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Mensagem por LoneRider Sex Abr 01 2016, 18:55

O que é?

O Caminho é uma peregrinação religiosa ao tumulo do Apostolo Tiago, supostamente supultado pelos seus discipulos no lugar onde hoje existe a Cidade de Santiago de Compostela.
Tudo se remonta, de forma mal contada, aos anos imediatos ha crucificação de Jesus Cristo, em que os Apostolos se dispersaram pelo Velho Continente para levar o Evangelho aos seus habitantes. O Apostolo Tiago dirigiu-se há Peninsula Iberica onde “semeou “ a fé em varios discipulos das varias tribus que visitou.No caminho de volta a Jerusalem, a Virgem Maria apareceu-lhe desdo o alto de um Pilar de fogo pedindo-lhe que erguesse ali um templo consagrado a ela. Acabava de ser fundada, segundo a Igreja Catolica, a Cidade de Zaragoza.Ao encontrar-se em Jerusalem, Tiago foi preso e posteriormente decapitado pelos Romanos, mas o seu corpo foi lançado por crentes ao mar numa jangada de pedra, que derivou no mar por tempo indeterminado até encalhar nas costas galegas.... Ao reconhecerem o seu “professor”, os discipulos enterraram o corpo do Apostolo numa das colinas que serviam de pasto dos rebanhos.
Foi então que um dia, pastoriando por ali com o seu rebanho, um pastor vê mergulhar na colina uma estrela, indicando-lhe o caminho ao sepulcro do Apostolo. Correu a voz entre os habitantes da Peninsula que o sepulcro de Campus Estelae curava todo tipo de males.Quando Carlos Magno ouviu falar do Sepulcro do Apostolo quis fazer a peregrinação para ver com os seus olhos o poder que dele emanava.
Foi na Idade Media que o Caminho viveu a sua “época de ouro”, sendo custodiado pelos Cavaleiros da Ordem do Templo, onde varios milagres aconteceram e por donde passaram grandes personalidades da epoca.Com o Renacentismo, o Romanticismo, as guerras de susseção, Guerra da Independencia e Guerra Civil (já em pleno sec XX) o caminho perdeu parte da sua identidade, muitas historias foram esquecidas e o seu trajecto quase apagado do mapa.
O Papa João Paulo II, conhecido por Papa Peregrino ajudou a avivar o espirito do peregrino e em consequencia as antigas rotas de peregrinação. Mas foi a literatura contemporania que deram a conhecer o Caminho ao grande publico, destacando-se o Diario de Um Mago, livro escrito por Paulo Coelho nos meados da decada de 90, como grande impulsionador do Caminho actual.
O Caminho tem varias rotas mais ou menos demarcadas. A norte o Caminho do Norte, que vai de Bayone até Santiago de Compostela acompanhando grande parte da Cordilheira Cantabrica, ao sul o Caminho de la Plata que sai da cidade de Sevilha até Astorga onde se junta ao Caminho Francês. O Caminho que liga o Santuario de Fatima a Santiago de Compostela. O Caminho de Jaca, que se junta ao Caminho Frances em Puente la Reina. E finalmente, o Caminho Frances, o mais conhecido e mais concorrido de todos, que transcorre desde a vila medieval de Saint-Jean-Pied-de-Port até há capital Jacobea e que seria esse o eleito para esta aventura.

Quando e porquê surgiu a ideia?

Sou um amante da Idade Média, uma epoca pouco justa, em que as lendas falam de herois e reinos mais ou menos poderosos, as batalhas, a formação da Europa quase com a conhecemos hoje, os castelos, a Igreja em seu maximo explendor (ou não), etc!Dentro desta idade, a forma como surge e depois desaparece a Ordem do Templo fascina-me, leva-me a informar-me de quase tudo o que com eles esta relacionado. Como não podia deixar de ser, a leitura do Diario de um Mago, o facto de o Santo Graal estar vinculado com o caminho e de saber que os cavaleiros da Ordem do Templo custudiaram o Caminho fez ganhar força a ideia de fazer o Caminho montado da minha mota, oferecendo ajuda e auxilio a quem eu encontrasse pelo caminho. Seria uma especie de Cavaleiro do Templo da modernidade, que circulava pelo caminho, em absoluto respeito pelos peregrinos, tratando sempre de garantir o seu bem estar.

Que regras devia seguir?

A moto devia ser ligeira, leve e maneavel e por então a Dulcineia era uma verdadeira “peso pluma” em relação há Maria das Curvas. Para alem disso, o facto de ser uma Trail permitia-me ser fiel ao Caminho, que em ocasiões é plano, largo e asfaltado, e em outras inclinado, estreito cheio de todo tipo de obstaculos para transpor.A melhor época seria o Inverno, porque não seria tão concorrido de peregrinos, diminuindo o risco de um possivel atropelo e aumentando a dificuldade dos obstaculos, juntando a este condicções adversas como a neve, lama ou a chuva. ABSOLUTO RESPEITO pelos Peregrinos, que é para eles que está o Caminho. Eu era um simples aventureiro que vivia uma aventura saida da minha mente doentia. Ao avistar um Peregrino eu abrandava, passava por eles em andamento lento, evitava salpicar com lama ou levantar pó e desejava sempre “Buen Camino” ou “Bom Caminho”!Como verão mais há frente o projecto só se concretizou por completo com a Artax, uma vez que a primeira tentativa com a Dulcineia correu mal.

Que preparativo se deve ter?

Agora, depois de o ter feito diria.Melhor condição fisica.....Mas no momentos previos tive mais cuidados com a Artax, montando-lhe alguns acessorios e tratando de imitar as possiveis circunstancias que podia encontrar durante a viagem, fazendo sucessivas saidas ao monte para me habituar a ela!Como vem com pneus mistos de origem a ideia era mudar os pneus para uns pneus de tacos a serio, com camaras reforçadas e tudo... Mas o tempo livre para fazer as compras e a montagem foi nulo. E ainda bem! Porque terminei por perceber que foi a melhor opcção ir com os pneus de origem.Comprei umas botas de enduro para ir minimamente protegido e não utilizar as minhas botas de turismo, mas estas deixavam entrar agua, assim que acabei por levar as minhas botas de neve que, diga-se de passagem, me fizeram um jeitão!

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Mensagem por smvalmeida Sáb Abr 02 2016, 21:30

Mais... Mais... Mais... Se faz favor (ensinaram-me os progenitores) Wink

Em tempos também quis fazer os caminhos de Santiago em mota mas depois muita coisa mudou na minha vida e ainda não fiz!

Venha o relato ...

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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!! - Tentativa Frustrada

Mensagem por LoneRider Qui Abr 07 2016, 09:04

Uma tentativa frustrada

Dia 4 de Janeiro de 2014 e o salto da cama foi mais que contundente.
Era dia de aventura!


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Dulcineia já estava à minha espera.
O trajecto até Siant-Jean-Pied-de-Port estava traçado e pensado para atravessar uma parte da Jacetania, territorio algo desconhecido por mim, sem deixar de passar pelos Riglos ou pelo Mosterio de San Juan de la Peña.
Nada mais sair de casa metemo-nos por caminhos agricolas para cortar caminho.
Alguns caminhos estavam tão danificados pelas chuvas dos dias anteriores que não pude evitar algum sufrimento ao perceber que Dulcineia tinha dificuldades em avançar.

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Quando paramos em piso firme ela estava assim!
Mas os caminhos ficariam por aqui.....
....por enquanto!

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Os Mallos de Riglos....

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Anzanigo, donde fica um refúgio Motard, mesmo no sopé dos Pirineus!

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Este é o Mosteiro de San Juan de la Peña onde, segúndo diz a lenda, um Cavaleiro do Templo depositou o maior tesouro da Ordem do Templo, o Santo Graal. Foi neste mosteiro beneditino que o Santo Graal foi guardado até que o Rei Afonso V de Aragão o levasse para a catedral de Valencia.


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Estamos em plena Jacetânia, onde as curvas são assim!



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As povoações aqui tem uma beleza especial, como Ansó que aqui vemos.
A tarde, e Navarra, traziam-nos um imenso temporal de chuva e neve nas terras altas, a esta ultima conseguimos esquivar, mas a chuva obrigou-nos a vestir o oleado e a abrandar o ritmo em estradas onde as curvas convidavam a ritmos alegres e inclinações acentuadas.
Chegamos a Sain-Jean cansados e fartos de chuva, que só nos abandonaria de madrugada.



05-01-2014


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A porta de Saint-Jaques, que dava acesso ao nucleo medieval de Saint-Jean-Pied-de-Port.
Eram as 6h30 da manhã e a ansiedade obrigou-me a sair de noite para a rua.


