4k
por parchao Qui Jun 15 2023, 17:38
» Senhora da Graça-Monte Farinha-Aerial View-portugal 4k video
por parchao Seg maio 29 2023, 18:03
» Freixo de Espada à Cinta - Douro Internacional - Portugal-4k
por parchao Qui maio 11 2023, 18:51
» Mêda - Guarda - Portugal 4k
por parchao Qui maio 11 2023, 18:49
» [Notícia] IPO de motociclos
por Serzedo Qui maio 11 2023, 13:08
» Penacova Coimbra Portugal - Roteiro do Arista 4K
por parchao Sáb Abr 22 2023, 17:03
» Alguma volta programada?
por PTex Dom Mar 12 2023, 23:22
» Sebolido Boneca Penafiel Douro Porto Portugal 4k
por parchao Sex Mar 10 2023, 20:23
» EN 221 Motor boxer - BMW R1200RT - BIKE SOUND
por Velasquez Qua Mar 08 2023, 21:35
» Vila Nova de Foz Côa - Beautiful Place to Visit in Portugal 4k
por parchao Dom Fev 19 2023, 11:27
» Visita Barcelos (4K) - Beauty of Portugal from Every Angle
por parchao Dom Fev 19 2023, 09:45
» Está frio, mas ainda assim...
por Serzedo Qui Jan 26 2023, 10:13
» Retrospetiva 2022 - A Terapia do Ano (DJI 4k)
por parchao Seg Jan 16 2023, 19:52
» Monsaraz - Alentejo - Enorme varanda do Alqueva 4k
por parchao Ter Dez 27 2022, 13:51
» 5 BELOS ROTEIROS NO MINHO
por o_mototurista Sáb Dez 24 2022, 14:25
» 5 BELOS ROTEIROS EM TRÁS-OS-MONTES
por o_mototurista Sáb Dez 24 2022, 14:23
» Evento de Natal M&D 2022 ( Datas 3 e 4 de Dezembro 2022)
por Serzedo Ter Dez 13 2022, 15:13
» Tour Alpes 2022, Alpes Franceses + Itália e Suiça
por Velasquez Dom Dez 11 2022, 17:14
Doação por Paypal
A Sierra de la Culebra
+7
mytic
alexandre
Constancio
Carlos Balio
Rui
Trophyvitor
TodayAdventure
11 participantes
Página 1 de 1
A Sierra de la Culebra
A Sierra de la Culebra
Meio de uma tarde de Primavera. O artigo que estou a tentar escrever em casa teima em não "sair". Olho pela janela. Está sol mas, a Norte, nuvens negras ameaçam trovoada. Imagino um daqueles fins de tarde de luz magnífica que o tempo instável costuma trazer. Sem muitas demoras saio, direcção "extremo nordeste de Portugal", para uma zona do Parque Natural de Montesinho chamada Lombada, conhecida pela riqueza faunística. Há muitos veados por aqui. E sei, por técnicos do Parque, que é nesta zona que param com frequência algumas famílias de (raros) lobos que sobrevivem na região.
Rumo a Gimonde, a poucos quilómetros de Bragança. Gimonde bem podia ser chamada a aldeia-restaurante da capital de distrito, tal é a concentração de restaurantes à beira da estrada nesta pequena aldeia. É aqui que encontramos o famoso Abel, ou o Chefe Ruca, que todos conhecem na cidade. Depois sigo, serra acima, pela estrada mais a nordeste de Portugal, até Babe, onde começa um planalto. A estrada sobe, sobre e a Honda Today segue a fundo, entre os 25 e os 30 km/h. Passei várias vezes nesta estrada, de bicicleta, de automóvel ou numa moto muito mais potente, mas é primeira vez que reparo em alguns detalhes, no vale que existe à direita na estrada. É a primeira vez que há tempo para olhar, para "digerir" o que observo. De carro ou numa moto grande vou depressa demais, de bicicleta vou a arfar, concentrado na respiração, em vencer a subida.
