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De Moto por Marrocos!
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De Moto por Marrocos!
- 1º e 2º Dia (VFX-Chefchaouen)
E finalmente chegou o dia de darmos início à tão aguardada viagem a Marrocos. Mas para entrarmos no continente Africano, teríamos de chegar a Tarifa para embarcar no ferry que nos levaria a esta nova aventura. Ao contrário do habitual, São Pedro não esteve do nosso lado, ou então, quis abençoar esta viagem que foi feita sob chuva praticamente até à fronteira.
Como só poderíamos sair de casa à hora de almoço, fizemos uma primeira etapa de cerca 500km, parando para pernoitar em El Cuervo de Sevilla, perto de Jerez de La Frontera. No dia seguinte, novamente debaixo de chuva, saímos cedo para fazer o restante trajecto até ao porto de Tarifa.
Chegámos com a antecedência recomendada e após uma nervosa espera, lá entrámos na grande embarcação. Deixámos os profissionais prenderem a nossa montada e subimos ao convés. Aqui, tivemos que enfrentar a fila para preencher os impressos para entrar em Marrocos e carimbar os passaportes. Felizmente, decidimos fazê-lo de imediato e aproveitar o resto da viagem na parte exterior. Ao longo de cerca de uma hora, a excitação foi crescendo, até que finalmente desembarcámos no porto de Tânger Ville.
Mas antes de sairmos do porto, tínhamos que passar pelas formalidades aduaneiras, o que demorou mais do que gostaríamos. Valeu-nos a conversa com compatriotas motociclistas que esperavam como nós. Finalmente fomos “libertados” pelos serviços aduaneiros, onde nos foi dado um cartão de admissão temporária da mota e que deve ser religiosamente guardado até à saída. Caso contrário, corre-se o sério risco de se ter de deixar a mota em terras marroquinas. Deixámos finalmente o porto, entrando na cidade de Tânger, onde a prioridade era levantar dirham's e comprar cartões para os telemóveis. Se a 1ª tarefa foi facilmente concluída, a 2ª, foi fracassada. Estava tudo fechado à conta do Eid al-Fitr, festa de celebração do final do jejum do Ramadão. Atravessámos Tânger sem delongas e seguimos viagem, mergulhando finalmente no Reino de Marrocos. Ao longo das estradas, íamos observando as paisagens em redor, ansiosos por absorver tudo o que víamos pela primeira vez. Desde logo, tivemos uma amostra da grandiosidade e diversidade que iríamos encontrar ao longo dos dias seguintes. Nestes primeiros kms, saudaram-nos vastas áreas densamente arborizadas. Estávamos na região montanhosa do Rife, onde a humidade é consideravelmente superior ao resto do país, traduzindo-se num clima mais temperado e flora de características mediterrânicas. Neste cenário, encontramos a albufeira da barragem de Ennaklha, que embeleza ainda mais a paisagem. Decidimos parar aqui, no restaurante Sed Nakhla, que felizmente estava aberto e onde conseguimos relaxar no seu terraço panorâmico e conversar um pouco com os donos, pai e filho, marroquino e belga respectivamente. Em conversa, revelaram-nos que têm a ambição de fazer do seu estabelecimento, um ponto de paragem “bike friendly” para os viajantes que por ali passem. Na nossa opinião, Têm tudo o que é preciso para isso.
Voltámos à estrada. Queríamos chegar a horas decentes para visitar Chefchaouen, a nossa meta do dia! Chegámos finalmente à pérola azul de Marrocos, assim apelidada por ter a maior parte das casas da cidade velha, pintadas de azuis. O porquê da escolha desta cor, continua a ser um mistério…há quem diga que teve a ver com os muitos judeus que ali viveram, outros que afasta os mosquitos, outros ainda defendem a pura estética.
Esperava-nos o anfitrião do alojamento que tínhamos reservado e depois de nos instalarmos e à nossa companheira de duas rodas, fomos explorar a pitoresca cidade. Estava ainda praticamente tudo fechado e os locais retirados nas celebrações familiares, o que acabou por facilitar o passeio. Entrámos assim no emaranhado de ruelas, becos e praças, onde por entre subidas e descidas, os gatos, conforme tínhamos ouvido, são reis. Conforme a tarde avançava, a cidade ressuscitava e os artesãos abriam as inúmeras lojas que alegram a Medina. Apesar de cansados, enfrentámos o desafio e subimos a colina oposta à cidade. No topo encontra-se a Mesquita Espanhola, mas a verdadeira atracção é assistir ao pôr-do-sol sobre a cidade azul.
Voltámos a descer, passando pela zona do lavadouro da cidade, alimentado por cursos de água provenientes da montanha. Além de continuara a ser utilizado matutinamente pelas mulheres para lavar a roupa, é também uma zona de lazer e estava cheio de gente que aproveitava para se refrescar.
No percurso de regresso ao nosso alojamento, fomos observando todo o movimento que se adensava, com os locais a saírem à rua em modo de festejo. Sentámo-nos numa esplanada, como espectadores de uma nova dinâmica cultural e iniciámo-nos no ritual do chá de menta. Foi também aqui, que ouvimos pela primeira vez, o Azan, chamamento para a oração islâmica, proferido 5 vezes ao dia pelo Muezim e difundido pelos altifalantes que se encontram nos minaretes das mesquitas.
“Allahu Akbar…”
-Podem ver o vídeo destes 2 dias em:
Podem seguir-nos também em:
https://www.facebook.com/Escocia2017
https://www.instagram.com/para_la_da_escocia
E finalmente chegou o dia de darmos início à tão aguardada viagem a Marrocos. Mas para entrarmos no continente Africano, teríamos de chegar a Tarifa para embarcar no ferry que nos levaria a esta nova aventura. Ao contrário do habitual, São Pedro não esteve do nosso lado, ou então, quis abençoar esta viagem que foi feita sob chuva praticamente até à fronteira.
Como só poderíamos sair de casa à hora de almoço, fizemos uma primeira etapa de cerca 500km, parando para pernoitar em El Cuervo de Sevilla, perto de Jerez de La Frontera. No dia seguinte, novamente debaixo de chuva, saímos cedo para fazer o restante trajecto até ao porto de Tarifa.
Chegámos com a antecedência recomendada e após uma nervosa espera, lá entrámos na grande embarcação. Deixámos os profissionais prenderem a nossa montada e subimos ao convés. Aqui, tivemos que enfrentar a fila para preencher os impressos para entrar em Marrocos e carimbar os passaportes. Felizmente, decidimos fazê-lo de imediato e aproveitar o resto da viagem na parte exterior. Ao longo de cerca de uma hora, a excitação foi crescendo, até que finalmente desembarcámos no porto de Tânger Ville.
Mas antes de sairmos do porto, tínhamos que passar pelas formalidades aduaneiras, o que demorou mais do que gostaríamos. Valeu-nos a conversa com compatriotas motociclistas que esperavam como nós. Finalmente fomos “libertados” pelos serviços aduaneiros, onde nos foi dado um cartão de admissão temporária da mota e que deve ser religiosamente guardado até à saída. Caso contrário, corre-se o sério risco de se ter de deixar a mota em terras marroquinas. Deixámos finalmente o porto, entrando na cidade de Tânger, onde a prioridade era levantar dirham's e comprar cartões para os telemóveis. Se a 1ª tarefa foi facilmente concluída, a 2ª, foi fracassada. Estava tudo fechado à conta do Eid al-Fitr, festa de celebração do final do jejum do Ramadão. Atravessámos Tânger sem delongas e seguimos viagem, mergulhando finalmente no Reino de Marrocos. Ao longo das estradas, íamos observando as paisagens em redor, ansiosos por absorver tudo o que víamos pela primeira vez. Desde logo, tivemos uma amostra da grandiosidade e diversidade que iríamos encontrar ao longo dos dias seguintes. Nestes primeiros kms, saudaram-nos vastas áreas densamente arborizadas. Estávamos na região montanhosa do Rife, onde a humidade é consideravelmente superior ao resto do país, traduzindo-se num clima mais temperado e flora de características mediterrânicas. Neste cenário, encontramos a albufeira da barragem de Ennaklha, que embeleza ainda mais a paisagem. Decidimos parar aqui, no restaurante Sed Nakhla, que felizmente estava aberto e onde conseguimos relaxar no seu terraço panorâmico e conversar um pouco com os donos, pai e filho, marroquino e belga respectivamente. Em conversa, revelaram-nos que têm a ambição de fazer do seu estabelecimento, um ponto de paragem “bike friendly” para os viajantes que por ali passem. Na nossa opinião, Têm tudo o que é preciso para isso.
Voltámos à estrada. Queríamos chegar a horas decentes para visitar Chefchaouen, a nossa meta do dia! Chegámos finalmente à pérola azul de Marrocos, assim apelidada por ter a maior parte das casas da cidade velha, pintadas de azuis. O porquê da escolha desta cor, continua a ser um mistério…há quem diga que teve a ver com os muitos judeus que ali viveram, outros que afasta os mosquitos, outros ainda defendem a pura estética.
Esperava-nos o anfitrião do alojamento que tínhamos reservado e depois de nos instalarmos e à nossa companheira de duas rodas, fomos explorar a pitoresca cidade. Estava ainda praticamente tudo fechado e os locais retirados nas celebrações familiares, o que acabou por facilitar o passeio. Entrámos assim no emaranhado de ruelas, becos e praças, onde por entre subidas e descidas, os gatos, conforme tínhamos ouvido, são reis. Conforme a tarde avançava, a cidade ressuscitava e os artesãos abriam as inúmeras lojas que alegram a Medina. Apesar de cansados, enfrentámos o desafio e subimos a colina oposta à cidade. No topo encontra-se a Mesquita Espanhola, mas a verdadeira atracção é assistir ao pôr-do-sol sobre a cidade azul.
Voltámos a descer, passando pela zona do lavadouro da cidade, alimentado por cursos de água provenientes da montanha. Além de continuara a ser utilizado matutinamente pelas mulheres para lavar a roupa, é também uma zona de lazer e estava cheio de gente que aproveitava para se refrescar.
No percurso de regresso ao nosso alojamento, fomos observando todo o movimento que se adensava, com os locais a saírem à rua em modo de festejo. Sentámo-nos numa esplanada, como espectadores de uma nova dinâmica cultural e iniciámo-nos no ritual do chá de menta. Foi também aqui, que ouvimos pela primeira vez, o Azan, chamamento para a oração islâmica, proferido 5 vezes ao dia pelo Muezim e difundido pelos altifalantes que se encontram nos minaretes das mesquitas.
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Última edição por Swift em Qua Ago 16 2023, 13:58, editado 1 vez(es)
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
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Swift- Zero à direita
Re: De Moto por Marrocos!
Mas que delícia de viagem, quem me dera um dia conseguir fazer algo assim.
"V"
"V"
Swift gosta desta mensagem
Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
- 3º e 4º Dia (Chefchaouen-Volubilis-Fez)
A cidade azul começava a despertar quando chegou a hora da despedida. Voltámos à estrada para prosseguirmos a nossa expedição Marroquina, rumando a sul.
Começámos a viagem com um suave bailado das estradas de montanha, que se mantinham envoltas por áreas arborizadas. Todo este verde, é um reflexo da terra fértil, onde as fontes de água ainda abundam. Por aqui, além de floresta, os campos de cultivo ocupam uma posição privilegiada. De vez em quando, passávamos por uma povoação, frequentemente guardadas por postos de controlo policial, que obrigam os veículos a abrandar a marcha. Nesta altura ainda não sabíamos, mas acabámos por perceber, que regra geral, os agentes da autoridade não incomodam os turistas. Conforme avançávamos as telas iam alternando. Campos de oliveiras e extensos laranjais, alternavam com campos de cereais, mas à medida que prosseguíamos íamos percebendo que algo estava mudar. Aproximavam-se a passos largos os cenários grandiosos, em que uma vastidão avassaladora quase nos engole. Ao longo do caminho, fomo-nos também apercebendo do quotidiano das gentes locais. Do bulício comercial das povoações, ao labor dos tempos idos nos campos. Estes, encontravam-se repletos de trabalhadores. Mas além da mão humana, provavelmente o maior trabalhador continue a ser o burro. Por todo o lado se vêem homens, mulheres e crianças acompanhadas por aqueles animais, ora carregando cargas descomunais de feno e outros produtos, ora servindo de meio de transporte.
