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O Meu Zoom da Europa...em 2015 - Parte 4
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O Meu Zoom da Europa...em 2015 - Parte 4
Parte 4 - Volta à Córsega
- 12º dia - 28.07.15
Despedimo-nos de Porto-Vecchio já com alguma saudade, dada a empatia que sentimos com a cidade.
O dia de hoje era um pouco ambicioso, já que queríamos ligar Porto-Vecchio a Bastia, atravessando todo o maciço central da Córsega, sempre em estradas de montanha, numa viagem que se veio a revelar verdadeiramente incrível.
Não posso e não devo, deixar de referir que só me aventurei a uma etapa destas, porque tenho o grande privilégio de ter comigo a PenduGraça, uma pendura à altura de qualquer imponderável e de qualquer estrada, e que tantos momentos de alegria e vida me tem dado, nas minhas motas e não só.
Obrigado Graça, por existires a meu lado.
A estrada é fabulosa, serpenteando por montanhas e vales deslumbrantes, numa dádiva constante de paisagens esmagadoras e muito gozo para quem gosta de andar de mota, como nós.
O termo apropriado é mesmo esmagador.
Que bela é a Córsega nos seus maciços cobertos duma impressionante e densa mancha de floresta.
Saímos de Porto-Vecchio em direcção a L’Ospedale
para darmos início ao nosso trajecto pelas montanhas do maciço central corso.
O Lago de L’Ospedale foi uma bom momento de pausa
para nós
e para a minha Musa que, eufórica, nem pedia para descansar.
Esta mota continua a tirar-me do sério, fazendo uma simbiose connosco sem igual e a proporcionar-nos um gozo, só mesmo ao alcance duma grande mota.
Seguiu-se Zonza e um desvio até ao Col de Bavella, já que eu queria continuar pelo interior da Córsega, regressando à D420.
E se o desvio valeu a pena...
Com mais tempo, teria ficado por ali esperando que o sol se pusesse
Por todo o trajecto encontramos porcos, melhor dizendo, um híbrido de porco e javali, pacífico, mas que pode causar danos, pois aparecem por todo o lado e lançam para a estrada a terra areenta das bermas que são um perigo para a condução.
E eu que o diga que, por uma vez, senti bem o control de tracção da mota a actuar...maravilhosamente.
Funciona mesmo. Abençoada tecnologia.
Não faltam, igualmente, vacas e cabras que, apesar de tudo, são mais fáceis de controlar
a não ser que seja um grande bode...e o caso fica mais sério
O cenário manteve-se incrivelmente arrebatador...ao longo de todo o trajecto - Aullene, Zicavo, Zonza, Cozzano, até chegarmos a Corte.
Aldeias miraculosamente implantadas nas montanhas, alternado com paisagens que nos invadem a alma de paz e duma serenidade, como só mesmo a natureza nos pode dar.
Como sempre digo, ainda bem que a fotografia não consegue transmitir o que tivemos perante os nossos olhos, esperando, contudo, que venham a aguçar o apetite a quem possa um dia visitar esta linda ilha.
Fizemos uma longa paragem em Corte, cidade que foi duma forma fugaz capital da República Corsa, por volta do ano de 1755, ano em que Lisboa foi assolada por um grande terramoto, tão marcante para nós portugueses.
Fotografar esta cidade é uma delícia...que precisa de tempo e ocasião.
Em cada viagem que faço, nasce sempre uma lista de cidades a fotografar de novo, com mais tempo e critério, o que, a ser possível de realizar, me lançaria na estrada por anos sucessivos sem parar...
Tinha como desígnio ir às Gargantas de Restonica, o que se revelou impossível por o acesso estar muito condicionado, o que acarretaria uma grande perda de tempo e mudança de planos.
Seguramente, fica para um possível regresso à ilha...
E chegamos a Bastia, cidade portuária fundada por genoveses, e principal porto comercial da ilha.
Nota-se que a vertente comercial é grande, com especial relevo para os seus vinhos, mas foi uma cidade que não me “tocou”.
Por vezes e por motivos vários, o “clic” não se dá e, quando assim é, não há nada a a fazer...
