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Picos
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Serzedo
Swift
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Picos
Picos da Europa - 1º Dia
Qualquer motociclista que se preze e que goste de viajar, tem uma lista quase obrigatória de sítios a visitar! Os Picos da Europa são um desses locais e nós não poderíamos fugir à regra. Em Junho passado foi a nossa vez de rumar ao Norte de Espanha, para vermos com os nossos próprios olhos se os Picos merecem ou não estar nessa lista (adiantamos já que passam com distinção)!
Não acredito que haja, mas para quem não conhece, os Picos da Europa, são um conjunto montanhoso na Cordilheira Cantábrica, no norte de Espanha, composto por 3 maciços e que se estende por 3 comunidades espanholas, a Cantábria, as Astúrias e Castela e Leão. As formações geológicas, fortemente marcadas pelos cursos de água, são inúmeras e de diferentes dimensões e composições, oferecendo um variadíssimo leque de paisagens e oportunidades de recreio. Além de ser uma meca do motociclismo, a região é igualmente procurada por praticantes de desportos alpinos e fluviais.
A viagem até aos Picos foi tranquila. Tínhamos planeado ficar uma noite em Coimbra para encurtar os cerca de 800km que nos esperavam e seguimos depois directamente, apenas com as paragens habituais para repor combustível e esticar as pernas. Cruzámos a fronteira em Vilar Formoso e fomos subindo sempre por auto-estrada. Apesar de estarmos já no final de Junho, o tempo estava mais para o Outonal, com a chuva a marcar presença durante grande parte do percurso em território nacional. Já em Espanha, as temperaturas foram subindo, para já perto do nosso destino voltarem a descer, de forma inversamente proporcional à altitude. Os últimos 100km, foram feitos por nacionais e de forma algo penosa, dados os baixos limites de velocidade e a ansiedade para chegarmos. Nada que não se esquecesse rapidamente quando entrámos no Parque Nacional dos Picos da Europa. Entrámos pela comunidade de Castela e Leão e ainda bem longe, começámos a ver as silhuetas das imponentes montanhas.
Chegámos sob um céu cinzento a ameaçar tempestade e a dramatizar ainda mais a espectacular paisagem com que nos deparávamos. Majestosos picos montanhosos, elevando-se sobre uma incrível extensão de água. Parámos junto ao viaduto sobre o lago artificial criado pela barragem de La Remolina para absorver o cenário à nossa volta: tínhamos chegado a Riaño, uma das portas de entrada dos Picos da Europa.
Riaño é uma pequena vila aninhada nas montanhas Leonesas e uma das poucas que sobreviveu ou renasceu após a criação da barragem. Embora a paisagem actual criada por esta obra seja de facto magnífica, a verdade é que a barragem destruiu todo um ecossistema e submergiu 9 povoações. A povoação original de Riaño foi também parcialmente destruída, mas foi-se reerguendo nos anos seguintes.
Depois de uma viagem longa, não restam grandes forças para fazer mais do que relaxar. Assim fizemos. Embora o nosso poiso da noite fosse noutro local, fomos até ao Camping de Riaño, muito recomendado por vários viajantes e que oferece uma vista privilegiada sobre a povoação. Duas cañas e muitas fotografias depois, arrancámos para Boca de Huergano, onde ficava o nosso hotel o Tierra de La Reina, paragem habitual de motociclistas.
Apesar de a maior parte da malta deixar a mota à porta, o hotel dispõe de um armazém fechado para quem não gosta de deixar as montadas a dormir na rua... a zona envolvente ao hotel é rural e ideal para quem procura uma noite de descanso. Exactamente o que precisávamos. Fomos dormir cansados mas felizes e muito ansiosos com o percurso que tínhamos delineado para o dia seguinte.
Íamos começar verdadeiramente a nossa aventura pelos Picos!
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
Qualquer motociclista que se preze e que goste de viajar, tem uma lista quase obrigatória de sítios a visitar! Os Picos da Europa são um desses locais e nós não poderíamos fugir à regra. Em Junho passado foi a nossa vez de rumar ao Norte de Espanha, para vermos com os nossos próprios olhos se os Picos merecem ou não estar nessa lista (adiantamos já que passam com distinção)!
Não acredito que haja, mas para quem não conhece, os Picos da Europa, são um conjunto montanhoso na Cordilheira Cantábrica, no norte de Espanha, composto por 3 maciços e que se estende por 3 comunidades espanholas, a Cantábria, as Astúrias e Castela e Leão. As formações geológicas, fortemente marcadas pelos cursos de água, são inúmeras e de diferentes dimensões e composições, oferecendo um variadíssimo leque de paisagens e oportunidades de recreio. Além de ser uma meca do motociclismo, a região é igualmente procurada por praticantes de desportos alpinos e fluviais.
A viagem até aos Picos foi tranquila. Tínhamos planeado ficar uma noite em Coimbra para encurtar os cerca de 800km que nos esperavam e seguimos depois directamente, apenas com as paragens habituais para repor combustível e esticar as pernas. Cruzámos a fronteira em Vilar Formoso e fomos subindo sempre por auto-estrada. Apesar de estarmos já no final de Junho, o tempo estava mais para o Outonal, com a chuva a marcar presença durante grande parte do percurso em território nacional. Já em Espanha, as temperaturas foram subindo, para já perto do nosso destino voltarem a descer, de forma inversamente proporcional à altitude. Os últimos 100km, foram feitos por nacionais e de forma algo penosa, dados os baixos limites de velocidade e a ansiedade para chegarmos. Nada que não se esquecesse rapidamente quando entrámos no Parque Nacional dos Picos da Europa. Entrámos pela comunidade de Castela e Leão e ainda bem longe, começámos a ver as silhuetas das imponentes montanhas.