Estávamos perante uma autêntica viagem no tempo…e assim permanecemos, quando parámos para fazer a primeira visita do dia. Aqui, com o extra de parecer também que viajávamos para outro lugar, fora de África. Estávamos em Volubilis, um sítio arqueológico, onde se encontram as ruínas de uma antiga cidade do Império Romano. Deixámos a mota ao cuidado de um “vigilante”, ainda sem confiança suficiente para deixarmos o restante equipamento e dirigimo-nos à bilheteira. Por cerca de 7€/pessoa (visitantes estrangeiros), poderíamos fazer a visita livre ao local. Obviamente, uma mão cheia de guias apressaram-se a oferecer-nos os seus préstimos por um valor extra, mas dispensámos o serviço. O local é imenso. Uma verdadeira cidade onde se pode encontrar os vestígios de todo o tipo de edifícios, alguns bastante bem preservados, mantendo por exemplo grandes colunas ou os magníficos mosaicos que enfeitavam o chão de muitas divisões.
Cerca de uma hora e muito calor depois, dávamos por terminada a visita e voltávamos a Marrocos e à estrada. Ali bem perto fica Méknes, uma visita que ficará para uma próxima, bem como a cidade santa de Moulay Idriss, conhecida como a Meca dos pobres e por onde passámos sem parar. A viagem prosseguia, agora por estradas mais degradadas, mas sempre com paisagens que faziam esquecer aquele pormenor. Um troço de terra batida levou-nos de novo à estrada principal, de bom asfalto, em direcção a Fez, o destino do dia. Antes de chegarmos à cidade, aproveitámos para atestar o depósito e comer alguma coisa, no único local onde nos tentaram enganar com as contas, felizmente sem sucesso.
Uma ampla avenida conduzia-nos às muralhas que cercavam a cidade e o trânsito aumentava consideravelmente, obrigando a uma condução ainda mais atenta. Chegámos enfim às portas da Medina, bem perto do nosso alojamento, que fomos procurar a pé. Encontrado o local e depois do anfitrião nos descansar que a mota ficaria bem protegida à sua porta, lá estacionámos e fizemos o check-in. Ao entrarmos no Dar Layali Fez, além do maravilhoso riad transformado em sala comum, esperava-nos um chá de boas vindas, acompanhado por deliciosos biscoitos caseiros. No final da tarde, ainda conseguimos fazer uma primeira exploração pela Medina, mas deixámos a verdadeira visita para o dia seguinte que seria inteiramente dedicado a esta cidade imperial.
Dá gosto dormir num quarto tão bonito, como o nosso em Fez. Ainda mais quando ao descermos, nos espera um delicioso pequeno-almoço tipicamente marroquino. O 1º de muitos. Com as baterias bem carregadas, saímos para explorar a cidade velha, não sem antes parar numa caixa multibanco. É obrigatório andar com dinheiro vivo em Marrocos. Apesar de nas cidades os cartões serem facilmente aceites, nas zonas mais remotas é impensável.
A uma curta distância do nosso alojamento, entrávamos na Medina pela belíssima Porta Azul e mergulhávamos num labirinto de estreitas ruelas cheias de animação. Aventurámo-nos sem guia, apenas com a ajuda do Google Maps e do fantástico sentido de orientação do Mário. E foi um sucesso. Conseguimos chegar a todos os locais que tínhamos marcado. Ruas, praças, madraças…e ficámos maravilhados. Das mil e uma cores das obras de arte penduradas nas paredes da “Rainbow Street”, passando por exóticos produtos alimentares até aos inúmeros artigos em pele, os sentidos são constantemente activados. O olfacto por exemplo, poderá ser fortemente atingido nos curtumes, com os seus tanques de tratamento e tingimento de peles onde o cheiro é tão intenso, que oferecem ramos de hortelã para o disfarçar. Não nos deixámos intimidar e fomos recompensados com uma visita privilegiada nas Tanneries Robio. Se habitualmente os turistas vêem a zona de trabalho somente a partir de varandas nas lojas, nós andámos literalmente em cima dos tanques, antes de subirmos às varandas. Fenomenal.
A visita a Fez não poderia terminar sem outra festa dos sentidos. E assim foi, durante o jantar no terraço de um restaurante. À maravilhosa gastronomia marroquina, juntámos um belíssimo pôr-do-sol e uma vista panorâmica sobre a Medina. Simplesmente mágico.
-Podem ver o vídeo destes 2 dias em:
- 3º e 4º Dia (Chefchaouen-Volubilis-Fez)
A cidade azul começava a despertar quando chegou a hora da despedida. Voltámos à estrada para prosseguirmos a nossa expedição Marroquina, rumando a sul.
Começámos a viagem com um suave bailado das estradas de montanha, que se mantinham envoltas por áreas arborizadas. Todo este verde, é um reflexo da terra fértil, onde as fontes de água ainda abundam. Por aqui, além de floresta, os campos de cultivo ocupam uma posição privilegiada. De vez em quando, passávamos por uma povoação, frequentemente guardadas por postos de controlo policial, que obrigam os veículos a abrandar a marcha. Nesta altura ainda não sabíamos, mas acabámos por perceber, que regra geral, os agentes da autoridade não incomodam os turistas. Conforme avançávamos as telas iam alternando. Campos de oliveiras e extensos laranjais, alternavam com campos de cereais, mas à medida que prosseguíamos íamos percebendo que algo estava mudar. Aproximavam-se a passos largos os cenários grandiosos, em que uma vastidão avassaladora quase nos engole. Ao longo do caminho, fomo-nos também apercebendo do quotidiano das gentes locais. Do bulício comercial das povoações, ao labor dos tempos idos nos campos. Estes, encontravam-se repletos de trabalhadores. Mas além da mão humana, provavelmente o maior trabalhador continue a ser o burro. Por todo o lado se vêem homens, mulheres e crianças acompanhadas por aqueles animais, ora carregando cargas descomunais de feno e outros produtos, ora servindo de meio de transporte.
Estávamos perante uma autêntica viagem no tempo…e assim permanecemos, quando parámos para fazer a primeira visita do dia. Aqui, com o extra de parecer também que viajávamos para outro lugar, fora de África. Estávamos em Volubilis, um sítio arqueológico, onde se encontram as ruínas de uma antiga cidade do Império Romano. Deixámos a mota ao cuidado de um “vigilante”, ainda sem confiança suficiente para deixarmos o restante equipamento e dirigimo-nos à bilheteira. Por cerca de 7€/pessoa (visitantes estrangeiros), poderíamos fazer a visita livre ao local. Obviamente, uma mão cheia de guias apressaram-se a oferecer-nos os seus préstimos por um valor extra, mas dispensámos o serviço. O local é imenso. Uma verdadeira cidade onde se pode encontrar os vestígios de todo o tipo de edifícios, alguns bastante bem preservados, mantendo por exemplo grandes colunas ou os magníficos mosaicos que enfeitavam o chão de muitas divisões.
Cerca de uma hora e muito calor depois, dávamos por terminada a visita e voltávamos a Marrocos e à estrada. Ali bem perto fica Méknes, uma visita que ficará para uma próxima, bem como a cidade santa de Moulay Idriss, conhecida como a Meca dos pobres e por onde passámos sem parar. A viagem prosseguia, agora por estradas mais degradadas, mas sempre com paisagens que faziam esquecer aquele pormenor. Um troço de terra batida levou-nos de novo à estrada principal, de bom asfalto, em direcção a Fez, o destino do dia. Antes de chegarmos à cidade, aproveitámos para atestar o depósito e comer alguma coisa, no único local onde nos tentaram enganar com as contas, felizmente sem sucesso.
Uma ampla avenida conduzia-nos às muralhas que cercavam a cidade e o trânsito aumentava consideravelmente, obrigando a uma condução ainda mais atenta. Chegámos enfim às portas da Medina, bem perto do nosso alojamento, que fomos procurar a pé. Encontrado o local e depois do anfitrião nos descansar que a mota ficaria bem protegida à sua porta, lá estacionámos e fizemos o check-in. Ao entrarmos no Dar Layali Fez, além do maravilhoso riad transformado em sala comum, esperava-nos um chá de boas vindas, acompanhado por deliciosos biscoitos caseiros. No final da tarde, ainda conseguimos fazer uma primeira exploração pela Medina, mas deixámos a verdadeira visita para o dia seguinte que seria inteiramente dedicado a esta cidade imperial.
Dá gosto dormir num quarto tão bonito, como o nosso em Fez. Ainda mais quando ao descermos, nos espera um delicioso pequeno-almoço tipicamente marroquino. O 1º de muitos. Com as baterias bem carregadas, saímos para explorar a cidade velha, não sem antes parar numa caixa multibanco. É obrigatório andar com dinheiro vivo em Marrocos. Apesar de nas cidades os cartões serem facilmente aceites, nas zonas mais remotas é impensável.
A uma curta distância do nosso alojamento, entrávamos na Medina pela belíssima Porta Azul e mergulhávamos num labirinto de estreitas ruelas cheias de animação. Aventurámo-nos sem guia, apenas com a ajuda do Google Maps e do fantástico sentido de orientação do Mário. E foi um sucesso. Conseguimos chegar a todos os locais que tínhamos marcado. Ruas, praças, madraças…e ficámos maravilhados. Das mil e uma cores das obras de arte penduradas nas paredes da “Rainbow Street”, passando por exóticos produtos alimentares até aos inúmeros artigos em pele, os sentidos são constantemente activados. O olfacto por exemplo, poderá ser fortemente atingido nos curtumes, com os seus tanques de tratamento e tingimento de peles onde o cheiro é tão intenso, que oferecem ramos de hortelã para o disfarçar. Não nos deixámos intimidar e fomos recompensados com uma visita privilegiada nas Tanneries Robio. Se habitualmente os turistas vêem a zona de trabalho somente a partir de varandas nas lojas, nós andámos literalmente em cima dos tanques, antes de subirmos às varandas. Fenomenal.
A visita a Fez não poderia terminar sem outra festa dos sentidos. E assim foi, durante o jantar no terraço de um restaurante. À maravilhosa gastronomia marroquina, juntámos um belíssimo pôr-do-sol e uma vista panorâmica sobre a Medina. Simplesmente mágico.
-Podem ver o vídeo destes 2 dias em:
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
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Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
- 5º Dia (Fez-Merzouga)
Apesar de já ter amanhecido, era bem cedo quando dissemos adeus à formosa Fez. Tão cedo, que ainda não estavam a servir o pequeno-almoço no nosso alojamento. Por isso, o nosso simpático anfitrião Said, preparou-nos um lanche para o caminho. As ruas estavam quase desertas quando passámos as muralhas da cidade velha e de repente, demos conta de uma outra Fez. A cidade nova, cresce moderna, com edifícios contemporâneos, amplas avenidas e inúmeras esplanadas que nos remetem para um cenário europeu, bem distante do tradicional marroquino.
Tínhamos pela frente um dia longo, cerca de 500km, até ao nosso destino a sul. Logo no início do percurso, enganámo-nos e acabámos por entrar na auto-estrada. O desvio não foi muito grande e felizmente, levávamos dinheiro vivo, a única forma de pagamento aceite nas portagens. Saímos rapidamente da auto-estrada e começámos a verdadeira viagem. Como quem não quer a coisa, as estradas subiam de mansinho, disfarçando mais uma vez a altitude a que nos encontrávamos. Na paisagem, apareciam cada vez mais árvores e as temperaturas estavam consideravelmente mais baixas quando passámos por Ifrane, uma cidade a 1700m de altitude, conhecida como a “pequena Suiça”, tanto pela arquitectura e vegetação, como por ser uma popular estância de ski. De facto, se não soubéssemos, diríamos que estávamos no norte da Europa, mas na realidade, estávamos no Médio Atlas. Alguns kms depois, entrávamos na magnífica Floresta do Cedro Gouraud, onde aquela espécie predomina e serve de habitat aos macacos-de-gibraltar, que apesar de por aqui serem as maiores estrelas, encontram-se em vias de extinção. Também nós fomos presenteados com a sua exibição, ainda que mantivéssemos uma distância segura…não queríamos ser vítimas de um dos seus frequentes roubos.
