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Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
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Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Pontapé de saída da crónica desta padeirada de 4 dias...
Primeiro os mapas.
Depois os números.
Track: http://www.gpsies.com/map.do?fileId=ewlqlgxzocpzgpbc
Inicio:01:11:2012 6:32:15
Fim: 04:11:2012 17:26:46
Distância total percorrida (GPS): 1274.13kms
Tempo Total: 82:54:31 (Andamento: 23:18:02 + Paragens: 59:36:29)
Altitude Mínima: 0.00m
Altitude Máxima: 1188.90m
Velocidade Média (andamento): 54.68km/h
Distribuição de velocidades:
0-60km/h: 19.7%
60-100km/h: 59.9%
100-140km/h: 20.3%
+140km/h: 0.1%
Crónica original: http://www.comandopadeiros.org/t1563-rota-dos-pueblos-blancos-01-04nov2012#20022
Cumps!
Primeiro os mapas.
Depois os números.
Track: http://www.gpsies.com/map.do?fileId=ewlqlgxzocpzgpbc
Inicio:01:11:2012 6:32:15
Fim: 04:11:2012 17:26:46
Distância total percorrida (GPS): 1274.13kms
Tempo Total: 82:54:31 (Andamento: 23:18:02 + Paragens: 59:36:29)
Altitude Mínima: 0.00m
Altitude Máxima: 1188.90m
Velocidade Média (andamento): 54.68km/h
Distribuição de velocidades:
0-60km/h: 19.7%
60-100km/h: 59.9%
100-140km/h: 20.3%
+140km/h: 0.1%
Crónica original: http://www.comandopadeiros.org/t1563-rota-dos-pueblos-blancos-01-04nov2012#20022
Cumps!
Última edição por Cobra em Sáb Set 19 2015, 14:34, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Então cá vai o primeiro dia de crónica...
Dia 01, Lisboa - Arcos de La Frontera.
O Rui andava com vontade de arejar a cabeça, e em conversa lançou-me a ideia de reeditar um percurso da padaria já feito há uns anos pela zona do Alto Douro e Trás-os-Montes, com o nome Rota das Aldeias Perdidas. Fiz esse passeio, foi memorável, sobretudo pela belíssima região que nos revelou. Seriam algo à volta dos 1500kms para serem feitos num mínimo de 4 dias.
Eu estava disposto a isso, mas entretanto saltou para a “mesa” outra ideia ainda não concretizada, algo no mesmo formato mas pela zona do Minho e Gerês com uma pequena incursão pela costa oeste da Galiza. Por uma questão de prioridades e porque o Douro se faz melhor em Primavera florida, recuperou-se a ideia do Minho.
Começámos a olhar para datas, e efectivamente até ao fim do ano só havia uma capaz de encaixar 4 dias de “cu tremido”, o fim-de-semana de Finados, de 01 a 04 de Novembro. Estávamos os dois alinhados, em particular no que toca a não apanhar chuva, assim, enriquecemos as duas propostas com mais duas alternativas, Sul de Espanha (Andaluzia) e Parque Natural do Alvão, este último para fazer num formato de dois dias num qualquer fim-de-semana que o permitisse. A opção de Sul de Espanha estaria guardada para segundo lugar, no caso de estar agreste a Norte.
Finalmente, não sendo possível sair no fim-de-semana grande, sobraria o Alvão para fazer no primeiro fim-de-semana sem chuva. O Rui tratou dos trajectos a Norte, e eu tratei de traçar percursos para o Alvão e Espanha. Estive precisamente de férias em Agosto pela Andaluzia, e assim que de lá vim, meti logo na cabeça que tinha de lá voltar, mas de moto! Não foi portanto difícil idealizar um percurso de quatro dias por aquela bonita região. O factor financeiro foi levado em conta, claro! Contas feitas, pelo Minho, Douro ou Espanha, os custos eram semelhantes. Os preços de estadia são muito iguais, e o que se poupa em refeições por cá, poupa-se em gasolina por Espanha. Deste modo, a estratégia estava acertada, só nos restava anunciar o passeio e ir espreitando as previsões do tempo, sempre muito instáveis nesta altura do ano.
O São Pedro não estava a querer colaborar, e a Norte reservava-nos quatro dias de chuva. A Sul parecia estar melhor, temperaturas mais amenas e pelo menos dois dias sem água. Apontámos a mira para Espanha e avançámos com as reservas. De véspera, apenas estavam anunciados 14mm de chuva com trovoadas para Sábado, e menos de 10mm de aguaceiros para Domingo. Achámos que estas previsões eram razoáveis e não seriam impedimento para sair de casa.
5 e um quarto de Quinta-feira de manhã e já estava com a Tiger na rua carregada… Meia-hora chegava para ir de casa à estação de serviço do Fogueteiro, onde me aguardava o Barradas… Ena, vou cumprir o horário!... Liguei a Tiger, sentei-me de cima, engato, e primeira e aí vamos nós… Levanto o pé para a segunda… Levanto o pé para meter a segunda… Levanto o pé para engatar a segunda mudança… Nada, não havia segunda… Boa!... Estava o selector de mudança puxado para cima, não conseguia engatar qualquer mudança para cima. Andei a limpar o pinhão de ataque no fim-de-semana passado e claro, o reajuste do selector de mudanças a olho só podia dar raia!
Puxei de uma chave de boca, e lá dei um jeito para baixo. Um centímetro foi o que bastou para conseguir de novo operar a caixa… Ena, já não vou cumprir horário…
Com cerca de 10 minutos de atraso, ainda era de noite quando cheguei ao ponto de encontro onde já se encontrava o Barradas. Ainda deu para acertar a pressão dos pneus, e metemo-nos a caminho. Estava um frio do caneco, e o Sol começava a espreitar timidamente no horizonte. Seguimos A2 abaixo até Grândola. Por uma ou duas vezes foi me dando o sono, nada de preocupante, mas o suficiente para não ir confortável. Finalmente saída para nacional, e a coisa melhorou, num ritmo menos monótono e cenário mais interessante!
Parámos numa aldeia assim que vimos o letreiro do multibanco. O Barradas precisava de dinheiro, e já se bebia qualquer coisa para aquecer a garganta. Dar com o multibanco não foi fácil, mas lá conseguimos. Já café não havia, metemo-nos outra vez à estrada.