Apesar de ir muito mais devagar do que o costume, a viagem não me parece mais longa... Chego à proximidade da aldeia de Babe num ápice. Mesmo antes de entrar na aldeia, consigo avistar duas cerejeiras, na encosta inclinada que desce em direcção ao rio, à minha direita. Nunca tinha reparado nelas.
O terreno parece abandonado e resolvo descer por um caminho de terra batida, quase até ao rio. Páro a pequerrucha, faço mira às cerejeiras e trepo a encosta até aos ramos mais baixos.
Não eram muito doces, mas são-no o suficiente para reconfortar o estômago e relembrar o quanto os prazeres da vida são simples.
Regresso ao asfalto. A temperatura não podia ser melhor. Ameaça trovoada ao longe, a noroeste, levanta-se uma brisa. No céu os aviões deixam um rasto durante muito tempo, sinal de que há calmaria lá no alto da atmosfera.
A fotografia seguinte... será prova de que estamos perante um ser divino? Beatificação para a pequerrucha? ;-)
O trânsito, como poderão adivinhar pela foto, é quase inexistente. A aldeia seguinte é Vila Meã, depois de Palácios e de S. Julião. Alguns idosos à porta... Não vejo crianças. Continuo sem parar, em direcção da aldeia seguinte (Deilão), nesta estrada que percorre a Lombada.
Entretanto a meio do caminho dou com um cruzamento para a capela de Sta Eulália.
Já aqui passei várias vezes, sei que os habitantes de Deilão se reunem junto da capela em convívios, mas NUNCA fiz este desvio. É hoje, então!
É muito curioso observar a diferença desta cerejeira em relação à da primeira foto, tiradas com poucos minutos de intervalo. Aqui estamos a uma altitude um pouco maior, o clima é ligeiramente diferente, um pouco mais frio. As cerejeiras demoram mais a frutificar!
O Padre Belarmino Afonso é uma das figuras do distrito e tem, na cidade de Bragança, um museu etnográfico que lhe foi dedicado.
Cultiva-se a terra
Vista para a capela
Ao fundo, um posto de observação florestal (para detecção de fogos)
As vistas da capela, para Norte
Regresso à estrada "principal". Passo por depois por Deilão, uma aldeia suja, o que por aqui quer dizer quase sempre, "relativamente rica". Os muitos animais da aldeia deixam as marcas da sua passagem, na sua rotina diária em direcção aos pastos nas terras circundantes. Muitos animais = riqueza, pessoas, aldeia maior. Os outros sinais parecem bater certo. Vejo mais pessoas, alguns adolescentes, que podem até viver em Bragança e estarem apenas a passar o seu fim-de-semana, há mais movimento. A associação local tem aspecto de estar activa, os quintais estão cultivados, algumas pessoas cuidam deles neste fim de tarde.
Mais alguns quilómetros a 30 ou 40 km/h, em direcção à última aldeia, onde já estive muitas vezes: Guadramil. É a povoação mais a nordeste de Portugal e uma das mais ameaçadas de abandono total. Só velhos, em número que não ultrapassa 20/30 (no Inverno bastante menos ainda). No entanto não chego a atingir esta aldeia. Viro um pouco antes, para a Petisqueira, mais uma das aldeias encravadas do extremo nordeste - mas neste caso um pouco beneficiada pelo relevo no local (mais suave) e pela proximidade de aldeias espanholas, mais populadas dos que as transmontanas.
O troço de estrada que vai até à Petisqueira acompanha a linha de fronteira e podem-se ver os marcos.
A serra da Culebra, que se estende para Norte, seguida das serranias da Sanabria, é riscada por inúmeros corta-fogos.
Marco de fronteira
A terra cultivada junto à Petisqueira
A Petisqueira é uma aldeia muito pequena e isolada mas pode ver-se uma grua!