Neste ponto, tínhamos duas opções, ou voltávamos para trás ou seguíamos as indicações de um vigilante e optávamos por um percurso alternativo off-road que nos faria poupar uns kms consideráveis. Aventurámo-nos…estava feito o baptismo de pista em Marrocos. Cerca de 5km depois esperava-nos um estradão, largo e com piso em boas condições. Volta e meia cruzávamo-nos com outros motociclistas ou com os já habituais camiões, loucamente carregados e dos quais tentávamos fugir a todo o custo. Continuavam os panoramas grandiosos e conforme nos aproximávamos de Midelt, uma cidade entre o Médio e Alto Atlas, apercebemo-nos que nos vigiava uma imensa cordilheira, onde a neve ainda brilhava no topo de alguns picos. Ao parar numa bomba para atestar e em conversa com os funcionários, acabámos por descobrir que se tratava do Monte Ayachi, com cerca de 3700m e um dos mais altos do Atlas.
Aproveitámos a cidade, para fazer uma pausa para café antes de voltarmos à estrada e à imensidão a que já nos íamos habituando. Pelo caminho e sem causar grande transtorno, íamos encontrando vários troços em obras, reflexo da operação de reparação e construção de novas estradas pelo país. As horas passavam, o calor aumentava e a paisagem tornava-se cada vez mais árida. As estradas, passavam agora por grandes planaltos, ou cortavam a rocha das montanhas para as transpor. Surpreendeu-nos no meio da aridez, um curso de água, o rio Ziz, onde algumas pessoas se banhavam, aparentemente pelas suas propriedades termais. Tivemos por aqui, um primeiro vislumbre da riqueza mineral e geológica deste país cheio de contrastes. Seguimos ao lado do imenso vale do Ziz, das suas espectaculares gargantas e depois do seu enorme palmeiral que cresce no leito do rio e que produz deliciosas tâmaras. Um autêntico rio verde! É também graças a este rio que existe a barragem de Addakhill, que permite irrigar a região.
O deserto começava a mostrar-se e com ele, o calor implacável, fazia os seus efeitos. Cansados, ao passarmos por Erfoud e perante o vislumbre de esplanadas à sombra, decidimos parar. Precisávamos de comer, hidratar e refrescar. Depois da nossa primeira omelete berbere e bastante água, estávamos recompostos e prontos para a última etapa do dia que nos levaria às famosas dunas de Erg Chebbi, um dos maiores conjuntos de dunas de Marrocos, também conhecido como Dunas de Merzouga. Seguimos pelas infindáveis rectas da região e ao longe, surgia o vislumbre do deserto de areia. Estávamos a entrar no Saara Marroquino e a excitação, crescia em sintonia com as silhuetas das dunas. Chegámos finalmente ao nosso destino, Hassilabied, uma pequena povoação junto a Merzouga e mesmo às portas do deserto. Exaustos mas radiantes, apressámo-nos a fazer o check-in no Hotel La Source. A tarde, terminou com uns refrescantes mergulhos na piscina do hotel e com a cabeça já no dia seguinte, enfeitiçada com a promessa de outros mergulhos, desta feita nas areias do deserto.
-Podem ver o vídeo deste dia em:
- 5º Dia (Fez-Merzouga)
Apesar de já ter amanhecido, era bem cedo quando dissemos adeus à formosa Fez. Tão cedo, que ainda não estavam a servir o pequeno-almoço no nosso alojamento. Por isso, o nosso simpático anfitrião Said, preparou-nos um lanche para o caminho. As ruas estavam quase desertas quando passámos as muralhas da cidade velha e de repente, demos conta de uma outra Fez. A cidade nova, cresce moderna, com edifícios contemporâneos, amplas avenidas e inúmeras esplanadas que nos remetem para um cenário europeu, bem distante do tradicional marroquino.
Tínhamos pela frente um dia longo, cerca de 500km, até ao nosso destino a sul. Logo no início do percurso, enganámo-nos e acabámos por entrar na auto-estrada. O desvio não foi muito grande e felizmente, levávamos dinheiro vivo, a única forma de pagamento aceite nas portagens. Saímos rapidamente da auto-estrada e começámos a verdadeira viagem. Como quem não quer a coisa, as estradas subiam de mansinho, disfarçando mais uma vez a altitude a que nos encontrávamos. Na paisagem, apareciam cada vez mais árvores e as temperaturas estavam consideravelmente mais baixas quando passámos por Ifrane, uma cidade a 1700m de altitude, conhecida como a “pequena Suiça”, tanto pela arquitectura e vegetação, como por ser uma popular estância de ski. De facto, se não soubéssemos, diríamos que estávamos no norte da Europa, mas na realidade, estávamos no Médio Atlas. Alguns kms depois, entrávamos na magnífica Floresta do Cedro Gouraud, onde aquela espécie predomina e serve de habitat aos macacos-de-gibraltar, que apesar de por aqui serem as maiores estrelas, encontram-se em vias de extinção. Também nós fomos presenteados com a sua exibição, ainda que mantivéssemos uma distância segura…não queríamos ser vítimas de um dos seus frequentes roubos.
Neste ponto, tínhamos duas opções, ou voltávamos para trás ou seguíamos as indicações de um vigilante e optávamos por um percurso alternativo off-road que nos faria poupar uns kms consideráveis. Aventurámo-nos…estava feito o baptismo de pista em Marrocos. Cerca de 5km depois esperava-nos um estradão, largo e com piso em boas condições. Volta e meia cruzávamo-nos com outros motociclistas ou com os já habituais camiões, loucamente carregados e dos quais tentávamos fugir a todo o custo. Continuavam os panoramas grandiosos e conforme nos aproximávamos de Midelt, uma cidade entre o Médio e Alto Atlas, apercebemo-nos que nos vigiava uma imensa cordilheira, onde a neve ainda brilhava no topo de alguns picos. Ao parar numa bomba para atestar e em conversa com os funcionários, acabámos por descobrir que se tratava do Monte Ayachi, com cerca de 3700m e um dos mais altos do Atlas.
Aproveitámos a cidade, para fazer uma pausa para café antes de voltarmos à estrada e à imensidão a que já nos íamos habituando. Pelo caminho e sem causar grande transtorno, íamos encontrando vários troços em obras, reflexo da operação de reparação e construção de novas estradas pelo país. As horas passavam, o calor aumentava e a paisagem tornava-se cada vez mais árida. As estradas, passavam agora por grandes planaltos, ou cortavam a rocha das montanhas para as transpor. Surpreendeu-nos no meio da aridez, um curso de água, o rio Ziz, onde algumas pessoas se banhavam, aparentemente pelas suas propriedades termais. Tivemos por aqui, um primeiro vislumbre da riqueza mineral e geológica deste país cheio de contrastes. Seguimos ao lado do imenso vale do Ziz, das suas espectaculares gargantas e depois do seu enorme palmeiral que cresce no leito do rio e que produz deliciosas tâmaras. Um autêntico rio verde! É também graças a este rio que existe a barragem de Addakhill, que permite irrigar a região.
O deserto começava a mostrar-se e com ele, o calor implacável, fazia os seus efeitos. Cansados, ao passarmos por Erfoud e perante o vislumbre de esplanadas à sombra, decidimos parar. Precisávamos de comer, hidratar e refrescar. Depois da nossa primeira omelete berbere e bastante água, estávamos recompostos e prontos para a última etapa do dia que nos levaria às famosas dunas de Erg Chebbi, um dos maiores conjuntos de dunas de Marrocos, também conhecido como Dunas de Merzouga. Seguimos pelas infindáveis rectas da região e ao longe, surgia o vislumbre do deserto de areia. Estávamos a entrar no Saara Marroquino e a excitação, crescia em sintonia com as silhuetas das dunas. Chegámos finalmente ao nosso destino, Hassilabied, uma pequena povoação junto a Merzouga e mesmo às portas do deserto. Exaustos mas radiantes, apressámo-nos a fazer o check-in no Hotel La Source. A tarde, terminou com uns refrescantes mergulhos na piscina do hotel e com a cabeça já no dia seguinte, enfeitiçada com a promessa de outros mergulhos, desta feita nas areias do deserto.
-Podem ver o vídeo deste dia em:
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
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Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
- 6º Dia (Merzouga-Gara Medouar/Prisão Portuguesa-Merzouga)
O céu estrelado do Saara, foi a melhor das canções de embalar, mas poucas horas depois, o despertador gritava para nos pormos a pé. Era ainda noite escura, quando saímos pé ante pé do La Source, onde ainda todos dormiam, para irmos assistir ao erguer do Astro-Rei! Depois de uma exigente caminhada pelas areias do deserto, encontrámos uma duna que preenchia os requisitos para nos deleitarmos com o espectáculo. E foi tudo que esperávamos ou ainda mais…uma experiência indescritível, quase mística!
De volta ao nosso alojamento, cruzámo-nos com várias caravanas de dromedários, que transportavam turistas que tinham em ido busca da mesma experiência que nós. Já perto da aldeia, espreitámos a horta comunitária, devidamente “enfeitada” de palmeiras, onde há um trabalho conjunto para a manter de boa saúde, garantindo o funcionamento do sistema de irrigação.
Compensámos as calorias gastas, com um belo pequeno-almoço e voltámos a deixar o nosso albergue. Pegamos na mota para uma expedição previamente programada na região. Parámos para alimentar a miúda de duas rodas, acabando por demorar mais do que gostaríamos, tal a afluência à bomba e em seguida, enfrentámos o calor tórrido e rumámos a Gara Medouar. À excepção da cidade de Rissani, as estradas solitárias marcavam o tom. Aqui e ali, apareciam mascaradas pequenos aglomerados de cabanas nómadas, rebanhos de ovelhas e infelizmente, muito lixo…uma nódoa neste belo tecido que é Marrocos. Cerca de 50 kms percorridos em asfalto, tivemos que sair da estrada principal, experimentando pela 2ª vez na viagem, os desafios do off-road. Dos múltiplos trilhos que se apresentavam diante de nós, escolhemos talvez um dos piores, suando as estopinhas até chegarmos finalmente Às portas da espectacular formação geológica, em forma de ferradura. Enquanto aproveitámos a sombra de uma árvore para nos recompormos da turbulência e avaliarmos a subida até ao topo, chegaram 2 motociclistas franceses, pai e filho, com quem trocámos algumas impressões e depois, um simpático casal que seguia em 4 rodas, a Cláudia e o Christow…acabámos por nos envolver numa animada conversa, que começou em Marrocos, mas rapidamente atravessou fronteiras. Decidimos todos subir até ao cume e a recompensa deixou-nos sem palavras! A imagem era brutal. Extra-terrestre! Tínhamos certamente, sido transportados para um qualquer filme de ficção científica. Estávamos sem dúvida, no cenário do Prometheus ou da Guerra das Estrelas…Gara Medouar, ao contrário do que alguns pensam, não é a cratera de um vulcão…é um maciço calcário, que forma um semi-anfiteatro natural com cerca de 50m de altura acima do deserto. Por volta do séc.XI e dada a sua configuração, foi aproveitada para servir de fortificação. É também conhecida como Carcel Portuguesa. Embora não haja registos escritos, a tradição oral passa que o local terá servido como local de armazenamento de escravos por comerciantes Portugueses…o epíteto não abona em nosso favor…mais recentemente, a zona tem sido local de eleição para a rodagem de filmes, entre eles, a Múmia ou 007. Independentemente dos factos ou ficção, o que os nossos olhos viram, é sem dúvida digno de registo.
Deixámos este belíssimo quadro para regressarmos a Hassilabied. No regresso ao asfalto, escolhemos um trilho menos acidentado e acabámos por parar para algumas fotografias no infinito. Ainda demos um salto a Merzouga antes de voltarmos ao La Source, onde após um almoço ligeiro, aproveitámos o resto da tarde para tarefas menos aliciantes. Tínhamos roupa para lavar e toneladas de vídeos e imagens para descarregar. Ainda assim, conseguimos arranjar um bocadinho para nos refrescarmos com mais uns mergulhos na piscina. O sol estava quase a despedir-se e decidimos não desperdiçar a oportunidade de lhe dizermos adeus da mesma forma como o saudámos pela manhã, no meio das dunas. Aventurámo-nos em 4 rodas…seguindo na trilha do nosso simpático guia, com a adrenalina a explodir nas veias, navegámos pelas grandiosas ondas de areia do deserto, até nos encontrarmos em “alto mar”, onde nada se via, além daquela imensidão dourada. Aqui, com a emoção à flor da pele, assistimos ao brilhante fecho, de mais um acto da majestosa estrela. A noite, terminou em merecido ambiente de descontracção…a degustar um copioso jantar à beira da piscina e sob a cúpula celeste do deserto! O final perfeito para este capítulo!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
- 6º Dia (Merzouga-Gara Medouar/Prisão Portuguesa-Merzouga)
O céu estrelado do Saara, foi a melhor das canções de embalar, mas poucas horas depois, o despertador gritava para nos pormos a pé. Era ainda noite escura, quando saímos pé ante pé do La Source, onde ainda todos dormiam, para irmos assistir ao erguer do Astro-Rei! Depois de uma exigente caminhada pelas areias do deserto, encontrámos uma duna que preenchia os requisitos para nos deleitarmos com o espectáculo. E foi tudo que esperávamos ou ainda mais…uma experiência indescritível, quase mística!