Encostámos logo depois em Beringel num tasco à beira da nacional. Um galão para cada um e umas palavras simpáticas trocadas com o dono do café. Já de saída cruzámos com um velhote castiço. Quando digo castiço, não lhes estou a fazer justiça, o homem era o supra-sumo da castiçe, o verdadeiro Don Juan da terra! Um modernaço que se fazia deslocar numa lambreta eléctrica. Com um casaco de flanela aos quadrados envergava uns fabulosos óculos da moda, provavelmente retirados de alguma revista Marie Claire. Ao pescoço uma corrente com uma série de penduricalhos, em pchibeque certamente, mas nem por isso com menos estilo. Com uma boa disposição que só se encontra nas gentes destas terras, encetou logo conversa connosco, sobre motas claro. Dizia ele que a motoreta que tinha só dava para andar por ali, mas que era económica. Apontando para as Tigers disse-nos que também já tinha tido motas dessas em Lisboa, 125 ou assim. Uma simpatia que deixa qualquer um bem disposto! Despedimo-nos e seguimos caminho para mais uns quilómetros de estrada.
O Sol estava a erguer-se, a estrada era boa, e foi com excelente disposição que saímos de Portugal por Rosal de La Frontera. Abastecemos a cerca de menos 0.20€ o litro, ó alegria e, seguimos em direcção a Aracena.
Para baixo notava-se muito trânsito no sentido contrário. Estávamos na dúvida se por aqui também seria feriado de Todos os Santos, e era mesmo.
Para além disso, nesta altura os espanhóis da zona entretêm-se em passeatas pela Sierra de Aracena a apanhar castanha que por aqui é aos milhões. Não estou a exagerar, apercebemo-nos disso porque as bermas estão cobertas de castanhas largadas pelos castanheiros junto à estrada.
O tempo estava bom, o ritmo também, e por este andar ainda iamos almoçar a Arcos de La Frontera, o nosso destino.
Teria dado, já que o pessoal aqui pensa no almoço depois das 14h00, mas na verdade optámos por parar num Assador à beira da estrada.
Não se comeu mal. Mandámos vir uma “ensalada” e uns lombinhos de porco saborosos e bem aviados. A batata é que estava banhada em óleo como é costume, mas nada de preocupante.
Terminou-se com um café solo e ficámos enfartados. Seguimos para a estrada, já pouco faltava para chegar aos Pueblos Blancos.
Antes de seguir, algum contexto: os Pueblos Blancos resumem-se a uma vintena de aldeias e cidades localizadas na sua maioria no Parque Natural da Serra de Grazalema, situada no Norte das Províncias de Cádiz e Málaga. Estes pequenos aglomerados populacionais caracterizam-se pela sua traça fortemente inspirada nas Medinas Árabes. São formados por pequenas casas brancas com telha castanha, amontoadas em encostas ou enfiadas em vales. Estes Pueblos isolados na Sierra, nascem durante a reconquista espanhola da Andaluzia aos Árabes. Nessa altura os mouros são perseguidos e alguns refugiam-se na serra para não regressar despojados a África. Formam então estas aldeias e vilas seguindo o modelo da Medina. E assim, se mantiveram estes locais até hoje em dia, fantasticamente preservados.
Bom, nós saímos da nacional, e dirigimo-nos para Villamartín, um dos Pueblos limítrofes a Norte. Apareceram as primeiras planícies que nesta altura estão “carecas” de qualquer cultura. Aqui cultiva-se muito girassol, quando digo muito é mesmo muito. Hectares e hectares de girassol plantados.
Chegámos a Villamartín, que não é nada de especial diga-se de passagem. Claramente um dos Pueblos menos interessantes. Ainda nos perdemos na saída por uma indicação errada do GPS.
Fizemos meia-volta, e seguimos para Bornos, outro Pueblo ali pertinho.
Bornos também não é particularmente bonito, mas tem uma característica importante, uma albufeira mesmo defronte, com vista para a serra.
Depois de nos enganarmos à saída de Villamartín, fizemos o mesmo à entrada de Bornos. Tudo bem, estamos com tempo e estamos de férias!
Atravessámos o Pueblo e fomos até à beira da albufeira, havia por lá muita juventude.
Estacionámos as Tiger e fomos tirar umas fotos bem bonitas.
Não nos demorámos e saímos dali para Arcos, o nosso destino logo mais à frente.
Arcos de La Frontera é um Pueblo importante e a sua dimensão já lhe confere estatuto de cidade. Está impressionantemente localizado num penhasco e é o local perfeito para se ficar e para primeira abordagem aos Pueblos. A cidade é um excelente postal, e possuí uma série de características típicas que resumem bem o que é o espírito Andaluz.
Entrámos pelo Norte da cidade e encontrámos logo o hotel, bem situado e totalmente enquadrado com o espírito da cidade. Estacionámos ali perto as Tigers e fomos tratar do check-in.
Acertámos com o rapaz na recepção, um tipo jovem muito simpático e decidimos deixar as motas no parque de estacionamento coberto ali próximo.
Malas descarregadas, motas arrumadas, roupa trocada e saímos à rua para desfrutar o espectacular fim de dia na cidade. Ainda antes de sair, numa pequena conversa com o recepcionista ficamos a saber que este edifício foi construído em 1834 de raiz com a finalidade de hotel, sendo o primeiro em Arcos e o mais antigo da Andaluzia. Segundo ele, também o mais antigo de Espanha. Terá ainda funcionado como casino durante algum tempo, mantendo até aos dias de hoje grande parte da sua estrutura e decoração original.
Já no exterior subimos até à zona antiga da cidade ou “casco antiguo” como lhe chamam.
Percorremos as ruas estreitas em direcção à Plaza del Cabildo onde se tem uma das melhores vistas para o exterior da cidade mesmo de cima do penhasco.
Esta praça serve também a magnífica Basílica de Santa Maria datada do século XV.
Muitas fotos que ficaram particularmente bem com a ajuda da magnífica luminosidade do Sol em fim de tarde.
Continuámos pelas ruelas em direcção ao miradouro dos Abades no lado Este da cidade.
Pelo caminho já se via muita vida nas ruas: beber e comer é com este pessoal!
Mais umas fotos fantásticas, e regresso a Oeste por outro caminho.
Mais fotos no miradouro del Cabildo e descemos até um pouco mais abaixo do nosso hotel à procura de ceia.
Estávamos ambos bem aviados do almoço, pelo que fomos à procura de algo mais leve e ao estilo andaluz. Parámos num bar e mandávamos vir de beber. A comida veio mais tarde dado que a cozinha ainda não estava aberta. Este pessoal só começa a pensar em comer lá para as 9 e picos da noite. Vieram umas gambas al ajillo, uns pinchos e umas patatas bravas. Estava tudo bem bom! Fomos comendo, bebendo, falando e espreitando a vida em nosso redor, fazendo como eles fazem e ficámos satisfeitos.
