Passeio pelas estradas de Portugal

Depois de muito sonhar face aos passeios de muitos, planeei, muito por alto, uma viagem com um amigo por onde a estrada nos quisesse levar. O objetivo era aproveitar as melhores estradas, sem compromissos, horários, obrigações... Levámos uma tenda e estávamos dispostos a prescindir de algum conforto para alcançar a nossa demanda.
Assim, quinta-feira, dia 2 de agosto, pela manhã, tiro a minha companheira de viagem, lavadinha, controlada e lubrificada de véspera,



... e carrego-a com a carga de que vou precisar para os quatro dias.





Chega entretanto o Luís na sua transalp toda artilhada. Ele levou a tenda e uma mochila minha. Finalmente, comecemos a viagem...



Os primeiros km não valem nada em termos paisagísticos, pois da zona onde habito (densamente povoada) até perto de Entre-os-Rios, o homem encarregou-se de desfigurar a paisagem natural e o que construiu não tem qualquer fio condutor, cada edifício parece fazer parte de outro cenário, construções avulso, e não há qualquer enquadramento no resto da paisagem! A estrada é boa e as curvas predominam, temo-nos que nos concentrar nela, mas o trânsito é muito!
Ao aproximarmo-nos do Douro, a paisagem vai melhorando e a circulação rareando...
Chegados ao mesmo, começa o cenário idílico e a promessa de muito divertimento!







Aqui, parece que entramos noutra dimensão,
As nossas companheiras parecem também gostar do cenário, apesar das constantes paragens!









Paramos entretanto para um pequeno reabastecimento (do homem, não da máquina)...





Continuamos para desfrutar da paisagem que se sobrepõe à estrada, ainda que esta nos brinde com curvas e contracurvas consecutivas, uma das melhores que jamais fiz!







Da margem esquerda, vimos, no lado contrário, este cenário que não soubemos identificar, consegue fazê-lo algum de vós?



Entrámos depois no Alto-Douro vinhateiro, com seus montes esculpidos pela mão humana, de forma feliz, desta vez.




Deste primeiro capítulo, destaco as imagens assombrosas que me deixavam boquiaberto ao desfazer de cada curva. Enquanto aqui estive, deixou de ser importante a mota, a estrada e o prazer que delas tiro, valores mais altos se alevantavam, como o disse o nosso Camões.

Este relato está também no fórum motociclismo, com penas diferenças!

Andaram por zonas muito bonitas, prova disso são as fotos que partilhas. Afinal também temos paisagens bonitas cá dentro.
Então alevante-se um merecido
Abraço

Para começar o Leal levou com 1 M pela ousadia de andar pelas minhas quintas!!!

Grande Leal

Saia um para começar!

Abraço e boas curvas!

Sai um para o LEAL

E Sai outro por causa do Luis ter pisado o risco

..o meu/nosso Douro é uma Nação...

Parabéns pela escolha do percurso...!
fantastico..

Ainda em êxtase depois do Douro, rumámos a Lamego para seguir para sul pela n2.



Vimos a cidade cheia de vida e cor, mas não queríamos ficar. Depois de comprarmos algum pão e bebidas, comemos, neste aprazível local, o que o Luís trazia para o almoço.





As motos, nesta altura, tinham apenas fome de estrada.



Terminada a bucha, toca a subir para as motos, direção Castro D'Aire. A paisagem, como seria de esperar, mudou radicalmente. Em tons dourados e verdes, os montes erguiam-se ao longe por entre largos vales.







Deste percurso, adorei a estrada. Rápida e com muitas curvas, dava para dela gozar plenamente. Tirando um ou outro caso sem particular relevância, foi com esta sensação que fiquei da n2.



Ao nosso lado, corria a autoestrada e eu não deixava de pensar como era bom poder usufruir desta estrada, enquanto outros seguiam pela primeira. Para nós, durante toda a viagem, a autoestrada era de trânsito proibido!



Exceto, claro, as obras de engenharia que íamos encontrando pelo caminho.

Esta viagem fez-me recordar uma viagem de trabalho na Alemanha sempre fora de auto-estrada, mas em enlatado que foi das mais bonitas que já fiz.

Parabéns e mais uma ajuda pós talões.

Sai

pela crónica e pelo espírito...

pela partilha. Está excelente!

Essa MT é simplesmente linda, mas nessas paisagens nada com duas ridas fica mal, bem pelo contrário!

Belo passeio... por sítios que eu tanto adoro e não me canso de repetir

Mais um

Um abraço.

Agradeço a todos os comentários feitos e continuo o relato daquele que é, ainda, o primeiro dia deste passeio.