De volta ao nosso alojamento, cruzámo-nos com várias caravanas de dromedários, que transportavam turistas que tinham em ido busca da mesma experiência que nós. Já perto da aldeia, espreitámos a horta comunitária, devidamente “enfeitada” de palmeiras, onde há um trabalho conjunto para a manter de boa saúde, garantindo o funcionamento do sistema de irrigação.
Compensámos as calorias gastas, com um belo pequeno-almoço e voltámos a deixar o nosso albergue. Pegamos na mota para uma expedição previamente programada na região. Parámos para alimentar a miúda de duas rodas, acabando por demorar mais do que gostaríamos, tal a afluência à bomba e em seguida, enfrentámos o calor tórrido e rumámos a Gara Medouar. À excepção da cidade de Rissani, as estradas solitárias marcavam o tom. Aqui e ali, apareciam mascaradas pequenos aglomerados de cabanas nómadas, rebanhos de ovelhas e infelizmente, muito lixo…uma nódoa neste belo tecido que é Marrocos. Cerca de 50 kms percorridos em asfalto, tivemos que sair da estrada principal, experimentando pela 2ª vez na viagem, os desafios do off-road. Dos múltiplos trilhos que se apresentavam diante de nós, escolhemos talvez um dos piores, suando as estopinhas até chegarmos finalmente Às portas da espectacular formação geológica, em forma de ferradura. Enquanto aproveitámos a sombra de uma árvore para nos recompormos da turbulência e avaliarmos a subida até ao topo, chegaram 2 motociclistas franceses, pai e filho, com quem trocámos algumas impressões e depois, um simpático casal que seguia em 4 rodas, a Cláudia e o Christow…acabámos por nos envolver numa animada conversa, que começou em Marrocos, mas rapidamente atravessou fronteiras. Decidimos todos subir até ao cume e a recompensa deixou-nos sem palavras! A imagem era brutal. Extra-terrestre! Tínhamos certamente, sido transportados para um qualquer filme de ficção científica. Estávamos sem dúvida, no cenário do Prometheus ou da Guerra das Estrelas…Gara Medouar, ao contrário do que alguns pensam, não é a cratera de um vulcão…é um maciço calcário, que forma um semi-anfiteatro natural com cerca de 50m de altura acima do deserto. Por volta do séc.XI e dada a sua configuração, foi aproveitada para servir de fortificação. É também conhecida como Carcel Portuguesa. Embora não haja registos escritos, a tradição oral passa que o local terá servido como local de armazenamento de escravos por comerciantes Portugueses…o epíteto não abona em nosso favor…mais recentemente, a zona tem sido local de eleição para a rodagem de filmes, entre eles, a Múmia ou 007. Independentemente dos factos ou ficção, o que os nossos olhos viram, é sem dúvida digno de registo.
Deixámos este belíssimo quadro para regressarmos a Hassilabied. No regresso ao asfalto, escolhemos um trilho menos acidentado e acabámos por parar para algumas fotografias no infinito. Ainda demos um salto a Merzouga antes de voltarmos ao La Source, onde após um almoço ligeiro, aproveitámos o resto da tarde para tarefas menos aliciantes. Tínhamos roupa para lavar e toneladas de vídeos e imagens para descarregar. Ainda assim, conseguimos arranjar um bocadinho para nos refrescarmos com mais uns mergulhos na piscina. O sol estava quase a despedir-se e decidimos não desperdiçar a oportunidade de lhe dizermos adeus da mesma forma como o saudámos pela manhã, no meio das dunas. Aventurámo-nos em 4 rodas…seguindo na trilha do nosso simpático guia, com a adrenalina a explodir nas veias, navegámos pelas grandiosas ondas de areia do deserto, até nos encontrarmos em “alto mar”, onde nada se via, além daquela imensidão dourada. Aqui, com a emoção à flor da pele, assistimos ao brilhante fecho, de mais um acto da majestosa estrela. A noite, terminou em merecido ambiente de descontracção…a degustar um copioso jantar à beira da piscina e sob a cúpula celeste do deserto! O final perfeito para este capítulo!
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Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
- 7º Dia (Merzouga-Garganta do Todra-Agoudal (R703))
Tal como no dia anterior a areia nos escapava por entre os dedos, começámos a perceber que também o tempo fugia, afinal de contas e assim de repente, estávamos já no 7º dia de viagem. O percurso que tínhamos definido para este dia, não era assim tão logo, como tal, permitimo-nos acordar um pouco mais tarde. Despedimo-nos das dunas com um “até à próxima” e continuámos a viagem, já debaixo de altas temperaturas. Os cenários que percorríamos, mantinham a sua grandiosidade e nós, sentíamo-nos como um grão de areia no deserto. Passavam-se kms e kms em que apenas a estrada que se estendia à nossa frente, cortava a imensidão. A paisagem mostrava-se austera e as formações rochosas evidenciavam as marcas do tempo e a riqueza geológica da sua formação. Ao longo dos anos, tinham sido esculpidas finas ondas para a memória futura. À conta desta riqueza, encontram-se por todo o lado pessoas a venderem minerais, fósseis e até pedaços de meteoritos.
A pouco e pouco, a vegetação rasteira que predominava, vai crescendo. Começavam a aparecer árvores que quebravam a homogeneidade do caminho e indicavam que em breve, surgiria por certo uma povoação. Assim foi. Aproveitámos para fazer uma pausa para café. Sentados na esplanada, apreciámos o movimento do quotidiano daquele local, ao mesmo tempo com tantas semelhanças e diferenças da nossa realidade. Voltámos à estrada. A próxima missão era atestar o depósito, já que em breve estaríamos em terreno ainda mais remoto, onde certamente não encontraríamos bombas. Não tivemos sucesso na 1ª tentativa, mas felizmente, a poucos kms, havia outro posto, o que nos permitiu suspirar de alívio e enfrentar sem medo a subida às montanhas. Íamos aventurar-nos pelo Alto Atlas, percorrendo algumas das estradas mais altas da cordilheira. Mas antes, ainda teríamos muito com que nos pasmar. A contrastar com os tons ocre da terra e das construções de adobe, surge novamente um rio verde. E se no Vale do Ziz já tínhamos ficado estupefactos, aqui, essa admiração foi multiplicada. No leito do rio, cresce uma enorme e luxuriante manta verde. As palmeiras, são obviamente rainhas, mas a seu lado, encontram-se campos de cultura bem alimentados pela água subterrânea. Nas margens do rio, cresce a cidade de Tinghir, aproveitando os benefícios que a água traz. Parámos no miradouro para fotografar e apreciar melhor o oásis, uma autêntica manifestação divina da natureza. Por aqui, vendedores de artesanato coloriam os muros com os produtos locais e tentavam a sua sorte com os muitos turistas que ali passavam. Fugimos do assédio comercial mas pouco depois voltávamos a parar para uma refeição ligeira. Aproveitámos o ar condicionado para normalizar a temperatura corporal e enfrentarmos de novo o calor que ainda se fazia sentir. Continuámos a nossa subida e conforme o fazíamos, vimo-nos ladeados de gigantescos penhascos e mais uma vez, sentimo-nos microscópicos. Tínhamos chegado às famosas Gargantas do Todra (ou Todgha), as portas para o Alto Atlas e um dos desfiladeiros mais impressionantes de Marrocos, com as suas altíssimas escarpas calcárias. O rio, dependendo da altura do ano, vai também mudando a sua força, chegando mesmo a desaparecer nos meses mais quentes. Por sorte, ainda conseguimos ver alguma água.
Depois da paragem obrigatória para mais um “rolo” de fotografias, seguimos caminho por estradas que mudavam de piso com frequência. Se em alguns troços se encontravam bastante degradadas, noutros encontrámos piso novo, muito à conta da barragem recém-construída e que muitos acusam de ser a assassina das aldeias que se encontram acima dela. A corroborar esta acusação, estão as povoações por onde passámos e que embora ainda tivessem traços de alguma abundância, manifestavam agora sinais de decadência. As construções começavam a escassear à medida que subíamos e também na mesma proporção aumentava o nosso espanto perante aquela magnitude. Por mais de uma vez tivemos que parar. Não era possível passar por ali, sem tirar uns minutos para contemplar tamanha obra. Foi uma subida gloriosa. Apesar de não parecer, a natureza começava a mostrar que estávamos de facto a uma altura considerável. A temperatura baixava consideravelmente e os céus adornavam-se de nuvens que ameaçavam abrir.
Chegámos finalmente a Agoudal, o nosso destino do dia. A mais alta aldeia do Alto Atlas, a cerca de 2300m de altitude, seria o nosso refúgio nessa noite e despertaria em nós uma ambivalência de emoções. Escolhemos para nossa “casa” o Auberge Afoud, à entrada da aldeia e depois de nos instaláramos, decidimos fazer um passeio para explorar Agoudal. Poucos metros depois deparávamo-nos com a realidade mais dura e provavelmente com aquele que seria o maior choque civilizacional da viagem. Mulheres trabalhavam nos campos e lavavam as roupas nos rios, acompanhadas por crianças pequenas, em péssimo estado de higiene e que ao nos avistarem, correrem de imediato para nós, mendigando por dinheiro, doces ou qualquer outra coisa, acompanhando-nos no nosso percurso, em imparável discurso. Claro que não falavam inglês, nem francês, nem sequer árabe. Apenas o seu próprio dialecto bérbere. Fomos comunicando através de gestos e expressões faciais, até que acabaram por desistir, mas logo outros apareciam para tomar o seu lugar. Percorremos as poucas ruas da aldeia e acabámos por beber um chá num dos cafés, onde apenas se viam homens. Por ali, a vida parece ter parado no tempo. A electricidade chegou à aldeia há poucos anos e não existem praticamente televisões. As dificuldades para sobreviver são muitas e tudo se repete num ciclo sem fim. Os homens que trabalham, dedicam-se ao comércio ou à pastorícia. As meninas, acabam a instrução primária e vão para os campos ajudar as mães. Casam, têm filhos e a história repete-se. Uma ou outra ousa sonhar fora das montanhas, mas muito poucas saem dela.
Apesar desta realidade à partida difícil de compreender, Agoudal tem uma beleza sem par. Não só na paisagem, mas na autenticidade que ali encontrámos e que nos marcou profundamente.
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- 7º Dia (Merzouga-Garganta do Todra-Agoudal (R703))
Tal como no dia anterior a areia nos escapava por entre os dedos, começámos a perceber que também o tempo fugia, afinal de contas e assim de repente, estávamos já no 7º dia de viagem. O percurso que tínhamos definido para este dia, não era assim tão logo, como tal, permitimo-nos acordar um pouco mais tarde. Despedimo-nos das dunas com um “até à próxima” e continuámos a viagem, já debaixo de altas temperaturas. Os cenários que percorríamos, mantinham a sua grandiosidade e nós, sentíamo-nos como um grão de areia no deserto. Passavam-se kms e kms em que apenas a estrada que se estendia à nossa frente, cortava a imensidão. A paisagem mostrava-se austera e as formações rochosas evidenciavam as marcas do tempo e a riqueza geológica da sua formação. Ao longo dos anos, tinham sido esculpidas finas ondas para a memória futura. À conta desta riqueza, encontram-se por todo o lado pessoas a venderem minerais, fósseis e até pedaços de meteoritos.