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As ruas apresentavam ainda as decorações natalicias e gozavam de um silencio apaziguante.
Não chovia, mas faziam temperaturas negativas.

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La no alto, pouco antes de chegar a Roncesvalles, a neve caida durante a noite fazia realçar a beleza destas paragens.


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A famosa Escalinata de Roncesvalles, num momento em que voltava a nevar.
Era tempo de por preventivamente o fato de chuva e começar o caminho de verdade!


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A parte Navarra é acidentada e cheia de arvores que devem criar um ambiente verde e fresco para os peregrinos.


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O Caminho


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Os cursos de agua que tivemos que atravessar eram muitos...


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Um velhinho Willis e a Dulcinea que se quis fotografar ao lado!

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A Plaza del Consistorio em Pamplona, famosa pela largadas de touros (encierros) e as festas de San Fermin.


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De volta ao caminho!!!!


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O monte do Perdão.
É aqui que começa uma descida perigosa, abrupta, com muitos degraus e pedra solta. Chovia, fazia vento e, apesar de ter muito cuidado, por varias vezes encontrei os limites na Dulcineia.
As suas suspenções tinham pouco curso, a posição de condução não era de todo a ideal e, o que a levava estava demasiado verde para este tipo de aventuras.
Quando terminei a descida, sem antes levar um par de sustos, o caminho ficou “manso”, abrindo-se diante de mim com piso plano, largo e sem aparentes obstaculos, bordeando alguns arbustos sem grande dificuldade. Tudo convidava a aumentar o ritmo e acabei por acelarar mais do que devia.
Ao passar ao lado de um dos arbustos o caminho subitamente deixa de existir. O terreno ao lado tinha sido lavrado, assim como parte do caminho, o que deixou tudo cheio de barro e terreno “fofo”, acabando no chão no meio de um lamaçal. Dulcinea não teve a mesma sorte, pois impactou contra uma arvore, torcendo uma bainha, o guiador, amolgando o deposito e partindo a manete de embaiagem. Felizmente e depois de ver que não tinha nada a não ser o orgulho ferido, consegui reutilizar o pouco que restava da manete da embraiagem e trazer a Dulcinea de volta para casa.

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Estava assim finalizado o Caminho.....
....por agora!


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Já lá vão mais de dois anos, que aproveitei para ganhar experiencia, ler sobre o Caminho e comprar outra moto, muito mais capaz de aguentar uma aventura desta dimensão.
Contudo, aprendi muito, a experiencia e o que vivi mantinham vivas na minha alma aquela chama de sair à descoberta do caminho.
Coisa que chegou no ultimo dia do mes de Fevereiro deste ano!

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Mensagem por nunomsp Qui Abr 07 2016, 09:55


Grande aventura. +1

Coitada da Dulcineia, levou porrada.
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Mensagem por smvalmeida Qui Abr 07 2016, 15:44

GRANDE AVENTURA...
Voltavas a fazer o mesmo? Se sim, então valeu a pena..!!
Wink

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Mensagem por Rambo Qui Abr 07 2016, 20:06

»
Viagem e crónica interessantes +1
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Mensagem por jacare Qui Abr 07 2016, 20:53

Mérito

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Mensagem por LoneRider Qui Abr 07 2016, 23:34

28-02-2016

O que é a Vida!?
A Vida é um caminho e/ou a forma como o fazemos, é que nos pode levar a concluir se soubemos viver a vida, ou não!
E muitos de vocês pensarão:
-Se fosse assim tão fácil!!!!!
Claro que não! Mas já se puseram pensar na quantidade de reacções químicas que são necessárias para respirar?
Tudo começa na foto-síntese....
Bem! Adiante....
Ao contrario do que foi programado da primeira vez, desta vez não programei nada.
A única reserva que foi feita foi a de Saint-Jean, onde iria começar o caminho. Depois!?
Depois logo se veria....
O almoço foi tomado em família. Eu e a namorada!!!
Não havia pressa, mas havia algum nervosismo por parte dela.
Perguntava sobre detalhes, porque tinha que sair no domingo e depois rematava:
-Prometes ter cuidado?

Montar na Artax foi algo diferente.
Sair de Zaragoza fez-me acreditar que estava lançada a aventura, que daqui em diante seria eu e o Caminho. E foi logo o que procurei, pois o trajecto Alagon (zona perimetral de Zaragoza), Luceni, ja a 30km da Capital do Reino, foi feito pelos caminhos agrícolas que eu conheço!

1 Ebro

Só de pois de passar o rio Ebro é que me centrei em fazer o trajecto até Saint Jean por asfalto.

2 Sadaba

O imponente castelo de Sadaba, temporariamente nos abrigou do vento, frio e forte, que fazia duvidar das capacidades de Artax.

3 Sos

Sos del Rey Catolico, importante centro medieval que já tivemos a oportunidade de visitar.

4 Actor

Aqui pousamos, eu e a Artax, para imortalizar o inicio desta aventura.
Daqui em diante, alem duma paragem para abastecer, tratamos de chegar quanto antes a Saint Jean, em solo Francês, onde no dia seguinte daríamos começo ao Caminho.

5 noite

A estrada estava limpa, mas a neve deixava bem presente o tempo que tinha feito nas ultimas horas.
O pior, é que não tinha amainado e os alertas por neve em terras altas e gelo durante a noite ainda não tinham sido retirados.

6 Quarto

Por fim o descanso....
Até amanhã!

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Mensagem por Zecacbr Sex Abr 08 2016, 21:27

Espetacular
Um autêntico Cavaleiro do Templo.

Saia mais um Mérito
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Mensagem por LoneRider Sex Abr 08 2016, 22:55

smvalmeida escreveu:GRANDE AVENTURA...
Voltavas a fazer o mesmo? Se sim, então valeu a pena..!!
Wink

Mérito

Já o fiz mas.....

...ia já hoje outra vez!!

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Mensagem por ssousa Ter Abr 12 2016, 22:49

Estou à espera do resto, pá!!!!

Fiz o caminho de Santiago a pé desde Ponte de Lima. Não me estou a imaginar a fazer o caminho de moto trail, tal a dificuldade que encontrei :-/

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Mensagem por Fernando F Ter Abr 12 2016, 23:28

ssousa escreveu:Estou à espera do resto, pá!!!!

Fiz o caminho de Santiago a pé desde Ponte de Lima. Não me estou a imaginar a fazer o caminho de moto trail, tal a dificuldade que encontrei :-/

Principalmente a subida logo depois de Ponte de Lima, de bicicleta já foi duro. Ali de moto só de moto de enduro e com um valente kit de unhas!! Vrummm
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Mensagem por LoneRider Qua Abr 13 2016, 09:36

Observem alguns detalhes desta viagem....
Artax é uma CRF250 com 140kg de peso e o Caminho percorrido foi o Francês, que atravessa toda a meseta norte da Península, sendo um percurso com varios graus de dificuldade e susto ao longo de mais de 800km.
No meu caso, para evitar um numero intenso de peregrinos, tive que me enfrentar às Neves do Inverno.

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Mensagem por Carlospira Qua Abr 13 2016, 18:50

Boas Rui,

Ka ganda maluko tu me saíste...
Manda lá mais disso para o pessoal venerar mais esta tua aventura off road.

Levas um Mérito para te apressares com isso...

Um abraço

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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!! - Das neves de Roncesvalles à ponte sobre o Rio Oja

Mensagem por LoneRider Qua Abr 13 2016, 19:42

29-02-2016

Das neves de Roncesvalles à ponte do Rio Oja


Os dias, nas minhas viagens, especialmente se vou sozinho, começam sempre cedo. Normalmente com os primeiros raios do sol!
Mas numa viagem de inverno, muitas vezes abro a janela e ainda é de noite. Nesta não foi excepção!
Levantar, tomar banho quente, vestir o fato térmico, arrumar o saco impermeável e vestir o meu velhinho fato de turismo leva bem mais de uma hora!
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Enquanto monto tudo na Artax, o seu motor aquece. Depois, quando tudo já esta preparado, ataco o pequeno almoço composto por café com leite, sumo de laranja, “croissants e pain au chocolat” recem feitos (ainda quentinhos) que me preparou a amável senhora da casa de hospedes donde passei a noite!

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Em Saint Jean Pied de Port unem-se todos os caminhos europeus, o da Bretanha, o de Paris, o de Genebra e aquele que vem de Roma e percorre grande parte da Via Domitia. Esta é a porta de Saint Jaques e aqui começa o chamado Caminho Francês.