Ainda antes do descanso, mais uma voltinha a el Cabildo para umas fotos nocturnas e finalmente regresso ao hotel para mandar umas fotos para a net e para o merecido descanso.
Amanhã, la Sierra, de preferência sem chuva se faz favor!
continua...
Dia 01, Lisboa - Arcos de La Frontera.
O Rui andava com vontade de arejar a cabeça, e em conversa lançou-me a ideia de reeditar um percurso da padaria já feito há uns anos pela zona do Alto Douro e Trás-os-Montes, com o nome Rota das Aldeias Perdidas. Fiz esse passeio, foi memorável, sobretudo pela belíssima região que nos revelou. Seriam algo à volta dos 1500kms para serem feitos num mínimo de 4 dias.
Eu estava disposto a isso, mas entretanto saltou para a “mesa” outra ideia ainda não concretizada, algo no mesmo formato mas pela zona do Minho e Gerês com uma pequena incursão pela costa oeste da Galiza. Por uma questão de prioridades e porque o Douro se faz melhor em Primavera florida, recuperou-se a ideia do Minho.
Começámos a olhar para datas, e efectivamente até ao fim do ano só havia uma capaz de encaixar 4 dias de “cu tremido”, o fim-de-semana de Finados, de 01 a 04 de Novembro. Estávamos os dois alinhados, em particular no que toca a não apanhar chuva, assim, enriquecemos as duas propostas com mais duas alternativas, Sul de Espanha (Andaluzia) e Parque Natural do Alvão, este último para fazer num formato de dois dias num qualquer fim-de-semana que o permitisse. A opção de Sul de Espanha estaria guardada para segundo lugar, no caso de estar agreste a Norte.
Finalmente, não sendo possível sair no fim-de-semana grande, sobraria o Alvão para fazer no primeiro fim-de-semana sem chuva. O Rui tratou dos trajectos a Norte, e eu tratei de traçar percursos para o Alvão e Espanha. Estive precisamente de férias em Agosto pela Andaluzia, e assim que de lá vim, meti logo na cabeça que tinha de lá voltar, mas de moto! Não foi portanto difícil idealizar um percurso de quatro dias por aquela bonita região. O factor financeiro foi levado em conta, claro! Contas feitas, pelo Minho, Douro ou Espanha, os custos eram semelhantes. Os preços de estadia são muito iguais, e o que se poupa em refeições por cá, poupa-se em gasolina por Espanha. Deste modo, a estratégia estava acertada, só nos restava anunciar o passeio e ir espreitando as previsões do tempo, sempre muito instáveis nesta altura do ano.
O São Pedro não estava a querer colaborar, e a Norte reservava-nos quatro dias de chuva. A Sul parecia estar melhor, temperaturas mais amenas e pelo menos dois dias sem água. Apontámos a mira para Espanha e avançámos com as reservas. De véspera, apenas estavam anunciados 14mm de chuva com trovoadas para Sábado, e menos de 10mm de aguaceiros para Domingo. Achámos que estas previsões eram razoáveis e não seriam impedimento para sair de casa.
5 e um quarto de Quinta-feira de manhã e já estava com a Tiger na rua carregada… Meia-hora chegava para ir de casa à estação de serviço do Fogueteiro, onde me aguardava o Barradas… Ena, vou cumprir o horário!... Liguei a Tiger, sentei-me de cima, engato, e primeira e aí vamos nós… Levanto o pé para a segunda… Levanto o pé para meter a segunda… Levanto o pé para engatar a segunda mudança… Nada, não havia segunda… Boa!... Estava o selector de mudança puxado para cima, não conseguia engatar qualquer mudança para cima. Andei a limpar o pinhão de ataque no fim-de-semana passado e claro, o reajuste do selector de mudanças a olho só podia dar raia!
Puxei de uma chave de boca, e lá dei um jeito para baixo. Um centímetro foi o que bastou para conseguir de novo operar a caixa… Ena, já não vou cumprir horário…
Com cerca de 10 minutos de atraso, ainda era de noite quando cheguei ao ponto de encontro onde já se encontrava o Barradas. Ainda deu para acertar a pressão dos pneus, e metemo-nos a caminho. Estava um frio do caneco, e o Sol começava a espreitar timidamente no horizonte. Seguimos A2 abaixo até Grândola. Por uma ou duas vezes foi me dando o sono, nada de preocupante, mas o suficiente para não ir confortável. Finalmente saída para nacional, e a coisa melhorou, num ritmo menos monótono e cenário mais interessante!
Parámos numa aldeia assim que vimos o letreiro do multibanco. O Barradas precisava de dinheiro, e já se bebia qualquer coisa para aquecer a garganta. Dar com o multibanco não foi fácil, mas lá conseguimos. Já café não havia, metemo-nos outra vez à estrada.
Encostámos logo depois em Beringel num tasco à beira da nacional. Um galão para cada um e umas palavras simpáticas trocadas com o dono do café. Já de saída cruzámos com um velhote castiço. Quando digo castiço, não lhes estou a fazer justiça, o homem era o supra-sumo da castiçe, o verdadeiro Don Juan da terra! Um modernaço que se fazia deslocar numa lambreta eléctrica. Com um casaco de flanela aos quadrados envergava uns fabulosos óculos da moda, provavelmente retirados de alguma revista Marie Claire. Ao pescoço uma corrente com uma série de penduricalhos, em pchibeque certamente, mas nem por isso com menos estilo. Com uma boa disposição que só se encontra nas gentes destas terras, encetou logo conversa connosco, sobre motas claro. Dizia ele que a motoreta que tinha só dava para andar por ali, mas que era económica. Apontando para as Tigers disse-nos que também já tinha tido motas dessas em Lisboa, 125 ou assim. Uma simpatia que deixa qualquer um bem disposto! Despedimo-nos e seguimos caminho para mais uns quilómetros de estrada.
O Sol estava a erguer-se, a estrada era boa, e foi com excelente disposição que saímos de Portugal por Rosal de La Frontera. Abastecemos a cerca de menos 0.20€ o litro, ó alegria e, seguimos em direcção a Aracena.
Para baixo notava-se muito trânsito no sentido contrário. Estávamos na dúvida se por aqui também seria feriado de Todos os Santos, e era mesmo.