A pouco e pouco, a vegetação rasteira que predominava, vai crescendo. Começavam a aparecer árvores que quebravam a homogeneidade do caminho e indicavam que em breve, surgiria por certo uma povoação. Assim foi. Aproveitámos para fazer uma pausa para café. Sentados na esplanada, apreciámos o movimento do quotidiano daquele local, ao mesmo tempo com tantas semelhanças e diferenças da nossa realidade. Voltámos à estrada. A próxima missão era atestar o depósito, já que em breve estaríamos em terreno ainda mais remoto, onde certamente não encontraríamos bombas. Não tivemos sucesso na 1ª tentativa, mas felizmente, a poucos kms, havia outro posto, o que nos permitiu suspirar de alívio e enfrentar sem medo a subida às montanhas. Íamos aventurar-nos pelo Alto Atlas, percorrendo algumas das estradas mais altas da cordilheira. Mas antes, ainda teríamos muito com que nos pasmar. A contrastar com os tons ocre da terra e das construções de adobe, surge novamente um rio verde. E se no Vale do Ziz já tínhamos ficado estupefactos, aqui, essa admiração foi multiplicada. No leito do rio, cresce uma enorme e luxuriante manta verde. As palmeiras, são obviamente rainhas, mas a seu lado, encontram-se campos de cultura bem alimentados pela água subterrânea. Nas margens do rio, cresce a cidade de Tinghir, aproveitando os benefícios que a água traz. Parámos no miradouro para fotografar e apreciar melhor o oásis, uma autêntica manifestação divina da natureza. Por aqui, vendedores de artesanato coloriam os muros com os produtos locais e tentavam a sua sorte com os muitos turistas que ali passavam. Fugimos do assédio comercial mas pouco depois voltávamos a parar para uma refeição ligeira. Aproveitámos o ar condicionado para normalizar a temperatura corporal e enfrentarmos de novo o calor que ainda se fazia sentir. Continuámos a nossa subida e conforme o fazíamos, vimo-nos ladeados de gigantescos penhascos e mais uma vez, sentimo-nos microscópicos. Tínhamos chegado às famosas Gargantas do Todra (ou Todgha), as portas para o Alto Atlas e um dos desfiladeiros mais impressionantes de Marrocos, com as suas altíssimas escarpas calcárias. O rio, dependendo da altura do ano, vai também mudando a sua força, chegando mesmo a desaparecer nos meses mais quentes. Por sorte, ainda conseguimos ver alguma água.
Depois da paragem obrigatória para mais um “rolo” de fotografias, seguimos caminho por estradas que mudavam de piso com frequência. Se em alguns troços se encontravam bastante degradadas, noutros encontrámos piso novo, muito à conta da barragem recém-construída e que muitos acusam de ser a assassina das aldeias que se encontram acima dela. A corroborar esta acusação, estão as povoações por onde passámos e que embora ainda tivessem traços de alguma abundância, manifestavam agora sinais de decadência. As construções começavam a escassear à medida que subíamos e também na mesma proporção aumentava o nosso espanto perante aquela magnitude. Por mais de uma vez tivemos que parar. Não era possível passar por ali, sem tirar uns minutos para contemplar tamanha obra. Foi uma subida gloriosa. Apesar de não parecer, a natureza começava a mostrar que estávamos de facto a uma altura considerável. A temperatura baixava consideravelmente e os céus adornavam-se de nuvens que ameaçavam abrir.
Chegámos finalmente a Agoudal, o nosso destino do dia. A mais alta aldeia do Alto Atlas, a cerca de 2300m de altitude, seria o nosso refúgio nessa noite e despertaria em nós uma ambivalência de emoções. Escolhemos para nossa “casa” o Auberge Afoud, à entrada da aldeia e depois de nos instaláramos, decidimos fazer um passeio para explorar Agoudal. Poucos metros depois deparávamo-nos com a realidade mais dura e provavelmente com aquele que seria o maior choque civilizacional da viagem. Mulheres trabalhavam nos campos e lavavam as roupas nos rios, acompanhadas por crianças pequenas, em péssimo estado de higiene e que ao nos avistarem, correrem de imediato para nós, mendigando por dinheiro, doces ou qualquer outra coisa, acompanhando-nos no nosso percurso, em imparável discurso. Claro que não falavam inglês, nem francês, nem sequer árabe. Apenas o seu próprio dialecto bérbere. Fomos comunicando através de gestos e expressões faciais, até que acabaram por desistir, mas logo outros apareciam para tomar o seu lugar. Percorremos as poucas ruas da aldeia e acabámos por beber um chá num dos cafés, onde apenas se viam homens. Por ali, a vida parece ter parado no tempo. A electricidade chegou à aldeia há poucos anos e não existem praticamente televisões. As dificuldades para sobreviver são muitas e tudo se repete num ciclo sem fim. Os homens que trabalham, dedicam-se ao comércio ou à pastorícia. As meninas, acabam a instrução primária e vão para os campos ajudar as mães. Casam, têm filhos e a história repete-se. Uma ou outra ousa sonhar fora das montanhas, mas muito poucas saem dela.
Apesar desta realidade à partida difícil de compreender, Agoudal tem uma beleza sem par. Não só na paisagem, mas na autenticidade que ali encontrámos e que nos marcou profundamente.
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Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
-8º Dia (Agoudal-Garganta de Dades-Skoura (R704))
Depois de um serão de conversa animada com outros hóspedes no auberge_afoud, a noite, deliciosamente fresca, embalou-nos num doce descanso. Na manhã seguinte, esperava-nos mais um delicioso pequeno-almoço, antes de nos despedirmos dos nossos simpáticos anfitriões e desta aldeia parada no tempo. Quando saímos, a quietude da manhã acentuava ainda mais a beleza da paisagem. Nos campos, viam-se já algumas mulheres e ao longo da estrada, vários miúdos que tinham trocado a escola pelas bermas, executavam o ritual de acenarem aos que por ali passavam, na esperança de verem a sua actuação retribuída em géneros. O nosso percurso continuava a subir, levando-nos inicialmente por uma estrada novinha, de alcatrão quase imaculado. E assim foi, até chegarmos ao Tizi n’Ouaro, um pico quase a roçar os 3000m de altitude. Estávamos sensivelmente a meio da viagem, quando atingimos aquele que seria o local mais alto por onde as estradas Marroquinas nos levariam. Um momento cheio de simbolismo! Parámos para registar a efeméride e mais uma vez nos deixarmos arrebatar pelo brutal cenário com que nos deparávamos. Mas tínhamos que prosseguir e a ansiedade, começava a alastrar…À nossa frente, contrastando com os kms anteriores, esperava-nos o maior e mais desafiante troço de terra batida que teríamos de percorrer. A estreita e vertiginosa pista, abria caminho pelas curvas da montanha e à medida que descíamos o seu piso ia variando…ora mau, ora terrível. Mas toda a dificuldade foi superada, muito pela cautela na condução, mas sobretudo pelas paisagens que este caminho nos proporcionou. As esculturas impressas nas montanhas, transformaram-nas em algo maior, testemunhas de uma história sem livros e sem dúvida diferente de todas as paisagens por onde já tínhamos passado. Claro que num percurso tão fenomenal, nos fomos cruzando com inúmeros motociclistas, que tal como nós, procuravam superar esta prova. Fizemos o trajecto com calma, parando volta e meia para o podermos apreciar melhor e quando demos conta, o nervoso miudinho era só uma lembrança e apesar de ainda termos alguns kms de terra batida pela frente, tínhamos terminado a descida com sucesso. Continuávamos a nossa exploração pelos planaltos montanhosos, território berbere e onde apareciam pequenas aldeias, cujas casas ostentavam com orgulho símbolos da sua cultura ou frases de ordem mostrando a sua luta pela sobrevivência. Pelo caminho, íamos encontrando pessoas a cultivarem os campos, a lavarem roupa nos rios e miúdos a caminho da escola ou simplesmente a ver o tempo passar. Sempre curiosos em relação aos turistas, embora com alguma desconfiança à mistura.
O caminho afastou-nos novamente das povoações, para regressarmos às estradas da cordilheira do Alto Atlas, em que a mãe natureza reina e nos presenteia com belíssimas e grandiosas imagens. Parámos mais uma vez e como de um camarote se tratasse, debruçámo-nos para apreciar o espectacular cenário, onde as montanhas abaixo se tinham transformado ao longo de milhares de anos e faziam lembrar carapaças de tartarugas gigantes. Impressionante. Voltámos à estrada, onde voltavam também a aparecer zonas mais verdejantes, com árvores e campos de cultivo, sinónimo claro de que haveria água por perto. Estávamos de facto no Vale do Rio Dades e pouco depois, percorríamos as suas gargantas, mais um dos ex-líbris naturais de Marrocos. Pouco depois, parávamos para uma merecida pausa no restaurante panorâmico em Timzillite, de onde se tem uma vista privilegiada sobre a estrada serpenteante abaixo e que será talvez uma das mais fotografadas do país. Nós não fugimos à regra. Depois do descanso e de umas quantas fotografias, deliciámo-nos a percorrer as curvas do passo de Timzillite, que num instante terminava, qual viagem de carrossel.
À medida que o dia e o nosso trajecto se iam desenrolando, sentíamos cada vez mais a presença humana à nossa volta. Cruzávamo-nos com um número crescente de pessoas e as povoações, tornavam-se mais frequentes, outro sinal da abundância de água e de locais turísticos, como por exemplo os Dedos de Macaco, um local onde as formações rochosas de calcário e arenito fazem lembrar falanges gigantescas.
O reencontro com a civilização tornava-se iminente e ao chegarmos a Kelaat-M'Gouna, uma cidade conhecida pela produção de rosas, fomos surpreendidos por uma confusão total. Pessoas, carros, polícia, a cidade estava em ebulição. Percebemos entretanto que decorria o famoso Festival das Rosas, que atrai milhares de pessoas à cidade, não só pelo comércio de variados produtos feitos à base daquela flor, mas também pelos inúmeros espectáculos de folclore que se realizam. Felizmente conseguimos atravessar a cidade sem grandes demoras. Ao longo do chamado Vales das Rosas, continuámos a ver pessoas em festa e decorações feitas de pétalas ladeavam as estradas. Embora as grandes plantações destas flores estejam escondidas dos olhos de quem por ali passa, consegue-se sentir o aroma a rosas que perfuma delicadamente o ar. A etapa do dia estava prestes a terminar. A paisagem verdejante transformara-se de novo e voltava a dar lugar aos tons terra, que combinavam com o muito calor que se fazia sentir de novo. Quando finalmente chegámos a Skoura, o cansaço de um dia tão emocionante, abateu-se sobre nós e só tivemos forças para procurarmos o nosso hotel o Kasbah la datte D'or, onde o nosso efusivo anfitrião nos recebeu com o tradicional chá e permitiu que a nossa motinha dormisse num quarto com upgrade: o terraço da casa!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
-8º Dia (Agoudal-Garganta de Dades-Skoura (R704))
Depois de um serão de conversa animada com outros hóspedes no auberge_afoud, a noite, deliciosamente fresca, embalou-nos num doce descanso. Na manhã seguinte, esperava-nos mais um delicioso pequeno-almoço, antes de nos despedirmos dos nossos simpáticos anfitriões e desta aldeia parada no tempo. Quando saímos, a quietude da manhã acentuava ainda mais a beleza da paisagem. Nos campos, viam-se já algumas mulheres e ao longo da estrada, vários miúdos que tinham trocado a escola pelas bermas, executavam o ritual de acenarem aos que por ali passavam, na esperança de verem a sua actuação retribuída em géneros. O nosso percurso continuava a subir, levando-nos inicialmente por uma estrada novinha, de alcatrão quase imaculado. E assim foi, até chegarmos ao Tizi n’Ouaro, um pico quase a roçar os 3000m de altitude. Estávamos sensivelmente a meio da viagem, quando atingimos aquele que seria o local mais alto por onde as estradas Marroquinas nos levariam. Um momento cheio de simbolismo! Parámos para registar a efeméride e mais uma vez nos deixarmos arrebatar pelo brutal cenário com que nos deparávamos. Mas tínhamos que prosseguir e a ansiedade, começava a alastrar…À nossa frente, contrastando com os kms anteriores, esperava-nos o maior e mais desafiante troço de terra batida que teríamos de percorrer. A estreita e vertiginosa pista, abria caminho pelas curvas da montanha e à medida que descíamos o seu piso ia variando…ora mau, ora terrível. Mas toda a dificuldade foi superada, muito pela cautela na condução, mas sobretudo pelas paisagens que este caminho nos proporcionou. As esculturas impressas nas montanhas, transformaram-nas em algo maior, testemunhas de uma história sem livros e sem dúvida diferente de todas as paisagens por onde já tínhamos passado. Claro que num percurso tão fenomenal, nos fomos cruzando com inúmeros motociclistas, que tal como nós, procuravam superar esta prova. Fizemos o trajecto com calma, parando volta e meia para o podermos apreciar melhor e quando demos conta, o nervoso miudinho era só uma lembrança e apesar de ainda termos alguns kms de terra batida pela frente, tínhamos terminado a descida com sucesso. Continuávamos a nossa exploração pelos planaltos montanhosos, território berbere e onde apareciam pequenas aldeias, cujas casas ostentavam com orgulho símbolos da sua cultura ou frases de ordem mostrando a sua luta pela sobrevivência. Pelo caminho, íamos encontrando pessoas a cultivarem os campos, a lavarem roupa nos rios e miúdos a caminho da escola ou simplesmente a ver o tempo passar. Sempre curiosos em relação aos turistas, embora com alguma desconfiança à mistura.