Chegámos sob um céu cinzento a ameaçar tempestade e a dramatizar ainda mais a espectacular paisagem com que nos deparávamos. Majestosos picos montanhosos, elevando-se sobre uma incrível extensão de água. Parámos junto ao viaduto sobre o lago artificial criado pela barragem de La Remolina para absorver o cenário à nossa volta: tínhamos chegado a Riaño, uma das portas de entrada dos Picos da Europa.
Riaño é uma pequena vila aninhada nas montanhas Leonesas e uma das poucas que sobreviveu ou renasceu após a criação da barragem. Embora a paisagem actual criada por esta obra seja de facto magnífica, a verdade é que a barragem destruiu todo um ecossistema e submergiu 9 povoações. A povoação original de Riaño foi também parcialmente destruída, mas foi-se reerguendo nos anos seguintes.
Depois de uma viagem longa, não restam grandes forças para fazer mais do que relaxar. Assim fizemos. Embora o nosso poiso da noite fosse noutro local, fomos até ao Camping de Riaño, muito recomendado por vários viajantes e que oferece uma vista privilegiada sobre a povoação. Duas cañas e muitas fotografias depois, arrancámos para Boca de Huergano, onde ficava o nosso hotel o Tierra de La Reina, paragem habitual de motociclistas.
Apesar de a maior parte da malta deixar a mota à porta, o hotel dispõe de um armazém fechado para quem não gosta de deixar as montadas a dormir na rua... a zona envolvente ao hotel é rural e ideal para quem procura uma noite de descanso. Exactamente o que precisávamos. Fomos dormir cansados mas felizes e muito ansiosos com o percurso que tínhamos delineado para o dia seguinte.
Íamos começar verdadeiramente a nossa aventura pelos Picos!
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
________________________
Boas viagens!
Mário Cordeiro
https://www.facebook.com/Escocia2017
https://www.instagram.com/para_la_da_escocia
https://www.youtube.com/@ParaladaEscocia
Swift- Zero à direita
Re: Picos
Epá... Isto não se faz, quero ir de mota aos Picos desde que tenho mota e tu colocas este tópico...
Muito bom, venha o resto!
"V"
Muito bom, venha o resto!
"V"
Re: Picos
Estas fotos fazem-me reavivar a vontade de lá voltar!!!
Mereces sem dúvida 1 pela partilha!
Mereces sem dúvida 1 pela partilha!
Espsanto- Zero à direita
Re: Picos
Obrigado pelos vossos comentários!
Picos da Europa - 2º Dia
Saímos do Tierra de La Reina prontos para a aventura e expectantes com o que iríamos encontrar pelo caminho. Os quilómetros passavam e a paisagem ajustava-se, ora com mais vales ora com picos abruptos. A vegetação também foi mudando apresentando-se mais densa e a água sempre a marcar a sua presença. Rios, ribeiros, riachos. Tudo parece moldado pela vontade desta força, nas suas mais variadas formas.
Tal como a nossa Serra da Estrela, os Picos têm uma parte uma origem glaciar, o que se traduz, entre outros, nos vales profundos que por lá se podem encontrar. A 1ª parte do nosso percurso fazia-se exactamente por um desses vales e talvez um dos locais mais procurados pelos amantes do montanhismo e rotas pedestres. Embrenhávamo-nos no coração dos Picos, ainda na comunidade Castilla y Léon e as estradas ficavam mais estreitas e sinuosas. Também as grandes formações calcárias, iam-se disfarçando no caminho com vegetação frondosa a vestir as encostas.
A paisagem era maravilhosa e os múltiplos miradouros no caminho gritavam para pararmos. Difícil de resistir. A vontade de ver, captar e registar tudo, faz-nos parar várias vezes no percurso. Ao longo do caminho, cruzamo-nos com inúmeras motos, mas os veículos de 4 rodas e auto-caravanas, são também frequentes. Depois de estarmos a um palmo do céu, começámos então a descer, entrando no Vale de Valdéon e no município de Posada de Valdeón, rumo a Caín, ponto de partida para uma das mais famosas rotas pedestres dos Picos, a Ruta del Cares, que atravessa a garganta esculpida por este rio, um dos maiores desta região. Caín é minúscula, mas cheia de graça, com as suas casinhas típicas e varandins enfeitados com flores coloridas, particularidade que encontrámos em toda a região.
Depois de uma pausa por aqui, voltámos à estrada. Havia ainda muito para ver...voltávamos agora a subir e voltavam os cumes imponentes à nossa volta. A estrada ia mudando também. Apesar de apanharmos bons troços, com curvas aliciantes e piso decente, também nos deparámos com percursos menos simpáticos. Em alguns locais, dada a constituição rochosa e a altitude abrupta, há tendência ao desabamento de pedras, que constituem um grande risco para os condutores. A cautela nunca é demais e há que ir sempre atento à estrada.
Estávamos a mais de 1500m de altitude, em San Glorio, numa passagem de montanha, quando entrámos na Cantábria. Foi também aqui que fizemos um pequeno desvio, saindo da estrada principal para subir até ao Collado de Lesba, ponto de partida para um outro trilho e local de homenagem a um dos animais icónicos do Parque: o Urso Pardo. O miradouro do urso pardo ou Oso Pardo, é mais um dos locais a não perder e que oferece uma das melhores panorâmicas sobre os maciços central e oriental. A paisagem é esmagadora. As palavras não chegam para descrever a imponência da imagem que nos rodeia. O alcance dos nossos olhos é magnífico. Montanhas de diferentes cores e feitios, algumas ainda com neve nos seus cumes e à nossa volta, dezenas de vacas a pastarem nos locais mais estranhos...cenário de filme...quase que ouvíamos as cantigas da família von Trapp partimos encantados e assim continuaríamos.