Estrada que segue da Petisqueira até ao Rio Maçãs
Esta estrada foi asfaltada há muito pouco tempo. Era antigamente um caminho de contrabando e está agora em trabalhos finais de pavimentação do lado espanhol.
Do lado espanhol há outro parque de merendas.
O Rio Maçãs, fronteira física e administrativa entre Portugal e Espanha. A travessia foi na versão soft (sem molhar as peúgas). A versão hard vem daqui a pouco.
É o primeiro sinal que vemos do lado de lá do Maçãs! A colheita de cogumelos, não regulamentada em Portugal é regulada em Espanha. Os cogumelos são uma das riquezas da zona e algumas espécies, como as trufas são um pitéu relativamente caro, pelo menos em Espanha. Todos os Outonos me dedico a fotografar cogumelos (podia-me dar para pior, não!).
Por todo o lado há giestas de várias cores: amarelas, brancas, noutros locais quase só de cor lilás.
Após uma meia dúzia de quilómetros trepando pela serra acima à estonteante velocidade de 20 km/h (confesso que me apeteceu momentanamente fazer estas curvas numa moto com motor :-) ), chego à aldeia espanhola de Figueruela de Arriba. Era mais ou menos o meu destino. Apesar de as aldeias espanholas não parecerem tão desertificadas, também há problemas com o envelhecimento das populações e fraca fixação de jovens. Esta é um parque infantil abandonado a precisar de disfarçar a ferrugem com tinta fresca...
Local para crianças (humanas e de duas rodas... )
Parque infantil decadente (2)
Correrei perigo???
Um balancé com falta de uso...
Chega a carninha de vitela"
O velho cata-vento...
Parque de Campismo de Figueruela
À saída da aldeia vê-se aquilo que vos queria mostrar. Um parque de campismo de 1ª classe, com piscina, bar, campo de ténis, bungalows, para além do óbvio espaço para acampar, no meio do nada. Se quisesse um local para o descanso total era para aqui que viria. A fotografia mostra também duas senhoras a caminhar ao fim da tarde. É um dos emblemas da zona: TODA a gente, de todas as idades, anda a caminhar ao final do dia, junto à estrada.
Mais informações sobre o camping? Consultem aqui: http://www.elcampingdelasierra.com/ .
Cada uma destas pequenas regiões da comarca tem uma vocação própria. À esquerda, vê-se desenhada a fronteira nordeste portuguesa.
A homenagem a um ex-alcaide de Figueruela de Arriba
Pronta para ir ao churrasco... ;-)
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (1)
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (2)
A dança da Primavera
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (3)
Marco da Via Romana XVII (Braga-Astorga)
Às portas da aldeia de Figueruela de Arriba, pode ver-se que ali passa uma Via antiga Romana, que faz parte de uma rede de vias que atravessavam a península ibérica. Esta via em concreto, a XVII, que passa junto ao camping, ligava Braga, em Portugal, a Astorga em Espanha e tinha 750 km de comprimento.
Nas duas fotografias do que sobra de uma pequena árvore, depois de um incêndio, descubra as diferenças... :-)
Perguntarão o que tem a Sierra da la Culebra afinal, de especial. O que é especial é ser um local muito pouco visitado, preservado, discreto, cheio de vida animal e vegetal. Um paraíso de tranquilidade, para caminhantes e amantes da natureza. Lobos, cervídeos e muito mais, aqui vivem sem pressão dos humanos. Foi nesta serra que os veados, depois de extintos durante muito tempo, foram reintroduzidos pelos espanhóis há tempos atrás. A população tem vindo a aumentar cada vez mais, fruto de boa disponibilidade de alimentação e abrigo, a caça é muito controlada, e expandiram-se para as regiões portuguesas do Parque de Montesinho.
O dia vai-se extinguindo e eu regresso a casa, do meu pequeno "curativo espiritual" . Regresso pela aldeia de Riomanzanas que quase tem ligação asfaltada a Portugal.