Por aqui ficamos até à hora do jantar
e de ter a surpresa da noite
Até breve, já em Calvi
- 13º dia - 29.07.15
Ainda em Bastia, falando com o recepcionista do hotel, manifestei que tinha como propósito ir fazer a costa leste até à ponta norte, regressando pela costa oeste e, de imediato, fui informado que demoraria, pelo menos, 6 h a fazer todo o percurso, dada a estrada que era e aos cortes de conservação que estavam em curso.
Mais uma desistência e consequente alteração de planos, até porque não queria chegar tarde a Calvi, para poder desfrutar da cidade com calma.
A aposta veio a revelar-se acertada.
Assim, saímos de Bastia pela maravilhosa D81, a caminho de Saint-Florent, que nos presenteou com baías, praias e lindas paisagens, numa sucessão de fazer inveja, como que a querer provar-nos de que não nos arrependeríamos da alteração de planos que tínhamos feito.
Em Saint-Florent continuamos pela D81 que, apesar de ter abandonado a costa, manteve bem alto o meu prazer de condução e os nossos olhos continuaram a não ficar defraudados...
Retomamos a costa na N1197 com destino a L’Île-Rousse onde resolvemos fazer umas horas de praia e almoçar.
Esta vertente lúdica que fomos fazendo, aqui e ali, ao sabor do apetite e da empatia do momento, é um prazer que nunca tinha tido nas minhas viagens solitárias, mas que me dá um gozo particular, apesar da logística de veste e despe, própria de quem anda de mota.
Invariavelmente, os olhares curiosos não deixam de nos abraçar cada vez que chegamos a uma praia, denunciando um pensamento - “Grandes maduros estes motards”..., enquanto mudamos a indumentária.
Esquecem um pormenor de relevo...o prazer infinito que foi chegar aqui viajando de mota...!
Chegamos a Calvi ainda a tempo dum mergulho na praia, antes de partirmos para a visita à cidade.
O nosso hotel, que recomendo, o Abbaye, fica muito bem situado, bem à entrada da cidade, dando para deixar a minha Musa a descansar e fazer tudo a pé.
Calvi foi, desde logo, uma cidade que nos “tocou”, em cada pormenor, em cada rua, em cada quadro visual, mesmo antes de nos aventurarmos na sua linda Cidadela.
Saímos do hotel e deambulamos, primeiro, pela cidade e pelo porto
Com o conjunto da cidadela a chamar por nós
O turismo fervilha nesta cidade onde, além dos franceses dominantes encontramos bastantes nórdicos.
O turismo é a grande fonte de comércio que peca por ser muito sazonal, não conseguindo assegurar uma empregabilidade regular, segundo nos disseram.
As lojas estão bem apresentadas e os restaurantes encantam com os seus recantos e esplanadas bem arranjadas, bem como hotéis de charme, pequenos e encantadores nos seus jardins interiores.
O sol começa a dar sinais de que nos iria abandonar e partimos para a cidadela, num trajecto que se faz bem a pé e que nos permite ir vivendo, calmamente, lindos quadros visuais da cidade que vamos deixando.
Chegados à Cidadela
fomo-nos deixando envolver por séculos de história desta cidade fortificada
até que as vistas da cidade baixa e das suas baías dominaram o horizonte
Os cambiantes do pôr-do-sol começaram a impor-se e cada vez mais estávamos rodeados de gente que procurava o seu angulo de registo, o seu olhar sobre a cidade...
Aqui ficam alguns dos nossos...
Após o nosso jantar num restaurante que caprichosamente se espraiava por cantos e recantos de casas vizinhas, numa mescla que dava gosto ver
fomos fazer a despedida desta cidade de encantar, passeando no seu porto, a caminho do Hotel
Adeus Calvi e até um dia
Até breve, já em Ajaccio
- 14º dia - 30.07.15
O dia estava lindo e foi com pena que deixamos o nosso querido hotel e esta Calvi que nos marcou.
O nosso destino era Ajaccio, berço de Napoleão e que tinha alguma curiosidade em conhecer.
