Sierra de Gredos (Espanha)

1º dia (03/2023)

Em Dezembro passado estivemos pela Serra de Francia e decidimos na altura, que regressaríamos à região para nos dedicarmos à vizinha Serra de Gredos. E foi assim, que nos últimos dias de Março voltámos a Espanha!

O primeiro dia de passeio começou já na zona da Extremadura Espanhola, perto de Plasencia onde tínhamos pernoitado, tirando assim máximo partido do dia, que acordou com pouca nebulosidade e com a passarada em grande euforia.

A volta que programámos contemplava não só a cordilheira de Gredos, mas também algumas zonas adjacentes, que valeriam uma visita por si só. Assim, o passeio começou pelas curvas das encostas do magnífico Vale de Jerte e a primeira e a primeira paragem, foi no Miradouro da Memoria, onde se erguem impressionantes esculturas de figuras humanas, numa homenagem às vítimas da guerra civil e da ditadura espanhola. Arrepiante e comovente. É impossível ficar indiferente perante tal obra! Fomos avançando e à medida que os kms passavam, a paisagem pintava-se cada vez mais de branco. As famosas cerejeiras do Vale de Jerte, agora em plena floração, transformam o vale em autênticos quadros. Não conseguimos esperar muito tempo e assim que conseguimos, parámos para tirar um sem fim de fotografias, na vã tentativa de captar tal perfeição.


















Voltámos à estrada. As cerejeiras deram lugar a outras árvores e o branco foi substituído pelo mais luxuriante dos verdes, criada provavelmente pela abundância de água nos terrenos. E pela força da água, parámos novamente. Desta vez para nos deleitarmos com a beleza singular da Cascata de Marta, dica de um local com quem tínhamos falado antes. Uns kms depois, outra cascata, a do Caozo, que para nós ficou aquém da primeira, até porque estava cheia de gente…




Quase sem dar por isso, as estradas seguiam serra acima, até chegarmos ao Piornal, a aldeia mais alta da Extremadura, como testemunha o seu Miradouro Balcão do Vale.




Seguimos caminho pela comarca de La Vera. As estradas que íamos percorrendo, variavam de cenário. Zonas mais verdejantes, alternavam com extensas áreas de árvores ainda despidas e outras de predominância rochosa, com vegetação rasteira. Com bastante frequência, avistávamos ou atravessávamos também pequenas povoações. Em Cuacos de Yuste, tínhamos programado parar para visitar o Mosteiro, mas a densidade de carros no estacionamento demoveu-nos destas intenções. Acabámos por continuar, parando um pouco mais à frente, no cemitério militar alemão, que acolhe os restos mortais dos vários soldados alemães que perderam a vida em território espanhol durante as duas grandes guerras. A visita transportou-nos à nossa viagem à Normandia, onde também estivemos em vários cemitérios militares. À semelhança dos que encontrámos na região francesa, também este primava pela simplicidade e tranquilidade.










Já com várias horas de viagem na bagagem, achámos por bem parar para almoçar. Ao acaso, escolhemos a esplanada do Restaurante Morégon. Uma bela pausa, que serviu para experimentar algumas das iguarias típicas da região como os queijos e enchidos ou a açorda de torresmos com ovo. Comidas leves, claro…




Continuamos o nosso percurso. Curiosamente e ao contrário da maior parte das serras que conhecemos, aqui não existem estradas que atravessem o interior da Serra de Gredos, assim seguimos através daquelas que a circundam, percorrendo em primeiro lugar, a região a sul. Foram-se sucedendo pequenas e interessantes povoações. Em Losar de La Vera, por exemplo, deparámo-nos com as ruas enfeitadas com esculturas em arbustos, ou para sermos mais precisos, arte topiária. Já em Madrigal, encontra-se uma bem preservada ponte romana, sobre uma agradável praia fluvial. Aliás, pelo caminho, encontramos inúmeras indicações de cascatas ou praias fluviais, resultado dos vários cursos de água da região.









Quando fizemos o plano para este passeio descobrimos o museu Abejas del Valle, dedicado às abelhas e ao mel, um dos produtos estrela da zona. Decidimos fazer uma paragem, mas como não fizemos os trabalhos de casa devidamente, batemos com o nariz na porta. As visitas têm dias e horários fixos…mais uma lição para o futuro!