Foram só três ou quatro horas de vadiagem, mas com um bom "poder vitamínico".
Para terminar, um pouco de orientação, para se perceber melhor por onde andei. A pouquíssimo conhecida Sierra de la Culebra é ofuscada pela bem mais conhecida e próxima Sanabria (com o seu impressionante lago glaciar e uma infraestrutura turística razoável), mas é um pequeno paraíso de tranquilidade.
Meio de uma tarde de Primavera. O artigo que estou a tentar escrever em casa teima em não "sair". Olho pela janela. Está sol mas, a Norte, nuvens negras ameaçam trovoada. Imagino um daqueles fins de tarde de luz magnífica que o tempo instável costuma trazer. Sem muitas demoras saio, direcção "extremo nordeste de Portugal", para uma zona do Parque Natural de Montesinho chamada Lombada, conhecida pela riqueza faunística. Há muitos veados por aqui. E sei, por técnicos do Parque, que é nesta zona que param com frequência algumas famílias de (raros) lobos que sobrevivem na região.
Rumo a Gimonde, a poucos quilómetros de Bragança. Gimonde bem podia ser chamada a aldeia-restaurante da capital de distrito, tal é a concentração de restaurantes à beira da estrada nesta pequena aldeia. É aqui que encontramos o famoso Abel, ou o Chefe Ruca, que todos conhecem na cidade. Depois sigo, serra acima, pela estrada mais a nordeste de Portugal, até Babe, onde começa um planalto. A estrada sobe, sobre e a Honda Today segue a fundo, entre os 25 e os 30 km/h. Passei várias vezes nesta estrada, de bicicleta, de automóvel ou numa moto muito mais potente, mas é primeira vez que reparo em alguns detalhes, no vale que existe à direita na estrada. É a primeira vez que há tempo para olhar, para "digerir" o que observo. De carro ou numa moto grande vou depressa demais, de bicicleta vou a arfar, concentrado na respiração, em vencer a subida.
Apesar de ir muito mais devagar do que o costume, a viagem não me parece mais longa... Chego à proximidade da aldeia de Babe num ápice. Mesmo antes de entrar na aldeia, consigo avistar duas cerejeiras, na encosta inclinada que desce em direcção ao rio, à minha direita. Nunca tinha reparado nelas.
O terreno parece abandonado e resolvo descer por um caminho de terra batida, quase até ao rio. Páro a pequerrucha, faço mira às cerejeiras e trepo a encosta até aos ramos mais baixos.
Não eram muito doces, mas são-no o suficiente para reconfortar o estômago e relembrar o quanto os prazeres da vida são simples.
Regresso ao asfalto. A temperatura não podia ser melhor. Ameaça trovoada ao longe, a noroeste, levanta-se uma brisa. No céu os aviões deixam um rasto durante muito tempo, sinal de que há calmaria lá no alto da atmosfera.
A fotografia seguinte... será prova de que estamos perante um ser divino? Beatificação para a pequerrucha? ;-)
O trânsito, como poderão adivinhar pela foto, é quase inexistente. A aldeia seguinte é Vila Meã, depois de Palácios e de S. Julião. Alguns idosos à porta... Não vejo crianças. Continuo sem parar, em direcção da aldeia seguinte (Deilão), nesta estrada que percorre a Lombada.
Entretanto a meio do caminho dou com um cruzamento para a capela de Sta Eulália.
Já aqui passei várias vezes, sei que os habitantes de Deilão se reunem junto da capela em convívios, mas NUNCA fiz este desvio. É hoje, então!
É muito curioso observar a diferença desta cerejeira em relação à da primeira foto, tiradas com poucos minutos de intervalo. Aqui estamos a uma altitude um pouco maior, o clima é ligeiramente diferente, um pouco mais frio. As cerejeiras demoram mais a frutificar!
O Padre Belarmino Afonso é uma das figuras do distrito e tem, na cidade de Bragança, um museu etnográfico que lhe foi dedicado.