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A vila esta muito bem conservada, com muitos edifícios datados da época medieval, onde o pórtico Gótico da Igreja Matriz é um bom exemplo (a foto que fiz ficou tremida).

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Por aqui se passa para apanhar a direcção Espanha.
Devo ser justo e devo reconhecer que, por motivos que não tarda vão perceber, não pude aventurar-me no caminho logo de inicio, pois a partir  deste ponto começa-se a subir até atingir os 1400m por uma senda que esta intransitável todo o inverno.
Em alternativa, temos a N135 que vai por Valcarlos até Roncesvalles já em território Navarro.

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Ao principio até que parecia suave essa coisa de frente fria e massas de ar gelado vindas da Siberia....

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Mas depois percebi que não era bem assim!
Fazia frio, nevava, vento e nevoeiro, tudo ao mesmo tempo....
Uma estrada de montanha neste estado, como podem ver.

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Há dois anos atrás estava-se bem melhor.
Roncesvalles encontrava-se 200m mais há frente. Chegados lá, constato que a cada metro percorrido o tempo se complicava. Não eram trapos os que estavam a cair, mas sim lençóis. E ao mesmo tempo, por incrível que pareça, estava a chover uma espécie de granizo.
Tudo aconselhava para dar começo ao ritual da dança do fato de chuva...
Sim, porque vestir um fato de uma só peça, depois de ter já vestidos 3 capas de roupa, protecções incluídas, calçado com luvas de inverno já molhadas, transformava-se num jogo de contorções corpóreas pouco sensuais e dignas de um video comico-tragico!
Para culminar tudo isto, com suores frios incluídos, era por habito surgir a necessidade fisiológica de “mudar a agua às azeitonas” depois de tal ritual.
Esta vez não foi excepção, o que me obrigou a, enquanto continha a vontade da bexiga noutro jogo de contorcionismo (desta vez bem mais familiar ao olhar humano), retirar o fato de chuva, tirar as luvas desapertar os punhos do casaco, desapertar o fecho e os trinta velcros do casaco, o cinto das calças, os botões das mesmas e por fim, libertar a “mangueira” para o seu trabalho de evacuação desesperado.
Nisto aparecem-me no horizonte dois peregrinos!
Podia ser pior, mas agora que já estou a “trabalhar” para a fertilidade do solo, quem quiser que olhe para as nuvens!
Como se fosse pouco, o pior era voltar a repetir tudo de novo, ritual incluído, com os peregrinos ao longe a verem-me a dar voltas como um pião sem inercia e moribundo há procura da segunda manga do fato de chuva....
Uma vez de volta ao caminho, constatei que os mais de 60cm de neve que tapavam o caminho me obrigava a continuar, asfalto adiante, até poder circular pelo caminho!
 
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Assim que pude, não hesitei!
Inicialmente o caminho apresentava partes geladas e alguma neve, mas nada comparado com o mais de meio metro dos km antecedentes.
Nisto do todo-terreno apliquei sempre uma velha máxima, que foi o de pisar terreno firme. A agua e a lama não são bons terrenos, mas sabemos que donde há impermeabilidade existe sempre uma base mais ou menos solida que a sustenta. Já a neve não, uma vez que é “flutuante” e nada nos indica que debaixo de 30, 40 ou 50cm de neve existe um piso firme. Depois, porque o efeito deslizante já é o suficiente convincente para não nos metermos em mais complicações...

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O caminho Navarro é húmido, estreito, acidentado, com algumas partes de escadarias não muito íngremes, mas requer algum cuidado, porque existem pedras salientes, árvores e até mesmo ravinas....

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Aqui encontramos uma arranca de um pinheiro que caiu sobre o caminho, muito provavelmente vitima de uma árvore que tombou com o efeito do vento...

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Ponte medieval de Zubiri, onde antes de fazer esta fotografia abordei um habitante do povo:
-Então? O que é que passa em Navarra? Tendes os tubos todos rotos?
-Hombre!- sorriu- Já andamos nisto há três dias! Choveu e nevou mais nesta ultima semana que em todo o inverno. E parece que não vai ficar por aqui....
Para isto queria eu o Caminho, para meter-me com as gentes que humildemente respondem com muito bom humor a tudo o que se lhes pergunta.

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Aqui esta uma das partes mais interessantes da parte Navarra do Caminho. Fazemos vários km apoiados num socalco em pleno leito do rio que corre com pressa a escassos centímetros de nós.
Mais há frente deste local o rio tratou de reclamar meio metro ao caminho, o que me obrigou a por a roda dianteira junto há parede e num golpe de gás transpor o obstáculo. Correu bem e não houve nada que lamentar, mas se a roda dianteira se inclinasse para dentro do leito, este menino e Artax tínhamos tomado uma banho de agua fria!
Mais uns km à frente e já podíamos avistar Pamplona.

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A Plaza del Consistorio, donde a cada 7 de Julho de dá o “Chopinazo”, dando começo às festas de San Fermin e aos “encierros” a cada manhã da semana de festas.
Curiosamente estas festas, sobejamente famosas, ganharam a sua fama através de um escritor que “caiu em Pamplona por acaso”, precisamente nas vesperas das festas da Cidade. É por isso que muito perto desta “plaza”  podemos encontrar uma monumento dedicado a Ernest Hemingway, que tomou como fonte de inspiração estas festas, e no ambiente taurino existente em Pamplona, para escrever vários dos seus romances.
Quando entrei na cidade tive que abandonar o Caminho  e procurei a melhor forma de chegar à “Plaza del Concistorio” mas, em determinada altura, tive que baixar de Artax e empurra-la até lá! Só depois é que percebi que as ruas não estão fechadas ao trafico, estão apenas limitadas a 10km/h e existe um entramado labiríntico de sentidos únicos ao qual devemos respeitar. Não foi fácil sair dali de volta ao caminho.
A chuva não nos tinha abandonado, de tanto empurrar a Artax já me sentia todo suado, até que parei junto de uma patrulha da policia municipal e perguntei pela melhor orientação:
-Apanhe a primeira à esquerda e é sempre em frente!- disse a guarda com um sorriso na cara.
Não posso acreditar, depois de mais de 20min, sem ver a saída deste labirinto, vou fazer figura de parvo ao perguntar uma coisa que estava diante dos meus olhos!?
Saindo de Pamplona, apanhei o estreito caminho que me levaria a outro ponto alto do Caminho. O Monte do Perdão!

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Esta imagem permite ver, bem lá no fundo a cidade de Pamplona, de onde sai o Caminho que pisamos até chegar aqui....

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O Monte do Perdão, que tem no seu cimo esta escultura, que retrata os peregrinos e as diferentes formas de peregrinar. Artax quis incluir-se na escultura....
A vertente de Pamplona é uma subida paulatina ao longo de mais de uma vintena de quilómetros, apenas coma dificuldade de um vento lateral que, aliado ao piso molhado, obrigava a trabalhos cautelares.
A vertente oposta é íngreme, erosionada pelas aguas que arrastam os sedimentos deixando as pedras soltas. Pedras estas, erosionadas pelo tempo, de forma esférica, que reagem com o peso e ao passo falso... Aquelas que estão agarradas ao solo formam degraus naturais, de altura e uniformidade dispares, e, a ajudar tudo isto, estava tudo ensopado em agua.....
Artax mostrou porque é muito melhor que Dulcinea, mais equilibrada, a sua jante 21” ajuda muito na transposição dos obstáculos, o seu motor tem chicha até no relenti, tracciona muito suavemente a cada resposta do acelerador e o facto de ter 250cc aumenta muito o efeito travão/motor.
Quando terminei a descida, sem sustos ou momentos críticos, lembrei-me do episódio de 2014 e de outra coisa importante....
A partir daqui não conhecia o Caminho.
Mas, até Arcos, o Caminho seria largo e plano, para alem de que no horizonte o ceu parecia não estar tão cinzento!
Deu para avivar o passo, viver alguma emoções Dakarianas, como saltos ou passagens rápidas por charcos, tudo isso com muita diversão há mistura.

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Puente la Reina e a sua ponte medieval....
Apesar das nuvens já não chovia, tinha mais de 100km de caminho feito e o estômago avisava-me que já passavam das 2 da tarde....
Olhava para os meus pés e via os pes daquele gajo dos 4 magníficos que era duro como uma rocha, para alem de tão feio como elas. Não podia entrar assim num estabelecimento e deixar aquilo pior que uma pocilga.
Num dos povos que cruzei encontrei uma padaria/pastelaria, café, bar, restaurante, supermercado e mais alguma coisa que não me lembro:
-Senhora pedia-lhe um favor, se for gentil! Tenho os pes todos enlameados, não comi nada em todo o dia, dá pena de entrar porque lhe vou sujar a casa toda. Pode trazer-me dois Croissants mistos e um café com leite grande aqui fora? Juro que lhe pago!
A mulher não hesitou e trouxe-me tudo o que lhe pedi enquanto eu verificava a Artax. No final, já saciado o estômago, paguei à senhora que com simpatia me serviu.