Para além disso, nesta altura os espanhóis da zona entretêm-se em passeatas pela Sierra de Aracena a apanhar castanha que por aqui é aos milhões. Não estou a exagerar, apercebemo-nos disso porque as bermas estão cobertas de castanhas largadas pelos castanheiros junto à estrada.
O tempo estava bom, o ritmo também, e por este andar ainda iamos almoçar a Arcos de La Frontera, o nosso destino.
Teria dado, já que o pessoal aqui pensa no almoço depois das 14h00, mas na verdade optámos por parar num Assador à beira da estrada.
Não se comeu mal. Mandámos vir uma “ensalada” e uns lombinhos de porco saborosos e bem aviados. A batata é que estava banhada em óleo como é costume, mas nada de preocupante.
Terminou-se com um café solo e ficámos enfartados. Seguimos para a estrada, já pouco faltava para chegar aos Pueblos Blancos.
Antes de seguir, algum contexto: os Pueblos Blancos resumem-se a uma vintena de aldeias e cidades localizadas na sua maioria no Parque Natural da Serra de Grazalema, situada no Norte das Províncias de Cádiz e Málaga. Estes pequenos aglomerados populacionais caracterizam-se pela sua traça fortemente inspirada nas Medinas Árabes. São formados por pequenas casas brancas com telha castanha, amontoadas em encostas ou enfiadas em vales. Estes Pueblos isolados na Sierra, nascem durante a reconquista espanhola da Andaluzia aos Árabes. Nessa altura os mouros são perseguidos e alguns refugiam-se na serra para não regressar despojados a África. Formam então estas aldeias e vilas seguindo o modelo da Medina. E assim, se mantiveram estes locais até hoje em dia, fantasticamente preservados.
Bom, nós saímos da nacional, e dirigimo-nos para Villamartín, um dos Pueblos limítrofes a Norte. Apareceram as primeiras planícies que nesta altura estão “carecas” de qualquer cultura. Aqui cultiva-se muito girassol, quando digo muito é mesmo muito. Hectares e hectares de girassol plantados.
Chegámos a Villamartín, que não é nada de especial diga-se de passagem. Claramente um dos Pueblos menos interessantes. Ainda nos perdemos na saída por uma indicação errada do GPS.
Fizemos meia-volta, e seguimos para Bornos, outro Pueblo ali pertinho.
Bornos também não é particularmente bonito, mas tem uma característica importante, uma albufeira mesmo defronte, com vista para a serra.
Depois de nos enganarmos à saída de Villamartín, fizemos o mesmo à entrada de Bornos. Tudo bem, estamos com tempo e estamos de férias!
Atravessámos o Pueblo e fomos até à beira da albufeira, havia por lá muita juventude.
Estacionámos as Tiger e fomos tirar umas fotos bem bonitas.
Não nos demorámos e saímos dali para Arcos, o nosso destino logo mais à frente.
Arcos de La Frontera é um Pueblo importante e a sua dimensão já lhe confere estatuto de cidade. Está impressionantemente localizado num penhasco e é o local perfeito para se ficar e para primeira abordagem aos Pueblos. A cidade é um excelente postal, e possuí uma série de características típicas que resumem bem o que é o espírito Andaluz.
Entrámos pelo Norte da cidade e encontrámos logo o hotel, bem situado e totalmente enquadrado com o espírito da cidade. Estacionámos ali perto as Tigers e fomos tratar do check-in.
Acertámos com o rapaz na recepção, um tipo jovem muito simpático e decidimos deixar as motas no parque de estacionamento coberto ali próximo.
Malas descarregadas, motas arrumadas, roupa trocada e saímos à rua para desfrutar o espectacular fim de dia na cidade. Ainda antes de sair, numa pequena conversa com o recepcionista ficamos a saber que este edifício foi construído em 1834 de raiz com a finalidade de hotel, sendo o primeiro em Arcos e o mais antigo da Andaluzia. Segundo ele, também o mais antigo de Espanha. Terá ainda funcionado como casino durante algum tempo, mantendo até aos dias de hoje grande parte da sua estrutura e decoração original.
Já no exterior subimos até à zona antiga da cidade ou “casco antiguo” como lhe chamam.
Percorremos as ruas estreitas em direcção à Plaza del Cabildo onde se tem uma das melhores vistas para o exterior da cidade mesmo de cima do penhasco.
Esta praça serve também a magnífica Basílica de Santa Maria datada do século XV.
Muitas fotos que ficaram particularmente bem com a ajuda da magnífica luminosidade do Sol em fim de tarde.
Continuámos pelas ruelas em direcção ao miradouro dos Abades no lado Este da cidade.
Pelo caminho já se via muita vida nas ruas: beber e comer é com este pessoal!
Mais umas fotos fantásticas, e regresso a Oeste por outro caminho.
Mais fotos no miradouro del Cabildo e descemos até um pouco mais abaixo do nosso hotel à procura de ceia.
Estávamos ambos bem aviados do almoço, pelo que fomos à procura de algo mais leve e ao estilo andaluz. Parámos num bar e mandávamos vir de beber. A comida veio mais tarde dado que a cozinha ainda não estava aberta. Este pessoal só começa a pensar em comer lá para as 9 e picos da noite. Vieram umas gambas al ajillo, uns pinchos e umas patatas bravas. Estava tudo bem bom! Fomos comendo, bebendo, falando e espreitando a vida em nosso redor, fazendo como eles fazem e ficámos satisfeitos.
Ainda antes do descanso, mais uma voltinha a el Cabildo para umas fotos nocturnas e finalmente regresso ao hotel para mandar umas fotos para a net e para o merecido descanso.
Amanhã, la Sierra, de preferência sem chuva se faz favor!
continua...
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 15:25, editado 3 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Como ja nos tens habituado, apenas...espectacular
Uma bela rota sim senhor
Abraço
Uma bela rota sim senhor
Abraço
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Excelente, muito bem relatado e cheio de fotografias espectaculares.
A luz do Outono é linda, juntando uma nuvens o céu fica perfeito para as fotografias.
Já me aconteceu o mesmo com o selector de mudanças... ficou muito alto como contigo depois reparei que aquilo tem lá uma marca onde deve ficar
Aí vai um fico a aguardar o dia seguinte.
Um abraço.
A luz do Outono é linda, juntando uma nuvens o céu fica perfeito para as fotografias.
Já me aconteceu o mesmo com o selector de mudanças... ficou muito alto como contigo depois reparei que aquilo tem lá uma marca onde deve ficar
Aí vai um fico a aguardar o dia seguinte.