Para isso, resolvemos ir o mais junto à costa possível, já que me tinham dito que esta costa merecia um passeio. E merece. Foi aposta completamente ganha.
Tomamos a D81B e depois a D81 em direcção a Partinello e Porto.
Logo de início deu para ver e sentir o que nos esperava...
Uma sucessão interminável de baías, cada uma mais bonita que a outra, banhadas por um mar azul, tão límpido, que impressiona.
A estrada recortada na escarpa, algo estreita mas segura, não apresentava grande movimento, denotando, isso sim, muito desgaste e uma necessidade premente duma intervenção rápida, principalmente se pensarmos que, apesar de tudo, estamos em território Francês...!
O piso era mesmo mau e tive que me socorrer da suspensão soft da minha motita, que nos soube pela vida. Abençoada tecnologia.
Paramos em Porto para tomar uma bebida fresca, que o calor apertava.
Porto, é uma pequena cidade, encravada entre duas baías, com um movimento turístico de relevo.
A praia que suporta toda esta gente, foi fabricada, numa das baías, que vislumbramos já na saída da cidade.
Enquanto estávamos na esplanada, vimos chegar um grupo de Harlistas que rodearam a nossa mota
Mais tarde, quando nos dirigimos à mota, eles ainda lá estavam, despindo os fatos e ficando prontos para fazer um dia de praia.
Ainda vacilamos, mas não era o nosso propósito.
Tínhamos ainda muito caminho pela frente e uma estrada sinuosa e de mau piso, para fazer.
De imediato se meteram connosco, querendo ver a minha Musa em pormenor e saber da nossa viagem.
Eram corsos e um deles era mulher, montando, para mim, a Harley mais bonita do conjunto.
Conversa puxa conversa, lá lhes fomos explicando, no meu francês renascido, o desenho da nossa viagem e como estávamos a adorar a Córsega.
Gente boa e simpática que se despediu de nós, manifestando a pena que tinham de não nos poderem acompanhar.
Levamos connosco um grande e simpático adeus motard que guardamos nas nossas memórias.
A estrada, à medida que nos dirigíamos para Cargèse, foi piorando, mostrando bem porque estávamos a encontrar tão pouco movimento...
Contudo, a paisagem suplanta tudo e vale todos os sacrifícios...desde que se vá numa mota com boa suspensão.
Curioso como, aqui e ali, vemos alguns carros parados em algumas reentrâncias da estrada, de gente que, corajosamente, vai escarpa abaixo até ao mar para se banhar.
Chegados a Cargèse, começamos a ver no horizonte e sobre o mar, uma tempestade a formar-se, o que seria de esperar, dado o calor e humidade que se fazia sentir.
Com alguma sorte talvez conseguíssemos chegar a Ajaccio antes da borrasca...
Já depois de Calcatoggio, volta e meia, uns salpicos grossos foram aparecendo, misturados com granizo.
Resolvemos arriscar não vestir os factos de chuva, dado o calor que se fazia sentir e porque, entretanto, estávamos já a poucos kms de Ajaccio.
Aposta perdida.
Mesmo à entrada de Ajaccio, no meio dum transito infernal, uma carga de água das antigas...com direito a molha integral.
Quase que conseguíamos...mas faltou o quase.
Claro que, chegados ao hotel, a chuva parou e o sol voltou.
Ironias desnecessárias...!
Já sequinhos fomos para Ajaccio, onde, naturalmente, se respira Napoleão por todo o lado ou não fosse ele natural desta cidade.
Bar simpático este, bem perto da casa de Napoleão
E foi já do quarto do nosso hotel que nos despedimos de Ajaccio
Até breve, na bela Bonifácio
- 15º dia - 31.07.15
A vista do nosso quarto tinha um olhar privilegiado sobre Ajaccio, na hora da despedida...
Tínhamos uma jornada curta até Bonifácio, para podermos saborear devidamente esta cidade que nos encantou quando entramos na Córsega.
O passeio ao longo da costa manteve a toada até aqui, com uma pequena diferença - a estrada piorou, nomeadamente a D55 e D155.