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Pelo Caminho cruzamos algumas povoações, de dimensões diferentes, muitas delas atravessadas literalmente pelo Caminho, por donde as pessoas passam todos os dias, e as vezes mais que uma vez, no cumprimento das suas tarefas diárias:
-Senhor!- disse ao parar a Artax- Como é que se sente isto de fazer o caminho todos os dias!?
-Olha! É estranho.... Deviam dar-me uma Compostela, porque tenho quase 70 anos e posso dizer que andei quase toda a minha vida no Caminho!
Não me podia dar melhor resposta!

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Estella!
E o sol que brilha!
Finalmente!

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O Caminho. Ao fundo os picos nevados de Alava!
Pouco antes de chegar a Logroño o caminho mostra algumas dificuldades. Mais estreito e empinado, provoca duas quedas, curiosamente na transposição de obstáculos simples, mas sem consequências de importância.
Quando avistamos o Ebro, ficamos contentes por atingir a meta de hoje e termos margem para irmos mais alem...

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Aqui esta o Ebro que passa por entre os arcos de uma ponte cujas fundações, segundo reza a lenda foi o próprio Santo Domingo de la Calzada que construiu.
Demos uma voltinha por Logroño....

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A sua Catedral e a Caller Laurel são os expoentes máximos, a par com a Vinha e o Rio Ebro.

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Por falar em Vinha....
Um bom Rioja deve-se a isto. Invernos húmidos e gelados, terrenos fortes e umas mãos que sabem bem o que fazem!
Esta parte do Caminho foi bem divertida, sem grandes dificuldades e obstáculos para superar, acelerar na Artax.

Apesar do tempo frio e pouco convidativo, haviam peregrinos no Caminho, a maioria a pé que faziam as suas paragens para descansar, fazer fotos ou contemplar a paisagem. Sempre que via um peregrino, abrandava, afastava-me de ele o mais possivel para garantir que não havia qualquer risco de atropelo. Depois cumprimentava com um “Buen Camino” e afastava-me prudentemente. Só quando via que já não havia risco, voltava a acelerar!
Este era o protocolo de segurança/respeito que seguia com todos os peregrinos, fosse onde fosse, eles tinham sempre prioridade. Não era eu o peregrino, mas sim eles.

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O Caminho tem inúmeras marcas dos tempos, pelouros como este, crucifixos, sinais que marcam a morte de algum peregrino, igrejas, catedrais, conventos, albergues mais ou menos modernos, etc, etc, etc.
Avistar Santo Domingo de la Calzada remete-me há historia do Galo de Barcelos, mas desta feita, documentada e estudada pela Igreja Católica.
Conta-se que na Idade Media, sec XIV um peregrino chegou a Santo Domingo e hospedou-se no albergue para pernoitar. A rapariga que lhe serviu o humilde jantar achou-o interessante e insinuou-se. O peregrino, focado na peregrinação e cansado, não deu trola há rapariga e foi dormir.
No dia seguinte, quando este se preparava para retomar o Caminho foi abordado pelos guardas reais que o acusavam de roubar peças de prata do albergue onde tinha pernoitado. Depois da revista, foram encontradas dentro da sua mochila as peças substraidas, foi formalmente acusado de roubo perante um juiz, correndo o risco de ser enforcado! Num julgamento sem garantias, com uma pressão popular iminente, o juiz condena-o a ser enforcado em praça publica na mesma tarde. O pobre peregrino sempre reclamou inocência mas também não conseguia explicar terem achado os objectos na sua mochila.
Já com a corda ao pescoço, numa praça donde se juntava tudo, o amontoado de gente que assistia a execução da sentença, o trafico normal de carroças e gado em rebanho e o mercado do dia, onde os comerciantes vendiam de tudo o que lhes dava a terra.
-Usa a tua fé e reclama a tua inocência!- ouvia o peregrino sem poder perceber de donde vinha essa voz. Nisto aproxima-se o Abad  e dirigindo-lhe a palabra:
-Filho de Deus, redime-te dos teus pecados, diz-nos, foste tu que cometeste tamanho roubo?
-Estou inocente sua irreverencia, tão verdade como aqueles dois galos assados que passam nas bandejas, que serão o almoço de sua senhoria, levantarem-se e começarem a cantar!- tais palavras provocaram as gargalhadas generalizadas dos assistentes. Mas estas foram abruptamente caladas com o cantar dos dois animais, decapitados, depenados e assados, que se mexiam tal qual como se estivessem vivos e assim puderam salvar a vida ao peregrino.
Este foi, segundo diz a voz popular, mais um milagre de Santo Domingo, fundador da cidade, do Hospital de Peregrinos, e que lançou as fundações de muitas pontes com esta, sobre o Rio Oja, de onde deriva o nome da comunidade autónoma em que nos encontramos- Ri-Oja= Rioja.
 
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O restante do dia foi gasto em preparar o dia seguinte, lubrificar a corrente da Artax, abastecer e vigiar na procura de algum possível problema mecânico.
Jantar e dormir foram as melhores escolhas do serão!

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Mensagem por Fernando F Qui Abr 14 2016, 00:35

Uiui essas neves.. Bela reportagem. Parabens pela iniciativa e coragem pela altura do ano!!
Encontras-te peregrinos?
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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty Re: El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!!

Mensagem por LoneRider Qui Abr 14 2016, 12:36

Fernando F escreveu:Uiui essas neves.. Bela reportagem. Parabens pela iniciativa e coragem pela altura do ano!!
Encontras-te peregrinos?

Poucos.
Por ser inverno, porque o caminho se degrada e porque uma boa parte dos peregrinos serem Europeus, estes preferem estações como a primavera para peregrinar.

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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!! - Ancha es Castilla

Mensagem por LoneRider Seg Abr 18 2016, 13:09

01-03-2016

Ancha es Castilla

A manhã levantou-se solarenga, convidando a um passeio matinal.
Preparei tudo, vesti o meu fato de turismo sai há rua de câmara em punho!

28 Amanhecer

O sol levantava-se lentamente, erguendo sombras gigantescas nas ruas e sobre os edifícios, mas a temperatura lembrava sempre que estávamos em pleno inverno. Não foi difícil acreditar nos 7 graus negativos que via na app da accuwether instalada no meu telefone.

29 Catedral de Santo Domingo

Santo Domingo de la Calzada é uma povoação importante no Caminho. Fundada pelo Santo que lhe dá o nome foi estratégica pelo seu hospital e pelos milagres obrados pelo santo.
A sua Catedral, consagrada a Santo Domingo é um excelente exemplo do gótico.

30 Calle Mayor

Para ter noção da sua dimensão, convém distanciar-se pela Calle Mayor, para poder ver uma foto do conjunto!

31 Campanario

O campanário, que se eleva bem alto, servia de guia aos peregrinos para encontrarem toda uma povoação que servia de apoio ao estes.

32 Plaza do Ayuntamento

Terá sido muito provavelmente aqui que, os galos assados e decapitados, salvaram a vida ao peregrino injustamente acusado de roubo.
Assim como ontem, hoje não havia objectivo, o importante era percorrer, conhecer, falar com os peregrinos e divertir-se.
Artax estava coberta de sedimento, reunindo varias amostras geológicas da orografia espanhola, que poderia muito bem servir de base para um dos estudos geográficos do meu irmão.

33 Paisagem

Passado o Rio Oja, era tempo de chegar a Belorado, capital das peles!

34 Belorado

Tremida, mas fiel!
Belorado, e a sua igreja matriz, ainda hoje acolhem os peregrinos com alegria, utilizando esse aro solidário como uma jogada de Marketing para vender as peles mundo fora!