Cultiva-se a terra
Vista para a capela
Ao fundo, um posto de observação florestal (para detecção de fogos)
As vistas da capela, para Norte
Regresso à estrada "principal". Passo por depois por Deilão, uma aldeia suja, o que por aqui quer dizer quase sempre, "relativamente rica". Os muitos animais da aldeia deixam as marcas da sua passagem, na sua rotina diária em direcção aos pastos nas terras circundantes. Muitos animais = riqueza, pessoas, aldeia maior. Os outros sinais parecem bater certo. Vejo mais pessoas, alguns adolescentes, que podem até viver em Bragança e estarem apenas a passar o seu fim-de-semana, há mais movimento. A associação local tem aspecto de estar activa, os quintais estão cultivados, algumas pessoas cuidam deles neste fim de tarde.
Mais alguns quilómetros a 30 ou 40 km/h, em direcção à última aldeia, onde já estive muitas vezes: Guadramil. É a povoação mais a nordeste de Portugal e uma das mais ameaçadas de abandono total. Só velhos, em número que não ultrapassa 20/30 (no Inverno bastante menos ainda). No entanto não chego a atingir esta aldeia. Viro um pouco antes, para a Petisqueira, mais uma das aldeias encravadas do extremo nordeste - mas neste caso um pouco beneficiada pelo relevo no local (mais suave) e pela proximidade de aldeias espanholas, mais populadas dos que as transmontanas.
O troço de estrada que vai até à Petisqueira acompanha a linha de fronteira e podem-se ver os marcos.
A serra da Culebra, que se estende para Norte, seguida das serranias da Sanabria, é riscada por inúmeros corta-fogos.
Marco de fronteira
A terra cultivada junto à Petisqueira
A Petisqueira é uma aldeia muito pequena e isolada mas pode ver-se uma grua!
Estrada que segue da Petisqueira até ao Rio Maçãs
Esta estrada foi asfaltada há muito pouco tempo. Era antigamente um caminho de contrabando e está agora em trabalhos finais de pavimentação do lado espanhol.
Do lado espanhol há outro parque de merendas.
O Rio Maçãs, fronteira física e administrativa entre Portugal e Espanha. A travessia foi na versão soft (sem molhar as peúgas). A versão hard vem daqui a pouco.
É o primeiro sinal que vemos do lado de lá do Maçãs! A colheita de cogumelos, não regulamentada em Portugal é regulada em Espanha. Os cogumelos são uma das riquezas da zona e algumas espécies, como as trufas são um pitéu relativamente caro, pelo menos em Espanha. Todos os Outonos me dedico a fotografar cogumelos (podia-me dar para pior, não!).
Por todo o lado há giestas de várias cores: amarelas, brancas, noutros locais quase só de cor lilás.
Após uma meia dúzia de quilómetros trepando pela serra acima à estonteante velocidade de 20 km/h (confesso que me apeteceu momentanamente fazer estas curvas numa moto com motor :-) ), chego à aldeia espanhola de Figueruela de Arriba. Era mais ou menos o meu destino. Apesar de as aldeias espanholas não parecerem tão desertificadas, também há problemas com o envelhecimento das populações e fraca fixação de jovens. Esta é um parque infantil abandonado a precisar de disfarçar a ferrugem com tinta fresca...
Local para crianças (humanas e de duas rodas... )
Parque infantil decadente (2)
Correrei perigo???
Um balancé com falta de uso...
Chega a carninha de vitela"
O velho cata-vento...
Parque de Campismo de Figueruela
À saída da aldeia vê-se aquilo que vos queria mostrar. Um parque de campismo de 1ª classe, com piscina, bar, campo de ténis, bungalows, para além do óbvio espaço para acampar, no meio do nada. Se quisesse um local para o descanso total era para aqui que viria. A fotografia mostra também duas senhoras a caminhar ao fim da tarde. É um dos emblemas da zona: TODA a gente, de todas as idades, anda a caminhar ao final do dia, junto à estrada.