Um abraço.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
vou dar um porque acredito que ainda vai chover durante essa viagem
Bom relato e boas fotos, venham mais
Bom relato e boas fotos, venham mais
plourenço- Zero à esquerda
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Mais 1 M para o Cobra!!!
Altissimo nivel como sempre!
Altissimo nivel como sempre!
________________________
MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Venha mais!
________________________
João P. Teixeira
Y FZ6 N S2 (112000 km)
M Factor RR
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Boa viagem, sim sr. Já levaste mérito.
A segunda parte demora muito?
A segunda parte demora muito?
________________________
A curtir o caminho...
efepe- A tirar a carta
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
para o Cobra pela partilha do talento!
Luís Azevedo- Ainda é motorato!
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Cucu!
Muito bonito!
Vou ficar à espera para ver o resto pois é uma zona que adoro... por falar nisso, já vai sendo tempo de eu lá voltar!
e
Muito bonito!
Vou ficar à espera para ver o resto pois é uma zona que adoro... por falar nisso, já vai sendo tempo de eu lá voltar!
e
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Dia 02, Arcos de la Frontera - Ronda.
Acordámos, rotina da manhã e descida para tomar pequeno-almoço, que seria servido num café, na porta ao lado do hotel. Decoração tradicional e típica com uma série de fotos antigas de Arcos penduradas na parede. Café com “leche”, tostada e um sumo de laranja se faz favor.
Despachados, saímos do hotel para ir buscar as “burras” que tinham ficado em descanso na garagem. Fomos saldar as contas à recepção e com o tipo do café que para além de 1,80€ acordado por café e torradas conseguiu nos levar mais um euro e picos extra pelo sumo de laranja. Tudo bem, 3€ e tal está ainda em muito boa conta para pequeno-almoço.
Carregámos as malas e saímos da cidade. O céu estava totalmente nublado sem ameaçar chuva. Está certo que não iríamos ver o Sol hoje, mas pelo aspecto também a água não nos faria companhia. Ainda antes de sair de Arcos, paragem no miradouro exterior da cidade que proporciona a típica foto de postal. Vale a pena fazer a despedida por aqui.
Lubrificaram-se as correntes e seguimos até ao primeiro posto para atestar depósitos. Tudo pronto, e siga serra acima! Atravessámos El Bosque e a estrada começava a serpentear. Em nosso redor uma magnífica paisagem de montes e vales. Primeira paragem rápida em Puerto de Boyar.
Logo de seguida descida a Grazalema para tirar umas magníficas fotos deste Pueblo escondido no vale.
Voltámos atrás e subimos até Puerto de las Palomas. Aí desligámos as Tiger e subimos ao miradouro.
Daqui consegue se ver a estrada ziguezagueante que iríamos ter pela frente.
Regresso às motos e iniciámos a descida em modo turismo, curtindo a estrada e paisagem. Assim que começámos a avistar a albufeira de Zahara nova paragem, sem sair da moto, para tirar uma foto.
Mais uns quilómetros e entrávamos em Zahara. Este Pueblo digno de destaque, está maravilhosamente situado na encosta de um monte e debruçado sobre a grande albufeira do mesmo nome.
As ruas são estreitas e íngremes, como é típico. As casinhas de um branco angelical vão se amontoando pela encosta, culminando nas ruínas de um castelo bem erguido lá no cimo.
Atravessámos Zahara em direcção à praça principal, com cuidado para não virar o “boneco”!
A sorte estava do nosso lado e conseguimos arranjar um lugar para as Tiger na praça principal, o estacionamento por aqui é coisa rara.
A temperatura estava amena e fomos explorar a aldeia. Começámos a subir em direcção ao castelo e quando pensávamos que já o tínhamos alcançado, faltavam afinal mais uns 200 metros de subida íngreme.
A vista daqui era boa, e desistimos de subir mais.
Voltámos à praça e sentámo-nos na esplanada. Ainda era cedo, mas já se serviam almoços e havia Wi-fi grátis por aqui.
Fomos ao menu de dois pratos, que não estava nem bom, nem mau, antes pelo contrário. Salada de tomate para entrada (ou como lhe chamam: “tomate aliñado”) e frango para prato principal com direito a sobremesa no final.
Estava-se muito bem ali e depois de terminar o repasto fomos desmoer até outra praça mais adiante onde se encontrava um mar de gente a comer e beber.
Tínhamos acabado de almoçar e este pessoal estava a preparar-se para começar!
De volta às motas, enfiar capacete, casaco, luvas e seguimos o caminho.
Saímos de Zahara, contornando a albufeira e cerca de 1km mais adiante ainda conseguimos tirar mais umas fotos com vista para a albufeira e cidade.
Mais à frente uma breve passagem por Algodonales, sem paragem que não há por lá nada digno de registo. Finalmente, e após mais quilómetros de boa estrada aproximávamo-nos de Olvera, um Pueblo interessante, grande, encarrapitado no topo de um morro. Entrámos na cidade por um acesso alternativo que nos deixou mesmo onde queríamos, a meio caminho do privilegiado miradouro onde se encontra a magnífica igreja de Nuestra Señora de la Encarnación. O acesso até lá é íngreme e estreito, fomos com cautela e chegámos ao topo sem problemas. Esticar pernas, tirar umas fotos, dois dedos de conversa e estávamos a caminho de Setenil de las Bodegas.
continua...
Acordámos, rotina da manhã e descida para tomar pequeno-almoço, que seria servido num café, na porta ao lado do hotel. Decoração tradicional e típica com uma série de fotos antigas de Arcos penduradas na parede. Café com “leche”, tostada e um sumo de laranja se faz favor.
Despachados, saímos do hotel para ir buscar as “burras” que tinham ficado em descanso na garagem. Fomos saldar as contas à recepção e com o tipo do café que para além de 1,80€ acordado por café e torradas conseguiu nos levar mais um euro e picos extra pelo sumo de laranja. Tudo bem, 3€ e tal está ainda em muito boa conta para pequeno-almoço.
Carregámos as malas e saímos da cidade. O céu estava totalmente nublado sem ameaçar chuva. Está certo que não iríamos ver o Sol hoje, mas pelo aspecto também a água não nos faria companhia. Ainda antes de sair de Arcos, paragem no miradouro exterior da cidade que proporciona a típica foto de postal. Vale a pena fazer a despedida por aqui.
Lubrificaram-se as correntes e seguimos até ao primeiro posto para atestar depósitos. Tudo pronto, e siga serra acima! Atravessámos El Bosque e a estrada começava a serpentear. Em nosso redor uma magnífica paisagem de montes e vales. Primeira paragem rápida em Puerto de Boyar.