35 Imagem Templaria

Os guardiões do Caminho, monges guerreiros que só obedeciam ao santo padre, faziam voto de castidade e pobreza, para alem de não atacarem nunca um cristão!
Nesses tempos áureos, os Cavaleiros da Ordem do Templo percorriam o Caminho, vigiando, guardando e protegendo as propriedades religiosas, ajudando os peregrinos no seu caminho até à fé!
Os Montes de Oca, que se erguiam a mais de 1000 metros de altura, eram o obstáculo a ultrapassar, onde possivelmente voltaríamos a tomar contacto com a neve e o gelo!
Depois de Vila Franca de Montes de Oca o caminho empedrado transforma-se num trilho cheio de pedra solta lavada pelas chuvas, que nos faz subir varias dezenas de metros na cota de altitude. Ataquei a subida a golpe de gas, aproveitando a inercia e esquivando as pedras, maiores que uma bola de andball.....
Mas quis o destino, que no caminho houvesse um peregrino mesmo no meio da subida, precisamente depois de uma curva e encoberto pelos arbustos. Parei a progressão para que o pobre homem continuasse, pausadamente a sua subida, carregando com a sua mochila. Tratava-se de um individuo que rondava os 50 anos, que ao parecer tinha todo o tempo do mundo, mas acelerou o passo ao ver-me ali parado.
Chegado lá ao cimo era minha vez...
Piquei a embraiagem há Artax, inclinei-me para a frente e num golpe da gás Artax arranca, arranhando o solo, disparando pedras e todo tipo de sedimentos para o ar. Os 10kg de bagagem atados na traseira eram bons para a tracção e o meu corpo posto sobre o trem dianteiro evitava que ela se empinasse como um cavalo bravo. Convinha ter bom controle sobre a dianteira, que saltava nas pedras soltas e teimava a ir por donde lhe parecia mais fácil progredir.
A uma estonteante velocidade de 10km/h, talvez menos, era tudo um jogo de equilíbrios que se podia desmoronar, como um castelo de cartas, numa subida com mas de 20% de inclinação, onde não cabiamos a par!
Ultrapassado o obstáculo, depois de suspirar de alivio, desejamos “Buen Camino” ao peregrino sem perceber que este estava algo surpreendido por ver um motociclista por aquelas bandas.

36 Vila Franca de Montes de Oca

Não tenho fotos dos obstáculos que ultrapassei, os caminhos, como este, que vão ver são sempre das partes mais fáceis que pude fotografar. As dificuldades essas, guardo-as na minha memoria, pois em alguns sítios valeu mais a coragem e a cautela, que o pouco conhecimento das técnicas de equilíbrio dinâmico. A prioridade absoluta era sair dali sem lamentar grandes danos ou feridas, não havia tempo para fotografias.
Mesmo assim, nesta parte dos Montes de Oca, para alem de empapados, os caminhos em alguns sítios estavam gelados, com placas de gelo de diversa dimensão, que estalavam á passagem de Artax.

37 Caminho Gelado

Ao contrario de algumas zonas em que o caminho corre paralelo a uma estrada, nesta parte o isolamento chegou a ser absoluto, com um sol que fazia brilhar o manto de neve que nos cegava os olhos!
Outro risco era o de encontrarmos os habitantes naturais do bosque, javalis, veados e raposas e o risco dos atropelar. Ao avistar uma raposa cortei gas, mas ela assustou-se tanto como eu e desapareceu por entre as árvores....
O que sim encontrei, muito a meu pesar, foram sinais da crueldade humana.

38 memorial 1

Parei a Artax e fiz uma pausa para reflectir sobre o passado naquele local em 1936...

39 memorial 2

O caminho segue, baixando o monte de forma muito leve, até que saímos do bosque e entramos num "entramado" de cercas e vedações onde podíamos avistar os animais que pastavam....
Alguns deles, negros e corpulentos, faziam pensar em manter uma distancia prudente, outros, pequenos e algo desequilibrados, faziam-me parar no caminho e admirar aquele movimento terno de um vitelo há procura do leite materno por entre as pernas do seu progenitor.
No horizonte uma cruz e um mar de pedras entre mim e ela.

40 Cruz de Atapuerca

Não havia outra solução.
Tinha que passar por ali...
Foi então que, calculando os movimentos fui passando de pedra em pedra, adivinhando as inercias e apoiando-me nas pedras mais altas, que de tão afiadas me aleijavam na sola dos pés.
Sabia que uma queda, por mais simples que fosse podia ter consequências desastrosas, assim que em alguns momentos dei “liberdade” a que Artax escolhesse o caminho, ajudando com golpes de acelerador e evitando as que as travagens fossem motivo de desequilibro.
Uma vez lá em cima, pensamos que talvez fosse interessante descer para fazer esta foto e assim abrir uma excepção sobre o que vos escrevi há pouco.
Esta é a cruz de Atapuerca e uma pequena vitoria que alimenta o meu ego ainda hoje!

41 Ancha es Castilla

Esta fotografia não consegue fazer justiça há extensão da paisagem que se pode ver....
Digamos que no caminho não voltaremos a ver horizontes tão dilatados.
A cidade de Burgos esta por detrás dos arbustos e em menos de nada estaríamos a percorrer as suas ruas.

42 El CID

Diz a lenda que este senhor venceu a sua ultima batalha, mesmo depois de morto!
Rodrigo Diaz de Vivar viveu no principio do milénio passado e foi importante para a cristandade. Homem controverso, astuto e valente, conseguiu estender a sua influencia desde Burgos até Valencia, cidade que conquistou aos mouros numa jogada de maestra de estratégia.

43 campeador

Hoje é personagem de contos e lendas sobre as conquistas aos mouros e, para os amantes da idade media como eu, um exemplo a ter em conta.

44 catedral

A Catedral de Burgos, outro expoente máximo da arquitectura Gótica do Caminho.
A cidade merece uma visita a pé, mas eu vim de mota e por isso terá que ser para outra altura.

45 Caminho castelhano

Ancha es Castilla, uma frase que serviu a Cervantes para caracterizar o grande planalto a Sul da Cordilheira Cantábrica, para alem de ser um dos temas mais famosos de uma Banda Espanhola chamada Mago de Oz!
Este é o Caminho na sua vertente mais fácil, um caminho largo de piso muito estável que serve também de acesso agrícola aos imensos campos de trigo.
Aproveitamos para acelerar, explorar as capacidades da Artax e deste que vos escreve, abrandando o ritmo nas inúmeras travessias de povoações e sempre que encontrávamos algum peregrino.
Apesar das excelentes condições para acelerar, as vezes o Caminho ficava estreito, esguio, com pequenos desafios que resolvia com algum a vontade!

46 Caminho pedras

Este trilho apresentava, uma superfície dura, estreito e dava confiança para nas curvas que traçava inclinar a Artax e sentir a traseira a deslizar.
Chegar ao fim do trilho e encontrar isto, é mais que uma recompensa!

47 Convento

Castrogeriz esta uns kilometros há frente.

48 Castrojeriz

Uma povoação deserta?
É próprio de uma povoação de agricultores, que aproveita as horas de sol para ir ao campo preparar as colheitas que se avizinham.
Castrogeriz é uma povoação gótico-romana, com varias construções deste estilo, mas dominada pelas ruinas do seu castelo, que dominou a planície durante boa parte da Idade medieval!

49 Castrojeriz

Desde o alto da colina de subidas encrespadas podemos ver grande parte da meseta....

49 paisagem

.... em detalhe o caminho que vamos fazer.

50 caminho ingreme

Esta talvez seja a única subida acentuada que tem o caminho em Castela, mas não reveste de nenhuma dificuldade em particular, já que é perfeitamente transitável inclusive por carros ligeiros.
Era hora de procurar um sitio para comer, e há entrada de uma das pequenas aldeias que atravessei, encontrei um pequeno cartaz oferecendo menus para peregrinos.
Atraído por saber que significava, parei a mota, sacudi bem as botas e entrei num restaurante bastante cuidado, com muitas imagens de peregrinos e objectos relacionados com o caminho.
Um senhor de idade, simpático e afável disse:
-Entra com a mota no terraço, não a deixes aí que pode vir um carro ou um tractor e abalroar a mota!- só com isso já tinha ganho um cliente- Deseja algo?
-Sim, tenho fome! Que me pode oferecer para almoçar?
-Tenho de menu peregrino, massa com tomate e atum de primeiro, e de segundo peito de frango “a la plancha”!
- Apesar de estar a fazer o caminho de mota, não me considero um peregrino, mas o menu parece-me excelente!
- Meu amigo!- disse sorrindo- Cada um faz ao caminho como pode e sabe, o que interessa é que ele nos enriqueça e nos ofereça uma nova experiência de vida! O Caminho trouxe até aqui todo o tipo de gentes, de todas as nacionalidades e culturas, mas acho que deves ter uma motivação especial para fazeres o caminho de mota.
- Na verdade o que me move a fazer o caminho tem muito que ver com os Cavaleiros do Templo, que guardaram o caminho na idade media. Digamos que eu sou uma espécie de Cavaleiro do Templo e Artax é o meu cavalo. Vou pelo caminho, respeitando aos máximo os peregrinos, parando e oferecendo-me para ajuda-los no que eu possa. Não quero credenciais assinadas, nem estadia baratas em albergues, apenas quero olhar nos olhos da gente e dizer “Buen Camino”!
-Olha! Gostei dos teus motivos!- e indo até ao fundo do balcão- Vou-te oferecer uma Vieira, tenho-as aqui à venda, mas esta é tua, para que possas levar até ao Apostolo e que a guardes como recordação.
Não sabia como reagir, estava super feliz com o gesto, não me pude conter e deixei a comida para a por na Artax!
Assim podia guiar-me no Caminho.