Voltando à estrada e talvez a um dos melhores troços da viagem...estradas largas, bom piso, boa proporção de curvas, num percurso de montanha, para nós, em via descendente. Pouco depois, parávamos noutro miradouro obrigatório, o miradouro del Corzo, outro dos animais autóctones desta região. Nesta altura começava a pingar, mas nada que nos obrigasse a vestir os fatos de chuva. São Pedro tem sido bom para nós! Fotos da praxe tiradas e lá fomos nós, navegar as estradas ondulantes, rumo a novo desafio para quem tem medo de alturas.
Dirigíamo-nos a Fuente Dé, situada bem no coração dos Picos e de onde sai o teleférico para o "Refúgio de Verónica", uma varanda no céu! O teleférico leva-nos a mais de 1800m de altitude, num desnível de 753m. Sim, é muito, muito inclinado. Vertiginoso! A viagem, dura menos de 4 minutos e percorre 1450 metros de cabo. Entrámos na cabine, que tem capacidade para cerca de 20 pessoas e começamos a sentir um friozinho na barriga...começa a subida e os veículos e as vaquinhas lá em baixo ficam cada vez mais pequenos. Curiosamente, o percurso não foi assim tão difícil, até porque a cabine tem uma estabilidade impressionante e não abanou nada. Ufa! Lá em cima, ficávamos mais uma vez estarrecidos com a vista. De tirar a respiração. Valeu bem os 17€ que pagámos por cada bilhete de teleférico.
O dia estava a chegar ao fim, mas antes de rumarmos ao nosso abrigo da noite, ainda houve tempo para mais uma visita e ficámos mais uma vez encantados. Desta vez, o destino era Potes, uma vila da comarca de Liébana, conhecida pelas suas pontes e torres. Atravessada pelo rio Deva, a vila é absolutamente deliciosa e embora obviamente dirigida ao turismo, com as suas inúmeras lojinhas e esplanadas, transborda de charme e autenticidade, com as suas casas típicas e ruelas empedradas, num registo claramente medieval. Passeámos pelas suas ruas, bebemos uma cerveja numa das suas esplanadas e respirámos fundo, quase como que inspirando as centenas de anos de história daquela terra. Com muita pena nossa, não tivemos oportunidade para a explorar melhor, ainda assim, Potes marcou-nos definitivamente.
O céu vestia-se rapidamente de negro e a chuva voltava a ameaçar. Era hora de nos dirigirmos ao El Caserio, Hostel onde tínhamos reservado um quarto para essa noite, em Camaleño, a poucos kms de Potes. Embora não possua garagem, possibilitou estacionamento privado para a motinha e apesar de exposta às intempéries, estava bem perto de nós e protegida de olhares alheios. O hostal, uma casa tradicional transformada para alojamento turístico, parecia também saído de um conto de fadas, o que é frequente por ali. Casinhas muito bem cuidadas, rodeadas por frondosa vegetação e sempre com as sardinheiras a enfeitarem as janelas. Um encanto. O dia terminou no restaurante do hostal, onde finalmente pudemos experimentar a típica cidra e deliciar-nos com as maravilhosas iguarias da gastronomia local. Um dia em cheio, repleto de emoções e sensações. Combustível para a alma!
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
Picos da Europa - 2º Dia
Saímos do Tierra de La Reina prontos para a aventura e expectantes com o que iríamos encontrar pelo caminho. Os quilómetros passavam e a paisagem ajustava-se, ora com mais vales ora com picos abruptos. A vegetação também foi mudando apresentando-se mais densa e a água sempre a marcar a sua presença. Rios, ribeiros, riachos. Tudo parece moldado pela vontade desta força, nas suas mais variadas formas.
Tal como a nossa Serra da Estrela, os Picos têm uma parte uma origem glaciar, o que se traduz, entre outros, nos vales profundos que por lá se podem encontrar. A 1ª parte do nosso percurso fazia-se exactamente por um desses vales e talvez um dos locais mais procurados pelos amantes do montanhismo e rotas pedestres. Embrenhávamo-nos no coração dos Picos, ainda na comunidade Castilla y Léon e as estradas ficavam mais estreitas e sinuosas. Também as grandes formações calcárias, iam-se disfarçando no caminho com vegetação frondosa a vestir as encostas.
A paisagem era maravilhosa e os múltiplos miradouros no caminho gritavam para pararmos. Difícil de resistir. A vontade de ver, captar e registar tudo, faz-nos parar várias vezes no percurso. Ao longo do caminho, cruzamo-nos com inúmeras motos, mas os veículos de 4 rodas e auto-caravanas, são também frequentes. Depois de estarmos a um palmo do céu, começámos então a descer, entrando no Vale de Valdéon e no município de Posada de Valdeón, rumo a Caín, ponto de partida para uma das mais famosas rotas pedestres dos Picos, a Ruta del Cares, que atravessa a garganta esculpida por este rio, um dos maiores desta região. Caín é minúscula, mas cheia de graça, com as suas casinhas típicas e varandins enfeitados com flores coloridas, particularidade que encontrámos em toda a região.
Depois de uma pausa por aqui, voltámos à estrada. Havia ainda muito para ver...voltávamos agora a subir e voltavam os cumes imponentes à nossa volta. A estrada ia mudando também. Apesar de apanharmos bons troços, com curvas aliciantes e piso decente, também nos deparámos com percursos menos simpáticos. Em alguns locais, dada a constituição rochosa e a altitude abrupta, há tendência ao desabamento de pedras, que constituem um grande risco para os condutores. A cautela nunca é demais e há que ir sempre atento à estrada.
Estávamos a mais de 1500m de altitude, em San Glorio, numa passagem de montanha, quando entrámos na Cantábria. Foi também aqui que fizemos um pequeno desvio, saindo da estrada principal para subir até ao Collado de Lesba, ponto de partida para um outro trilho e local de homenagem a um dos animais icónicos do Parque: o Urso Pardo. O miradouro do urso pardo ou Oso Pardo, é mais um dos locais a não perder e que oferece uma das melhores panorâmicas sobre os maciços central e oriental. A paisagem é esmagadora. As palavras não chegam para descrever a imponência da imagem que nos rodeia. O alcance dos nossos olhos é magnífico. Montanhas de diferentes cores e feitios, algumas ainda com neve nos seus cumes e à nossa volta, dezenas de vacas a pastarem nos locais mais estranhos...cenário de filme...quase que ouvíamos as cantigas da família von Trapp partimos encantados e assim continuaríamos.