Estávamos a entrar na trajectória final. Atravessámos Arenas de San Pedro, uma das maiores povoações na área sudeste da Serra de Gredos e que nos separava do nosso alojamento por menos de 10 km. Deixámos para o dia seguinte a visita a Arenas e seguimos directamente para o Parque Prados Abiertos, em Mombeltrán, onde um simpático bungalow seria a nossa casa nas noites seguintes.







Vídeo deste dia:

2º dia (03/2023)

Não era assim tão cedo quando começamos o 2º dia de passeio pelas montanhas da Serra de Gredos. Apesar disso, o Parque estava ainda adormecido quando saímos. Parámos logo a seguir na castiça aldeia de Mombeltrán, vigiada pelo imponente Castelo dos duques de Albuquerque. Depois de atestar o depósito seguimos caminho. Decidimos passar este dia no sector Oriental do maciço e Vale do Tiétar, dedicando assim a maior parte do trajecto às estradas de montanha. Começámos uma nova viagem de carrossel. À medida que subíamos, as curvas sucediam-se e a paisagem ia trocando de cenário. De mais rochosa, passávamos para zonas em que as encostas se viam dominadas por diferentes espécies de pinheiros. Também o céu ia mudando de trajes, com o nevoeiro numa constante dança. Aqui e ali, parávamos para admirar o horizonte e tentar capturá-lo nas nossas máquinas. O mesmo fizemos em Pedro Bernardo, uma povoação encarrapitada na Serra da Abantera e com uma brutal vista panorâmica sobre o vale e por isso conhecida como o Balcão do Tiétar. Infelizmente, a esplanada do jardim estava fechada e acabámos por ter que parar noutra povoação, Gavilanes para conseguirmos repor a cafeína.














De energia renovada, retomámos o caminho. Voltávamos a subir, percorrendo um verdadeiro e serpenteante passo de montanha, rumo ao Puerto de Mijares a 1570m de altitude! Parámos claro, mas a fotografia da praxe junto à placa informativa faltou…não havia placa! De qualquer forma gastámos o “rolo”, disparando vezes sem conta em direcção ao cenário que nos rodeava! Agreste, com a sua natureza granítica a aflorar, mas de uma beleza ímpar. Ao mesmo tempo, o vento, caprichoso, empurrava a seu belo prazer as nuvens, ora escondendo ora revelando o horizonte em nosso redor. Aproveitámos o local para fazer o nosso “brunch”. Um misto de refeição saudável, com uma sobremesa pecaminosa. No restaurante El Gavilan, onde tínhamos parado para beber café, não resistimos à publicidade sobre “a melhor tarte de queijo do mundo” e levámos uma para comprovar!




















Continuámos num doce ziguezaguear por estradas magníficas e os cenários mudavam novamente como em diferentes actos de uma peça de teatro. Com frequência, avistávamos cursos de água. Alguns, irrompiam pelas rochas, outros explodiam nas fontes e outros ainda, corriam livremente em riachos. Também o céu se enfeitava com as mais curiosas nuvens que alguma vez vimos. Tanto é, que não conseguíamos parar de as fotografar.









Quase sem dar por isso, deparámo-nos com outro pico, o Puerto de Serranillos, a 1575m e mais uma vez, o nevoeiro atacava numa das vertentes da montanha, mas sem nunca se impor demasiado e dissipando-se à medida que fazíamos o caminho descendente, de regresso à nossa base.












Antes de voltarmos a “casa”, ainda parámos em Arenas de San Pedro. Ao seu redor, existem inúmeros pontos de interesse, como as Cuevas del Águila ou o Santuário de São Pedro de Alcântara. Nós, entregámo-nos ao ócio e ficámo-nos pela zona em volta do castelo, onde aproveitámos o final da tarde para descontrair numa agradável esplanada junto ao rio.












Vídeo deste dia:

Sierra de Gredos – 3º e 4º dia (03/2023)

Como tudo o que é bom, também o nosso passeio pela Serra de Gredos chegou rapidamente ao fim. Quando demos por isso, estávamos a deixar o Camping em Mombeltrán, para embarcar no último dia de visita, dedicado à vertente norte do maciço.

