Aragão por Lone Rider- Dulcinea la Exploradora

Intro

Dulcinea é uma Honda XR 125 que chegou a casa no passado mês de Junho com apenas 13000km.
Rapidamente se instalou ao lado da Maria Das Curvas lá na garagem.





A moto não é de minha propriedade (convem dize-lo), mas sou eu o seu tutor até que a sua proprietaria se sinta suficientemente segura para conduzi-la sem temor.
O que, diga-se de passagem, já faltou mais!
Contudo, para uma pequena citadina com suspensões de longo curso, Dulcinea acabou por me seduzir e aventurei-me com ela pelo campo.
Vivo em pleno vale do Ebro, o segundo maior rio da peninsula, mas por incrivel que pareça tudo há sua volta é seco (culpa do vento Cierzo*) deixando as planicies despovoadas e os montes calvos!
Ora, com montes caminhos para explorar e uma orografia pouco exigente, cá vai disto!




Não é dificil ganhar mais 300m de altitude com os 14cv da Dulcinea, mas é certo que se tivesse mais 10cv não seria má idea!




Entre os endureiros que aqui conheço, todos eles me falam dos barrancos, ou seja, das trialeiras para a practica do enduro.
Urrea de Jalon tem disso!





E claro! Dulcinea foi lá ver como era!




Cada risco nos montes aridos são os trilhos das trialeiras, algumas com ascenções em que, segundo o GPS, a inclinação é superior a 20%.
Dulcinea já me disse que não as sobe, mas que as de 13% tipo escadaria, com calma e jeito, vai lá!

Dulcinea La Exploradora

Era uma manhã fria, das de muito vento (Cierzo*), e o sol espreitava timidamente por entre os buracos da perciana quando ela abriu os olhos.
Ao ver que me vestia, estendeu o olhar ao despertador:
-Onde vais às 7h30 da manhã?
-Estou cansado de estar com uma mulher nua na cama, vou-me meter a monte com a Dulcinea!
Ela volta-se na cama, aconchega os cobertores e no meio de um bucejo desabafa:
- Has-de querer e não ter!

O fato termico con Windstopper é algo imprescindivel se não queres congelar no meio de uma aventura matinal com a companhia do Cierzo, para alem do passa montanhas e do meu IS Multi na configuração ADV.
Umas calças de ganga e o meu Dainese (velhinho) que é pão para toda a massa e estamos prontos a sair.
Configurar o telemovel para gravar a trilha, atestar o deposito de Dulcinea e acelarar ao encontro do desconhecido.
Onde ia!?
Isso depois vê-se....




Uma das caractetristicas (recentes) do vale do Ebro são os moinhos eolicos.
Aqui nesta foto já tinhamos encontrado charcos e lamas, sinal de que tinha chovido nos ultimos dias.
O vento leva as nuvens, logo leva as chuvas e não é por nada que, no mesmo vale podemos encontrar as Bardenas Reales (Navarra) e os Monegros (Aragão), ambas areas que pela sua pluviosidade, temperatura media e morfologia são considerados como desertos. Ora a agricultura desenvolve-se graças aos grandes sistemas de irrigação e, onde não é possivel chegar a agua, ao “embalsamento” de aguas pluviais.




A isto se pode considerar um oasis no meio do deserto.
Normalmente onde existe uma “balsa”, existem as chamadas parideiras, onde os pastores levavam os seus rebanhos para beber agua e, como o proprio nome indica, assistir ao parto das ovelhas!



Existem dezenas de parideiras em ruinas como esta, espalhadas por todo o vale do Ebro!




Estamos em pleno mes de novembro, é certo que não é um mes dos verdejantes, mas infelizmente a paisagem por estas paragens, só é verde quando brota o trigo por entre as pedras da terra arida. Contudo, o sucesso da colheita depende muito das chuvas primaveris de Abril e Maio, que são sempre escassas por estas bandas.




Fuendejalon, desertico numa manhã de Domingo...




O estilo mudejar que se entranha nas construções contemporaneas, com o fim de nunca esquecer as raizes!




Possivelmente, o povo Aragones que mais gosto, Magallón!
Dulcinea desbrava os caminhos, agora ladeados por pomares de Pessegueiros, em ritmo calmo mas permitindo algum divertimento, saltando como uma jovem cabrita sempre que encontrava uma lomba.
Isto de ir a 50 ou 60km/h por caminhos é uma grande apredizagem, requer concentração, muita sensibilidade e condição fisica.
Estas voltinhas com a Dulcinea são precisamente isso. Fazem parte dos preparativos para algo bem mais ambicioso que não vos posso contar, porque é segredo e surpersa!




Bureta!
Daqui até Magallon fomos por asfalto...