Voltando à estrada e talvez a um dos melhores troços da viagem...estradas largas, bom piso, boa proporção de curvas, num percurso de montanha, para nós, em via descendente. Pouco depois, parávamos noutro miradouro obrigatório, o miradouro del Corzo, outro dos animais autóctones desta região. Nesta altura começava a pingar, mas nada que nos obrigasse a vestir os fatos de chuva. São Pedro tem sido bom para nós! Fotos da praxe tiradas e lá fomos nós, navegar as estradas ondulantes, rumo a novo desafio para quem tem medo de alturas.
Dirigíamo-nos a Fuente Dé, situada bem no coração dos Picos e de onde sai o teleférico para o "Refúgio de Verónica", uma varanda no céu! O teleférico leva-nos a mais de 1800m de altitude, num desnível de 753m. Sim, é muito, muito inclinado. Vertiginoso! A viagem, dura menos de 4 minutos e percorre 1450 metros de cabo. Entrámos na cabine, que tem capacidade para cerca de 20 pessoas e começamos a sentir um friozinho na barriga...começa a subida e os veículos e as vaquinhas lá em baixo ficam cada vez mais pequenos. Curiosamente, o percurso não foi assim tão difícil, até porque a cabine tem uma estabilidade impressionante e não abanou nada. Ufa! Lá em cima, ficávamos mais uma vez estarrecidos com a vista. De tirar a respiração. Valeu bem os 17€ que pagámos por cada bilhete de teleférico.
O dia estava a chegar ao fim, mas antes de rumarmos ao nosso abrigo da noite, ainda houve tempo para mais uma visita e ficámos mais uma vez encantados. Desta vez, o destino era Potes, uma vila da comarca de Liébana, conhecida pelas suas pontes e torres. Atravessada pelo rio Deva, a vila é absolutamente deliciosa e embora obviamente dirigida ao turismo, com as suas inúmeras lojinhas e esplanadas, transborda de charme e autenticidade, com as suas casas típicas e ruelas empedradas, num registo claramente medieval. Passeámos pelas suas ruas, bebemos uma cerveja numa das suas esplanadas e respirámos fundo, quase como que inspirando as centenas de anos de história daquela terra. Com muita pena nossa, não tivemos oportunidade para a explorar melhor, ainda assim, Potes marcou-nos definitivamente.
O céu vestia-se rapidamente de negro e a chuva voltava a ameaçar. Era hora de nos dirigirmos ao El Caserio, Hostel onde tínhamos reservado um quarto para essa noite, em Camaleño, a poucos kms de Potes. Embora não possua garagem, possibilitou estacionamento privado para a motinha e apesar de exposta às intempéries, estava bem perto de nós e protegida de olhares alheios. O hostal, uma casa tradicional transformada para alojamento turístico, parecia também saído de um conto de fadas, o que é frequente por ali. Casinhas muito bem cuidadas, rodeadas por frondosa vegetação e sempre com as sardinheiras a enfeitarem as janelas. Um encanto. O dia terminou no restaurante do hostal, onde finalmente pudemos experimentar a típica cidra e deliciar-nos com as maravilhosas iguarias da gastronomia local. Um dia em cheio, repleto de emoções e sensações. Combustível para a alma!
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
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Boas viagens!
Mário Cordeiro
https://www.facebook.com/Escocia2017
https://www.instagram.com/para_la_da_escocia
https://www.youtube.com/@ParaladaEscocia
Swift- Zero à direita
Re: Picos
bela viagem e excelente relato fotográfico. Anteriormente ja tinha visto algumas fotos através do instagram também.
Sem duvida uma viagem a ir para a minha lista locais a visitar.
Sem duvida uma viagem a ir para a minha lista locais a visitar.
Re: Picos
Fonix que pics bués da fixe e que saudadessssssssssss
Já por lá andei... de 2 e 4 rodas e sem duvida voltava já amanhã não fora a cena do trabalho..
Parabéns e agradecido pela partilha
Bouas curvas .... (de todo o tipo... )
Já por lá andei... de 2 e 4 rodas e sem duvida voltava já amanhã não fora a cena do trabalho..
Parabéns e agradecido pela partilha
Bouas curvas .... (de todo o tipo... )
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cmps curvados
JCTransalp- Zero à direita
Re: Picos
Obrigado pelos vossos comentários!
@Espsanto, nem sabia que originalmente o Corzo tinha cornos... Obrigado pela dica!
Picos da Europa - 3º Dia
Depois de uma noite de chuva intensa, acordámos algo receosos do que nos esperaria, mas para nosso contentamento, quando saímos do El Caserio, o sol já rompia através das nuvens. Ainda assim, sabíamos que as previsões meteorológicas incluíam aguaceiros, o habitual para aqueles lados.
Alguns quilómetros depois, tínhamos uma paragem planeada, na Igreja de Santa Maria de Lebeña. O templo, datado do Séc. X, é um dos exemplos mais emblemáticos da arquitectura pré-românica e com fortes influências moçárabes. Os diferentes símbolos que se encontram na igreja e nos terrenos em seu redor, são representativos das diversas culturas e povos que aqui viveram ao longo de mais de 1000 anos. Exemplo disso, são as duas árvores icónicas que se encontram nos extremos Norte e Sul: um teixo, símbolo da vida e morte e árvore sagrada dos druidas, e uma oliveira milenar, símbolo da paz e do cristianismo. Reza a lenda que as raízes das duas árvores se entrelaçam, reflectindo a coexistência pacífica das diferentes religiões. Infelizmente não conseguimos entrar. Estava a decorrer uma visita e demoraria mais do que queríamos esperar... apesar disso, a vista exterior compensou a paragem.