Uma das premissas que assumi com o Luís foi a de fazer aquilo que nos apetecesse, quando nos desse na real gana, sem objetivos, limites ou outras barreiras que pudessem limitar-nos. Assim, não olhávamos para o relógio, comíamos quando tivéssemos fome e não tínhamos que chegar a este ou aquele ponto nem fazer obrigatoriamente uma ou outra estrada. Nesta, cada um ia ao seu ritmo, sem ter que seguir na cauda do outro ou parar par tirar fotos, caso não lhe apetecesse. Bastava seguir na mesma estrada até à próxima mudança. Esta regra "desregrada", possível por sermos apenas dois, tornou o passeio ainda melhor. Pude dar trabalho à máquina de fotografar (como o podem testemunhar pelas fotos que aqui coloco) ou atacar furiosamente as curvas quando estas me desafiavam, e ó se desafiavam ... Na verdade, o que me leva a fazer estas coisas é mesmo o serpentear da estrada, estando a paisagem em segundo plano.
Assim sendo, tudo corria pelo melhor.



Sempre que parávamos nas terras menos "cosmopolitas", havia quem a nós se dirigisse e comentasse isto ou aquilo sobre a sua própria experiência e admirasse uma das motos. Neste café de uma estação de serviço, uns rapazes mostraram-nos orgulhosamente uma motorizada "de origem"... fora a cor, os copos (instrumentação), manetes... Das nossas, e aqui, a estrela foi a transalp.



Rumámos a Viseu, onde compramos alguma fruta e bebidas frescas para lanchar. Nesta cidade destaco o número elevado de rotundas e de scooters "tuning e chipadas" que nos ultrapassavam aos berros e com gozo. Cometemos aqui também a primeira gafe. Pedi orientações a uma simpática menina, queria ir para sul, pela n2. Ela mandou-me para S. Pedro do Sul, que fica a norte da cidade! Algo não batia certo, pois o meu sentido de orientação mandava-me para outro lado. Foi nesta altura que o André me ligou, em resposta a uma chamada minha! Em boa hora o fez pois combinámos um encontro em Tondela. Aí, ele, além do refresco oferecido, reprogramou-nos o gps,



...em vez da n2, iríamos fazer um carrocel fantástico (Mortágua, Barragem da Aguieira, Coimbra, Lousã, Castanheira de Pêra) que nos levaria ao parque de campismo de Pedrógão Grande, onde chegámos já tarde, mas felizes!

Barragem da Aguieira vista de cima...



de baixo...







Esta é a estrada velha para Coimbra, uma das melhores que fiz até hoje, entre montes bem juntos desliza uma estrada até às portas da velha cidade, cheia de curvas e muito prazer.









Confesso que aqui tive muita dificuldade em cumprir a sinalização vertical supra.

Sobre Castanheira de Pêra, parámos para comer um frango assado e batatas fritas comprados na localidade. Não havia talheres, comemos à mão (abençoados toalhetes!)... Soube bem!





Seguimos pela serra, num final de tarde/início de noite que nos fazia lembrar um dia de outono. As paisagens eram tão fortes que parecia levar uma valente chapada depois de cada curva. Assustador!





















Chegámos muito tarde ao parque de campismo, no final do nosso primeiro dia de viagem. Os que ainda permanciam acordados, olhavam atónitos para dois malucos a montar tenda às escuras. Depois de um longo banho, tivémos o descanso merecido.

A acompanhar a viagem e a gostar :-)

Leal, FABULOSO!

Depois de um primeiro dia bem carregado, o objetivo no segundo era chegar perto de Setúbal e descansar um pouco, quiçá dar um mergulho de permeio ou "fazer uma praia". Levantámo-nos cedo e aposto que acordámos algumas pessoas com o trabalhar dos dois v2, semelhantes a um concerto sincronizado de percussões... Pedimos algumas indicações e começámos logo com estas imagens da albufeira e da barragem do Cabril!





E esta outra, do outro lado da margem, às portas de Pedrógão Pequeno.



Descemos pela n2 e tomámos um belo pequeno almoço, penso que na Sertã. Continuamos a descer pela mesma estrada e subimos ao centro geodésico de Portugal.







Continuámos a descer (gostei muito das estradas nos arredores de Abrantes) e, com o calor a apertar, refrescámo-nos junto à albufeira de Montargil.





A partir daqui as estradas pioraram bastante com monótonas retas que se perfilavam a perder de vista.
À frente:

Atrás:


Quando demos por ela, estávamos em Alcochete, no afamado freeport. Estávamos na hora do almoço, não nos apetecia tirar e carregar as cargas desprotegidas das motas. Vi umas apetecíveis sombras nos jardins circundantes, perguntei ao Luís o que queria almoçar e pedi-lhe para deitar um olho às motos. Fui buscar o almoço, não sem antes perguntar ao segurança se poderíamos almoçar no jardim, à sombra de uma árvore. Respondeu-me logo que não havia problema nenhum, estava à vontade! Dito e feito! Soube muito bem!



De volta às motas fomos para Setúbal. Nada a apontar nem de bom nem de mau, a não ser um susto numas rotundas, as do Pinhal Novo, onde me fugiu a traseira da moto. Fiz o resto dos donuts subsequentes a ritmo de caracol e teso como um carapau, tal qual um imberbe maçarico!
Continuámos o caminho, deixámos tudo no parque de campismo do Outão e gozámos o resto da tarde e noite.

Tirámos algumas fotos.







Jantámos um belo peixe assado e fomo-nos deitar cedo, desta vez! Tirei fotos noturnas do estuário e de Troia, mas, com fraca luz, é preciso algo bem melhor para se obter imagens de qualidade.
E assim terminou o segundo dia!