Mais informações sobre o camping? Consultem aqui: http://www.elcampingdelasierra.com/ .
Cada uma destas pequenas regiões da comarca tem uma vocação própria. À esquerda, vê-se desenhada a fronteira nordeste portuguesa.
A homenagem a um ex-alcaide de Figueruela de Arriba
Pronta para ir ao churrasco... ;-)
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (1)
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (2)
A dança da Primavera
Pousando nos prados da aldeia à boa luz do fim de tarde (3)
Marco da Via Romana XVII (Braga-Astorga)
Às portas da aldeia de Figueruela de Arriba, pode ver-se que ali passa uma Via antiga Romana, que faz parte de uma rede de vias que atravessavam a península ibérica. Esta via em concreto, a XVII, que passa junto ao camping, ligava Braga, em Portugal, a Astorga em Espanha e tinha 750 km de comprimento.
Nas duas fotografias do que sobra de uma pequena árvore, depois de um incêndio, descubra as diferenças... :-)
Perguntarão o que tem a Sierra da la Culebra afinal, de especial. O que é especial é ser um local muito pouco visitado, preservado, discreto, cheio de vida animal e vegetal. Um paraíso de tranquilidade, para caminhantes e amantes da natureza. Lobos, cervídeos e muito mais, aqui vivem sem pressão dos humanos. Foi nesta serra que os veados, depois de extintos durante muito tempo, foram reintroduzidos pelos espanhóis há tempos atrás. A população tem vindo a aumentar cada vez mais, fruto de boa disponibilidade de alimentação e abrigo, a caça é muito controlada, e expandiram-se para as regiões portuguesas do Parque de Montesinho.
O dia vai-se extinguindo e eu regresso a casa, do meu pequeno "curativo espiritual" . Regresso pela aldeia de Riomanzanas que quase tem ligação asfaltada a Portugal.
Foram só três ou quatro horas de vadiagem, mas com um bom "poder vitamínico".
Para terminar, um pouco de orientação, para se perceber melhor por onde andei. A pouquíssimo conhecida Sierra de la Culebra é ofuscada pela bem mais conhecida e próxima Sanabria (com o seu impressionante lago glaciar e uma infraestrutura turística razoável), mas é um pequeno paraíso de tranquilidade.
________________________
--
Today Adventure's World: http://todayadventure.blogspot.com/
Re: A Sierra de la Culebra
Epahhh já fiquei descontraído para o resto do dia....a tua crónica passou se tão lenta e suavemente que serve perfeitamente o teu propósito de lavagem do espirito..até para quem lê....
A envolvente parece muito porreiro...naquelas primeiras fotos da Serra de Culebra, aquilo ainda é neve nos topos??
E essa tal de via romana, existem vestigios de calçada, ou é só um caminho?
Como tu não gostas..mas mereces...
A envolvente parece muito porreiro...naquelas primeiras fotos da Serra de Culebra, aquilo ainda é neve nos topos??
E essa tal de via romana, existem vestigios de calçada, ou é só um caminho?
Como tu não gostas..mas mereces...
________________________
Já ronca!!!!
Trophyvitor- Já sai à rua a conduzir.
Re: A Sierra de la Culebra
Fantástico Paulo. Mérito muito merecido...
________________________
Felicidade é um modo de viajar, não um destino.
Roy Goodman
https://www.facebook.com/emergenciamotociclista?ref=hl
com4riding.blogspot.com
Andorra 1984
Férias Moto 1983
Re: A Sierra de la Culebra
Espectacular...
Obrigado pela partilha, e aqui vai mais um mérito...
Abraço
Obrigado pela partilha, e aqui vai mais um mérito...
Abraço
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: A Sierra de la Culebra
Trophyvitor escreveu:
A envolvente parece muito porreiro...naquelas primeiras fotos da Serra de Culebra, aquilo ainda é neve nos topos??