Voltámos à estrada para iniciarmos um percurso rodeado de penhascos, picos rochosos esculpidos quase na vertical. Entrávamos no célebre desfiladeiro La Hermida, o maior de Espanha. Por aqui fomos acompanhados pelo rio Deva, serpenteando através das montanhas e oferecendo uma estância termal graças as suas fontes que emanam a mais de 40° de temperatura. Também a pesca é popular por aqui. Ao longo do caminho pudemos observar vários pescadores que tentavam atrair as trutas e salmões que por ali nadam. Estava na hora de fazer uma paragem para café, desta vez já no Principado das Astúrias, em Panes. Como várias outras localidades desta região, Panes, é fortemente marcada pelos rios, desfrutando sem reserva dos mesmos. Aqui perto, o Deva encontra o Cares e os desportos aquáticos são reis.
Depois de um breve troço mais afastado da cordilheira, embrenhámo-nos novamente nas altitudes. O destino era Sotres, uma das povoações mais altas das Astúrias, a 1050m acima do nível do mar. Mas antes de lá chegarmos, ainda passámos por Cabrales, a terra que dá nome a um famoso queijo e pelo funicular de Bulnes, que leva os passageiros a esta aldeia, isolada e sem acesso para veículos motorizados. Chuva, curvas e obstáculos móveis (aka, vacas), foram marcando o caminho. Mas também uma frondosa vegetação, cursos de água e cascatas. O percurso exige prudência, mas recompensa os viajantes.
Chegados a Sotres, ficámos imediatamente apaixonados. Corresponde na integra ao imaginário das aldeias de montanha. E no Inverno, apesar das dificuldades de acesso, deve ficar ainda mais bonita. Além de servir de base a muitos amantes da natureza e dos desportos alpinos, oferece um considerável leque de outros atractivos, sendo a gastronomia um deles. Depois de uma caminhada para explorarmos os recantos da aldeia, onde fomos apanhados por uma forte chuvada, decidimos testar aquela vertente e fomos almoçar na Casa Cipriano. Experimentamos uma "fabada asturiana", um prato típico da região, feito não com favas, mas com feijão branco. O chouriço, a morcela e toucinho, juntavam-se à festa para enriquecer esta explosão de calorias. Delicioso! Para sobremesa, um "arroz con leche". Comida que aquece o corpo e o coração.
Com os estômagos bem compostos, decidimos fazer o caminho até Tresviso. O fim da linha. Onde a estrada que continua depois de Sotres termina. Estávamos cientes que o mais provável seria depararmo-nos com um nevoeiro de tal maneira cerrado que poderíamos ter de voltar para trás, mas arriscámos na mesma. Assim foi! Alguns quilómetros e muitas dezenas de vacas depois, era como se tivessem fechado uma cortina. A visibilidade era quase nula. A adrenalina subia, até porque o pouco que víamos, mostrava o brutal declive da montanha, além do piso não ser famoso e a estrada estreita. Com o coração a galope, chegámos a Tresviso, uma das mais pequenas e menos povoadas aldeias da Cantábria, com apenas 85 habitantes. Uma aldeia de brincar.
Voltámos para trás pela mesma estrada, a única possível e pelo meio do mesmo fantasmagórico nevoeiro. Desafio ultrapassado! Conforme nos aproximávamos novamente de Sotres, o sol ganhava força e a paisagem tornava-se cinematográfica. Autênticos postais! Fazíamos agora o caminho inverso, descendo a montanha e desta vez sem chuva, o que nos permitiu desfrutar mais da viagem, apreciando tanto as curvas como a paisagem em redor.
O nosso próximo destino, situava-se na área limítrofe do Parque dos Picos da Europa e à medida que os quilómetros passavam, as estradas alargavam-se e a geografia suavizava-se. Chegámos ao nosso destino, uma das portas de entrada dos Picos e base para muitos dos seus visitantes, a meio da tarde. As ruas estavam cheias de gente, nesta que era a maior cidade por onde passámos e antiga capital do reino das Astúrias. Estávamos em Cangas de Onís, outro dos locais obrigatórios da região. Além de uma fortíssima vertente comercial, com uma aposta notória nos produtos regionais, como os queijos, os enchidos ou a sidra, Cangas de Onís oferece um ambiente descontraído, com uma grande diversidade hoteleira, monumentos e mais uma vez turismo desportivo. É banhada pelo rio Sella, que por sua vez é atravessado pelo ex-líbris da cidade, a ponte romana, que curiosamente, data originalmente da época medieval. Foi junto da ponte que parámos para descontrair. Na esplanada onde nos sentámos, podíamos observar a agitação que nos rodeava. Turistas e locais passeavam e desfrutavam igualmente do ambiente. Gargalhadas, conversas e o som da sidra a ser despejada do alto emolduravam o quadro. A última cena antes do grande final, no conforto rural dos Apartamentos Les Piperes, em Corao, que seria a nossa casa nas duas noites seguintes.
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
@Espsanto, nem sabia que originalmente o Corzo tinha cornos... Obrigado pela dica!
Picos da Europa - 3º Dia
Depois de uma noite de chuva intensa, acordámos algo receosos do que nos esperaria, mas para nosso contentamento, quando saímos do El Caserio, o sol já rompia através das nuvens. Ainda assim, sabíamos que as previsões meteorológicas incluíam aguaceiros, o habitual para aqueles lados.