Contudo, fazer esta costa faz esquecer qualquer estrada menos boa, tal é a sucessão de paisagens que nos marcam e que, ao mesmo tempo, nos transportam para uma imensidão de paz que enche qualquer um. Recomendo.
Em Propriano, retomamos a N196 que rapidamente nos colocou no nosso destino -Bonifácio.
O nosso alojamento era um turismo rural, bem simpático, onde fomos muito bem recebidos e bem aconselhados, quanto às praias das redondezas.
O bichinho da praia andava bem vivo...e soube muito bem.
Esta água límpida, dum azul celestial e com uma temperatura a fazer lembrar África, tenta qualquer mortal e nós não fugimos à regra.
Afinal, estávamos de férias...
Ainda bem que o fizemos, pois não mais voltaríamos a ter tanta facilidade em fazer uma boa praia como até aqui.
A costa de Bonifácio com as suas majestáticas arribas calcárias, são um regalo para os nossos olhos e fomos senti-las...
antes de nos dirigirmos a uma das praias que nos tinham aconselhado - Piantarella.
A “praia”, em si mesma, é curiosa, pois prima pela quase ausência de areia estando, isso sim, como que atapetada pelos restos (escamas) das sementes dos pinheiros que se foram acumulando ao longo dos anos, formando um tapete com mais de 0.5 m de espessura.
É engraçado porque caminhamos como se estivéssemos a fazê-lo em cima dum colchão de molas. O prazer aumenta quando nos deitamos.
Nem só de areia vivem as praias...
Talvez por isso apresente, logo à entrada, um letreiro curioso
A baía é muito frequentada, apresentando umas ilhotas a emoldurar o horizonte, a que se chega com água pelo pescoço, apesar da distância ainda ser considerável.
Bem os vimos...mas resolvemos ficar sossegaditos a gozar as nossas preciosas horas de descanso e sol.
Junto à praia, existe um simpático bar, onde se pode petiscar
Contornado a costa, pelo interior, encontramos um campo de golfe com uma paisagem incrível, sobre o cabo Sperone e que dá acesso a duas pequenas praias, essas sim, com areia - a Petit e a Grand Sperone.
Passamos o resto da tarde fazendo o sacrifício de estar de molho naquela água bem quentinha, tendo como fundo um quadro inesquecível que registamos já no regresso.
Ainda fomos a tempo de realizar, bem à tangente, a odisseia do dia - visitar as Escadas do Rei de Aragão com os seus 187 degraus que, com o que custam a descer ( são bem altos) , dizem bem do que teríamos que passar a subi-los...
Diz a lenda que o rei Afonso de Aragão, ao fim de 5 meses a cercar a cidade, terá escavado esta escada numa noite, para tentar o assalto à cidade.
Claro que a escada não apareceu numa noite...mas a lenda ficou.
Pelo que sei, nem se sabe bem quem terá construído a escada, escavada em plena falésia, seguida dum caminho que nos leva a uma pequena enseada.
Aqui, a Graça ainda apresentava o sorriso próprio de quem desce... e se vai maravilhando com a sensação de descer a falésia em direcção ao mar
Numa gruta existente na enseada cada um deixa a sua marca escultórica e nós também deixamos a nossa,
É de facto uma sensação incrível caminhar ao longo da falésia, sentindo que temos toda uma cidade bem por cima de nós...
Estava na hora de passarmos ao ataque da subida...e que subida!
Mesmo com a ajuda do corrimão, a subida é violenta que chegue e rebenta com qualquer um...
Que o diga a minha penduGraça que chegou lá a cima...sem fala,
Felizmente que nos estava reservado um mágico pôr-do-sol para nos amenizar um pouco o esforço despendido...porque esquecer, não se esquece.
Com os olhos recheados de coisas lindas, fomos até à nossa hospedagem prepararmo-nos para ir viver a Bonifácio noturna que tinha tanta curiosidade em conhecer.
Percorrer a cidade com as suas estreitas ruas e ruelas de pedra, é como percorrer um museu vivo, tantas são as influências dos povos que por aqui passaram.
Bonifácio é mágico.
Até um dia Bonifácio, que a vontade de regressar é muita...