51 Vieira

Foi assim que esta Vieira veio parar aqui.
Curiosamente, ainda esta no mesmo sitio, neste preciso momento em que vos escrevo estas palavras, quase um mes depois da viagem.
Comi com satisfação, paguei o que me foi pedido, bebi café e despedi-me.
Jamais poderei esquecer tal pessoa.
Segui o Caminho até Carrion de los Condes, onde a moleza do almoço me convenceu a não visitar este importante centro histórico.

52 Carrion de los Condes

Mas a ponte não podia escapar há óptica da Camara....

52 Ponte de Carrion de los Condes

Novamente campo aberto, caminho largo e plano, Artax a acelerar deixando um rastro de pó na planície.
Ate que encontramos um motivo muito especial para parar.

53 Jaques de Molay

Estive lá, ao lado da Catedral de Notre Dame de Paris, onde Charles de Molay morreu queimado, acusado de Sodomia e Heregia. Charles de Molay foi o ultimo Grande Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo e vitima de uma conspiração que poria fim à Ordem em 1325.

54 Porta Entrada Sahagun

As portas de entrada a Sagahun, onde se prestam homenagem aos seus fundadores.


55 Porta de Saida Sahagun

A porta de saída da povoação.....

56 Caminho

E o Caminho que nos levaria à Cidade de Leon, quase no sopé dos Picos de Europa, que vemos ao fundo exibindo o seu manto de neve!
Como podeis ver, seco largo e plano, aparentemente desabitado, e que nos levaria até as portas de Leon, onde iríamos pernoitar e aproveitar as horas restantes de luz para visitar a cidade.

57 Leon

Depois de ver-me livre de toda a parafinaria da mota e de as ter guardado no quarto do hotel, percorri as ruas da cidade à procura de imagens como esta.

57 Rotunda

Ou esta, que faz prova de que Artax esteve comigo em todos os momentos!

58 Catedral de leon

A importante Catedral, que se encontrava em obras de conservação, foi a ultima imagem do dia.
Agora só faltava um restaurante para jantar, uma caminhada para ajudar a digestão e uma noite de descanso, porque apesar de ter sido um dia sem grandes sustos, fiz mais de 250km maioritariamente por caminhos e isso deixa marcas nos pulsos, tornozelos e joelhos!
Principalmente para alguém como eu que no tema de condição física estou entre o perro e o encravado!

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Mensagem por Fernando F Seg Abr 18 2016, 19:45

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Mensagem por smvalmeida Ter Abr 19 2016, 10:29

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Mensagem por ssousa Ter Abr 19 2016, 15:59

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Mensagem por Cesar Filipe Ter Abr 19 2016, 23:54

Grande maluco! Louco

Nessas condições e nesses caminhos não deve ser fácil...
Mas tenho de admitir uma certa inveja de poder andar de CRF nessas estradas apesar de eu preferir o terreno um pouco mais seco.

E fazer e partilhar essa viagem dessas, claro que dá direito a Mérito

... agora venha o resto! Chicotada

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Mensagem por LoneRider Sex Abr 22 2016, 13:09

02-03-2016
As Montanhas e a Cruz de Ferro.

Quando acordas com a luz do sol a bater-te nos olhos não imaginas nunca que vais ter um dia delicado, mas emocionante!
Montar tudo na Artax, tomar o pequeno almoço e sair há procura do caminho!
Entre Leon e Astorga o caminho vai paralelo há N120, sem nenhuma dificuldade mais alem de ter que cruzar essa nacional, três ou quatro vezes.
Curiosamente o caminho parecia ter mais peregrinos dos que encontrei nos dias anteriores.

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Esta é a ponte medieval sobre o rio Orbigo em Hospital de Orbigo, que atravessei a medo por esta se encontra cortada ao transito. A proxima paragem seria na importante cidade de Astorga, com a sua Catedral Gotica e um edificio da Camara Municipal bastante peculiar.

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Ao avistar Astorga saltaram os alertas.
A coisa esta muito negra para ali para o fundo!
Talvez não seja descabido pensar em vestir o fato impermeavel quando saia de Astorga.

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Esta é a Camara Municipal de Astorga.
Que curiosamente tem um campanario peculiar!

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Podia estar aqui a esgrimir a historia deste ou aquele edificio, tendo como base o mentiroso do Wikkipedia, mas perfiro centrar-me em que houve alguem que o levantou, e que este se tem mantido de pé até aos dias de hoje!
É mais facil, practico e não dá tanto trabalho!
Isso sim! Aconselho a que o vejam antes que se desmorone!

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Idem aspas para este tambem, apesar de este me parecer mais contemporaneo....

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O problema de muitos monumentos, como esta catedral, é que a maioria estão “encaixotadas” no centro das povoações, tornando quase impossivel para um leigo como eu, fazer uma foto de jeito!
Mais uma vez, renovo a recomendação de a irem ver antes que isto caia tudo por terra!
Agora era tempo de entrar no desconhecido total, o “caminho galego” é a parte do caminho que menos conhecia, mesmo nos meus reconhecimentos feitos em camião, uma vez que galiza não é um destino muito frequente. Portanto, desconhecia quase tudo, terreno, estradas, povoações e as gentes!

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Tudo parecia indicar que seria facil, terrono seco, sem grandes dificuldades, sentindo apenas a ausencia da Civilização, que de vez em quando aparecia sobe a forma de uma povoação deserta e quase abandonada!

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Mas cedo o caminho começou a mostrar que não era tão assim!
Deixou de seguir paralelo há estrada, por entre arbustos e uma densa mata, O piso passou a ser molhado a enlameado, com a Artax a patinar com muita facilidade. Ao piso enlameado e empregenado de agua juntava-se agora o manto morto das folhas caidas no outono, que escorregava quase tanto como a neve. Em alguns momentos existia como pequenos charcos que obrigavam os peregrinos a explorar pequenos carreiros por entre o mato, coisa que me era impossivel fazer, tendo que por a mota nos charcos, com lama há mistura evitando sempre por pé a terra para não me molhar!
Começo a perceber que pouco a pouco vou ganhando altitude, que o horizonte é cada vez mais negro.
Por sorte encontrei um sitio mais ou menos seco e estavel para vestir o fato de chuva.
Agora que estava protegido contra a agua, reparei que não tinha abastecido a Artax, que teria gasolina para 50km (+/-). Como tinha previsto uma situação deste tipo, dado que Artax tem um deposito pequeno (8L), trazia no meu equipamento uma pequeno jerrican de 2,5L de Gasolina, que na pior das hipoteses, dava para mais 30km de autonomia. Decidi então que só gastaria este ultimo recurso, quando ficasse totalmente sem gasolina, permitindo assim saber quantos km fazia a reserva e ajudando-me a calcular melhor uma situação critica.
Uma vez de volta ao caminho, o chão tonra-se mais firme e pouco a pouco cheio de pedras.
Pelo caminho, que agora voltava a estar paralelo há estrada, mas num nivel superior, corria um regueiro que tinha crescido muito nas ultimas horas, que tinha deixado na sua descida muitas pedras soltas. Cascalho de rocha ferrea, de esquinas vivas, que deslizavam entre si quando Artax as pisava. Enquanto subia a golpe de gas, buscando sitios firmes para apoiarme com os pes, uma vezes regueiro a fora, outras vezes cruzando-o de forma a não ficar entalado, notava uma descida das temperaturas, assim como uma nevoa que se avisinhava.
Eu já suava, respirava ofegante e o Caminho punha à prova a minha condição fisica. Quando não havia subida, algo que me permitia descansar um pouco, não havia paz, o caminho era sedimento movediço depositado pela corrente, fazendo a Artax derivar no terreno, dar de cu e perder a pouca velocidade que levava. Depois voltava a subir, mais agua pelo regueiro, pedra solta e muita firmeza nos pulsos!
Ate que....