O caminho afastou-nos novamente das povoações, para regressarmos às estradas da cordilheira do Alto Atlas, em que a mãe natureza reina e nos presenteia com belíssimas e grandiosas imagens. Parámos mais uma vez e como de um camarote se tratasse, debruçámo-nos para apreciar o espectacular cenário, onde as montanhas abaixo se tinham transformado ao longo de milhares de anos e faziam lembrar carapaças de tartarugas gigantes. Impressionante. Voltámos à estrada, onde voltavam também a aparecer zonas mais verdejantes, com árvores e campos de cultivo, sinónimo claro de que haveria água por perto. Estávamos de facto no Vale do Rio Dades e pouco depois, percorríamos as suas gargantas, mais um dos ex-líbris naturais de Marrocos. Pouco depois, parávamos para uma merecida pausa no restaurante panorâmico em Timzillite, de onde se tem uma vista privilegiada sobre a estrada serpenteante abaixo e que será talvez uma das mais fotografadas do país. Nós não fugimos à regra. Depois do descanso e de umas quantas fotografias, deliciámo-nos a percorrer as curvas do passo de Timzillite, que num instante terminava, qual viagem de carrossel.
À medida que o dia e o nosso trajecto se iam desenrolando, sentíamos cada vez mais a presença humana à nossa volta. Cruzávamo-nos com um número crescente de pessoas e as povoações, tornavam-se mais frequentes, outro sinal da abundância de água e de locais turísticos, como por exemplo os Dedos de Macaco, um local onde as formações rochosas de calcário e arenito fazem lembrar falanges gigantescas.
O reencontro com a civilização tornava-se iminente e ao chegarmos a Kelaat-M'Gouna, uma cidade conhecida pela produção de rosas, fomos surpreendidos por uma confusão total. Pessoas, carros, polícia, a cidade estava em ebulição. Percebemos entretanto que decorria o famoso Festival das Rosas, que atrai milhares de pessoas à cidade, não só pelo comércio de variados produtos feitos à base daquela flor, mas também pelos inúmeros espectáculos de folclore que se realizam. Felizmente conseguimos atravessar a cidade sem grandes demoras. Ao longo do chamado Vales das Rosas, continuámos a ver pessoas em festa e decorações feitas de pétalas ladeavam as estradas. Embora as grandes plantações destas flores estejam escondidas dos olhos de quem por ali passa, consegue-se sentir o aroma a rosas que perfuma delicadamente o ar. A etapa do dia estava prestes a terminar. A paisagem verdejante transformara-se de novo e voltava a dar lugar aos tons terra, que combinavam com o muito calor que se fazia sentir de novo. Quando finalmente chegámos a Skoura, o cansaço de um dia tão emocionante, abateu-se sobre nós e só tivemos forças para procurarmos o nosso hotel o Kasbah la datte D'or, onde o nosso efusivo anfitrião nos recebeu com o tradicional chá e permitiu que a nossa motinha dormisse num quarto com upgrade: o terraço da casa!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
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Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
-9º Dia (Skoura - Ait Ben Haddou - Télouet)
Um novo dia chegou e com ele, mais um maravilhoso pequeno-almoço tradicional, desta feita no terraço do Kasbah la datte D'or. Com o depósito bem atestado e depois de umas calorosas despedidas do nosso anfitrião Abdellatif, demos início à etapa do dia. Desta vez, teríamos um percurso ligeiro, de poucos kms e sem esperar grandes exigências de condução.
Deixámos Skoura, que apesar de já ter uma dimensão considerável, mantém, à excepção da via principal que a atravessa, quase todas as estradas em terra batida.
O traçado que escolhemos, levava-nos por extensas rectas, mais uma vez enganadoras em relação à altitude. Ainda estávamos no Alto Atlas, como comprovavam as silhuetas das montanhas que se mantinham como pano de fundo. Ao longo do caminho, além de nos cruzarmos pontualmente com outros veículos, poucos artefactos quebravam a constância da paisagem, mas volta e meia aparecia no horizonte, uma luz brilhante e que nos foi acompanhando por vários kms. Descobrimos depois que se tratava da torre de um gigantesco parque de energia foto voltaica.
Aproximávamo-nos de Ouarzazate e atravessámo-la sem parar. Sabíamos que era uma grande cidade, mas acabámos por ficar surpreendidos com a sua dimensão. Pouco depois de sairmos dos limites da cidade, passávamos por mais uma atracção para muitos turistas, os gigantescos Estúdios Atlas, o centro da indústria cinematográfica de Marrocos e onde já foram filmadas inúmeras cenas, inclusive para muitos filmes de Hollywood. Não sendo exactamente o tipo de experiência que mais nos seduz, prosseguimos a viagem, com destino ao Ksar de Ait Ben Haddou, curiosamente também já utilizado como cenário para várias películas famosas.
A cidade fortificada, ou Alcácer, situado no vale do Rio Unila, foi declarado património mundial da Unesco em 1987 e embora algumas famílias ainda lá habitem, a maior parte da população mudou-se para construções mais modernas do outro lado do rio. A maior fonte de rendimento do local, é sem dúvida proveniente do turismo e assim que chegámos, apercebemo-nos dessa realidade. Por todo o lado víamos lojas, restaurantes, unidades hoteleiras e veículos…muitos. Autocarros de excursões, carrinhas e claro, motos. Deixámos a nossa no grande parque de estacionamento, sob os cuidados de um zeloso vigilante que nos garantiu ser seguro deixarmos os capacetes e os casacos na mota. Confiámos…até porque o calor que se fazia sentir, tornaria o passeio torturante caso tivéssemos que levar todo o equipamento. Atravessámos então o leito do rio, quase seco, em detrimento da ponte que o sobrepunha. Depois de pagarmos o bilhete, cuja receita serve supostamente para manter o local em boas condições, penetrámos no interior do Ksar, onde percorremos as suas ruelas íngremes, e podemos apreciar as diferentes construções que ali se encontram. Por todo o lado, havia comerciantes que faziam publicidade aos seus produtos. Nós, comprámos apenas uma sombra, bebidas frescas e uma vista fabulosa sobre o vale. Deixámos as muralhas e voltámos a cruzar o rio, desta vez pela ponte, dirigindo-nos novamente à nossa companheira de duas rodas, onde encontrámos, conforme nos tinha sido assegurado, todo o material. Depois de devidamente recompensado, despedimo-nos do vigilante e da já demasiado turística Ait Ben Haddou.
Não tínhamos mais paragens programadas antes de chegarmos ao destino final do dia e até lá chegarmos, esperava-nos um belo troço. Seguimos acompanhados por vales e leitos de rios verdejantes, serpenteando novamente pelas montanhas. Também as nuvens iam dançando, ora limpando ora tapando os céus.
Chegámos finalmente a Télouet, uma pequena aldeia no Alto Atlas, a cerca de 1800m de altitude! Embora pequena, no passado, o local prosperou devido às minas de sal e ao facto de ser um ponto importante nas rotas comerciais. Tínhamos reservado alojamento antes da entrada da aldeia, no Auberge Restaurant Telouet, onde fomos agraciados com um quarto com uma vista fabulosa. Depois de nos acomodarmos e refrescarmos do calor da viagem, decidimos ir visitar o Kasbah de Télouet, o ex-líbris da aldeia e antiga residência de El Glaoui, um líder berbere local, que ganhou grande notoriedade e poder durante o protectorado francês, por quem foi nomeado Paxá de Marraquexe. Embora seja possível visitar o Kasbah de forma autónoma, por apenas 20 dirham por pessoa fomos fortemente aconselhados a contratar um guia e ainda bem que o fizemos. O nosso guia, Rachid Barakat, auto intitulado “Paxá de Télouet”, presenteou-nos com uma visita espectacular. Além de ficarmos a conhecer muito mais da história de Marrocos e muitas curiosidades locais, a forma como conduziu a visita e o seu fabuloso sentido de humor, elevaram sem dúvida o momento. Recomendamos! Ficámos igualmente encantados com o palácio. Embora não tenha já a grandiosidade de outros tempos e o exterior se encontrar algo deteriorado, o interior esconde maravilhosas salas, ricamente decoradas com os tradicionais mosaicos e madeira trabalhada. Uma verdadeira pérola.
A noite começava a mostrar-se, com a tranquilidade das montanhas a invadirem o local. Jantámos no bonito terraço do restaurante do hotel, com as estrelas a enfeitarem os céus, transportando-nos para uma qualquer história das “Mil e uma noites”! Chegava ao fim mais um dia da nossa aventura, num dos locais que mais nos surpreenderam e do qual certamente não nos esqueceremos!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
-9º Dia (Skoura - Ait Ben Haddou - Télouet)
Um novo dia chegou e com ele, mais um maravilhoso pequeno-almoço tradicional, desta feita no terraço do Kasbah la datte D'or. Com o depósito bem atestado e depois de umas calorosas despedidas do nosso anfitrião Abdellatif, demos início à etapa do dia. Desta vez, teríamos um percurso ligeiro, de poucos kms e sem esperar grandes exigências de condução.
Deixámos Skoura, que apesar de já ter uma dimensão considerável, mantém, à excepção da via principal que a atravessa, quase todas as estradas em terra batida.
O traçado que escolhemos, levava-nos por extensas rectas, mais uma vez enganadoras em relação à altitude. Ainda estávamos no Alto Atlas, como comprovavam as silhuetas das montanhas que se mantinham como pano de fundo. Ao longo do caminho, além de nos cruzarmos pontualmente com outros veículos, poucos artefactos quebravam a constância da paisagem, mas volta e meia aparecia no horizonte, uma luz brilhante e que nos foi acompanhando por vários kms. Descobrimos depois que se tratava da torre de um gigantesco parque de energia foto voltaica.
Aproximávamo-nos de Ouarzazate e atravessámo-la sem parar. Sabíamos que era uma grande cidade, mas acabámos por ficar surpreendidos com a sua dimensão. Pouco depois de sairmos dos limites da cidade, passávamos por mais uma atracção para muitos turistas, os gigantescos Estúdios Atlas, o centro da indústria cinematográfica de Marrocos e onde já foram filmadas inúmeras cenas, inclusive para muitos filmes de Hollywood. Não sendo exactamente o tipo de experiência que mais nos seduz, prosseguimos a viagem, com destino ao Ksar de Ait Ben Haddou, curiosamente também já utilizado como cenário para várias películas famosas.
A cidade fortificada, ou Alcácer, situado no vale do Rio Unila, foi declarado património mundial da Unesco em 1987 e embora algumas famílias ainda lá habitem, a maior parte da população mudou-se para construções mais modernas do outro lado do rio. A maior fonte de rendimento do local, é sem dúvida proveniente do turismo e assim que chegámos, apercebemo-nos dessa realidade. Por todo o lado víamos lojas, restaurantes, unidades hoteleiras e veículos…muitos. Autocarros de excursões, carrinhas e claro, motos. Deixámos a nossa no grande parque de estacionamento, sob os cuidados de um zeloso vigilante que nos garantiu ser seguro deixarmos os capacetes e os casacos na mota. Confiámos…até porque o calor que se fazia sentir, tornaria o passeio torturante caso tivéssemos que levar todo o equipamento. Atravessámos então o leito do rio, quase seco, em detrimento da ponte que o sobrepunha. Depois de pagarmos o bilhete, cuja receita serve supostamente para manter o local em boas condições, penetrámos no interior do Ksar, onde percorremos as suas ruelas íngremes, e podemos apreciar as diferentes construções que ali se encontram. Por todo o lado, havia comerciantes que faziam publicidade aos seus produtos. Nós, comprámos apenas uma sombra, bebidas frescas e uma vista fabulosa sobre o vale. Deixámos as muralhas e voltámos a cruzar o rio, desta vez pela ponte, dirigindo-nos novamente à nossa companheira de duas rodas, onde encontrámos, conforme nos tinha sido assegurado, todo o material. Depois de devidamente recompensado, despedimo-nos do vigilante e da já demasiado turística Ait Ben Haddou.
Não tínhamos mais paragens programadas antes de chegarmos ao destino final do dia e até lá chegarmos, esperava-nos um belo troço. Seguimos acompanhados por vales e leitos de rios verdejantes, serpenteando novamente pelas montanhas. Também as nuvens iam dançando, ora limpando ora tapando os céus.
Chegámos finalmente a Télouet, uma pequena aldeia no Alto Atlas, a cerca de 1800m de altitude! Embora pequena, no passado, o local prosperou devido às minas de sal e ao facto de ser um ponto importante nas rotas comerciais. Tínhamos reservado alojamento antes da entrada da aldeia, no Auberge Restaurant Telouet, onde fomos agraciados com um quarto com uma vista fabulosa. Depois de nos acomodarmos e refrescarmos do calor da viagem, decidimos ir visitar o Kasbah de Télouet, o ex-líbris da aldeia e antiga residência de El Glaoui, um líder berbere local, que ganhou grande notoriedade e poder durante o protectorado francês, por quem foi nomeado Paxá de Marraquexe. Embora seja possível visitar o Kasbah de forma autónoma, por apenas 20 dirham por pessoa fomos fortemente aconselhados a contratar um guia e ainda bem que o fizemos. O nosso guia, Rachid Barakat, auto intitulado “Paxá de Télouet”, presenteou-nos com uma visita espectacular. Além de ficarmos a conhecer muito mais da história de Marrocos e muitas curiosidades locais, a forma como conduziu a visita e o seu fabuloso sentido de humor, elevaram sem dúvida o momento. Recomendamos! Ficámos igualmente encantados com o palácio. Embora não tenha já a grandiosidade de outros tempos e o exterior se encontrar algo deteriorado, o interior esconde maravilhosas salas, ricamente decoradas com os tradicionais mosaicos e madeira trabalhada. Uma verdadeira pérola.
A noite começava a mostrar-se, com a tranquilidade das montanhas a invadirem o local. Jantámos no bonito terraço do restaurante do hotel, com as estrelas a enfeitarem os céus, transportando-nos para uma qualquer história das “Mil e uma noites”! Chegava ao fim mais um dia da nossa aventura, num dos locais que mais nos surpreenderam e do qual certamente não nos esqueceremos!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
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Re: De Moto por Marrocos!
-10º Dia (Télouet - Tizi n’Tichka - Ouzoud)
Apesar do cenário idílico que nos envolvia e de tudo apontar para uma maravilhosa noite de descanso, uma matilha de cães noctívagos acabou por nos trocar as voltas, acordando-nos constantemente com o seu entusiasmado ladrar! Acabámos assim por nos levantar meio rabugentos, mas a vista da nossa janela rapidamente nos animou. Cumprido com calma o ritual do pequeno – almoço, veio uma nova despedida. Tínhamos que deixar Télouet e continuar a nossa aventura. Quando atravessámos a pequena aldeia, o frenesim da manhã já se tinha instalado e os comerciantes trabalhavam a todo o vapor. Tínhamos deixado a aldeia para trás há pouquíssimos kms quando surgiu no horizonte, um curioso conjunto de silhuetas …era um grande grupo de cães, que andava estrada fora em nossa direcção. Conhecendo a comum antipatia dos canídeos pelos veículos de duas rodas, ficámos um pouco apreensivos, mas os animais passaram por nós sem nos darem a mínima importância. Quase que apostávamos que era o mesmo grupo que andou em festa e não nos deixou dormir durante a noite.
Os bichos seguiram o seu caminho e nós, continuámos o nosso, mais uma vez por estradas que subiam teimosamente a montanha. E assim lá fomos, até chegarmos novamente a um famoso pico, o Tizi n’Tichka, a 2260m de altitude. Aqui, encontrámos uma placa a identificar o local e um conjunto de lojinhas de recordações e produtos tradicionais. Carros e motos paravam a todo o instante, para como nós, imortalizarem o momento e maravilharem-se com a paisagem em redor. Além das fotos da praxe, aproveitámos obviamente para ajustar os níveis de cafeína e só depois voltámos à estrada. E mal sabíamos que estrada nos esperava…
Épica! Provavelmente um dos melhores troços que percorremos na viagem. A estrada N9, está a ser reabilitada e embora ainda se encontrem muitas zonas em obras, uma grande parte do seu percurso está já terminado. E foi neste percurso que nos deliciámos, usufruindo de um conjunto de condições que a tornam num sonho para qualquer motociclista. Bom pavimento, largura mais que decente, boa proporção de curvas e rectas, subidas e descidas…e tudo isto, rodeado por paisagens de cortar a respiração. O único senão é a condução dos marroquinos. Um verdadeiro pesadelo. Nunca na nossa história de viagens, assistimos a tantas loucuras e desrespeito pelas mais básicas regras de condução! Apesar dos inúmeros sustos, o percurso valeu a pena. Brutal!
Ainda que a maior parte do trajecto fosse feita pelo isolamento da montanha, apareciam com alguma frequência povoações e nestas, o movimento era mais que muito. Talvez por ser Domingo, viam-se imensas pessoas nas ruas, sempre com o comércio em ebulição! Em algumas destas terras, era dia de mercado e dezenas de bancas e camionetas a venderem os seus produtos, espalhavam-se ao longo das estradas. Aqui, tínhamos obviamente que abrandar e os nossos olhos abriam-se, ávidos de absorver toda aquela azáfama. Um cheirinho da vida local, longe da maquilhagem turística.
Claro que os turistas são uma fonte de rendimento importante e ao longo do caminho também íamos encontrando vendedores de recordações, que se posicionavam nas estradas em busca da sua sorte, mas o que verdadeiramente nos fascina, é perceber a realidade quotidiana daquele povo.
Uma dessas realidades e que atinge turistas desprevenidos, é a ausência de terminais para pagamento com cartões ou a falta de combustível em alguns postos. Foi o que nos aconteceu quando parámos para atestar em Douar Egmire. As bombas não estavam a funcionar. Felizmente, ainda tínhamos margem de manobra e depois de uma conversa multilingue com os funcionários do posto, lá conseguimos perceber onde era a próxima bomba no nosso caminho. Fizemo-nos á estrada rumo a Sidi Rahhal. A pequena cidade, também fervilhava com o comércio de rua e a proximidade da hora de almoço, era denunciada pelas dezenas de tagines que eram preparadas em simples restaurantes à beira da estrada. Voltámos a aproveitar a paragem para descansarmos do calor num destes pequenos estabelecimentos, enquanto apreciávamos o bulício local.
Um pouco mais revigorados e com o depósito cheio, enfrentámos a última etapa antes do destino final. A estrada que se desenhava agora à nossa frente, era mais rectilínea voltando a enganar-nos em relação à altitude. A paisagem mudava lentamente, com extensos campos a rodearem-nos, muitos plantados com oliveiras ou cereais.
O calor voltava a apertar quando finalmente chegámos ao nosso destino. Fizemos o Check- in no Dar Marwa e após uma pausa para recuperar forças, saímos entusiasmados para visitar o ex-líbris da região: as maravilhosas Cascatas de Ouzoud, as maiores do país, com cerca de 110m de altura! Do nosso alojamento, aventurámo-nos por um atalho que nos levou directamente ao recinto que envolve as Cascatas e mais uma vez, ficámos abismados. Estaríamos mesmo em Marrocos? Um verdadeiro oásis, cheio de arvoredo e com as águas das cascatas a transformarem-se num pequeno rio que fazia as delícias de centenas de pessoas. Uma gigantesca escadaria, habitada por atrevidos macacos de Gibraltar e rodeada de lojinhas e restaurantes, levava-nos até ao ponto mais baixo do vale, onde muitos faziam passeios de barcos e outros tantos mergulhavam nas águas castanhas, mas refrescantes do rio.
A tarde chegava ao fim e depois de explorarmos o local e relaxarmos numa das suas muitas esplanadas, regressámos à base. Terminámos o dia com mais um jantar tradicional marroquino, desta vez no jardim encantado do Dar Marwa.
-Podem ver o vídeo deste dia em:
Apesar do cenário idílico que nos envolvia e de tudo apontar para uma maravilhosa noite de descanso, uma matilha de cães noctívagos acabou por nos trocar as voltas, acordando-nos constantemente com o seu entusiasmado ladrar! Acabámos assim por nos levantar meio rabugentos, mas a vista da nossa janela rapidamente nos animou. Cumprido com calma o ritual do pequeno – almoço, veio uma nova despedida. Tínhamos que deixar Télouet e continuar a nossa aventura. Quando atravessámos a pequena aldeia, o frenesim da manhã já se tinha instalado e os comerciantes trabalhavam a todo o vapor. Tínhamos deixado a aldeia para trás há pouquíssimos kms quando surgiu no horizonte, um curioso conjunto de silhuetas …era um grande grupo de cães, que andava estrada fora em nossa direcção. Conhecendo a comum antipatia dos canídeos pelos veículos de duas rodas, ficámos um pouco apreensivos, mas os animais passaram por nós sem nos darem a mínima importância. Quase que apostávamos que era o mesmo grupo que andou em festa e não nos deixou dormir durante a noite.
Os bichos seguiram o seu caminho e nós, continuámos o nosso, mais uma vez por estradas que subiam teimosamente a montanha. E assim lá fomos, até chegarmos novamente a um famoso pico, o Tizi n’Tichka, a 2260m de altitude. Aqui, encontrámos uma placa a identificar o local e um conjunto de lojinhas de recordações e produtos tradicionais. Carros e motos paravam a todo o instante, para como nós, imortalizarem o momento e maravilharem-se com a paisagem em redor. Além das fotos da praxe, aproveitámos obviamente para ajustar os níveis de cafeína e só depois voltámos à estrada. E mal sabíamos que estrada nos esperava…
Épica! Provavelmente um dos melhores troços que percorremos na viagem. A estrada N9, está a ser reabilitada e embora ainda se encontrem muitas zonas em obras, uma grande parte do seu percurso está já terminado. E foi neste percurso que nos deliciámos, usufruindo de um conjunto de condições que a tornam num sonho para qualquer motociclista. Bom pavimento, largura mais que decente, boa proporção de curvas e rectas, subidas e descidas…e tudo isto, rodeado por paisagens de cortar a respiração. O único senão é a condução dos marroquinos. Um verdadeiro pesadelo. Nunca na nossa história de viagens, assistimos a tantas loucuras e desrespeito pelas mais básicas regras de condução! Apesar dos inúmeros sustos, o percurso valeu a pena. Brutal!
Ainda que a maior parte do trajecto fosse feita pelo isolamento da montanha, apareciam com alguma frequência povoações e nestas, o movimento era mais que muito. Talvez por ser Domingo, viam-se imensas pessoas nas ruas, sempre com o comércio em ebulição! Em algumas destas terras, era dia de mercado e dezenas de bancas e camionetas a venderem os seus produtos, espalhavam-se ao longo das estradas. Aqui, tínhamos obviamente que abrandar e os nossos olhos abriam-se, ávidos de absorver toda aquela azáfama. Um cheirinho da vida local, longe da maquilhagem turística.
Claro que os turistas são uma fonte de rendimento importante e ao longo do caminho também íamos encontrando vendedores de recordações, que se posicionavam nas estradas em busca da sua sorte, mas o que verdadeiramente nos fascina, é perceber a realidade quotidiana daquele povo.