Alguns quilómetros depois, tínhamos uma paragem planeada, na Igreja de Santa Maria de Lebeña. O templo, datado do Séc. X, é um dos exemplos mais emblemáticos da arquitectura pré-românica e com fortes influências moçárabes. Os diferentes símbolos que se encontram na igreja e nos terrenos em seu redor, são representativos das diversas culturas e povos que aqui viveram ao longo de mais de 1000 anos. Exemplo disso, são as duas árvores icónicas que se encontram nos extremos Norte e Sul: um teixo, símbolo da vida e morte e árvore sagrada dos druidas, e uma oliveira milenar, símbolo da paz e do cristianismo. Reza a lenda que as raízes das duas árvores se entrelaçam, reflectindo a coexistência pacífica das diferentes religiões. Infelizmente não conseguimos entrar. Estava a decorrer uma visita e demoraria mais do que queríamos esperar... apesar disso, a vista exterior compensou a paragem.
Voltámos à estrada para iniciarmos um percurso rodeado de penhascos, picos rochosos esculpidos quase na vertical. Entrávamos no célebre desfiladeiro La Hermida, o maior de Espanha. Por aqui fomos acompanhados pelo rio Deva, serpenteando através das montanhas e oferecendo uma estância termal graças as suas fontes que emanam a mais de 40° de temperatura. Também a pesca é popular por aqui. Ao longo do caminho pudemos observar vários pescadores que tentavam atrair as trutas e salmões que por ali nadam. Estava na hora de fazer uma paragem para café, desta vez já no Principado das Astúrias, em Panes. Como várias outras localidades desta região, Panes, é fortemente marcada pelos rios, desfrutando sem reserva dos mesmos. Aqui perto, o Deva encontra o Cares e os desportos aquáticos são reis.
Depois de um breve troço mais afastado da cordilheira, embrenhámo-nos novamente nas altitudes. O destino era Sotres, uma das povoações mais altas das Astúrias, a 1050m acima do nível do mar. Mas antes de lá chegarmos, ainda passámos por Cabrales, a terra que dá nome a um famoso queijo e pelo funicular de Bulnes, que leva os passageiros a esta aldeia, isolada e sem acesso para veículos motorizados. Chuva, curvas e obstáculos móveis (aka, vacas), foram marcando o caminho. Mas também uma frondosa vegetação, cursos de água e cascatas. O percurso exige prudência, mas recompensa os viajantes.
Chegados a Sotres, ficámos imediatamente apaixonados. Corresponde na integra ao imaginário das aldeias de montanha. E no Inverno, apesar das dificuldades de acesso, deve ficar ainda mais bonita. Além de servir de base a muitos amantes da natureza e dos desportos alpinos, oferece um considerável leque de outros atractivos, sendo a gastronomia um deles. Depois de uma caminhada para explorarmos os recantos da aldeia, onde fomos apanhados por uma forte chuvada, decidimos testar aquela vertente e fomos almoçar na Casa Cipriano. Experimentamos uma "fabada asturiana", um prato típico da região, feito não com favas, mas com feijão branco. O chouriço, a morcela e toucinho, juntavam-se à festa para enriquecer esta explosão de calorias. Delicioso! Para sobremesa, um "arroz con leche". Comida que aquece o corpo e o coração.
Com os estômagos bem compostos, decidimos fazer o caminho até Tresviso. O fim da linha. Onde a estrada que continua depois de Sotres termina. Estávamos cientes que o mais provável seria depararmo-nos com um nevoeiro de tal maneira cerrado que poderíamos ter de voltar para trás, mas arriscámos na mesma. Assim foi! Alguns quilómetros e muitas dezenas de vacas depois, era como se tivessem fechado uma cortina. A visibilidade era quase nula. A adrenalina subia, até porque o pouco que víamos, mostrava o brutal declive da montanha, além do piso não ser famoso e a estrada estreita. Com o coração a galope, chegámos a Tresviso, uma das mais pequenas e menos povoadas aldeias da Cantábria, com apenas 85 habitantes. Uma aldeia de brincar.
Voltámos para trás pela mesma estrada, a única possível e pelo meio do mesmo fantasmagórico nevoeiro. Desafio ultrapassado! Conforme nos aproximávamos novamente de Sotres, o sol ganhava força e a paisagem tornava-se cinematográfica. Autênticos postais! Fazíamos agora o caminho inverso, descendo a montanha e desta vez sem chuva, o que nos permitiu desfrutar mais da viagem, apreciando tanto as curvas como a paisagem em redor.
O nosso próximo destino, situava-se na área limítrofe do Parque dos Picos da Europa e à medida que os quilómetros passavam, as estradas alargavam-se e a geografia suavizava-se. Chegámos ao nosso destino, uma das portas de entrada dos Picos e base para muitos dos seus visitantes, a meio da tarde. As ruas estavam cheias de gente, nesta que era a maior cidade por onde passámos e antiga capital do reino das Astúrias. Estávamos em Cangas de Onís, outro dos locais obrigatórios da região. Além de uma fortíssima vertente comercial, com uma aposta notória nos produtos regionais, como os queijos, os enchidos ou a sidra, Cangas de Onís oferece um ambiente descontraído, com uma grande diversidade hoteleira, monumentos e mais uma vez turismo desportivo. É banhada pelo rio Sella, que por sua vez é atravessado pelo ex-líbris da cidade, a ponte romana, que curiosamente, data originalmente da época medieval. Foi junto da ponte que parámos para descontrair. Na esplanada onde nos sentámos, podíamos observar a agitação que nos rodeava. Turistas e locais passeavam e desfrutavam igualmente do ambiente. Gargalhadas, conversas e o som da sidra a ser despejada do alto emolduravam o quadro. A última cena antes do grande final, no conforto rural dos Apartamentos Les Piperes, em Corao, que seria a nossa casa nas duas noites seguintes.
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
________________________
Boas viagens!
Mário Cordeiro
https://www.facebook.com/Escocia2017
https://www.instagram.com/para_la_da_escocia
https://www.youtube.com/@ParaladaEscocia
Swift- Zero à direita
Re: Picos
Viajar de moto não é apenas curtir a estrada,é parar, e saber olhar como tão bem vocês sabem fazer.