Manhã soalheira do terceiro dia!
Grande era a vontade de começar, pois tínhamos a serra da Arrábida como destino. O pequeno-almoço? Podia esperar... A expectativa era grande, pois muito ouvira falar desta estrada e as fotos provam que não saíram defraudadas as nossas esperanças.

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http://desmond.imageshack.us/Himg443/scaled.php?server=443&filename=voltaaportugal2012188.jpg&res=landing
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Havia mais trânsito no mar do que na estrada... Ainda bem!



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Esta foi a forma que eu arranjei de secar a toalha em andamento, funcionou... A ideia foi do Luís, verdade seja dita, eu apenas copiei!




Contudo, soube a pouco, a serra faz-se num ápice e, sinceramente, já tinha feito melhores curvas, mas a conjugação ímpar da serra e do mar vale o desvio, sem dúvida alguma. O verdadeiro ponto negativo é a cimenteira que começa e termina o percurso. Aquele monstro, tal ciclope, ali plantado não tem sentido, a prová-lo, se necessário fosse, estão os cartazes que publicitam a intervenção ambiental da cimenteira. Areia para os olhos? Uma coisa compensa a outra? Também as águas me pareceram sujas e com bastantes detritos nas margens. Será o preço a pagar por ter grandes aglomerados populacionais a toda à volta do estuário? Tem mesmo que ser assim?
Tenho visto grandes melhorias nalgumas praias do norte, algumas de imundas passaram a ter bandeira azul, as de Matosinhos, por exemplo, já que toda as da costa de Gaia já a têm há muito tempo!

Bem, vista a serra da Arrábida, resta-nos rumar a sul!

Destino?

Costa Vicentina, via Troia!

Leal escreveu:
Esta foi a forma que eu arranjei de secar a toalha em andamento, funcionou... A ideia foi do Luís, verdade seja dita, eu apenas copiei!

Toalhas, cuecas, t-shirts, peugas....só calças é que não, até hoje nunca as lavei numa viagem, se resto é sempre ali que seco a minha roupa

Sai merito para o Leal, mas tens depoios de dar um bocadinho ao Luis pela excelente ideia

Delícia de passeio, recorda-me tempos idos em enlatado, a beleza dos locais renova-se. Continuação de boas férias e viagem.

Raul

O Leal levou com mais 1 M e pelos vistos o passeio está longe de ter acabado!!!

Joao Luis escreveu:

Leal escreveu:
Esta foi a forma que eu arranjei de secar a toalha em andamento, funcionou... A ideia foi do Luís, verdade seja dita, eu apenas copiei!

Toalhas, cuecas, t-shirts, peugas....só calças é que não, até hoje nunca as lavei numa viagem, se resto é sempre ali que seco a minha roupa

Sai merito para o Leal, mas tens depoios de dar um bocadinho ao Luis pela excelente ideia

Também lá estavam, por baixo da toalha, cuecas e peúgas lavadas. Tinha medo de as perder, até porque nunca se sabe muito bem que velocidade se vai atingir.

Leal escreveu:

Joao Luis escreveu:

Leal escreveu:
Esta foi a forma que eu arranjei de secar a toalha em andamento, funcionou... A ideia foi do Luís, verdade seja dita, eu apenas copiei!

Toalhas, cuecas, t-shirts, peugas....só calças é que não, até hoje nunca as lavei numa viagem, se resto é sempre ali que seco a minha roupa

Sai merito para o Leal, mas tens depoios de dar um bocadinho ao Luis pela excelente ideia

Também lá estavam, por baixo da toalha, cuecas e peúgas lavadas. Tinha medo de as perder, até porque nunca se sabe muito bem que velocidade se vai atingir.

Alem da aranha tambem uso elasticos por isso apertadas debaixo da aranha ou dos elasticos não ha velocidade que leve as peugas nem as cuecas

Vamos lá então continuar este relato...
Depois da devida despedida da Serra da Arrábida, procurámos, a caminho do ferry para Troia, um local para tomar o pequeno-almoço, mas parecia que a cidade ainda não tinha acordado!
Apanhámos a barcaça e admirámos a linda cidade de Setúbal, a península de Troia e o estuário do Sado...



Desembarcados, rumámos a sul, queríamos chegar rapidamente à costa Vicentina. O caminho foi monótono, desfilavam-se grandes retas e planícies a perder de vista e uma estrada muito perigosa, pois convidava a acelerar, mas surpreendia-nos, aqui e ali, com lombas que se poderiam tornar muito perigosas. Mas ainda nos faltava o pequeno almoço e parámos aqui...

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....para uma das melhores sandes que comi até hoje (seria a fome?) com queijo, presunto e pão alentejano!

De barriga cheia, partimos para sul, destino, Zambujeira do Mar. O caminho até lá não nos entusiasmou, retas e mais retas a perder de vista, mas as praias...

Primeira paragem, Sines.



A refinaria dominava a paisagem.



Uns quilómetros depois...


...

Bem boa esta paragem !