Até breve, já em Olbia
- 12º dia - 28.07.15
Despedimo-nos de Porto-Vecchio já com alguma saudade, dada a empatia que sentimos com a cidade.
O dia de hoje era um pouco ambicioso, já que queríamos ligar Porto-Vecchio a Bastia, atravessando todo o maciço central da Córsega, sempre em estradas de montanha, numa viagem que se veio a revelar verdadeiramente incrível.
Não posso e não devo, deixar de referir que só me aventurei a uma etapa destas, porque tenho o grande privilégio de ter comigo a PenduGraça, uma pendura à altura de qualquer imponderável e de qualquer estrada, e que tantos momentos de alegria e vida me tem dado, nas minhas motas e não só.
Obrigado Graça, por existires a meu lado.
A estrada é fabulosa, serpenteando por montanhas e vales deslumbrantes, numa dádiva constante de paisagens esmagadoras e muito gozo para quem gosta de andar de mota, como nós.
O termo apropriado é mesmo esmagador.
Que bela é a Córsega nos seus maciços cobertos duma impressionante e densa mancha de floresta.
Saímos de Porto-Vecchio em direcção a L’Ospedale
para darmos início ao nosso trajecto pelas montanhas do maciço central corso.
O Lago de L’Ospedale foi uma bom momento de pausa
para nós
e para a minha Musa que, eufórica, nem pedia para descansar.
Esta mota continua a tirar-me do sério, fazendo uma simbiose connosco sem igual e a proporcionar-nos um gozo, só mesmo ao alcance duma grande mota.
Seguiu-se Zonza e um desvio até ao Col de Bavella, já que eu queria continuar pelo interior da Córsega, regressando à D420.
E se o desvio valeu a pena...
Com mais tempo, teria ficado por ali esperando que o sol se pusesse
Por todo o trajecto encontramos porcos, melhor dizendo, um híbrido de porco e javali, pacífico, mas que pode causar danos, pois aparecem por todo o lado e lançam para a estrada a terra areenta das bermas que são um perigo para a condução.
E eu que o diga que, por uma vez, senti bem o control de tracção da mota a actuar...maravilhosamente.
Funciona mesmo. Abençoada tecnologia.
Não faltam, igualmente, vacas e cabras que, apesar de tudo, são mais fáceis de controlar
a não ser que seja um grande bode...e o caso fica mais sério
O cenário manteve-se incrivelmente arrebatador...ao longo de todo o trajecto - Aullene, Zicavo, Zonza, Cozzano, até chegarmos a Corte.
Aldeias miraculosamente implantadas nas montanhas, alternado com paisagens que nos invadem a alma de paz e duma serenidade, como só mesmo a natureza nos pode dar.
Como sempre digo, ainda bem que a fotografia não consegue transmitir o que tivemos perante os nossos olhos, esperando, contudo, que venham a aguçar o apetite a quem possa um dia visitar esta linda ilha.
Fizemos uma longa paragem em Corte, cidade que foi duma forma fugaz capital da República Corsa, por volta do ano de 1755, ano em que Lisboa foi assolada por um grande terramoto, tão marcante para nós portugueses.
Fotografar esta cidade é uma delícia...que precisa de tempo e ocasião.
Em cada viagem que faço, nasce sempre uma lista de cidades a fotografar de novo, com mais tempo e critério, o que, a ser possível de realizar, me lançaria na estrada por anos sucessivos sem parar...
Tinha como desígnio ir às Gargantas de Restonica, o que se revelou impossível por o acesso estar muito condicionado, o que acarretaria uma grande perda de tempo e mudança de planos.
Seguramente, fica para um possível regresso à ilha...
E chegamos a Bastia, cidade portuária fundada por genoveses, e principal porto comercial da ilha.
Nota-se que a vertente comercial é grande, com especial relevo para os seus vinhos, mas foi uma cidade que não me “tocou”.
Por vezes e por motivos vários, o “clic” não se dá e, quando assim é, não há nada a a fazer...