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A neve tratou de alargar o meu calvario.....
Sem saber o que se encontrava debaixo dela (da neve) depois da luta que levava já durante 5km, o bom senso disse “Volta para tras, apanha a estrada!”
Ainda pensei a em fazer uma pequena exploração ao terreno, mas a ideia de ficar atolado e ter que pedir auxilio para sair dali, pesou mais do que a frustração de dar a volta e descer tudo de novo!
E assim foi.
O pior é que a subir, como levo 10kg de bagagem podia compensar inclinando o corpo para a frente da mota, mas descer o movimento é inverso, para ganhar manobrabilidade e, ao por o cu e o peso no corpo sobre a roda traseira, ganhar efeito travão/motor. Ao não poder fazer este movimento, porque me estorvava o saco que levava a tras, tive que ter mais cuidado a descer os “degraus” que tinha subido minutos antes.
Quando por fim pisei asfalto respirei de alivio, sentia-me um vencedor, campeão do mundo de enduro na categoria “gajos que não pescam nada disto”.
Daquele ponto até Fuencabadon foram 6km...

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Fuencebadon é a povoação com o maior numero de Albergues por 1000 habitantes do mundo!
Tem 6 albergues para 6 habitantes....
Esta povoação esteve completamente abandonada nas decadas de 70, 80 e 90, começando a ganhar vida graças à maior afluencia de peregrinos.
Apesar de não ter as ruas asfaltadas, de os albergues conviverem com outras casa em ruinas, esta povoação encontra-se num ponto estrategico que permite aos peregrinos fazer um descanso no caminho!
Era isso mesmo que eu precisava....

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Entrei numa casa rustica, decorada com recordações deixadas pelos peregrinos, humilde, mas com uma lareira que aquecia a casa, para alem de perfumar casa com esse odor a lenha queimada tão carcteristico.
Dentro dela estavam dois peregrinos e o dono do albergue que, sentados há volta da lareira, falavam sobre as curiosidades do caminho.
Prontamente fui convidado a sentar-me, deram-me café e perguntaram-me de donde vinha.
-Zaragoza!
-E vens de mota?- perguntava um dos peregrinos
-Sim, sai na segunda feira de Saint Jean!
-Pois assim faz-se rapido! Nós já andamos à um mes no Caminho!
Foi então que lhe expliquei a minha motivação, a historia dos Cavaleiros do Templo e que se calhar estava louco, mas desde que com isso não fizesse mal a ninguem....
Foi então que o dono do albergue me falou de Manjarin:
-Se gostas de historias de templarios, entra dentro do refugio que falaras com um homem que diz ser o ultimo templario vivo.- e seguindo recomendou- Nevou muito nos ultimos dias, o melhor é descer pela estrada, o caminho é muito abrupto na descida, pode que encontres obstaculos que não consigas ultrapassar, e para dar a volta há mota não existe possibilidade. Quando encontres a Cruz de Ferro chegarás ao ponto mais alto do caminho e aí começas a descer até practicamente a Puenferrada, o melhor é que vas pela estrada.
Disposto a seguir os conselhos do estalageiro, montei na Artax com forças renovadas, apesar do nevoeiro e frio.

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Tudo encaixava com o que me tinham dito, inclusive tinha visto um outro peregrino a pé estrada fora.
Ao chegar à Cruz de Ferro sabia que estava perto dos 1700m de altitude, Artax encontrava-se na reserva e que até Ponferrada era a descer!
Manjarin era já ali, 5 km mais há frente!

Dentro do refugio encontrei um homem com uma idade de cerca de 80 anos, curvado pelo tempo, mas de voz viva e energica:
- Que queres tomar?
- Café!
-E caldo não queres? Acabei agora mesmo de o fazer.... - O refugio era uma casa quase em ruinas, fria, com moveis de madeira comidos pelos bichos, teto revestido a tela manchada pelo fumo da lareira mesa e bancos de madeira e o chão que parecia ser a mesma rocha donde o refugio assentava as suas paredes.
Numa das paredes a imagem de dois Cavaleiros do Templo, montados a cavalo, com as suas tunicas brancas e cruz vermelhas.- Gostas!?
-Bastante, tudo o que tem que ver com eles me fascina! Já estive donde morreu o ultimo grande mestre!
- Charles de Molay- e olhando para o teto- Malditos! Malditos! Malditos!
- Falta-me Jerusalem, mas tenho tempo!
-Toma cuidado, que desde 1298, depois da queda de São João de Acre que não estamos presentes para vos proteger!
- Eu mesmo, de forma muito humilde, tentei imitar esses guardiães, que ajudavam os peregrinos!
- É muito nobre da tua parte jovem, mas nós cumprimos votos e a nossa vida não é facil!
- Pois, sou um pecador!
-Todos somos pecadores.....
O silencio que se instalou só foi interrompido por uma pessoa a pedir autorização para entrar
- Entra, que a casa é tua!-gritava- Queres caldo? Acabei mesmo agora de fazer!
-Ola!- comprimentou um ciclista que retirando o capacete- Faz jeito, porque o frio entranha-se até aos ossos!
Terminei o meu café e despedi-me do velho que num ultimo olhar me disse:
- Que Deus te abençõe e tenhas muita sorte nas tuas aventuras! “Buen Camino”!
Depois de descer pela estrada uns 3km Artax começa a engasgar-se até que se cala. A partir deste momento tinha 2,5L para chegar a Ponferrada, se não encontrasse outra bomba de abastecimento antes.
A medida que descia ia vendo o caminho desimpedido, que ia quase sempre paralelo há estrada, sem neve e sem gelo pelo que me aventurei a fazer o que faltava até Ponferrada.
Quando me dei conta, já não havia volta a dar-lhe, era uma descida abrupta, por entre as pedras e a rocha mãe, que formava degraus polidos pelo tempo e os pes dos peregrinos. O caminho chegava a estar enterrado nos socalcos dos terrenos de cultivo, estreito e e sem saidas. Avançava lentamente escolhendo com calma cada sitio donde por a roda, evitando desiquilibrios e derrapagens. Sabia que se começasse a derrapar não havia forma de parar...
Dois km mais a frente entro outra vez na estrada, recuperando do susto. Artax ajudou-me muito, mais uma vez a mota é super equilibrada e muito maneavel, mas a minha experiencia é quase nula neste tipo de terrenos.

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Este é o Castelo de Ponferrada, construido pelos Cavaleiros do Templo.
Esta cidade esta assente numa bacia mineira, teve um papel importante na revolução industrial espanhola, pois daqui sai boa parte do carvão mineral produzido em Espanha.
Para alem de uma breve visita há cidade, a nossa prioridade foi abastecer Artax e o estomago, para voltar a atacar o Caminho.
No restaurante perguntei pelas dificuldades que o caminho me podia oferecer. A rapariga disse-me que “daqui a Santiago faz-se muito bem”.
Durante a tarde o sol voltou a brilhar, retirei o fato de chuva e procurei sair de Ponferrada com o objectivo de ficara dormir já na Galiza.

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A Galiza é assim, humida, saturada de agua, com muitas montanhas e animais soltos que se alimentam nos seus prados. Como podem ver nesta foto, a saturação dos solos era tanta que a agua brotava dos locais mais insolitos!
O Caminho, por agora asfaltado, voltava a subir em altitude, abandonando o asfalto mais há frente numa subida enlameada, já com alguns sinais de neve!
Apanhei balanço e foi graças a essa inercia que consegui subir sem ter que parar. Parar seria a morte do artista....

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Voltamos de novo ao asfalto, por poucos metros para depois apanhar o Caminho até O Cebrero, onde a lama e a neve não nos abandonaram até entrar na povoação mais bonita do caminho.

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Estava no ponto mais alto desta cerra, acima dos 1400m, e a vertente de descida estava, virada para norte, estava muito mais nevada, com zonas em que neve atingia os 40cm....
Decidi descer a estrada que ia paralela ao caminho, e muito bem, porque este se encontrava completamente sobmerso por uma grossa camada de neve.

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Aqui ainda me aventurei, mas mais abaixo o caminho estava intransitavel....
Só voltei a entrar no caminho quando já não havia vestigios de neve.

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E este descia montanha abaixo, as vezes largo, outras vezes rodeando socalcos, estreito e esguio, com degraus e rochas salientes, mas muito mais confiante devido há ausencia da neve!
O objectivo era Sarria, terra de bruxas e feitiços, mas onde tinha encontrado um quarto a um preço mais que acessivel!
Ao final do dia o mesmo de sempre, lubrificar a corrente, encher o deposito, jantar e dormir.
Faltavam 110km para abraçar o Apostolo.

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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty Re: El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!!

Mensagem por LoneRider Qui Abr 28 2016, 15:07

03-03-2016
O Abraço ao Apostolo

Voltei a abrir a janela de noite, depois de um bom banho quente, visto o fato térmico olhando para a rua.
Tomar o pequeno almoço é importante para ajudar a enfrentar este ultimo dia do Caminho. Enquanto bebia o leite com café, abocanhava com vontade um croissant ainda quente, observava como o dia lentamente começava a clarear.
Quando montei na Artax olhei para o céu encoberto e pedi que não me obrigasse a vestir o fato de chuva.

80 Camino peatonal

Nunca me interessaram as povoações do caminho, apesar de acreditar que sem elas o caminho estaria incompleto, mas de mota, eu queria era viver o caminho!
Em Sarria, o caminho passa mesmo no centro da cidade, por esta rua pedonal, que tive que desviar para não infringir as normas.

81 Sarria

Logo depois de abandonar Sarria, começa a chover uma chuva muito miudinha, mais miúda que a chuva molha tolos, mas muito mais chata e fria, que devia molhar de Katano....
Hesitei em vestir o fato de chuva, queria ver ate donde subia para ver como estava o panorama do outro lado da colina!
Bingo!
Para estes lados a coisa estava mais clara!

82 Caminho de Pedra

Tivemos sorte.
Apesar de a agua abundar, haver imensos regatos transbordados, deixou de chover e o sol em algumas partes ameaçava "desbancar" as nuvens.
Como se pode ver na imagens, o caminho dava mais confiança, mas era tudo mentira. O pneu de Artax acusou o desgaste do dia anterior, a temperatura era baixa e as lages de granito estavam polidas. Tudo aconselhava a ter cuidado com as acelerações....
Até começarmos a tirar partido das derrapagens para alimentar o ego em bons momentos de diversão.

83 Rio Minho

O Rio Minho, muito antes de fazer o seu primeiro contacto com as terras de Portugal.

84 Puerto Marin

Puerto Marin!
Sim.
O caminho sobe pela escadaria que existe em cima desse arco!
Tive que desviar pela estrada para o encontrar, já de saída da pequena vila.

85 Igreja de Porto Marin

Como é que eu me orientava!?
Reparem nesta foto....
Follow The Yellow Arrow!
Ela leva-vos até a Apostolo.
Neste caso levou-me até uma escadaria e obrigou-me a dar a volta para trás!
Coisa normal! Em inúmeras vezes, nos cruzamentos víamos a seta amarela para a direita e para a esquerda! Este tipo de orientação “bipolar” era por causa da actividade económica que o Caminho gera. Um peregrino tem que comer, dormir, comprar coisas de primeira necessidade e objectos para mais tarde recordar.

86 Rio


Ok!
O que fazer!?
Primeiro desmontar, depois ver qual era a longitude do charco e por fim tomar uma opção!
As pedras húmidas, desniveladas, estreitas só garantiam um piso firme. Cair seria um desastre.
Depois aquilo não parecia tão fundo. E se caísse a agua amparava a queda, podia morrer afogado, mas não morria da queda....
Bora lá! (fim de conversa de um gajo que não pesca nada disto)
Monto na Artax, engato primeira arranco, meto segunda e entramos dentro da agua....
Ups! Isto é mais fundo do que eu pensava!
Vais molhar os tins-tins Rui!
Acelera, não a deixes morrer, acelera katano!
Anda Artax, prometo que depois te ponho 98 octanas, não me deixes ficar aqui no meio! (fim de conversa de um gajo em desespero)
Agora, e analisando bem a coisa, até que não foi assim tão difícil, mas ver a agua pela cintura, acendeu-me todo os alarmes!!
Este foi o ultimo grande obstáculo do caminho....
Bem! Está o pinheiro que atirou ao chão, mas isso é lá mais para a frente.
A província de Lugo é montanhosa, húmida e fértil, e as pessoas ganham a vida da exploração agrícola. Em muitas das povoações encontrei celeiros como este!

87 Cereais

Entre as povoações, o caminho tinha diferentes morfologia, piso em pedra, ou em terra, enlameado, com muito manto morto, às vezes largo, outras vezes estreito, por entre os socalcos, com descidas ligeiras ladeado pelos Eucaliptos....

88 Caminho

Artax já patinava muito, tinha atingido os 70% de desgaste no pneu traseiro e um caminho como o que podem ver, com manto morto há mistura, fazia Artax desviar a traseira há saída das curvas em tracção. Isso aumentava a emoção da coisa, sem duvida, treinava muito bem o meu sistema sensitivo para detectar situações de risco, mas havia o reverso da medalha. Uma queda estúpida agora podia significar não chegar ao objectivo, depois do passado ontem, o ideal era ser prudente.

89 Vacas

Aí estão elas, as vacas, que as à por todo lado, inclusive nos sítios mais insólitos, mas estas são vacas galegas, responsáveis por dar leite a mais de metade da Península e juntar mais um risco ao Caminho.
Se já tínhamos a agua, lama, regueiros, lages de granito polidas, manto morto (folhas mortas), agora faltava juntar a bela da bosta de vaca, escorregadia e pior que tudo mal cheirosa.
Por onde elas passavam, as vacas, deixavam um rastro de “ensaimadas” esborrachadas no chão que inevitavelmente iria pisar com a Artax, salpicando tudo, perfumando o ambiente.....

90 Eucaliptos

Em contraste, os eucaliptos trazia-me há ideia esse odor a Halls Motoliptus e animava-me o caminho até que me encontrei com um pinheiro tombado no caminho.
Ele até que nem era muito grande, estava sustentado pelos seus ramos elevando-se do chão uns 10cm, mais 20cm de diâmetro do tronco...
Já passaste por coisas mais difíceis Rui!
Calma Rui, é fácil...
Primeiro a roda dianteira, das gás, largas em embraiagem e já está! Muito bem!
Agora a roda traseira, dá gás,a roda sobe, cortas gás antes do tempo, Artax cala-se, começas a andar para trás, tropeças num ramo e subitamente estás no chão!
Levanta-te Rui, sai daqui, levanta a Artax, que ninguém te veja, que isto deve dar direito a uma década de troça...
Levantada a mota, fiz uma breve analise à procura de danos e depois conclui que foi tão estúpida que nem consegui fazer um arranhão à mota!
A segunda tentativa foi definitiva e assim pudemos seguir caminho.

91 Seta Amarela

Sem duvida o melhor conselho que recebi no Caminho!
Ser eu, feio, mau, provocador, venenoso,mas porco não (só se lava quem é porco)!

93 Monte do Gozo

Monte do Gozo!
Sem duvida, dá muito gozo ver a cidade de Campus Stelae desde aqui!
Por incrível que pareça estava bué contente, tinha concluído um sonho, que persegui e levei a cabo, toda uma emoção.....

Ironicamente, depois de tanto salto, obstáculo, agua, chuva, gelo, neve e aventuras vividas em cima da Artax, os últimos 500m do caminho foram feitos a empurrar a mota, para leva-la ao objectivo que tinha traçado para ambos.
Na praça do Obradoiro, para alem de turistas e peregrinos, andavam de patrulha por ali uma “parelha” de policias municipais, que me observaram com atenção enquanto empurrava a Artax até ao centro da praça!
Fotografias feitas, sento-me no chão ao lado dela, e dou por mim a prometer-lhe muitas aventuras, por esses campos fora. Coisas, normalmente descabidas, que não vos posso contar, mas que certamente me vão fazer sonhar e perseguir esses sonhos até os transformar realidade.
Ao Apostolo, enquanto o abraçava, agradeci-lhe pelo desafio que propôs, prometi voltar muitas vezes, mas se algum dia vier a pé, seria sinal que já não poderia andar de mota, pondo-lhe assim a minha vida à sua disposição.
Já de saída, ultimo olhar para o “bota fumeiro”, que é bem maior do que aparenta na televisão....
Era tempo de ir embora, o Caminho estava feito, embora muitos dizem que km 0 está no cabo Finisterre, mas este ultimo pedaço nunca foi custodiado pelo Cavaleiros da Ordem.
O meu objectivo agora era pregar um susto à minha mãe, que me soube responder com um sentido abraço.
Para Artax, isso significou, como podem ver na foto, mais uma internacionalização.....

95 Portugal

Por agora é tudo!
Bom Caminho, Buen Camino!

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El Camino se hace al andar.....      ...en Moto!!! Empty Re: El Camino se hace al andar..... ...en Moto!!!

Mensagem por Rico Sousa Qui Abr 28 2016, 21:35

Grande aventura, boa narrativa e merecido Mérito

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