Obrigado pela partilha
Obrigado pela partilha
Espsanto- Zero à direita
Re: Picos
@Espsanto, que grande elogio que nos dás! Obrigado companheiro!
é mesmo isso que gostamos de fazer, é maravilhoso andar de moto e quase tudo o que envolve o mundo das 2 rodas, mas gostamos também de sentir outras coisas, outras comidas, outros cheiros, línguas ou pronuncias diferentes e felizmente temos conseguido juntar estas duas coisas maravilhosas, a moto e as viagens.
Abraço
é mesmo isso que gostamos de fazer, é maravilhoso andar de moto e quase tudo o que envolve o mundo das 2 rodas, mas gostamos também de sentir outras coisas, outras comidas, outros cheiros, línguas ou pronuncias diferentes e felizmente temos conseguido juntar estas duas coisas maravilhosas, a moto e as viagens.
Abraço
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Mário Cordeiro
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Swift- Zero à direita
Re: Picos
Picos da Europa - 4º Dia
Adorámos os Les Piperes, alojamento local que escolhemos para passar as duas últimas noites nos Picos. Perto qb de Cangas de Onís, mas suficientemente afastado para estarmos imersos no sossego campestre, que tão bem nos faz depois dos dias de emoções intensas. Mais uma vez, a chuva fez as honras durante a noite e quando saímos manhã cedo, as nuvens ainda predominavam no céu, apesar das previsões da meteorologia apontarem para um dia quente.
Mais uma vez, saímos cedinho, não só para aproveitarmos ao máximo o dia, mas também para evitarmos as enchentes de turistas que visitam o mais sagrado local das Astúrias: o santuário de Covadonga. Este complexo religioso, é um importante local de culto e peregrinação para os Asturianos e Espanhóis em geral. Reza a história que aqui se terá travado a batalha de Covadonga, onde o Rei Pelágio conseguiu uma importante vitória contra os mouros. Além da imponente basílica construída em estilo neo-românico no Séc. XIX, o Santuário, alberga outros pontos de interesse, como a Santa Cova, local original do culto que remonta ao séc. VIII. Trata-se de uma gruta, escavada na rocha, da qual brota uma cascata e onde se mantém um altar dedicado à Virgem, "La Santina", como é apelidada e onde estão também os túmulos dos reis Pelágio e Afonso I. Após um curto percurso, ao longo do qual fomos subindo e embrenhando-nos novamente num verde magnífico, chegámos ao Santuário. A vista é soberba tanto para quem olha de baixo para a basílica, como quem olha do santuário em redor. Felizmente conseguimos o nosso objectivo e apesar de já se encontrarem muitos turistas por lá, ainda estava praticável e foi possível visitar o santuário como é devido, em paz e sem grandes multidões.
Deixámos o registo espiritual e voltámos à terra, à estrada, mas em breve estaríamos novamente nas alturas, bem perto do céu. Os Picos são profícuos em beleza natural e os miradouros, são mais que muitos. A juntar aos que já tínhamos visitado nos dias anteriores, tínhamos planeado uma passagem por um dos mais importantes da costa norte espanhola: o miradouro El Fitu, situado na Sierra El Sueve a uma altitude de 1100m sobre o nível do mar e a cerca de 1 km de distância do mar Cantábrico. Oferece uma vista panorâmica brutal, cobrindo tanto a região montanhosa, como o mar. Mais uma vez sentimo-nos esmagados por tamanha beleza e extensão do cenário que nos era oferecido. No entanto, não conseguimos ver o mar. Apesar de àquela hora o sol já brilhar no céu e da visibilidade ser incrível do lado interior, do litoral emergia uma camada de nuvens tão espessa como uma parede.
Mas se o mar se escondia, nós iríamos procurá-lo e foi assim que deixamos para trás o El Fitu e serra abaixo, começámos a nossa demanda rumo à costa. Ao longo do caminho, além dos frequentes motociclistas, cruzámo-nos várias vezes com outros viajantes, estes a pé. É que por aqui também passam alguns percursos dos caminhos de Santiago e os peregrinos dividem a estrada com os veículos. Por isso, olhos bem abertos! Chegámos finalmente à costa e Ribadesella dava-nos as boas vindas! Por aqui, o rio vem juntar-se ao mar e as actividades ligadas a eles são mais que muitas, mas talvez a mais acarinhada seja a canoagem. Aqui termina Les Piragües, a descida do Sella, prova rainha deste desporto e que se realiza todos os anos no 1º sábado de Agosto, com mais de 1000 canoas e atletas de todo o mundo. Mas Ribadesella oferece mais do que desportos aquáticos. Por aqui encontram-se importantes vestígios de arte rupestre e ainda formações do Jurássico superior onde se podem encontrar pegadas de dinossauros. E se não forem razões suficientes, deixem-nos dizer, que o encanto descontraído da paisagem balnear, certamente vale uma visita a Ribadesella. Passeámos junto à marina e pelas suas ruas coloridas, espreitámos as bancas do mercado e os seus produtos regionais e aproveitámos para relaxar numa esplanada, onde demos mais uma oportunidade à cidra...mas ainda faltava uma coisa.
Faltava o mar e assim lá fomos, em busca do grande azul, que se encontrava ali ao lado. Nesta altura, as nuvens tinham fugido perante a força do astro rei. O calor apertava e apesar da temperatura do mar cantábrico não ser a mais simpática, a sua cor intensa lançava o engodo. E lá caímos. Um mergulho que lavou a alma e ficará na memória.