Não! A temperatura está demasiado alta para a neve se aguentar a esta altitude. A ilusão de neve é dada ou pelos picos rochosos sem vegetação de cor clara ou pelas nuvens junto ao horizonte.
Trophyvitor escreveu:
E essa tal de via romana, existem vestigios de calçada, ou é só um caminho?
Neste local não vi calçada (Figueruela de Arriba), mas há MUITOS locais durante o percurso onde a calçada se vê perfeitamente. A via XVII passa aqui ao lado de Bragança e atravessa uma pequena aldeia aqui mesmo ao lado, chamada Castro de Avelãs, em Gimonde e em Babe (onde passei em antigas pontes romanas)
Mais informação sobre a parte portuguesa da Via XVII e outras vias romanas aqui: http://viasromanas.planetaclix.pt/
Zé Paulo.
________________________
--
Today Adventure's World: http://todayadventure.blogspot.com/
Re: A Sierra de la Culebra
Fantástico, Zé Paulo. Como sempre!
E olha ...
Um abraço.
E olha ...
Um abraço.
________________________
António Constâncio.
Constancio- Zero à esquerda
Re: A Sierra de la Culebra
Zé Paulo, para variar mais uma excelente foto-reportagem
________________________
Cumprimentos e larguras,
Alexandre
alexandre- Zero à esquerda
Re: A Sierra de la Culebra
Mais uma reportagem excelente. Ainda estou relaxado apreciar este nosso Portugal profundo e desertificado. Um pequeno Paraíso de tranquilidade. Toma lá
mytic- A tirar a carta
Re: A Sierra de la Culebra
Andas a habituar-nos mal!!!!
Consegues com as tuas fotos e os teus relatos fazer-me perder nos locais e paisagens por onde passas, e "estragas" o stress do dia-a-dia para um ritmo equivalente às velocidades da Today.
Muito obrigado.
Consegues com as tuas fotos e os teus relatos fazer-me perder nos locais e paisagens por onde passas, e "estragas" o stress do dia-a-dia para um ritmo equivalente às velocidades da Today.
Muito obrigado.
________________________
Beijinhos e abraços a quem de direito,
Zé Maria
Honda Pan-European 1100 -
jm_araujo- Zero à direita
Re: A Sierra de la Culebra
Ora viva,
bonitos locais, excelente crónica!
bonitos locais, excelente crónica!
________________________
Cumprimentos,
Vítor Ferreira
vmbf- Zero à direita
Re: A Sierra de la Culebra
Simplesmente maravilhoso
Adorei cada foto, cada palavra e cada frase... tudo
"V"
Adorei cada foto, cada palavra e cada frase... tudo
"V"
Re: A Sierra de la Culebra
O Abel faz umas costoletas e umas postas grelhadas ali na hora, Hummm que saudades. A serra la culebra não conheço mas do lado de Portugal conheço Guadramil uma aldeia que parou no tempo seguindo na nova estrada que fizeram com ligação a Rio de Onor outra perola transmontana a aldeia de Montesinho e toda a zona raiana até Chaves são de uma beleza extraordinária. Parabens pelo bonito passeio e pela partilha das fotos.
Jorge CBFista- A tirar a carta
Tópicos semelhantes
» A Sierra de la Culebra II
» Sierra de Gredos (Espanha)
» SIERRA NEVADA - Las Alpujaras
» Parque Natural Las Batuecas – Sierra de Francia e Las Hurdes (Espanha)
» Pelos castelos do Alentejo hasta la Sierra de Aracena y Picos de Arroche
» Sierra de Gredos (Espanha)
» SIERRA NEVADA - Las Alpujaras
» Parque Natural Las Batuecas – Sierra de Francia e Las Hurdes (Espanha)
» Pelos castelos do Alentejo hasta la Sierra de Aracena y Picos de Arroche
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos