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Picos de Europa de Suzuki Vanvan
O divertimento que me foi proporcionado pela elaboração da crónica da viagem de Vanvan pela N2 não foi esquecido quando ponderei escrever outra sobre a viagem aos Picos de Europa. O feedback recebido na outra crónica foi muito agradável, mas relembrar aqueles maravilhosos dias de vadiagem enquanto os descrevia em prosa, um gosto antigo, fez-me sentar e dedicar umas horas às palavras e às fotografias que foram recolhidas ao longo dos dias de viagem. Infelizmente, a minha capacidade de fazer esta arte há muito desvaneceu...
Tal como no ano que passou, tive problemas com a máquina fotográfica, pelo que peço desculpa pela má qualidade das imagens deste belo passeio.
Peço desculpa desde já se utilizo palavras estranhas na crónica. Tenho o maior gosto em utilizar palavras próprias do norte de Portugal e, também, expressões próprias da Inbicta que são normais na cidade e na aldeia onde vivo.
Não o faço por provocação, mas como homenagem à lingua portuguesa. Nem por maldade, mas como aligeirar e dar um sentido jocoso á crónica, retirando a demasiada seriedade que damos ao relato. Os veículos de aproximação das pessoas umas às outras (as artes, a paz, o amor) não fazem sentido sem a lingua, e a maneira de como ela é falada ou escrita podem definir a distância entre um amigo e um grande amigo, de uma sociedade e de uma verdadeira comunidade.
Tal como no ano que passou, tive problemas com a máquina fotográfica, pelo que peço desculpa pela má qualidade das imagens deste belo passeio.
Peço desculpa desde já se utilizo palavras estranhas na crónica. Tenho o maior gosto em utilizar palavras próprias do norte de Portugal e, também, expressões próprias da Inbicta que são normais na cidade e na aldeia onde vivo.
Não o faço por provocação, mas como homenagem à lingua portuguesa. Nem por maldade, mas como aligeirar e dar um sentido jocoso á crónica, retirando a demasiada seriedade que damos ao relato. Os veículos de aproximação das pessoas umas às outras (as artes, a paz, o amor) não fazem sentido sem a lingua, e a maneira de como ela é falada ou escrita podem definir a distância entre um amigo e um grande amigo, de uma sociedade e de uma verdadeira comunidade.
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Prólogo
Numa viagem mais longa, o primeiro dia é sempre encarado como um prólogo para o que se avizinha nos dias seguintes. Porquê? Porque pelo facto de conduzir uma máquina com performance reduzida, prefiro dar quilómetros à Suzuki no primeiro dia para chegar a um (hipotético) primeiro degrau no trajecto definido.
Esta viagem não foi excepção e decidi dar corda aos vitorinos cedo para chegar pelo menos a Chaves.
Continuando sem excepções, desta vez também acordei com uma ressaca enorme, depois de uma enorme jantarada na noite anterior comemorando o final de época futebolistico do grupo de amigos. Tal como nas férias do ano passado. Quando me levantei, olhei-me ao espelho e perguntei a mim mesmo se estava com o táu, mas lembrando que a moto estava prontinha à minha espera apenas sorri e não me dei ao trabalho de responder. Devemos evitar dar atenção a certos gaijos.
A ideia inicial era chegar a Chaves, com visita ao Santuário da Nossa Senhora da Graça pelo caminho, e percebi cedo que seria uma tarefa pouco complicada, antevendo a minha estadia no campismo de Puebla de Sanábria ainda naquela noite.
Senhora da Graça, Mondim de Basto, é aquele sítio de vistas deslumbrantes onde um pequeno Santuário de traços mais humildes reina. A subida até lá cima reúne apaixonados das motos e das bicicletas todas as semanas.
A subida é fascinante e, para os ciclistas, desafiante. As marcas na estrada mostram o apoio aos atletas da Volta a Portugal, mas consigo imaginar as pessoas ali naquelas bermas com bandeiras e camisolas dos seus preferidos a mostrar o seu apoio e dedicação, a grelhar as suas febras e toscanas ou a retirar os paninhos dos tachos de feijoada á transmontana, com os cartazes para trás e para a frente para que alguma objectiva os difunda, a passear o jeco e a tirar fotografias. Tudo isto enquanto ultrapassava um homem do pedal.
Lá no alto, visitei o santuário e, enquanto comia o farnel, dei uma vista de olhos nas fotografias que acabara de capturar. Para tristeza minha, e continuando na onda das similaridades com a viagem do ano passado, notei um pequeno problema de focagem na minha máquina de fotografar. Pensei em mil e uma justificações, mas o pequeno problema iria ser maior do que eu pensava.
Por caminho rurais reencontrei a N2 já perto de Vila Pouca de Aguiar e as saudades dessa bela estrada bateram.Cheguei a Chaves ainda a meio da tarde e, tal como já tinha previsto, mandei-me estrada fora até Espanha.
Não parei em Verin porque decidira deixar a visita ao castelo para o regresso dos Picos, por isso engatei na N525 e só parei em Puebla de Sanábria. De Verin a Sanábria são umas incríveis rectas que atravessam a paisagem que até é montanhosa. Apesar de não circular muito transito, notei uma certa diferença na atitude do consutor espanhol em relação ao português.
Os primeiros quilómetros em terras espanholas são muito curiosos porque são inúmeros os estabelecimentos de diversão que tem polidoras de esquinas á porta.
Sanábria é um sítio muito bonito e o lago certamente não me desapontará quando o visitar no dia seguinte.
Fiquei no parque de campismo, onde comecei a esforçar o meu espanhol caricatamente. Montei a barraca e senti-me cansado. Decidi ir ao bar comer qualquer coisa, que veio a ser uma deliciosa tortilla, e comprei alguns mantimentos na panaderia.
O parque estava muito bem frequentado e, já noite, acabei por me alapar na esplanada do bar a ver a touras passar. Pedi um fininho sem consultar as marcas de cervejas que lá vendiam. Infelizmente, na minha opinião, em Espanha bebe-se muito más cervejas. Abomino aquelas Mahou, San Miguel e etecéteras, mas como não sou nenhum broeiro não fiz reparo e agradeci o serviço. Decidi que a partir do dia seguinte só iria beber príncipes pretos, desde que a tradução se faça com sucesso.
Numa viagem mais longa, o primeiro dia é sempre encarado como um prólogo para o que se avizinha nos dias seguintes. Porquê? Porque pelo facto de conduzir uma máquina com performance reduzida, prefiro dar quilómetros à Suzuki no primeiro dia para chegar a um (hipotético) primeiro degrau no trajecto definido.
Esta viagem não foi excepção e decidi dar corda aos vitorinos cedo para chegar pelo menos a Chaves.
Continuando sem excepções, desta vez também acordei com uma ressaca enorme, depois de uma enorme jantarada na noite anterior comemorando o final de época futebolistico do grupo de amigos. Tal como nas férias do ano passado. Quando me levantei, olhei-me ao espelho e perguntei a mim mesmo se estava com o táu, mas lembrando que a moto estava prontinha à minha espera apenas sorri e não me dei ao trabalho de responder. Devemos evitar dar atenção a certos gaijos.
A ideia inicial era chegar a Chaves, com visita ao Santuário da Nossa Senhora da Graça pelo caminho, e percebi cedo que seria uma tarefa pouco complicada, antevendo a minha estadia no campismo de Puebla de Sanábria ainda naquela noite.
Senhora da Graça, Mondim de Basto, é aquele sítio de vistas deslumbrantes onde um pequeno Santuário de traços mais humildes reina. A subida até lá cima reúne apaixonados das motos e das bicicletas todas as semanas.
A subida é fascinante e, para os ciclistas, desafiante. As marcas na estrada mostram o apoio aos atletas da Volta a Portugal, mas consigo imaginar as pessoas ali naquelas bermas com bandeiras e camisolas dos seus preferidos a mostrar o seu apoio e dedicação, a grelhar as suas febras e toscanas ou a retirar os paninhos dos tachos de feijoada á transmontana, com os cartazes para trás e para a frente para que alguma objectiva os difunda, a passear o jeco e a tirar fotografias. Tudo isto enquanto ultrapassava um homem do pedal.
Lá no alto, visitei o santuário e, enquanto comia o farnel, dei uma vista de olhos nas fotografias que acabara de capturar. Para tristeza minha, e continuando na onda das similaridades com a viagem do ano passado, notei um pequeno problema de focagem na minha máquina de fotografar. Pensei em mil e uma justificações, mas o pequeno problema iria ser maior do que eu pensava.
Por caminho rurais reencontrei a N2 já perto de Vila Pouca de Aguiar e as saudades dessa bela estrada bateram.Cheguei a Chaves ainda a meio da tarde e, tal como já tinha previsto, mandei-me estrada fora até Espanha.
Não parei em Verin porque decidira deixar a visita ao castelo para o regresso dos Picos, por isso engatei na N525 e só parei em Puebla de Sanábria. De Verin a Sanábria são umas incríveis rectas que atravessam a paisagem que até é montanhosa. Apesar de não circular muito transito, notei uma certa diferença na atitude do consutor espanhol em relação ao português.
Os primeiros quilómetros em terras espanholas são muito curiosos porque são inúmeros os estabelecimentos de diversão que tem polidoras de esquinas á porta.
Sanábria é um sítio muito bonito e o lago certamente não me desapontará quando o visitar no dia seguinte.
Fiquei no parque de campismo, onde comecei a esforçar o meu espanhol caricatamente. Montei a barraca e senti-me cansado. Decidi ir ao bar comer qualquer coisa, que veio a ser uma deliciosa tortilla, e comprei alguns mantimentos na panaderia.
O parque estava muito bem frequentado e, já noite, acabei por me alapar na esplanada do bar a ver a touras passar. Pedi um fininho sem consultar as marcas de cervejas que lá vendiam. Infelizmente, na minha opinião, em Espanha bebe-se muito más cervejas. Abomino aquelas Mahou, San Miguel e etecéteras, mas como não sou nenhum broeiro não fiz reparo e agradeci o serviço. Decidi que a partir do dia seguinte só iria beber príncipes pretos, desde que a tradução se faça com sucesso.
Última edição por Capt.Akimoto em Dom Nov 01 2015, 16:44, editado 1 vez(es)
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
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(O Monte Farinha)
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(Santuário)
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(Aquela imagem que nos faz lembrar as vinte casas de alterne que existem daqui até Verin)
(O Monte Farinha)
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(Santuário)
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(Aquela imagem que nos faz lembrar as vinte casas de alterne que existem daqui até Verin)
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Etapa 1
A noite fora muito fria. Dormi muito desconfortável à conta disso e de uma má escolha de solo irregular no parque de campismo. Mesmo assim, levantei-me bem disposto, adivinhando um longo dia de condução, já que destinara chegar a Riaño naquela tarde. Tinha noção dos muitos quilómetros que teria pela frente até chegar a essa porta de entrada dos Picos de Europa, mas sabia que iriam classificar-se em longas rectas que facilitariam processo.
Antes de retomar a N525 na direção de Benavente (de Espanha), cruzei a bela paisagem de belas curvas de Sanabria para ir ver o lago, muito bonito e calmo, onde já alguns banhistas se preparavam para alapar nas margens e dar uns mergulhos. Na praia de Arenales de Vigo, empoleirei-me numa pedra para tirar fotografias e notei que quem gere o Parque Natural de Sanabria não poupa no zelo. Encontrei várias pessoas, devidamente identificadas, que percorriam os caminhos do parque recolhendo lixo ou objectos que lesavam a bonita paisagem que os Montes de Sanabria nos mostram.
(Basicamente, é isto até Cistierna)
(O Lago de Sanábria)
(Arenales de Vigo)
(Estes pequenos povoados tinham umas casinhas lindíssimas)
Depois de abastecer o pequeno depósito da Suzuki Vanvan, lá continuei até Benavente e daí segui sem esforço, mas com monotonia, as longas rectas que atravessam aquela zona de Leon até Cistierna.
Foram muitos quilómetros que percorri, com um calor muito intenso, até Cistierna, via Mansilla de las Mulas, que apesar da bonita paisagem, foram as montanhas que quando apareceram lá no horizonte me despertaram os sentidos.
Fiquei surpreendido por nestes quase duzentos quilómetros que fiz neste dia, só ter visto dois sinais de limite de velocidade, o de 50 e o de 70. E, no entanto, consegui contar pelos dedos da mão os que não cumpriam. As razias foram inexistentes e as manobras eram feitas em muito boas condições de segurança. Pode ter sido só comigo e só naquele dia, mas mesmo assim dou parabéns ao condutor espanhol, seja motociclista ou automobilista.
(Olé)
(Era montanhas que eu procurava)
(Ainda não a tinha apresentado devidamente)
Mas a partir de Cistierna, tudo muda. O horizonte está repleto de formações rochosas e as estradas são, efectivamente, de montanha. Este relativo pequeno troço entre Cistierna e Riaño é muito bonito e as suas curvas não devem nada aos desfiladeiros dos Picos.
Os túneis que nos ajudam a trespassar aquelas enormes pedras são tão fresquinhos que só consigo imaginar a mesma sensação de frescura se pusesse a minha cabeça de bacôco no congelador.
Arrumei-me da estrada e parei na barragem para as fotografias e admirar a beleza do local.
Acabei por chegar a Riaño cedo e dei entrada no parque de campismo. Fiquei boquiaberto ao entrar com a enorme quantidade de motos que estavam no estacionamento público do parque. Eram mais de cinquenta, estou certo disso, maioritariamente clássicas, revivalistas e café racers. Nunca vira em toda a minha vida tantas Ducati, Moto Guzzi e Triumph juntas num só sítio. Ainda que a maioria fossem naked japonesas, muitas delas estavam alteradas para um estilo Café Racer. Estavam lá muitas motos únicas e com personalidade, mas a que me deixou mais impressionado foi uma Moto Guzzi Ambassador com uma estrutura rígida á sua volta ao nível das rodas. Parecia que a moto ia dentro do seu próprio side-car. Penso mesmo que seria uma Ambassador, mas agora que escrevo esta crónica, fiquei na duvida se seria uma El Dorado ou outra. Infelizmente, a dita máquina estava em andamento e não foi possível captá-la numa fotografia.
(Da minha tenda)
Depois de armar tenda, soube que boa parte daquelas motos iriam abandonar o local naquela noite e as restantes na manhã seguinte. Apesar do sol já se encontrar atrás das montanhas, ainda as ouço a rugir ao longe, principalmente para sul, de onde eu vim.
Deitei-me cedo e suspeitando que o tempo não seria o melhor para o dia seguinte.
A noite fora muito fria. Dormi muito desconfortável à conta disso e de uma má escolha de solo irregular no parque de campismo. Mesmo assim, levantei-me bem disposto, adivinhando um longo dia de condução, já que destinara chegar a Riaño naquela tarde. Tinha noção dos muitos quilómetros que teria pela frente até chegar a essa porta de entrada dos Picos de Europa, mas sabia que iriam classificar-se em longas rectas que facilitariam processo.
Antes de retomar a N525 na direção de Benavente (de Espanha), cruzei a bela paisagem de belas curvas de Sanabria para ir ver o lago, muito bonito e calmo, onde já alguns banhistas se preparavam para alapar nas margens e dar uns mergulhos. Na praia de Arenales de Vigo, empoleirei-me numa pedra para tirar fotografias e notei que quem gere o Parque Natural de Sanabria não poupa no zelo. Encontrei várias pessoas, devidamente identificadas, que percorriam os caminhos do parque recolhendo lixo ou objectos que lesavam a bonita paisagem que os Montes de Sanabria nos mostram.
(Basicamente, é isto até Cistierna)
(O Lago de Sanábria)
(Arenales de Vigo)
(Estes pequenos povoados tinham umas casinhas lindíssimas)
Depois de abastecer o pequeno depósito da Suzuki Vanvan, lá continuei até Benavente e daí segui sem esforço, mas com monotonia, as longas rectas que atravessam aquela zona de Leon até Cistierna.
Foram muitos quilómetros que percorri, com um calor muito intenso, até Cistierna, via Mansilla de las Mulas, que apesar da bonita paisagem, foram as montanhas que quando apareceram lá no horizonte me despertaram os sentidos.
Fiquei surpreendido por nestes quase duzentos quilómetros que fiz neste dia, só ter visto dois sinais de limite de velocidade, o de 50 e o de 70. E, no entanto, consegui contar pelos dedos da mão os que não cumpriam. As razias foram inexistentes e as manobras eram feitas em muito boas condições de segurança. Pode ter sido só comigo e só naquele dia, mas mesmo assim dou parabéns ao condutor espanhol, seja motociclista ou automobilista.
(Olé)
(Era montanhas que eu procurava)
(Ainda não a tinha apresentado devidamente)
Mas a partir de Cistierna, tudo muda. O horizonte está repleto de formações rochosas e as estradas são, efectivamente, de montanha. Este relativo pequeno troço entre Cistierna e Riaño é muito bonito e as suas curvas não devem nada aos desfiladeiros dos Picos.
Os túneis que nos ajudam a trespassar aquelas enormes pedras são tão fresquinhos que só consigo imaginar a mesma sensação de frescura se pusesse a minha cabeça de bacôco no congelador.
Arrumei-me da estrada e parei na barragem para as fotografias e admirar a beleza do local.
Acabei por chegar a Riaño cedo e dei entrada no parque de campismo. Fiquei boquiaberto ao entrar com a enorme quantidade de motos que estavam no estacionamento público do parque. Eram mais de cinquenta, estou certo disso, maioritariamente clássicas, revivalistas e café racers. Nunca vira em toda a minha vida tantas Ducati, Moto Guzzi e Triumph juntas num só sítio. Ainda que a maioria fossem naked japonesas, muitas delas estavam alteradas para um estilo Café Racer. Estavam lá muitas motos únicas e com personalidade, mas a que me deixou mais impressionado foi uma Moto Guzzi Ambassador com uma estrutura rígida á sua volta ao nível das rodas. Parecia que a moto ia dentro do seu próprio side-car. Penso mesmo que seria uma Ambassador, mas agora que escrevo esta crónica, fiquei na duvida se seria uma El Dorado ou outra. Infelizmente, a dita máquina estava em andamento e não foi possível captá-la numa fotografia.
(Da minha tenda)
Depois de armar tenda, soube que boa parte daquelas motos iriam abandonar o local naquela noite e as restantes na manhã seguinte. Apesar do sol já se encontrar atrás das montanhas, ainda as ouço a rugir ao longe, principalmente para sul, de onde eu vim.
Deitei-me cedo e suspeitando que o tempo não seria o melhor para o dia seguinte.
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
»
Bonita crónica e moto.
Dava-me jeito uma Suzuki dessas
Bonita crónica e moto.
Dava-me jeito uma Suzuki dessas
Rambo- A tirar a carta
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Estou a gostar
Parabéns pela crónica e pela excelente iniciativa de a partilhares connosco.
Podes continuar se faxavor, e como incentivo aqui vai um merecidos
Parabéns pela crónica e pela excelente iniciativa de a partilhares connosco.
Podes continuar se faxavor, e como incentivo aqui vai um merecidos
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Começo a acreditar que a minha downtown 125cc também fazia esse trajeto
tmr77- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Obrigado a todos, mesmo!
A tua coreana é capaz de mais coisas do que pensas
tmr77 escreveu:Começo a acreditar que a minha downtown 125cc também fazia esse trajeto
A tua coreana é capaz de mais coisas do que pensas
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Epá, a crónica está fantástica, que venha mais.
As fotos não estão tão más como falaste, mas nalgumas dá a sensação da máquina estar a focar mais para o perto, não será uma definição manual?
"V"
As fotos não estão tão más como falaste, mas nalgumas dá a sensação da máquina estar a focar mais para o perto, não será uma definição manual?
"V"
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Etapa 2
Acordei e o tempo apresentava-se frouxo e frio. Adivinhei que dentro do Parque Natural o clima estaria pior e isso comprovou-se.
As motos do dia anterior já havia partido todas, ficando apenas umas quatro ou cinco aventureiras no interior do parque de campismo.
Escolhi como primeiro troço a percorrer o Desfiladero de la Hermida, por isso, tomei a direção de Boca de Huergano e Potes pela N621. A paisagem é abolutamente fascinante e muito verde, com pequenos povoados de casinhas de pedra ao longo da estrada.
O sol ia mantendo um sorriso envergonhado por este caminho, mas escondeu-se definitivamente atrás das nuvens ao chegar a Potes.
Potes é um lugar turístico muito bonito, que mantém alguma tradição antiga na sua parte velha, mas que vive seriamente do turismo e do comércio dos mais diversos produtos que agradam aos turistas.
Deixei Potes e pouco depois experimentei um fenómeno muito peculiar. Vi um nevoeiro intenso que também viajava, mas na direção contrária à minha, a uma velocidade que eu considerei incrível. Parecia algo tirado de um conto de Carpenter ou de algum filme.
Mas esse nevoeiro não influenciou a boa visibilidade de condução e eu continuei por Panes e Arenas de Cabrales até Sotres. Uma pouca chuva, mas de pingos grossos, começou a cair ainda no Desfiladero de la Hermida, mas eu achei tão inofensiva que nem cheguei a vestir o impermeável.
No entanto, ao chegar a Sotres, essa mesma chuvita começou a cair com mais intensidade e eu abriguei-me. O que eu queria fazer em Sotres era dar uma pequena caminhada num trilho que acabava em Bulnes. Como tive medo da chuva decidi vestir o impermeável e seguir para Covadonga, uma decisão que eu próprio não sei como a tomei. Como pude eu preferir apanhar chuva circulando de moto em vez de apanhar chuva pela moleira abaixo numa pequena caminhada, talvez até de minutos?
(Lá está!)
(Viram o Myst?)
(Potes)
Ainda fui espreitar o funicular de Bulnes, mas o preço e o intenso nevoeiro que cobria o Naranjo de Bulnes como um gorro fizeram-me voltar para trás.
Covadonga tem uma basílica neo-românica no local onde Pelagio venceu os mouros numa batalha desigual. Pelagio foi um visigodo que acabou por se tornar rei das Astúrias e um dos primeiros líderes a organizar os cristãos para a recuperação da Península Ibérica.
Como parara de chover, pude com muito à vontade visitar a basílica e fotografar a pequena capela encrustada nas rochas.
Como o tempo parecia que tinha acalmado, prossegui na mesma estrada em direção aos Lagos. As imagens dos lagos de Ercina e Enol que já vira nos meios de comunicação são imagens suficientemente inspiradoras para preparar uma viagem aos Picos de Europa, mas não iria ser hoje que teria a possibilidade de envolver o meu olhar naquelas águas rodeadas de verde.
Para chegar aos lagos, sobe-se. Pelo caminho, outro intenso nevoeiro apanhou-me desprevenido e facultava-me apenas uns três metros de visibilidade para circular. O capacete e o casaco escorriam aquela água e quanto mais perto do topo, pior. Fui insistindo na ideia de continuar porque não sabia de todo a distancia que faltaria até ao Enol.
Assim, acabei por passar pelo Enol na estrada a uns escassos três ou quatro metros a par dele e nem dei conta da sua presença. Pouco mais á frente, um guarda do parque de estacionamento e um ciclista riam-se para mim. Ou de mim.
Quando cheguei ao Ercina e entrei no parque de estacionamento, o nevoeiro era tão cerrado que tive dificuldade em reconhecer o restaurante que lá tinha, por isso, Ercina nem vê-lo.
Encontrei um caminho empedrado e um caminho de terra. Com a ajuda de um mapa, deduzi a direção do Ercina e penetrei pelo nevoeiro nessa direção. Ouvia os badalos dos bovinos a tilintar a poucos metros, mas não vi os animais. Mas acabei por encontrar água e ri da pequena porção de lago que consegui vislumbrar depois de tamanha tarefa.
Tirei a foto para a posteridade e, com muita pena, voltei para Covadonga pelo mesmo caminho, pelo mesmo túnel de nevoeiro. Pedi aos céus que se fizesse sol nos lagos no dia seguinte.
Acordei e o tempo apresentava-se frouxo e frio. Adivinhei que dentro do Parque Natural o clima estaria pior e isso comprovou-se.
As motos do dia anterior já havia partido todas, ficando apenas umas quatro ou cinco aventureiras no interior do parque de campismo.
Escolhi como primeiro troço a percorrer o Desfiladero de la Hermida, por isso, tomei a direção de Boca de Huergano e Potes pela N621. A paisagem é abolutamente fascinante e muito verde, com pequenos povoados de casinhas de pedra ao longo da estrada.
O sol ia mantendo um sorriso envergonhado por este caminho, mas escondeu-se definitivamente atrás das nuvens ao chegar a Potes.
Potes é um lugar turístico muito bonito, que mantém alguma tradição antiga na sua parte velha, mas que vive seriamente do turismo e do comércio dos mais diversos produtos que agradam aos turistas.
Deixei Potes e pouco depois experimentei um fenómeno muito peculiar. Vi um nevoeiro intenso que também viajava, mas na direção contrária à minha, a uma velocidade que eu considerei incrível. Parecia algo tirado de um conto de Carpenter ou de algum filme.
Mas esse nevoeiro não influenciou a boa visibilidade de condução e eu continuei por Panes e Arenas de Cabrales até Sotres. Uma pouca chuva, mas de pingos grossos, começou a cair ainda no Desfiladero de la Hermida, mas eu achei tão inofensiva que nem cheguei a vestir o impermeável.
No entanto, ao chegar a Sotres, essa mesma chuvita começou a cair com mais intensidade e eu abriguei-me. O que eu queria fazer em Sotres era dar uma pequena caminhada num trilho que acabava em Bulnes. Como tive medo da chuva decidi vestir o impermeável e seguir para Covadonga, uma decisão que eu próprio não sei como a tomei. Como pude eu preferir apanhar chuva circulando de moto em vez de apanhar chuva pela moleira abaixo numa pequena caminhada, talvez até de minutos?
(Lá está!)
(Viram o Myst?)
(Potes)
Ainda fui espreitar o funicular de Bulnes, mas o preço e o intenso nevoeiro que cobria o Naranjo de Bulnes como um gorro fizeram-me voltar para trás.
Covadonga tem uma basílica neo-românica no local onde Pelagio venceu os mouros numa batalha desigual. Pelagio foi um visigodo que acabou por se tornar rei das Astúrias e um dos primeiros líderes a organizar os cristãos para a recuperação da Península Ibérica.
Como parara de chover, pude com muito à vontade visitar a basílica e fotografar a pequena capela encrustada nas rochas.
Como o tempo parecia que tinha acalmado, prossegui na mesma estrada em direção aos Lagos. As imagens dos lagos de Ercina e Enol que já vira nos meios de comunicação são imagens suficientemente inspiradoras para preparar uma viagem aos Picos de Europa, mas não iria ser hoje que teria a possibilidade de envolver o meu olhar naquelas águas rodeadas de verde.
Para chegar aos lagos, sobe-se. Pelo caminho, outro intenso nevoeiro apanhou-me desprevenido e facultava-me apenas uns três metros de visibilidade para circular. O capacete e o casaco escorriam aquela água e quanto mais perto do topo, pior. Fui insistindo na ideia de continuar porque não sabia de todo a distancia que faltaria até ao Enol.
Assim, acabei por passar pelo Enol na estrada a uns escassos três ou quatro metros a par dele e nem dei conta da sua presença. Pouco mais á frente, um guarda do parque de estacionamento e um ciclista riam-se para mim. Ou de mim.
Quando cheguei ao Ercina e entrei no parque de estacionamento, o nevoeiro era tão cerrado que tive dificuldade em reconhecer o restaurante que lá tinha, por isso, Ercina nem vê-lo.
Encontrei um caminho empedrado e um caminho de terra. Com a ajuda de um mapa, deduzi a direção do Ercina e penetrei pelo nevoeiro nessa direção. Ouvia os badalos dos bovinos a tilintar a poucos metros, mas não vi os animais. Mas acabei por encontrar água e ri da pequena porção de lago que consegui vislumbrar depois de tamanha tarefa.
Tirei a foto para a posteridade e, com muita pena, voltei para Covadonga pelo mesmo caminho, pelo mesmo túnel de nevoeiro. Pedi aos céus que se fizesse sol nos lagos no dia seguinte.
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Serzedo escreveu:Epá, a crónica está fantástica, que venha mais.
As fotos não estão tão más como falaste, mas nalgumas dá a sensação da máquina estar a focar mais para o perto, não será uma definição manual?
"V"
Infelizmente, não. Depois de chegar de viagem, a máquina foi direitinha para a garantia e foi prontamente substituída por uma zero quilómetros.
Saudações
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
(Covadonga)
(Não duvido que ela veja melhor que eu)
(Fez-me lembrar o filme A Estrada)
Em Covadonga o clima estava como eu tinha deixado antes de subir ao lagos. Parei para tornar a trincar qualquer coisa e segui para Cangas de Onis, onde Pelagio instalou a sua Corte. A estrada até lá era fantástica e cada momento de condução era agradável.
Apesar de parecer Potes, Cangas de Onis era maior e mais organizada. A sua ponte romana atrai todos os turistas e a estatuária impressionou-me bastante.
Não me demorei muito neste belo sítio porque sabia que ao sair iria tomar a N625, ou seja, iria conduzir pelo Desfiladero de los Beyos, dez quilómetros de boa estrada e grandes curvas seguindo o curso do rio Sella. Apesar de estreito, pareceu-me um pouco mais aberto que o de la Hermida e muito desafiante para as motos.
Fez-se notar neste percurso um grande companheirismo entre motociclistas, principalmente espanhóis, mas também de outras nações. Os três bifes que conduziam autenticos mísseis também fizeram questão de mostrar a sua simpatia, mesmo quando estavam parados. E foi aí que eu lembrei-me que também sou um cámone.
Dirigia-me para Riaño e já lá perto o sol voltou para mim. O meu corpo recebeu o seu calor com agrado e mesmo com o ventinho frio a chatear o fim de tarde foi solarengo.
Uma particularidade que notei no parque de campismo de Riaño foi que todos os dias que lá estive a repousar, naquela hora entre o fim de tarde e noite, um vento forte agredia toda aquela encosta. Não era um vento propriamente frio, mas sim violento, que parecia dar lapadas nas árvores, nas tendas e em nós, que quase rodávamos nas nossas próprias cuecas. E antes que a noite fosse verdadeiramente noite, esse vento desaparecia.
(Cangas de Onis)
(Desfiladero de los Beyos)
(Um compadre)
(Um bonito sitio para viver)
(Mesmo depois do desfiladeiro, a N625 é qualquer coisa)
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Etapa 3
A noite foi fria e desconfortável por causa disso. Senti que o colchão de rolo já não era o mesmo, mas admiti que as minhas costas também não estavam nos melhores dias, o que me levou a magicar que adicionando um pequeno colchão auto-insuflável ao existente as melhorias seriam consideráveis. Tentei dormir um pouco mais e repentinamente a temperatura começou a disparar. Um sol radioso e escaldante vigorava no céu completamente azul quando eu saí do parque de campismo em direção ao Lagos de Covadonga.
Por ter visto aquele céu impecavelmente limpo decidi que estava ali a janela de oportunidade para ver os lagos em todo o seu esplendor.
Rumei a Covadonga pelo Desfiladero de los Beyos, desta vez em sentido contrário e tudo parecia novo, mas igualmente fantástico.
Quando comecei a subir aos lagos, eu nem queria acreditar no que o nevoeiro do dia anterior me tinha escondido. Além dos poucos metros que apenas vira antes, agora quilómetros de paisagem verde e bela se estendiam pelas altas encostas em direção ao horizonte. E não devia ser eu o único a pensar o mesmo, já que centenas de pessoas de automóvel ou moto acompanhavam-me até aos lagos.
Quando cheguei ao Enol, fui obrigado a soltar uma grande gargalhada. Em frente a mim, uma paisagem idílica do lago fascinara-me. E de pensar que no dia anterior, no mesmo sítio onde me encontrava, não julgava estar num sítio tão bonito e que contornara o dito lago ignorantemente.
Não me deixaram subir o acesso espichado até ao Ercina devido ao volume de tráfego já existente àquela hora da manhã, pelo que eu voltei ao Enol e enveredei de moto por um trilho de terra lá existente. Ainda percorri uns bons quilómetros de moto por um estradão fácil de conduzir, exceptuando uma pequeníssima parte muito acidentada. No fundo, fui ver vacas. Mais vacas. Milhares delas. E pássaros.
Voltei ao Ercina, mas deixei a moto no parque do Enol. Caminhei, alegremente, pelo íngreme passeio até ao lago a par de muitos caminhantes e queimei o rosto todo com aquele sol escaldante. Nas margens do lago, o número de turistas e de animais dividam-se.
A beleza do Ercina é apaziguadora do choque do Homem com a Natureza, mesmo com aqueles turistas todos em volta. Inspira qualquer pessoa. Fiz questão de tirar uma fotografia no mesmo sítio onde tirara ontem á pequena porção de água que era possível observar, mas desta vez um enorme espelho estendia-se deste o meu pé até ás montanhas que me barravam o infinito. O gado e as pessoas juntavam-se naquela margem como se estivessem a beber directamente da mãe natureza a paz e a liberdade. Mas só o gado tinha direito a banhar-se.
Saí dos Lagos de Covadonga satisfeito com a minha persistência em visitá-los, mas quando olhei para o relógio reparei que o dia ficara muito curto para os meus planos e voltei a Cangas de Onis.
(Ontem era uma parede de nevoeiro)
(Garanto que ontem nem imaginava que era isto por trás do nevoeiro)
(Ah... o Ercina)
(Ah... o bónus)
Depois de Cangas de Onis, voltei a conduzir pelo Desfiladero de los Beyos até Puerto del Pontón. Podia conduzir por aquele desfiladeiro todos os dias.
Em Puerto de Pontón, cortei para Posada de Valdeón e entrei no Desfiladero de Cares para chegar a Cain. Esta estrada estreita e macia afunda-se na Garganta de Cares até Cain.
Em Cain, estacionei a Suzuki mesmo na entrada do trilho pedestre que vai até Poncebos, Este trilho, para completo reconhecimento, deve levar umas boas horas a completar, mas como já era tarde nem sequer contemplei a hipótese de caminhar um pouco. Mesmo assim, sentia-me cansado e sentei-me numa pequena esplanada a relaxar.
O regresso a Posada de Valdeón foi penoso para a 125cc. Subir a Garganta de Cares foi uma tarefa lenta, mas compensada pela incrível beleza da formação rochosa. Quando cheguei a Valdeón, retomei a estrada rápida por onde tinha vindo, mas na direção de Este, para Portillo de la Reina.
A rapidez anterior do troço perdera-se por agora, já que estavamos a subir outra vez aos milhares de metros. Não sei o máximo alcançado nesta região, mas para referência, Posada de Valdeón situava-se a, salvo erro, 1200 metros de altitude e depois disso subimos bastante. A Vanvan ia com a lingua de fora.
Entretanto lá começamos a descer gradualmente, numa secção rápida com curvas pouco acentuadas mas excitantes, até Portillo de la Reina. Estavamos novamente na N621, bem próximo do Desfiladero de la Hermida e já era final de tarde. Segui para norte até à fronteira regional com a Cantábria e lá, com pena minha, achei por bem voltar para Riaño, por aquela boazona N621, e descartar Fuente Dé da lista de lugares a visitar. Era tarde, a fadiga já se fazia sentir e o facto de não me sentir atraído por teleféricos foi o suficiente para me fazer voltar para trás.
Como estava previsto sair de Riaño na manhã seguinte, Fuente Dé teria que ser sacrificada. Por uma lado não tive pena, confesso o meu pouco apreço por teleféricos, mas por outro senti que a viagem iria ter um pequeno vazio, já que muitos motociclistas gastam de ir a Fuente Dé. Assim, junta-se Fuente Dé ao Monasterio de Santo Toribio de Liébana, a Sotres, à Cueva del Buxu e a muitos outros locais na Cantábria e nas Astúrias que não visitei e que se tornam motivos para regrassar aos Picos de Europa brevemente.
Voltei a Riaño. Que espectacular estrada é esta N621, não só pela excitação que causa, mas pela magnífica paisagem onde se insere. Os espanhóis devem ter muito orgulho deste Parque Natural.
Quando cheguei ao campismo de Riaño, depois do banho, vi o grau de queimadura solar que agredia a minha cara e as minhas beiças. Não fiquei como o João Garcia, mas era feio de se ver. Como vim prevenido, comecei a reparação do rosto imediatamente e o produto que trouxe comigo provou ser de enorme qualidade, para minha sorte e felicidade.
Fui ao bar e sentei-me a comer, praticando também o meu espanhol com a fanequinha espanhola que lá trabalhava.
(Mirador del Tombo)
(Garganta Funda)
(Cain)
(Para Portillo de la Reina)
(Riaño à noitinha)
A noite foi fria e desconfortável por causa disso. Senti que o colchão de rolo já não era o mesmo, mas admiti que as minhas costas também não estavam nos melhores dias, o que me levou a magicar que adicionando um pequeno colchão auto-insuflável ao existente as melhorias seriam consideráveis. Tentei dormir um pouco mais e repentinamente a temperatura começou a disparar. Um sol radioso e escaldante vigorava no céu completamente azul quando eu saí do parque de campismo em direção ao Lagos de Covadonga.
Por ter visto aquele céu impecavelmente limpo decidi que estava ali a janela de oportunidade para ver os lagos em todo o seu esplendor.
Rumei a Covadonga pelo Desfiladero de los Beyos, desta vez em sentido contrário e tudo parecia novo, mas igualmente fantástico.
Quando comecei a subir aos lagos, eu nem queria acreditar no que o nevoeiro do dia anterior me tinha escondido. Além dos poucos metros que apenas vira antes, agora quilómetros de paisagem verde e bela se estendiam pelas altas encostas em direção ao horizonte. E não devia ser eu o único a pensar o mesmo, já que centenas de pessoas de automóvel ou moto acompanhavam-me até aos lagos.
Quando cheguei ao Enol, fui obrigado a soltar uma grande gargalhada. Em frente a mim, uma paisagem idílica do lago fascinara-me. E de pensar que no dia anterior, no mesmo sítio onde me encontrava, não julgava estar num sítio tão bonito e que contornara o dito lago ignorantemente.
Não me deixaram subir o acesso espichado até ao Ercina devido ao volume de tráfego já existente àquela hora da manhã, pelo que eu voltei ao Enol e enveredei de moto por um trilho de terra lá existente. Ainda percorri uns bons quilómetros de moto por um estradão fácil de conduzir, exceptuando uma pequeníssima parte muito acidentada. No fundo, fui ver vacas. Mais vacas. Milhares delas. E pássaros.
Voltei ao Ercina, mas deixei a moto no parque do Enol. Caminhei, alegremente, pelo íngreme passeio até ao lago a par de muitos caminhantes e queimei o rosto todo com aquele sol escaldante. Nas margens do lago, o número de turistas e de animais dividam-se.
A beleza do Ercina é apaziguadora do choque do Homem com a Natureza, mesmo com aqueles turistas todos em volta. Inspira qualquer pessoa. Fiz questão de tirar uma fotografia no mesmo sítio onde tirara ontem á pequena porção de água que era possível observar, mas desta vez um enorme espelho estendia-se deste o meu pé até ás montanhas que me barravam o infinito. O gado e as pessoas juntavam-se naquela margem como se estivessem a beber directamente da mãe natureza a paz e a liberdade. Mas só o gado tinha direito a banhar-se.
Saí dos Lagos de Covadonga satisfeito com a minha persistência em visitá-los, mas quando olhei para o relógio reparei que o dia ficara muito curto para os meus planos e voltei a Cangas de Onis.
(Ontem era uma parede de nevoeiro)
(Garanto que ontem nem imaginava que era isto por trás do nevoeiro)
(Ah... o Ercina)
(Ah... o bónus)
Depois de Cangas de Onis, voltei a conduzir pelo Desfiladero de los Beyos até Puerto del Pontón. Podia conduzir por aquele desfiladeiro todos os dias.
Em Puerto de Pontón, cortei para Posada de Valdeón e entrei no Desfiladero de Cares para chegar a Cain. Esta estrada estreita e macia afunda-se na Garganta de Cares até Cain.
Em Cain, estacionei a Suzuki mesmo na entrada do trilho pedestre que vai até Poncebos, Este trilho, para completo reconhecimento, deve levar umas boas horas a completar, mas como já era tarde nem sequer contemplei a hipótese de caminhar um pouco. Mesmo assim, sentia-me cansado e sentei-me numa pequena esplanada a relaxar.
O regresso a Posada de Valdeón foi penoso para a 125cc. Subir a Garganta de Cares foi uma tarefa lenta, mas compensada pela incrível beleza da formação rochosa. Quando cheguei a Valdeón, retomei a estrada rápida por onde tinha vindo, mas na direção de Este, para Portillo de la Reina.
A rapidez anterior do troço perdera-se por agora, já que estavamos a subir outra vez aos milhares de metros. Não sei o máximo alcançado nesta região, mas para referência, Posada de Valdeón situava-se a, salvo erro, 1200 metros de altitude e depois disso subimos bastante. A Vanvan ia com a lingua de fora.
Entretanto lá começamos a descer gradualmente, numa secção rápida com curvas pouco acentuadas mas excitantes, até Portillo de la Reina. Estavamos novamente na N621, bem próximo do Desfiladero de la Hermida e já era final de tarde. Segui para norte até à fronteira regional com a Cantábria e lá, com pena minha, achei por bem voltar para Riaño, por aquela boazona N621, e descartar Fuente Dé da lista de lugares a visitar. Era tarde, a fadiga já se fazia sentir e o facto de não me sentir atraído por teleféricos foi o suficiente para me fazer voltar para trás.
Como estava previsto sair de Riaño na manhã seguinte, Fuente Dé teria que ser sacrificada. Por uma lado não tive pena, confesso o meu pouco apreço por teleféricos, mas por outro senti que a viagem iria ter um pequeno vazio, já que muitos motociclistas gastam de ir a Fuente Dé. Assim, junta-se Fuente Dé ao Monasterio de Santo Toribio de Liébana, a Sotres, à Cueva del Buxu e a muitos outros locais na Cantábria e nas Astúrias que não visitei e que se tornam motivos para regrassar aos Picos de Europa brevemente.
Voltei a Riaño. Que espectacular estrada é esta N621, não só pela excitação que causa, mas pela magnífica paisagem onde se insere. Os espanhóis devem ter muito orgulho deste Parque Natural.
Quando cheguei ao campismo de Riaño, depois do banho, vi o grau de queimadura solar que agredia a minha cara e as minhas beiças. Não fiquei como o João Garcia, mas era feio de se ver. Como vim prevenido, comecei a reparação do rosto imediatamente e o produto que trouxe comigo provou ser de enorme qualidade, para minha sorte e felicidade.
Fui ao bar e sentei-me a comer, praticando também o meu espanhol com a fanequinha espanhola que lá trabalhava.
(Mirador del Tombo)
(Garganta Funda)
(Cain)
(Para Portillo de la Reina)
(Riaño à noitinha)
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Bonitas paisagens sem dúvida e fotos a condizer (de grande beleza).
Última edição por Rambo em Ter Out 06 2015, 02:42, editado 1 vez(es)
Rambo- A tirar a carta
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Um destino a ir sem dúvida... Estas paisagens e estas estradas são qualquer coisa sem dúvida... Obrigado pela partilha e continua... E claro que saiu
________________________
Boas rectas e excelentes curvas...
Gomes88BlackCat
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Mas que maravilha, espectacular.
Se eu já lá queria ir, então agora é que quero mesmo!!!
"V"
Se eu já lá queria ir, então agora é que quero mesmo!!!
"V"
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Etapa 4
Soube-me a pouco só dois dias de visita aos Picos de Europa, muito ficou por ver e explorar, muito ficou por caminhar, muito ficou por comer.
Tinha dia para chegar a casa e assim saí de Riaño um pouco mais tarde do que previa, não só pelo facto de ter dormido até mais tarde como a demora em preparar tudo para a viagem de volta. Quando cheguei aos Picos, montei acampamento base em Riaño, literalmente. Apenas uma das mochilas me acompanhava pelos desfiladeiros, essencialmente com o equipamento de chuva e, com esta experiência, concluí que uma top-case poderá ser muito importante numa futura viagem de maior distância.
Assim, com calma lá fui desmontando tudo e colocando na moto com todas as medidas para a segurança da bagagem e enquanto o fazia mandei a moto ao chão. Meu Deus! O horror! O drama! A tragédia! Num ápice levantei a moto e agradeci o seu leve peso e por ter caído numa superfície de relva. Felizmente não houve estragos.
Dei no despiante e lá parti dos Picos em direção a Leon, via Boñar, com uma enorme sensação de saudade. O céu que se avistava para os lados das montanhas previa mais um dia de nevoeiro, mas para sul, o azul limpo reinava e adivinhava um dia de grande calor.
Voltei ás grande rectas da provincia de Castilla-Leon e quando cheguei á cidade de Leon procurei uma sombra para a Suzuki. Deixei-a a fui visitar a catedral gótica, imponente edifício que me levou a comparar a tonalidade da sua pedra com os góticos portugueses.
Outra estrutura bonita da cidade são as muralhas romanas que abraçam todo aquele centro antigo. Lindo.
Foi em Leon que, para manchar a atitude global dos condutores espanhóis, buzinaram-me enquanto eu circulava devagarinho. Não me lembro a razão de permanecer áquela velocidade, mas pareceu-me que a razão caíria sobre mim.
No entanto, não dei significancia. Apenas, de mim para mim, mandei o tal condutor abaixo de Braga, baixinho.
Continuei para Astorga, pela N120, por aquelas estradas rápidas demais para a minha Vanvan.
Astorga também antecede ao tempo dos romanos, mas os seus maiores pontos de referência datam de períodos mais recentes. A catedral foi construída já no tempo do Renascimento, mas consegui vislumbrar alguns contornos góticos e outros renascentistas ou barrocos. Já o Palácio Episcopal, ou Palácio de Gaudí, foi reconstruído pelo famoso catalão e a sua beleza é comparada a uma sensibilidade artística tão diversa que podia muito bem figurar num conto Disney.
Tal como Leon, Astoga também é ponto de encontro de peregrinos de Santiago. Acho que em Astorga e em Ponferrada, onde eu teria a minha próxima paragem, essa reunião era mais evidente, não só pelos marcos físicos, como no marketing à volta desses viajantes.
(Até uma próxima, Picos)
(Leon)
(Astorga)
(Palácio de Gaudí)
Entrei então na N-VI em direção a Ponferrada. Esta estrada tornou-se uma difícil tarefa para a moto devido ás suas íngremes subidas, e para mim porque estava um sol abrasador e a fadiga sentia-se um pouco. Agarrei-me à moto e inclinei-me um pouco para ganhar alguma performance, piadeticamente, e senti a certo ponto que ouvia da zona da corrente um barulho restelhoante. Apercebi-me que só o ouvia em baixas e em arranque, mas como sou mau em mecânica pensei em duas possibilidades. A primeira seria que o calor intenso possa ter provocado a embraiam a não “agarrar” as mudanças. Já vi acontecer uma situação na moto de um amigo devido a uma avaria, ou no disco de embraiagem ou na capacidade de o banhar em óleo. Não me recordo muito bem dessa ocasião, mas pensei que fosse idiotice da minha parte achar que estaria a acontecer o mesmo com a minha. Então passei à segunda possibilidade, possibilidade essa que passaria por um grande desgaste da corrente, muita desafinação e falta de lubrificação. De facto, estava desafinada e o óleo viscoso que a lubrificava já estava espalhado pelos materiais em volta da mesma corrente.
Como já estava em Ponferrada, mesmo em frente ao castelo templário, deixei a moto á sombra, a descansar, e fui dar uma volta. Ainda aproximei-me da fila para os bilhetes de entrada no castelo, mas da minha mente não saia este pequeno precalço da Vanvan. O castelo é extremamante bonito e sabia que iria perder muito tempo dentro dele, mas esta relativa procupação estava a tornar a visita a Ponferrada distante.
Como estávamos no final do dia, decidi não entrar no castelo e retomar a estrada em direção a oeste, ou Villa Franca del Bierzo, o que me confirmado pela menina das bombas de gasolina que era para aqueles lados o campismo que procurava. Saquei do mapa e vi que seria em Carracedel o tal parque.
Quando lá cheguei e segui uma indicação do parque de campismo, ao fim de uns quilómetros deixei de ver indicações e senti-me perdido. Parei junto de um senhor para lhe pedir informações, num espanhol rebuscado, e ele diz-me que não é dali, que estava a viver ali há muito pouco tempo. Por sorte passa uma miúda por nós e pedimos-lhe a tal direção para o campismo. Ela lá explica de uma maneira muito rápida que era em Villamartin de la Abadia que eu já deveria estar, e eu a custo consigo perceber.
Agradeço à miúda e o senhor pergunta-me de onde sou. Quando lhe respondo que sou português, ele abre os braços de felicidade e diz que ele próprio é galego e que quase se considera português. Já em portunhol, pergunta-me se sou do norte de Portugal e, perante afirmação, diz que somos irmãos.
Villamartin de la Abadia não era distante e cheguei ao camping rapidamente. Este parque agradou-me imenso. Era muito amplo, com muitas árvores enormes, maior parte delas de incríveis copas e troncos largos. Pareceia um bosque.
Depois de montar a tenda, dediquei-me um pouco á manutenção da Suzuki, nomeadamente á corrente da Suzuki. Efectivamente, estava relaxada e sem lubrificação, mas quando tomei as devidas acções ela ficou bem melhor.
Enquanto tratava disso, perguntei de mim para mim porque não tratei, umas horas antes e em qualquer estação de serviço, desta questão da corrente logo que a notei desafinada. E até tinha ferramentas para o fazer. Porquê?
Acho que a resposta é muito prática, fadiga. Pior do que nos provocar o erro, o cansaço impede-nos de tomar as melhores decisões, e foi exactamente isso que aconteceu em Ponferrada. Falhei a visita ao Castelo Templário de Ponferrada e não tive um fim de tarde sereno, sentindo-me confortável apenas quando entrei e tomei um banho no campismo de Villamartin de la Abadia.
Mas tudo passou e ninguém se magoou, que é o mais importante, e o vento forte de fim de dia trouxe a ideia de voltar a Ponferrada na manhã seguinte.
(Ponferrada)
(Villamartin de la Abadia)
...continua...
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Podes continuar esta bela narrativa
Um muito bem merecido
Um muito bem merecido
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Capt.Akimoto Hi,
Confesso que o que não falta por aqui (forum M&D) são crónicas sobre viagens aos Picos da Europa, com todo o respeito por todos os que escrevem crónicas (respeito e agradecimento), como conheço bem o destino e as crónicas são muitas, normalmente leio-as fotograficamente, ou seja, a aldrabar a leitura, a despachar!!! Mas desta vez não!!!!!!
Confesso que a tua viagem e respectiva crónica são ambas refrescantes, tanto pela singularidade da moto como pela forma como escreves, já para não falar que esta viagem é uma autentica lição de economia, não é necessário um grande orçamento para fazer uma grande viagem e assim viver uma grande aventura!!!
Ganhaste o meu 1º M !!!
Confesso que o que não falta por aqui (forum M&D) são crónicas sobre viagens aos Picos da Europa, com todo o respeito por todos os que escrevem crónicas (respeito e agradecimento), como conheço bem o destino e as crónicas são muitas, normalmente leio-as fotograficamente, ou seja, a aldrabar a leitura, a despachar!!! Mas desta vez não!!!!!!
Confesso que a tua viagem e respectiva crónica são ambas refrescantes, tanto pela singularidade da moto como pela forma como escreves, já para não falar que esta viagem é uma autentica lição de economia, não é necessário um grande orçamento para fazer uma grande viagem e assim viver uma grande aventura!!!
Ganhaste o meu 1º M !!!
________________________
MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Carlos e Elísio, o meu muito obrigado. De facto, um orçamento para uma viagem de moto pode ser extremamente relativo. Se não poderes poupar numas coisas, podes poupar noutras, sem nunca prescindir das doses de aventura.
E desculpem tratar-vos a todos por tu, mas assim por trás de um computador, não dá.....
Um abraço
(continuo já...)
E desculpem tratar-vos a todos por tu, mas assim por trás de um computador, não dá.....
Um abraço
(continuo já...)
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Etapa 5
Apesar do camping ser muito tranquilo, não tive a melhor das noites. Não sei se será a almofada que é fraca ou a falta de um colchão melhor. Quando prepaarar uma próxima viagem, definitivamente vou ter atenção ao que transportar para me dar mais conforto nas dormidas na tenda.
Ainda assim, recuperei energias e andor bioleta para Ponferrada.
Consegui perceber como no dia anterior eu estava fatigado e confuso na tomada de decisões e que isso pode ser determinante em tornar uma boa viagem numa má viagem. Uma viagem deve ser sempre levada de bom ânimo, mas claro que o nosso corpo, sujeito aos elementos, possa ressentir-se. E eu até me considero resistente fisica e mentalmente.
De qualquer das maneiras, eu estava animado e regressei a Ponferrada e em boa hora o fiz. Neste dia, a entrada no Castelo Templário de Ponferrada era gratuita. Que agradável surpresa! O castelo é muito agradável, muito bem preservado apesar de alguns edifícios interiores já não existirem e expõe muito bem a maneira medieval de viver dentro de umas muralhas.
O castelo fora erigido pelos cavaleiros da Ordem do Templo como seu ponto defensivo e para proteger os peregrinos de Santiago e não duvido que seja dos maiores castelos de toda a Espanha.
Ponferrada agradou-me muito.
Retomei o caminho de volta a Portugal e desviei para Las Medulas para conhecer essas formações rochosas muito únicas em Espanha que estão rodeadas por uma lindíssima mancha verde. O sítio é também conhecido pelas minas de ouro.
Subi ao miradouro de Orellán e aí sim, pude ver melhor como aquelas rochas alaranjadas se misturavam na tal mancha verde. Os pássaros voavam de um lado para o outro, de pico em pico, procurando os seus ninhos, numa área que me fazia lembrar o faroeste americano, aqueles desertos rochosos da California.
(Novamente Ponferrada)
(Las Medulas)
Continuei na direção de Portugal pela N120, agora por um desfiladeiro por Viana do Bolo em que a extração de granito era actividade da região. Reencontrei a N525 em A Gudiña e parei no castelo de Verín.
Como segui a primeira indicação que apareceu, subi ao castelo por um mau acesso traseiro, mas o que mais me surpreendeu, ou desiludiu, foi o mau estado de conservação dos acessos imediatos. Era terra e poeira por todo o lado, ervas altas, a muralha e os canhões estupidamente vandalizados. O castelo é muito bonito e as suas paredes estão bem conservadas e a visita é muito limitada, mas fiquei um pouquinho mais contente quando espreitei por uma porta o pátio central e encontrei muitos materiais de construção e conservação, prontos a ser utilizados para dar um novo folego aquele bonito edifício. Não sei qual seria a prioridade, mas acho que a muralha dá uma má impressão a quem aparece lá pela primeira vez.
Entretanto lá chegou a guia. Meti conversa com ela e ela mesma confessou que o local estava muito abandonado e a precisar de ser recuperado. Eu espero bem que sim, apesar do caminho ser longo, porque senti uma boa afinidade com o local, não sei bem porquê... Talvez por já ser Galiza...
Desci pelo acesso principal, este sim muito melhor e cuidado, mas que podemos ignorar se vindos de Verín, já que a indicação para o acesso traseiro está logo ali ainda dentro da cidade. Tomei a estrada que liga a Portugal e lá cheguei a Chaves.
(Verín)
Em Chaves, parei para comer e ver o mapa.
Comi um hamburger de maneira feia, porca e má e deixei o cavalito de ferro apanhar ar.
Como não era muito tarde, decidi continuar viagem pela N2, por aquelas belas curvas, até Lamego pelo menos, e quando lá cheguei, não quis ficar e continuei na direção de casa, bota e bira miguinho pela monumental N222 mais a ocidente.
Rumei a casa naquela 222 com o pôr do sol a promover uma das imagens mais bonitas do Douro.
Considerações finais
Sempre quis conhecer os Picos de Europa pelo significado que advém do mundo motociclista. Não me senti defraudado e penso que é um destino turístico de excelencia para quem procura a natureza, o descanço, as caminhadas e as tiradas pelos desfiladeiros em moto.
Principalmente para nós habitantes do norte de Portugal, não fica muito longe lá chegar, mesmo num fim de semana prolongado para laurear a pevide.
A Suzuki Vanvan portou-se bem, mais uma vez fez consumos extraordinarios por volta dos 2,8 litros aos cem quilómetros e adorei conduzi-la naquelas espectaculares estradas.
Os meus gastos totais não foram elevados, bem pelo contrário, já que os preços dos parques de campismo em Espanha (por onde passei) são pouco mais caros que em Portugal, o combustivel até é mais barato e as refeições não foram luxuosas.
E Espanha é um país super interessante. Se os Picos foram espectaculares, na volta encontrei lugares singulares duma beleza impressionante.
Cada vez gosto mais de viajar e de viajar de moto. Na minha cabeça já se magica outras pequenas e grandes aventuras, seja com que moto fôr. Mais do que nunca, o tamanho do motor não me impede de viajar, mas também não fecho portas a outras máquinas, mas independentemente disso o importante é mesmo ir.
Sempre que volto de viagem, sinto-me diferente. Não sei se melhor ou pior, mas isso a mim pouco me importa. Sinto que construí mais alguma coisa dentro de mim e agradeço a Deus a dádiva que é este nosso planeta e a possibilidade de o poder conhecer. Agradeço-Lhe por nos dar esta pequena bolinha para viver e que em tantos milhões de anos luz é impossível encontrar semelhante.
Total da viagem – 1855 km
Gastos em combustível – 62,95€
Gastos em estadias – 58,15€
(com uma pequeníssima margem de erro)
Espero que tenham gostado, um bem haja a todos.
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Bela voltinha e belas fotos
Também tenho a viagem aos picos em mente para um ano destes, obrigado pelas sugestões
Cumprimentos
César Filipe
Também tenho a viagem aos picos em mente para um ano destes, obrigado pelas sugestões
Cumprimentos
César Filipe
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César Filipe
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Muito boas! a viagem e a crónica
(Dava um livro)
Última edição por Rambo em Ter Out 06 2015, 02:48, editado 2 vez(es)
Rambo- A tirar a carta
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Mas que espetacular cronica , parabéns pela viagem e obrigado por a partilhares dessa maneira.
Acredito que em certas alturas de ter sido um aventura para essa pequena /grande vanvan
(Riaño à noitinha) parece ser um local super agradável para um fim de tarde....
Abraço,
Acredito que em certas alturas de ter sido um aventura para essa pequena /grande vanvan
(Riaño à noitinha) parece ser um local super agradável para um fim de tarde....
Abraço,
XULA- Zero à esquerda
Re: Picos de Europa de Suzuki Vanvan
Mais uma vez, espero que tenham gostado.
Os Picos estão praticamente aqui ao lado. Não percam mais tempo!
Os Picos estão praticamente aqui ao lado. Não percam mais tempo!
Capt.Akimoto- Zero à esquerda
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