O resto do dia foi dedicado àquela zona, onde aproveitámos para visitar outras praias como a de Cuevas del Mar, San Antolín ou a praia de Gulpiyuri. Esta última foi declarada monumento natural em 2001 dada a sua singularidade. Trata-se de uma praia de mar, mas situada terra adentro e que foi formada pela acção do mar que foi escavando um túnel na rocha, deixando assim a água entrar e formar uma pequena praia na maré cheia. Nós tivemos azar. Estava maré vazia e só conseguimos ver areia molhada... E foi assim, inebriados pela maresia que regressámos ao interior, onde nos esperava a última noite nos Picos da Europa.
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
Adorámos os Les Piperes, alojamento local que escolhemos para passar as duas últimas noites nos Picos. Perto qb de Cangas de Onís, mas suficientemente afastado para estarmos imersos no sossego campestre, que tão bem nos faz depois dos dias de emoções intensas. Mais uma vez, a chuva fez as honras durante a noite e quando saímos manhã cedo, as nuvens ainda predominavam no céu, apesar das previsões da meteorologia apontarem para um dia quente.
Mais uma vez, saímos cedinho, não só para aproveitarmos ao máximo o dia, mas também para evitarmos as enchentes de turistas que visitam o mais sagrado local das Astúrias: o santuário de Covadonga. Este complexo religioso, é um importante local de culto e peregrinação para os Asturianos e Espanhóis em geral. Reza a história que aqui se terá travado a batalha de Covadonga, onde o Rei Pelágio conseguiu uma importante vitória contra os mouros. Além da imponente basílica construída em estilo neo-românico no Séc. XIX, o Santuário, alberga outros pontos de interesse, como a Santa Cova, local original do culto que remonta ao séc. VIII. Trata-se de uma gruta, escavada na rocha, da qual brota uma cascata e onde se mantém um altar dedicado à Virgem, "La Santina", como é apelidada e onde estão também os túmulos dos reis Pelágio e Afonso I. Após um curto percurso, ao longo do qual fomos subindo e embrenhando-nos novamente num verde magnífico, chegámos ao Santuário. A vista é soberba tanto para quem olha de baixo para a basílica, como quem olha do santuário em redor. Felizmente conseguimos o nosso objectivo e apesar de já se encontrarem muitos turistas por lá, ainda estava praticável e foi possível visitar o santuário como é devido, em paz e sem grandes multidões.
Deixámos o registo espiritual e voltámos à terra, à estrada, mas em breve estaríamos novamente nas alturas, bem perto do céu. Os Picos são profícuos em beleza natural e os miradouros, são mais que muitos. A juntar aos que já tínhamos visitado nos dias anteriores, tínhamos planeado uma passagem por um dos mais importantes da costa norte espanhola: o miradouro El Fitu, situado na Sierra El Sueve a uma altitude de 1100m sobre o nível do mar e a cerca de 1 km de distância do mar Cantábrico. Oferece uma vista panorâmica brutal, cobrindo tanto a região montanhosa, como o mar. Mais uma vez sentimo-nos esmagados por tamanha beleza e extensão do cenário que nos era oferecido. No entanto, não conseguimos ver o mar. Apesar de àquela hora o sol já brilhar no céu e da visibilidade ser incrível do lado interior, do litoral emergia uma camada de nuvens tão espessa como uma parede.
Mas se o mar se escondia, nós iríamos procurá-lo e foi assim que deixamos para trás o El Fitu e serra abaixo, começámos a nossa demanda rumo à costa. Ao longo do caminho, além dos frequentes motociclistas, cruzámo-nos várias vezes com outros viajantes, estes a pé. É que por aqui também passam alguns percursos dos caminhos de Santiago e os peregrinos dividem a estrada com os veículos. Por isso, olhos bem abertos! Chegámos finalmente à costa e Ribadesella dava-nos as boas vindas! Por aqui, o rio vem juntar-se ao mar e as actividades ligadas a eles são mais que muitas, mas talvez a mais acarinhada seja a canoagem. Aqui termina Les Piragües, a descida do Sella, prova rainha deste desporto e que se realiza todos os anos no 1º sábado de Agosto, com mais de 1000 canoas e atletas de todo o mundo. Mas Ribadesella oferece mais do que desportos aquáticos. Por aqui encontram-se importantes vestígios de arte rupestre e ainda formações do Jurássico superior onde se podem encontrar pegadas de dinossauros. E se não forem razões suficientes, deixem-nos dizer, que o encanto descontraído da paisagem balnear, certamente vale uma visita a Ribadesella. Passeámos junto à marina e pelas suas ruas coloridas, espreitámos as bancas do mercado e os seus produtos regionais e aproveitámos para relaxar numa esplanada, onde demos mais uma oportunidade à cidra...mas ainda faltava uma coisa.
Faltava o mar e assim lá fomos, em busca do grande azul, que se encontrava ali ao lado. Nesta altura, as nuvens tinham fugido perante a força do astro rei. O calor apertava e apesar da temperatura do mar cantábrico não ser a mais simpática, a sua cor intensa lançava o engodo. E lá caímos. Um mergulho que lavou a alma e ficará na memória.
O resto do dia foi dedicado àquela zona, onde aproveitámos para visitar outras praias como a de Cuevas del Mar, San Antolín ou a praia de Gulpiyuri. Esta última foi declarada monumento natural em 2001 dada a sua singularidade. Trata-se de uma praia de mar, mas situada terra adentro e que foi formada pela acção do mar que foi escavando um túnel na rocha, deixando assim a água entrar e formar uma pequena praia na maré cheia. Nós tivemos azar. Estava maré vazia e só conseguimos ver areia molhada... E foi assim, inebriados pela maresia que regressámos ao interior, onde nos esperava a última noite nos Picos da Europa.
Se quiserem ver o vídeo deste dia:
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Mário Cordeiro
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Swift- Zero à direita
Re: Picos
Inicialmente também tinha nos meus planos uma passagem pela costa, mas depois acabei por ter de alterar....
Quando voltar a essas paragens, vai ser um dos objectivos
Quando voltar a essas paragens, vai ser um dos objectivos
________________________
César Filipe
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