À esquerda diz o seguinte:

Para subir esta subida
É preciso ter bom pulmão
Muita devoção ao Cristo
E o Vinho de Magallón

Esta fotografia foi tentada com a Maria das Curvas, mas a inclinação da subida e a geometria do descanso da Maria, aliado ao seu peso e volume, nunca conseguiram o enquadramento desejado.
Dulcinea pesa 90kg, toda um peso pluma, aliada a uma agelidade e desponibilidade em baixas do seu pequeno monocilindrico, fazem possivel chegar aos sitios mais impensaveis.





Esta é a entrada há Igreja de San Lorenzo e Dulcinea disse que queria tirar uma foto ali!
Seja feita a sua vontade!





Ora aqui está um bom exemplo do que é o Vale do Ebro.
Arido, seco e cheio de moinhos eolicos!




Ao fundo, uma mancha de agua....
É a barragem de La Loteta, que abastece de agua potavel varios povos há sua volta.





Mais uma parideira, meio abandonada, onde este quadrupede me recorda de que hoje é dia de caça!
Estavamos já quase de volta a casa, com mais de 70km de monte e saciados de vento.
Mas se choveu no ultimos dias, a pista de cross deve ter lama!


LAAAAAAAAMMMMMMMMMAAAAAAAAA!!!!!!





E subitamente a Dulcinea sai debaixo de mim....
Ora aí está um bom treino, um banho de lama!
E para levanta-la?
Tentamos outra vez, a ver se as botas já não escorregam!
Depois de por de pé, o outro problema era montar nela.





As botas tinham 5kg de lama cada uma os estribos estabam cheios de lama e os pés escapavam-se-me dos mesmos e só tentava ver onde era o sitio mais “fofinho” para voltar a aterrar....
Dulcinea deu de cú, fugia de trajectoria, mas eu queria aprender. Tenho que aprender!
E foi há terceira tentativa que consegui dar uma volta ao circuito sem sustos ou quedas.
Voltarei assim que possa!





Depois da brincadeira, é hora do banho!
E claro, primeiro as meninas!





Cá está ela toda catita para ir a há missa!








*Cierzo é o vento que nasce nas encostas do “sistema cantabrico” e que, limitado pelo sistema iberico e pirinaico, afunila pelo vale do Ebro até ao mediterraneo, arrastrando consigo as camadas de ar gelido que encontra pelo caminho.
Um dia de Cierzo com sol (quase nunca há nuvens porque as arrastra para longe), em que a temperatura ambiente seja de 5ºC, a sensação termica é de -5ºC.
Thermolite!!! Onde é que tu andas!?

** Esta crónica é só para vos deixar com agua na boca sobre algo que ando a projectar, contudo dedico-a a todos aqueles que gostam de motos em ambientes naturais e que só tiram real prazer do espirito da coisa se for assim.
Eu pessoalmente, nasci na estrada e é na estrada que centrarei a minha “actividade”, mas entendo bem quem diz que o monte é o sitio onde realmente podemos ser livres.
Para “um tal” de Edgar e todos os do seu genero, o meu bem haja!

Bem que te digo que estás a precisar de encontrar uma manada e toiros para os contrariar e ser feliz com isso.

 

Luís Azevedo escreveu:Bem que te digo que estás a precisar de encontrar uma manada e toiros para os contrariar e ser feliz com isso.

 

Por aquelas bandas não é muito difícil encontrá-los à solta!
E sim, sou feliz!

Levaste com 1 M por a teres lavado!!!

LoneRider escreveu:
-Estou cansado de estar com uma mulher nua na cama, vou-me meter a monte com a Dulcinea!

Por supuesto!  

 , what else?

Nem ouses contar aqui esse projeto que andas a engendrar...
Já agora... não podes adiantar nada???  
Essa exploradora descobre paisagens bonita, ou será que já a estás a treinar??? 
para a exploradora

Carlos Balio escreveu:Nem ouses contar aqui esse projeto que andas a engendrar...
Já agora... não podes adiantar nada???  
Essa exploradora descobre paisagens bonita, ou será que já a estás a treinar??? 
para a exploradora

Vai uma pista!? 
Depois da ida ao Inferno devemos sempre fazer o Caminho!

LoneRider escreveu:

Carlos Balio escreveu:Nem ouses contar aqui esse projeto que andas a engendrar...
Já agora... não podes adiantar nada???  
Essa exploradora descobre paisagens bonita, ou será que já a estás a treinar??? 
para a exploradora

Vai uma pista!? 
Depois da ida ao Inferno devemos sempre fazer o Caminho!

Esperava não levar isto para o campo da espiritualidade, senão pensaria...
Se já conheço o Inferno, porque não conhecer o Céu???

Para ir ao Ceu Carlos, é deixar uma mulher nua na cama para ir ao monte com a Dulcinea e depois, chegar a casa e encontrar a mulher nua na cama......




























.....sozinha!  

Boas,

Bonitas fotos e excelente passeio por zonas algo áridas mas tambem belas...
( Eu fui algumas vezes carregar geradores das eólicas ai perto em Bunuel...) E ajudei a transportar algumas dessas torres eólicas...
Um abraço

Como sempre os teus relatos são muito porreiros!