O vento soprava com ferocidade quando fizemos a primeira paragem, no Puerto del Pico a 1395m de altitude. O Puerto del Pico, separa o sector oriental, do central da Serra de Gredos e oferece mais um miradouro com uma panorâmica deslumbrante sobre os vales. Mas olhando nessa direcção, o que de imediato capta a nossa atenção é a enorme Calçada Romana, que ao longo dos séculos se tem mantido inabalável. Se outrora esta era a principal ligação entre Mérida e a Ávila, hoje além de ponto de interesse turístico, é ainda utilizada pelos praticantes de caminhadas de montanha e pastores.












Ao transpormos este marco, as montanhas surpreendiam-nos novamente com diferentes cenários. A altitude mascarava-se com a vastidão que os olhos encontravam. Preparávamo-nos para mergulhar na Serra e embora as estradas não nos levassem muito para o interior, era o suficiente para percebermos a sua magnitude.

Depois de Navarredonda, desviámo-nos então para o caminho que conduz à Plataforma de Gredos, a 1770m de altitude. O acesso à plataforma é controlado e há que pagar uma “portagem”. O valor de 3 euros é mais que bem empregue. Ali encontra-se a base para os muitos caminhantes, amantes da paisagem de alta montanha e que pretendem fazer o trilho até ao Circo de Gredos, o maior circo glaciar do Sistema Central Ibérico. Na área encontram-se os picos mais altos da Serra e vários lagos, como a Laguna Grande de Gredos, um lago de origem glaciar e uma das grandes atracções da zona. Nós não nos aventurámos em caminhadas, mas o percurso até à plataforma foi suficiente para ficarmos maravilhados, quase com a sensação de estarmos noutro mundo. Uma imensidão de perder a vista, em que o granito reina, par a par com os muitos cursos de água, descendentes na sua maioria  do rio Tornes, afluente do Tejo.












Também a fauna é abundante e não será difícil encontrar cavalos, cabras monteses e até mesmo veados, como aconteceu no nosso caso, ao sermos surpreendidos por um juvenil que se atravessou no nosso caminho.

Voltámos à “superfície” fazendo o trajecto de volta em modo de encantamento e não conseguindo deixar de parar ocasionalmente. A beleza natural surpreendeu-nos e fez-nos lembrar algumas das regiões que percorremos na nossa querida Escócia. Brutal!













Estávamos de regresso às estradas principais que circundavam a serra, mas sempre sem perder de vista os seus picos, alguns ainda com neve. As pequenas aldeias salpicavam o caminho, mas acabámos por parar para beber café apenas em Barco de Ávila, uma das mais populares povoações da região.






As estradas em altitude continuavam e rapidamente chegávamos ao conhecido Pico de Tornavacas, a 1275m de altitude, situado no extremo ocidental da Serra de Gredos e berço do rio Jerte, que dá nome ao afamado vale. Aqui encontrámos mais um dos muitos miradouros da região. E mais uma vez ficámos abismados. A panorâmica para o Vale do Jerte é cinematográfica. Aproveitámos para petiscar no parque de merendas junto ao miradouro, antes de regressarmos à estrada, a N-110 que atravessa o vale. Estávamos a deixar a Serra de Gredos e percorríamos agora o Vale de Jerte e a sua imagem de marca, as cerejeiras, começavam a dominar o caminho. Enquanto percorríamos aquela belíssima estrada, o movimento aumentava consideravelmente, não fosse aquele, um cenário turístico com grande procura e uma estrada altamente convidativa para as duas rodas. Pelo caminho, sucediam-se as povoações, que pareciam cada vez maiores. Cruzámos a ponte sobre o Rio Jerte em Cabezuella del Valle e pouco a pouco deixávamos para trás aquele cenário encantado para retornarmos às extensas planícies da Extremadura Espanhola.
















Já perto de Cáceres, fizemos uma paragem para pernoitar, na aldeia de Talaván.




O dia seguinte, embora fresco, amanheceu soalheiro. Fazíamos agora o percurso de regresso ao nosso Portugal, onde nos esperava um belo almoço e convívio, com os nossos amigos, na sede dos Motards DAvis, a quem aproveitamos para agradecer a fantástica recepção. Não poderíamos pedir melhor final!





Vídeo deste dia:

Bem... com a quantidade de publicações a sair, nem dá tempo para um pessoa trabalhar.

Continua, continua.



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