Logo de seguida descida a Grazalema para tirar umas magníficas fotos deste Pueblo escondido no vale.
Voltámos atrás e subimos até Puerto de las Palomas. Aí desligámos as Tiger e subimos ao miradouro.
Daqui consegue se ver a estrada ziguezagueante que iríamos ter pela frente.
Regresso às motos e iniciámos a descida em modo turismo, curtindo a estrada e paisagem. Assim que começámos a avistar a albufeira de Zahara nova paragem, sem sair da moto, para tirar uma foto.
Mais uns quilómetros e entrávamos em Zahara. Este Pueblo digno de destaque, está maravilhosamente situado na encosta de um monte e debruçado sobre a grande albufeira do mesmo nome.
As ruas são estreitas e íngremes, como é típico. As casinhas de um branco angelical vão se amontoando pela encosta, culminando nas ruínas de um castelo bem erguido lá no cimo.
Atravessámos Zahara em direcção à praça principal, com cuidado para não virar o “boneco”!
A sorte estava do nosso lado e conseguimos arranjar um lugar para as Tiger na praça principal, o estacionamento por aqui é coisa rara.
A temperatura estava amena e fomos explorar a aldeia. Começámos a subir em direcção ao castelo e quando pensávamos que já o tínhamos alcançado, faltavam afinal mais uns 200 metros de subida íngreme.
A vista daqui era boa, e desistimos de subir mais.
Voltámos à praça e sentámo-nos na esplanada. Ainda era cedo, mas já se serviam almoços e havia Wi-fi grátis por aqui.
Fomos ao menu de dois pratos, que não estava nem bom, nem mau, antes pelo contrário. Salada de tomate para entrada (ou como lhe chamam: “tomate aliñado”) e frango para prato principal com direito a sobremesa no final.
Estava-se muito bem ali e depois de terminar o repasto fomos desmoer até outra praça mais adiante onde se encontrava um mar de gente a comer e beber.
Tínhamos acabado de almoçar e este pessoal estava a preparar-se para começar!
De volta às motas, enfiar capacete, casaco, luvas e seguimos o caminho.
Saímos de Zahara, contornando a albufeira e cerca de 1km mais adiante ainda conseguimos tirar mais umas fotos com vista para a albufeira e cidade.
Mais à frente uma breve passagem por Algodonales, sem paragem que não há por lá nada digno de registo. Finalmente, e após mais quilómetros de boa estrada aproximávamo-nos de Olvera, um Pueblo interessante, grande, encarrapitado no topo de um morro. Entrámos na cidade por um acesso alternativo que nos deixou mesmo onde queríamos, a meio caminho do privilegiado miradouro onde se encontra a magnífica igreja de Nuestra Señora de la Encarnación. O acesso até lá é íngreme e estreito, fomos com cautela e chegámos ao topo sem problemas. Esticar pernas, tirar umas fotos, dois dedos de conversa e estávamos a caminho de Setenil de las Bodegas.
continua...
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 16:09, editado 3 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Excelentes postais ilustrados
Luís Azevedo- Ainda é motorato!
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Cucu!
Sentiste mais um mérito a entrar?
Foi meu!
Sentiste mais um mérito a entrar?
Foi meu!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
por mais uma bela crónica , continua que o posso agradece
________________________
http://pelomundoem2rodas.blogspot.pt/
https://www.youtube.com/user/micasimba/videos
carlosferreira- Motociclista a começar.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Méritos 2 que vão para ti
Esta zona é o "terraço" de minha casa, por isso obrigado pelo bom gosto que tiveste em escolher esta parte da Andaluzia.
Daí os 2 meritos, ume pelo bom gosto e outro pelas fotos que essa zona proporciona e que tão bem soubeste aproveitar.
Uma curiosidade. O Rali mais emblematico da Andaluzia, é justamente o Sierra de Cadiz, que tive oportunidade de disputar algumas vezes , que tem o seu troço cronometrado de "ouro" justamente entre Zahara y o Puerto de Las Palomas....acho que podes imaginar..!
Um abraço
Esta zona é o "terraço" de minha casa, por isso obrigado pelo bom gosto que tiveste em escolher esta parte da Andaluzia.
Daí os 2 meritos, ume pelo bom gosto e outro pelas fotos que essa zona proporciona e que tão bem soubeste aproveitar.
Uma curiosidade. O Rali mais emblematico da Andaluzia, é justamente o Sierra de Cadiz, que tive oportunidade de disputar algumas vezes , que tem o seu troço cronometrado de "ouro" justamente entre Zahara y o Puerto de Las Palomas....acho que podes imaginar..!
Um abraço
filipeoliveira- A tirar a carta
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Obrigado a todos pelas simpáticas palavras, assim dá gosto fazer crónicas.
A ver se hoje acabo o segundo dia, mas entretanto deixo aqui um vídeo do último dia... Já viram uma Tiger a sair de uma Hermandad espanhola?
Se não viram, está aqui
A ver se hoje acabo o segundo dia, mas entretanto deixo aqui um vídeo do último dia... Já viram uma Tiger a sair de uma Hermandad espanhola?
Se não viram, está aqui
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 16:08, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Esse video tem toda a pinta de ter sido feito no Rocio em Huelva....
abraço e ficamos á espera do resto.
Como se diz: É disto que o povo gosta !
abraço
abraço e ficamos á espera do resto.
Como se diz: É disto que o povo gosta !
abraço
filipeoliveira- A tirar a carta
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Mais à frente uma breve passagem por Algodonales, sem paragem que não há por lá nada digno de registo. Finalmente, e após mais quilómetros de boa estrada aproximávamo-nos de Olvera, um Pueblo interessante, grande, encarrapitado no topo de um morro. Entrámos na cidade por um acesso alternativo que nos deixou mesmo onde queríamos, a meio caminho do privilegiado miradouro onde se encontra a magnífica igreja de Nuestra Señora de la Encarnación. O acesso até lá é íngreme e estreito, fomos com cautela e chegámos ao topo sem problemas.
Esticar pernas, tirar umas fotos, dois dedos de conversa e estávamos a caminho de Setenil de las Bodegas.
Setenil destaca-se dos outros Pueblos por uma curiosa característica que é o facto de parte das suas casas estarem efectivamente cravadas na pedra! A vila encontra-se localizada num vale rochoso e a sua população tirou partido do facto, aproveitando a estrutura em forma de gruta formada pela rocha para aí abrigarem as suas casa, o que confere ao sítio um ar pitoresco. Estacionámos facilmente as motas numa dessas ruas e fomos passear um pouco a pé.