Uma dessas realidades e que atinge turistas desprevenidos, é a ausência de terminais para pagamento com cartões ou a falta de combustível em alguns postos. Foi o que nos aconteceu quando parámos para atestar em Douar Egmire. As bombas não estavam a funcionar. Felizmente, ainda tínhamos margem de manobra e depois de uma conversa multilingue com os funcionários do posto, lá conseguimos perceber onde era a próxima bomba no nosso caminho. Fizemo-nos á estrada rumo a Sidi Rahhal. A pequena cidade, também fervilhava com o comércio de rua e a proximidade da hora de almoço, era denunciada pelas dezenas de tagines que eram preparadas em simples restaurantes à beira da estrada. Voltámos a aproveitar a paragem para descansarmos do calor num destes pequenos estabelecimentos, enquanto apreciávamos o bulício local.
Um pouco mais revigorados e com o depósito cheio, enfrentámos a última etapa antes do destino final. A estrada que se desenhava agora à nossa frente, era mais rectilínea voltando a enganar-nos em relação à altitude. A paisagem mudava lentamente, com extensos campos a rodearem-nos, muitos plantados com oliveiras ou cereais.
O calor voltava a apertar quando finalmente chegámos ao nosso destino. Fizemos o Check- in no Dar Marwa e após uma pausa para recuperar forças, saímos entusiasmados para visitar o ex-líbris da região: as maravilhosas Cascatas de Ouzoud, as maiores do país, com cerca de 110m de altura! Do nosso alojamento, aventurámo-nos por um atalho que nos levou directamente ao recinto que envolve as Cascatas e mais uma vez, ficámos abismados. Estaríamos mesmo em Marrocos? Um verdadeiro oásis, cheio de arvoredo e com as águas das cascatas a transformarem-se num pequeno rio que fazia as delícias de centenas de pessoas. Uma gigantesca escadaria, habitada por atrevidos macacos de Gibraltar e rodeada de lojinhas e restaurantes, levava-nos até ao ponto mais baixo do vale, onde muitos faziam passeios de barcos e outros tantos mergulhavam nas águas castanhas, mas refrescantes do rio.
A tarde chegava ao fim e depois de explorarmos o local e relaxarmos numa das suas muitas esplanadas, regressámos à base. Terminámos o dia com mais um jantar tradicional marroquino, desta vez no jardim encantado do Dar Marwa.
-Podem ver o vídeo deste dia em:
________________________
Boas viagens!
Mário Cordeiro
https://www.facebook.com/Escocia2017
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Swift- Zero à direita
Re: De Moto por Marrocos!
De Moto por Marrocos!
-11º e 12º Dias (Ouzoud - Marraquexe)
Não escapando à rotina dos dias anteriores, a manhã trouxe uma nova despedida. Estava na hora de deixarmos Ouzoud. Mantendo também a tradição, o pequeno-almoço foi divino. Infelizmente as abelhas não nos deixaram usufruir do encantador jardim do nosso alojamento, obrigando-nos a fazer a refeição dentro de portas. Dissemos então adeus à terra das singulares cascatas e ao simpático staff do Dar Marwa, que tão bem nos recebeu.
Tínhamos um curto percurso para fazer e também não se previam visitas pelo caminho, ou paragens além das essenciais. Fizemo-nos à estrada para percorrer paisagens que fugiam do cenário montanhoso. No início do caminho, as grandes montanhas continuavam vigilantes, mas conforme prosseguíamos, as suas silhuetas ficavam cada vez mais longínquas, permanecendo apenas como pano de fundo. À nossa frente, estendiam-se vastos campos, por vezes com rectas infindáveis. Viam-se plantações de oliveiras, cereais ou apenas terra árida e começava a aparecer com mais força, a marca humana. Povoações surgiam com frequência… cada vez maiores e mais movimentadas.
Com esta imagem, começava também a surgir em nós uma sensação agridoce. Por um lado, havia a excitação de ir conhecer uma das mais afamadas cidades de Marrocos, por outro lado, víamos o final a aproximar-se e sentíamos já saudades das pequenas e remotas aldeias da alta montanha. Mas Marraquexe aproximava-se cada vez mais e iríamos sem dúvida aproveitá-la!
A chegada às imediações da cidade fez-se notar pelos habituais postos de fiscalização policial. Mais uma vez, foi-nos permitido passar sem parar. Uma extensa avenida de 3 vias conduzia-nos ao centro da cidade, onde o tráfego se fazia intensamente. Estávamos definitivamente numa metrópole. Rondava a hora de almoço e felizmente, como iríamos perceber mais tarde, a circulação, embora algo anárquica, estava ainda longe do caos do final da tarde.
Com a atenção redobrada e de forma assertiva, enfrentámos o trânsito e as suas peculiares regras de condução, em busca do nosso alojamento. O GPS não falhou e rapidamente chegámos ao nosso destino. Estacionámos! Embora não tivesse garagem, o hotel Le Grand Imilchil, tinha um espaço reservado para as viaturas dos clientes e um vigilante ficava de olho nas motos 24h por dia, a troco de um pagamento previamente acordado.
Ansiosos por baixar a temperatura, dirigimo-nos rapidamente ao interior, acabando por ficar no quarto e depois na piscina, grande parte da tarde, até recuperarmos o ânimo e as forças para fazer uma primeira exploração da cidade. Quando finalmente nos sentimos preparados, saímos rumo à Medina, assinalando no nosso mapa mental, a maior parte dos locais a visitar no dia seguinte. Ao regressar ao hotel, fomos apanhados de surpresa com o movimento nas ruas e o trânsito completamente louco, que só parou de madrugada.
A noite passou e rapidamente nos preparámos para explorar a cidade vermelha, uma das 4 cidades imperiais de Marrocos. A ideia era sair cedo, para evitar as horas de maior calor e as filas de turistas. Embrenhámo-nos então nas apelativas ruas da cidade velha, onde se encontram os diferentes souks e inúmeros pontos de interesse. Tínhamos apenas um dia, o que nos obrigou a seleccionar ainda mais as visitas. A medina, por exemplo, é por si só, um museu vivo, com os seus comerciantes e artesãos e as respectivas lojas e bancas, com mil e um produtos, dos mais tradicionais aos mais exóticos e onde as cores do arco-íris serviam de paleta. Não podíamos também deixar de visitar pelo menos uma madraça (as escolas de estudos islâmicos) e um palácio. Escolhemos a madraça Ben Youssef e o Palácio Bahia e em ambos, ficámos maravilhados com os intrincados mosaicos, os pátios e as salas revestidas a madeira ou pedra esculpida. A manhã, foi assim passada, numa roda-viva de experiências sensoriais. À hora de maior calor, voltámos a refugiar-nos no hotel, para à noite, regressarmos ao centro nevrálgico do comércio de rua: a inigualável Praça Jemaa el Fna, vigiada de perto pelo grande minarete da Mesquita Koutoubia. Apesar de durante o dia a praça já ser bastante movimentada, ao anoitecer tudo é ampliado, nesta autêntica Torre de Babel, onde se misturam culturas e se encontra de tudo um pouco. Os cheiros, sons, cores e paladares, formam uma tela única. Um verdadeiro quadro vivo, do qual tivemos o privilégio de fazer parte por uns instantes. Depois de assistirmos a um memorável pôr-do-sol a partir de um dos terraços da praça, acabámos por fazer o jantar obrigatório numa das muitas bancas de comida, antes de regressarmos ao hotel e prepararmo-nos para a etapa que nos aguardava no dia seguinte. O mar começava a chamar por nós!
-Podem ver o vídeo deste dia em:
-11º e 12º Dias (Ouzoud - Marraquexe)
Não escapando à rotina dos dias anteriores, a manhã trouxe uma nova despedida. Estava na hora de deixarmos Ouzoud. Mantendo também a tradição, o pequeno-almoço foi divino. Infelizmente as abelhas não nos deixaram usufruir do encantador jardim do nosso alojamento, obrigando-nos a fazer a refeição dentro de portas. Dissemos então adeus à terra das singulares cascatas e ao simpático staff do Dar Marwa, que tão bem nos recebeu.
Tínhamos um curto percurso para fazer e também não se previam visitas pelo caminho, ou paragens além das essenciais. Fizemo-nos à estrada para percorrer paisagens que fugiam do cenário montanhoso. No início do caminho, as grandes montanhas continuavam vigilantes, mas conforme prosseguíamos, as suas silhuetas ficavam cada vez mais longínquas, permanecendo apenas como pano de fundo. À nossa frente, estendiam-se vastos campos, por vezes com rectas infindáveis. Viam-se plantações de oliveiras, cereais ou apenas terra árida e começava a aparecer com mais força, a marca humana. Povoações surgiam com frequência… cada vez maiores e mais movimentadas.
Com esta imagem, começava também a surgir em nós uma sensação agridoce. Por um lado, havia a excitação de ir conhecer uma das mais afamadas cidades de Marrocos, por outro lado, víamos o final a aproximar-se e sentíamos já saudades das pequenas e remotas aldeias da alta montanha. Mas Marraquexe aproximava-se cada vez mais e iríamos sem dúvida aproveitá-la!
A chegada às imediações da cidade fez-se notar pelos habituais postos de fiscalização policial. Mais uma vez, foi-nos permitido passar sem parar. Uma extensa avenida de 3 vias conduzia-nos ao centro da cidade, onde o tráfego se fazia intensamente. Estávamos definitivamente numa metrópole. Rondava a hora de almoço e felizmente, como iríamos perceber mais tarde, a circulação, embora algo anárquica, estava ainda longe do caos do final da tarde.
Com a atenção redobrada e de forma assertiva, enfrentámos o trânsito e as suas peculiares regras de condução, em busca do nosso alojamento. O GPS não falhou e rapidamente chegámos ao nosso destino. Estacionámos! Embora não tivesse garagem, o hotel Le Grand Imilchil, tinha um espaço reservado para as viaturas dos clientes e um vigilante ficava de olho nas motos 24h por dia, a troco de um pagamento previamente acordado.
Ansiosos por baixar a temperatura, dirigimo-nos rapidamente ao interior, acabando por ficar no quarto e depois na piscina, grande parte da tarde, até recuperarmos o ânimo e as forças para fazer uma primeira exploração da cidade. Quando finalmente nos sentimos preparados, saímos rumo à Medina, assinalando no nosso mapa mental, a maior parte dos locais a visitar no dia seguinte. Ao regressar ao hotel, fomos apanhados de surpresa com o movimento nas ruas e o trânsito completamente louco, que só parou de madrugada.
A noite passou e rapidamente nos preparámos para explorar a cidade vermelha, uma das 4 cidades imperiais de Marrocos. A ideia era sair cedo, para evitar as horas de maior calor e as filas de turistas. Embrenhámo-nos então nas apelativas ruas da cidade velha, onde se encontram os diferentes souks e inúmeros pontos de interesse. Tínhamos apenas um dia, o que nos obrigou a seleccionar ainda mais as visitas. A medina, por exemplo, é por si só, um museu vivo, com os seus comerciantes e artesãos e as respectivas lojas e bancas, com mil e um produtos, dos mais tradicionais aos mais exóticos e onde as cores do arco-íris serviam de paleta. Não podíamos também deixar de visitar pelo menos uma madraça (as escolas de estudos islâmicos) e um palácio. Escolhemos a madraça Ben Youssef e o Palácio Bahia e em ambos, ficámos maravilhados com os intrincados mosaicos, os pátios e as salas revestidas a madeira ou pedra esculpida. A manhã, foi assim passada, numa roda-viva de experiências sensoriais. À hora de maior calor, voltámos a refugiar-nos no hotel, para à noite, regressarmos ao centro nevrálgico do comércio de rua: a inigualável Praça Jemaa el Fna, vigiada de perto pelo grande minarete da Mesquita Koutoubia. Apesar de durante o dia a praça já ser bastante movimentada, ao anoitecer tudo é ampliado, nesta autêntica Torre de Babel, onde se misturam culturas e se encontra de tudo um pouco. Os cheiros, sons, cores e paladares, formam uma tela única. Um verdadeiro quadro vivo, do qual tivemos o privilégio de fazer parte por uns instantes. Depois de assistirmos a um memorável pôr-do-sol a partir de um dos terraços da praça, acabámos por fazer o jantar obrigatório numa das muitas bancas de comida, antes de regressarmos ao hotel e prepararmo-nos para a etapa que nos aguardava no dia seguinte. O mar começava a chamar por nós!
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