Por aqui ficamos até à hora do jantar
e de ter a surpresa da noite
Até breve, já em Calvi
- 13º dia - 29.07.15
Ainda em Bastia, falando com o recepcionista do hotel, manifestei que tinha como propósito ir fazer a costa leste até à ponta norte, regressando pela costa oeste e, de imediato, fui informado que demoraria, pelo menos, 6 h a fazer todo o percurso, dada a estrada que era e aos cortes de conservação que estavam em curso.
Mais uma desistência e consequente alteração de planos, até porque não queria chegar tarde a Calvi, para poder desfrutar da cidade com calma.
A aposta veio a revelar-se acertada.
Assim, saímos de Bastia pela maravilhosa D81, a caminho de Saint-Florent, que nos presenteou com baías, praias e lindas paisagens, numa sucessão de fazer inveja, como que a querer provar-nos de que não nos arrependeríamos da alteração de planos que tínhamos feito.
Em Saint-Florent continuamos pela D81 que, apesar de ter abandonado a costa, manteve bem alto o meu prazer de condução e os nossos olhos continuaram a não ficar defraudados...
Retomamos a costa na N1197 com destino a L’Île-Rousse onde resolvemos fazer umas horas de praia e almoçar.
Esta vertente lúdica que fomos fazendo, aqui e ali, ao sabor do apetite e da empatia do momento, é um prazer que nunca tinha tido nas minhas viagens solitárias, mas que me dá um gozo particular, apesar da logística de veste e despe, própria de quem anda de mota.
Invariavelmente, os olhares curiosos não deixam de nos abraçar cada vez que chegamos a uma praia, denunciando um pensamento - “Grandes maduros estes motards”..., enquanto mudamos a indumentária.
Esquecem um pormenor de relevo...o prazer infinito que foi chegar aqui viajando de mota...!
Chegamos a Calvi ainda a tempo dum mergulho na praia, antes de partirmos para a visita à cidade.
O nosso hotel, que recomendo, o Abbaye, fica muito bem situado, bem à entrada da cidade, dando para deixar a minha Musa a descansar e fazer tudo a pé.
Calvi foi, desde logo, uma cidade que nos “tocou”, em cada pormenor, em cada rua, em cada quadro visual, mesmo antes de nos aventurarmos na sua linda Cidadela.
Saímos do hotel e deambulamos, primeiro, pela cidade e pelo porto
Com o conjunto da cidadela a chamar por nós
O turismo fervilha nesta cidade onde, além dos franceses dominantes encontramos bastantes nórdicos.
O turismo é a grande fonte de comércio que peca por ser muito sazonal, não conseguindo assegurar uma empregabilidade regular, segundo nos disseram.
As lojas estão bem apresentadas e os restaurantes encantam com os seus recantos e esplanadas bem arranjadas, bem como hotéis de charme, pequenos e encantadores nos seus jardins interiores.
O sol começa a dar sinais de que nos iria abandonar e partimos para a cidadela, num trajecto que se faz bem a pé e que nos permite ir vivendo, calmamente, lindos quadros visuais da cidade que vamos deixando.
Chegados à Cidadela
fomo-nos deixando envolver por séculos de história desta cidade fortificada
até que as vistas da cidade baixa e das suas baías dominaram o horizonte
Os cambiantes do pôr-do-sol começaram a impor-se e cada vez mais estávamos rodeados de gente que procurava o seu angulo de registo, o seu olhar sobre a cidade...
Aqui ficam alguns dos nossos...
Após o nosso jantar num restaurante que caprichosamente se espraiava por cantos e recantos de casas vizinhas, numa mescla que dava gosto ver
fomos fazer a despedida desta cidade de encantar, passeando no seu porto, a caminho do Hotel
Adeus Calvi e até um dia
Até breve, já em Ajaccio
- 14º dia - 30.07.15
O dia estava lindo e foi com pena que deixamos o nosso querido hotel e esta Calvi que nos marcou.
O nosso destino era Ajaccio, berço de Napoleão e que tinha alguma curiosidade em conhecer.
Para isso, resolvemos ir o mais junto à costa possível, já que me tinham dito que esta costa merecia um passeio. E merece. Foi aposta completamente ganha.
Tomamos a D81B e depois a D81 em direcção a Partinello e Porto.
Logo de início deu para ver e sentir o que nos esperava...
Uma sucessão interminável de baías, cada uma mais bonita que a outra, banhadas por um mar azul, tão límpido, que impressiona.
A estrada recortada na escarpa, algo estreita mas segura, não apresentava grande movimento, denotando, isso sim, muito desgaste e uma necessidade premente duma intervenção rápida, principalmente se pensarmos que, apesar de tudo, estamos em território Francês...!
O piso era mesmo mau e tive que me socorrer da suspensão soft da minha motita, que nos soube pela vida. Abençoada tecnologia.
Paramos em Porto para tomar uma bebida fresca, que o calor apertava.
Porto, é uma pequena cidade, encravada entre duas baías, com um movimento turístico de relevo.
A praia que suporta toda esta gente, foi fabricada, numa das baías, que vislumbramos já na saída da cidade.
Enquanto estávamos na esplanada, vimos chegar um grupo de Harlistas que rodearam a nossa mota
Mais tarde, quando nos dirigimos à mota, eles ainda lá estavam, despindo os fatos e ficando prontos para fazer um dia de praia.
Ainda vacilamos, mas não era o nosso propósito.
Tínhamos ainda muito caminho pela frente e uma estrada sinuosa e de mau piso, para fazer.
De imediato se meteram connosco, querendo ver a minha Musa em pormenor e saber da nossa viagem.
Eram corsos e um deles era mulher, montando, para mim, a Harley mais bonita do conjunto.
Conversa puxa conversa, lá lhes fomos explicando, no meu francês renascido, o desenho da nossa viagem e como estávamos a adorar a Córsega.
Gente boa e simpática que se despediu de nós, manifestando a pena que tinham de não nos poderem acompanhar.
Levamos connosco um grande e simpático adeus motard que guardamos nas nossas memórias.
A estrada, à medida que nos dirigíamos para Cargèse, foi piorando, mostrando bem porque estávamos a encontrar tão pouco movimento...
Contudo, a paisagem suplanta tudo e vale todos os sacrifícios...desde que se vá numa mota com boa suspensão.
Curioso como, aqui e ali, vemos alguns carros parados em algumas reentrâncias da estrada, de gente que, corajosamente, vai escarpa abaixo até ao mar para se banhar.
Chegados a Cargèse, começamos a ver no horizonte e sobre o mar, uma tempestade a formar-se, o que seria de esperar, dado o calor e humidade que se fazia sentir.
Com alguma sorte talvez conseguíssemos chegar a Ajaccio antes da borrasca...
Já depois de Calcatoggio, volta e meia, uns salpicos grossos foram aparecendo, misturados com granizo.
Resolvemos arriscar não vestir os factos de chuva, dado o calor que se fazia sentir e porque, entretanto, estávamos já a poucos kms de Ajaccio.
Aposta perdida.
Mesmo à entrada de Ajaccio, no meio dum transito infernal, uma carga de água das antigas...com direito a molha integral.
Quase que conseguíamos...mas faltou o quase.
Claro que, chegados ao hotel, a chuva parou e o sol voltou.
Ironias desnecessárias...!
Já sequinhos fomos para Ajaccio, onde, naturalmente, se respira Napoleão por todo o lado ou não fosse ele natural desta cidade.
Bar simpático este, bem perto da casa de Napoleão
E foi já do quarto do nosso hotel que nos despedimos de Ajaccio
Até breve, na bela Bonifácio
- 15º dia - 31.07.15
A vista do nosso quarto tinha um olhar privilegiado sobre Ajaccio, na hora da despedida...
Tínhamos uma jornada curta até Bonifácio, para podermos saborear devidamente esta cidade que nos encantou quando entramos na Córsega.
O passeio ao longo da costa manteve a toada até aqui, com uma pequena diferença - a estrada piorou, nomeadamente a D55 e D155.
Contudo, fazer esta costa faz esquecer qualquer estrada menos boa, tal é a sucessão de paisagens que nos marcam e que, ao mesmo tempo, nos transportam para uma imensidão de paz que enche qualquer um. Recomendo.
Em Propriano, retomamos a N196 que rapidamente nos colocou no nosso destino -Bonifácio.
O nosso alojamento era um turismo rural, bem simpático, onde fomos muito bem recebidos e bem aconselhados, quanto às praias das redondezas.
O bichinho da praia andava bem vivo...e soube muito bem.
Esta água límpida, dum azul celestial e com uma temperatura a fazer lembrar África, tenta qualquer mortal e nós não fugimos à regra.
Afinal, estávamos de férias...
Ainda bem que o fizemos, pois não mais voltaríamos a ter tanta facilidade em fazer uma boa praia como até aqui.
A costa de Bonifácio com as suas majestáticas arribas calcárias, são um regalo para os nossos olhos e fomos senti-las...
antes de nos dirigirmos a uma das praias que nos tinham aconselhado - Piantarella.
A “praia”, em si mesma, é curiosa, pois prima pela quase ausência de areia estando, isso sim, como que atapetada pelos restos (escamas) das sementes dos pinheiros que se foram acumulando ao longo dos anos, formando um tapete com mais de 0.5 m de espessura.
É engraçado porque caminhamos como se estivéssemos a fazê-lo em cima dum colchão de molas. O prazer aumenta quando nos deitamos.
Nem só de areia vivem as praias...
Talvez por isso apresente, logo à entrada, um letreiro curioso
A baía é muito frequentada, apresentando umas ilhotas a emoldurar o horizonte, a que se chega com água pelo pescoço, apesar da distância ainda ser considerável.
Bem os vimos...mas resolvemos ficar sossegaditos a gozar as nossas preciosas horas de descanso e sol.
Junto à praia, existe um simpático bar, onde se pode petiscar
Contornado a costa, pelo interior, encontramos um campo de golfe com uma paisagem incrível, sobre o cabo Sperone e que dá acesso a duas pequenas praias, essas sim, com areia - a Petit e a Grand Sperone.
Passamos o resto da tarde fazendo o sacrifício de estar de molho naquela água bem quentinha, tendo como fundo um quadro inesquecível que registamos já no regresso.
Ainda fomos a tempo de realizar, bem à tangente, a odisseia do dia - visitar as Escadas do Rei de Aragão com os seus 187 degraus que, com o que custam a descer ( são bem altos) , dizem bem do que teríamos que passar a subi-los...
Diz a lenda que o rei Afonso de Aragão, ao fim de 5 meses a cercar a cidade, terá escavado esta escada numa noite, para tentar o assalto à cidade.
Claro que a escada não apareceu numa noite...mas a lenda ficou.
Pelo que sei, nem se sabe bem quem terá construído a escada, escavada em plena falésia, seguida dum caminho que nos leva a uma pequena enseada.
Aqui, a Graça ainda apresentava o sorriso próprio de quem desce... e se vai maravilhando com a sensação de descer a falésia em direcção ao mar
Numa gruta existente na enseada cada um deixa a sua marca escultórica e nós também deixamos a nossa,
É de facto uma sensação incrível caminhar ao longo da falésia, sentindo que temos toda uma cidade bem por cima de nós...
Estava na hora de passarmos ao ataque da subida...e que subida!
Mesmo com a ajuda do corrimão, a subida é violenta que chegue e rebenta com qualquer um...
Que o diga a minha penduGraça que chegou lá a cima...sem fala,
Felizmente que nos estava reservado um mágico pôr-do-sol para nos amenizar um pouco o esforço despendido...porque esquecer, não se esquece.
Com os olhos recheados de coisas lindas, fomos até à nossa hospedagem prepararmo-nos para ir viver a Bonifácio noturna que tinha tanta curiosidade em conhecer.
Percorrer a cidade com as suas estreitas ruas e ruelas de pedra, é como percorrer um museu vivo, tantas são as influências dos povos que por aqui passaram.
Bonifácio é mágico.
Até um dia Bonifácio, que a vontade de regressar é muita...
Até breve, já em Olbia
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Eduardo Ramos Pinto
* Andar de Mota é tatuar " LIBERDADE " em cada km, em cada curva...numa paixão de vida.*
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