Seguimos por uma margem e regressámos por outra. Muita graça têm estas ruas cavernosas com os casarucos enfiados na pedra, às vezes de uma forma que mete medo.
E siga para Ronda que ainda há dia pela frente. Saindo de Setenil prosseguimos pela estrada que vai saindo da serra e nos leva para Sul. Chegámos a Ronda a meio da tarde, seriam umas 16h00 quando rolava-mos pela primeira vez na cidade. Encontrar o hotel foi fácil, fica mesmo junto à rua principal. Encostámos as motas e seguimos a pé para fazer o check-in. Um estabelecimento pitoresco, tradicionalmente decorado em tons de “corrida espanhola” com relíquias de todo o tipo espalhadas aos quatro cantos. Fomos simpaticamente recebidos e logo nos entregaram a chave da garagem para guardar as motos. Assim fizemos, e deixámos as máquinas numa garagem localizada a uns 100 metros dali. O hotel era composto por café e restaurante no piso térreo e daí se tinha acesso aos quartos através de uma porta pequena envidraçada. Os quartos concentravam em redor de um pátio, no melhor estilo de riad mouro (casa árabe). O corredor era estreito e levados ao engano com o número do quatro, ainda andámos ali para à frente e para trás. Ddepois de muito bater com as malas, demos com o quarto certo.
O quarto estava coerente com a restante decoração, uma espécie de estilo cruzado entre o andaluz, árabe e uma hacienda mexicana. Tudo com excelente aspecto renovado.
Começámos por montar o “estendal” habitual do equipamento de mota, trocámos a roupa e saímos à rua para desfrutar a cidade.
Durante todo o dia tinha-nos acompanhado um céu cinzento nublado que nos impossibilitou de ver qualquer raio de Sol. Neste momento por cima de Ronda as nuvens começavam a assumir uma tonalidade carregada, o que ia ao encontro da previsão meteorológica.
Esticar pernas, tirar umas fotos, dois dedos de conversa e estávamos a caminho de Setenil de las Bodegas.
Setenil destaca-se dos outros Pueblos por uma curiosa característica que é o facto de parte das suas casas estarem efectivamente cravadas na pedra! A vila encontra-se localizada num vale rochoso e a sua população tirou partido do facto, aproveitando a estrutura em forma de gruta formada pela rocha para aí abrigarem as suas casa, o que confere ao sítio um ar pitoresco. Estacionámos facilmente as motas numa dessas ruas e fomos passear um pouco a pé.
Seguimos por uma margem e regressámos por outra. Muita graça têm estas ruas cavernosas com os casarucos enfiados na pedra, às vezes de uma forma que mete medo.
E siga para Ronda que ainda há dia pela frente. Saindo de Setenil prosseguimos pela estrada que vai saindo da serra e nos leva para Sul. Chegámos a Ronda a meio da tarde, seriam umas 16h00 quando rolava-mos pela primeira vez na cidade. Encontrar o hotel foi fácil, fica mesmo junto à rua principal. Encostámos as motas e seguimos a pé para fazer o check-in. Um estabelecimento pitoresco, tradicionalmente decorado em tons de “corrida espanhola” com relíquias de todo o tipo espalhadas aos quatro cantos. Fomos simpaticamente recebidos e logo nos entregaram a chave da garagem para guardar as motos. Assim fizemos, e deixámos as máquinas numa garagem localizada a uns 100 metros dali. O hotel era composto por café e restaurante no piso térreo e daí se tinha acesso aos quartos através de uma porta pequena envidraçada. Os quartos concentravam em redor de um pátio, no melhor estilo de riad mouro (casa árabe). O corredor era estreito e levados ao engano com o número do quatro, ainda andámos ali para à frente e para trás. Ddepois de muito bater com as malas, demos com o quarto certo.
O quarto estava coerente com a restante decoração, uma espécie de estilo cruzado entre o andaluz, árabe e uma hacienda mexicana. Tudo com excelente aspecto renovado.
Começámos por montar o “estendal” habitual do equipamento de mota, trocámos a roupa e saímos à rua para desfrutar a cidade.
Durante todo o dia tinha-nos acompanhado um céu cinzento nublado que nos impossibilitou de ver qualquer raio de Sol. Neste momento por cima de Ronda as nuvens começavam a assumir uma tonalidade carregada, o que ia ao encontro da previsão meteorológica.
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 16:07, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Passámos a praça de touros – famosa por ser a mais antiga de Espanha em estilo contemporâneo e a primeira onde foi exercido toureio de morte a pé – e seguimos para a Alameda del Tajo, um passeio pedonal ajardinado que faz também de miradouro na margem Oeste da famosa ponte nova.
Inicialmente não encontrámos muita gente, o que é estranho em Ronda, dado que vive essencialmente do turismo. A medida que avançámos para Oeste começou-se a adensar de pessoas e quando demos por ela estávamos no meio de uma feira medieval. Póneis para cima e para baixo, um grupo de músicos a tocar bandolim e gaita-de-foles e uma série de barraquinhas a vender comida, bebida e todo o tipo de traquitanas.
Uma das barracas chamou-nos a atenção, tinha claramente influência moura e por ela estavam dispostos uma série de doces e chás árabes.
O fulano que mantinha o negócio era novo e parecia ser autêntico e oriundo do Norte de África. Assim que o vimos a servir um maravilhoso chá erguendo bem alto dois bules (um em cada mão) para fazer a mistura no copo ficámos convencidos. Para quem não conhece o chá marroquino é geralmente servido numa mistura chás de hortelã menta com planta de chá. A concentração de cada um pode variar, sendo que os berberes preferem beber o chá sem qualquer toque de menta (chamam-lhe whisky berber). Um tipo que mistura com mestria os dois é sem dúvida alguém que percebe do assunto, não há que enganar. O Rui pediu-lhe dois chás e sentámo-nos para beber. Não nos tínhamos enganado, ficámos a saber que o fulano era de Marraquexe e o chá estava divinal.
Continuamos pela feira adentro, havia um pouco de tudo. Pechisbeque, pedras preciosas, especiarias, frutos secos, amendoim aromatizado, rebuçados, gomas, e uma banca com uns 6 metros de pão e doçarias.
O Barradas ficou hipnotizado com uns donuts do tamanho de bolo rei cobertos de chocolate. Ficou na dúvida se era capaz de sozinho dar conta de um. Disse-lhe que ficava com metade se ele quisesse e mandámos vir um a meias.
Chiça nabiça que não foi fácil consumir metade daquele donut gigante! Entretanto tinha começado a chuva. Uns pinguitos aqui e ali, mas dava para perceber que ia pegar.
Seguimos pela alameda até à calle Emingway que contorna o magnífico Parador da cidade debruçado sobre o vale.
Daí chegámos ao ex-líbris local a fabulosa Puente Nuovo. E aqui será interessante desenvolver um pouco o assunto. Geograficamente Ronda está situado no topo de um penhasco dividido ao meio por um precipício conhecido por Garganta del Tajo. Assim a cidade é composta por duas partes separadas a meio pelo rio Guadalevín. Para unir as margens, foram construídas três pontes. A ponte romana, mais a Norte onde a altura é menor, a ponte velha (ou árabe), logo a seguir e a nova mais recente, no topo do penhasco à altura de 98 metros. Trata-se de uma obra imponente, sendo constituído por duas torres e três arcos suspenso a 90 metros de altura sobre a Garganta del Tejo. Impressiona qualquer um e proporciona sempre belos momentos fotográficos. Mas para captar toda a sua beleza é necessário sair um pouco da cidade e descer alguns metros em altura. A noite já estava praticamente posta e não tínhamos, nem estava tempo para isso. Tentámos da melhor forma a partir das suas margens captar retrato à altura.
Espreitámos ambos os lados da ponte e a garganta lá em baixo, a altura impressiona.
Demos uma voltinha à Plaza de Espanha para onde dá o Parador e regressámos por dentro passando pela Plaza del Socorro, uma espécie de Rossio lá do sítio.
Seriam horas de jantar e optámos por fazê-lo no restaurante do hotel onde estávamos alojados, que nos pareceu ter boa pinta e ser acolhedor. Depois, com a chuva que já caia e no caso de estarmos bem bebidos, só teríamos de nos ajudar um ao outro para subir aos aposentos.
Já sentados à mesa e consultando a ementa recomendaram-nos o menu turístico composto por uma colecção de “entrantes” tradicionais seguidos de um prato principal típico. Pareceu-nos bem, não propriamente barato, mas sem dúvida adequado. Para começar, “ensalada” mista, finas fatias de presunto extra, queijo mergulhado em azeite, ovos “revueltos” (mexidos) e morcela cozinhada…
Eu confesso que ficava bem só com isto.
Mas por cima veio ainda o prato principal, uma peça larga de entrecôte de vitela para mim e um rabo de toiro para o Barradas. Sim, se ficaram na dúvida trata-se mesmo da cauda do animal e não de uma parte do quadril. Uma especialidade local, não estivéssemos nós na cidade dos Romeros (famosa dinastia de toureiros rondanos, ou serão rondeiros?).
Tudo da melhor qualidade e cuidadosamente confeccionado. Uma refeição digna de reis. No final ainda os “postres”, menos espectaculares, mas satisfatórios. No que toca a sobremesas sempre achei que faltava imaginação aos espanhóis, não é raro o lado onde quando se pede um pudim flã vem para a mesa uma embalagem do Lidl ainda fechada. Repasto memorável que demorou algum tempo, que é como assim deve ser. Lembro-me que fomos falando de vários temas e que a meio o meu telemóvel resolveu suicidar-se no meio de um envio de fotos para o “livro das fuças”.
No final estávamos sóbrios mas tão cheios que achámos melhor voltar à rua para desmoer um bocado. Saímos, mas não demorámos, o tempo não estava para passear.
Multibancos para crianças.
Mais um dia excelente de turismo, com boas estradas, paisagens e comida.
Infelizmente a previsão meteorológica para o dia seguinte continuava a não ser tão animadora.
continua...
Inicialmente não encontrámos muita gente, o que é estranho em Ronda, dado que vive essencialmente do turismo. A medida que avançámos para Oeste começou-se a adensar de pessoas e quando demos por ela estávamos no meio de uma feira medieval. Póneis para cima e para baixo, um grupo de músicos a tocar bandolim e gaita-de-foles e uma série de barraquinhas a vender comida, bebida e todo o tipo de traquitanas.
Uma das barracas chamou-nos a atenção, tinha claramente influência moura e por ela estavam dispostos uma série de doces e chás árabes.
O fulano que mantinha o negócio era novo e parecia ser autêntico e oriundo do Norte de África. Assim que o vimos a servir um maravilhoso chá erguendo bem alto dois bules (um em cada mão) para fazer a mistura no copo ficámos convencidos. Para quem não conhece o chá marroquino é geralmente servido numa mistura chás de hortelã menta com planta de chá. A concentração de cada um pode variar, sendo que os berberes preferem beber o chá sem qualquer toque de menta (chamam-lhe whisky berber). Um tipo que mistura com mestria os dois é sem dúvida alguém que percebe do assunto, não há que enganar. O Rui pediu-lhe dois chás e sentámo-nos para beber. Não nos tínhamos enganado, ficámos a saber que o fulano era de Marraquexe e o chá estava divinal.
Continuamos pela feira adentro, havia um pouco de tudo. Pechisbeque, pedras preciosas, especiarias, frutos secos, amendoim aromatizado, rebuçados, gomas, e uma banca com uns 6 metros de pão e doçarias.
O Barradas ficou hipnotizado com uns donuts do tamanho de bolo rei cobertos de chocolate. Ficou na dúvida se era capaz de sozinho dar conta de um. Disse-lhe que ficava com metade se ele quisesse e mandámos vir um a meias.
Chiça nabiça que não foi fácil consumir metade daquele donut gigante! Entretanto tinha começado a chuva. Uns pinguitos aqui e ali, mas dava para perceber que ia pegar.
Seguimos pela alameda até à calle Emingway que contorna o magnífico Parador da cidade debruçado sobre o vale.
Daí chegámos ao ex-líbris local a fabulosa Puente Nuovo. E aqui será interessante desenvolver um pouco o assunto. Geograficamente Ronda está situado no topo de um penhasco dividido ao meio por um precipício conhecido por Garganta del Tajo. Assim a cidade é composta por duas partes separadas a meio pelo rio Guadalevín. Para unir as margens, foram construídas três pontes. A ponte romana, mais a Norte onde a altura é menor, a ponte velha (ou árabe), logo a seguir e a nova mais recente, no topo do penhasco à altura de 98 metros. Trata-se de uma obra imponente, sendo constituído por duas torres e três arcos suspenso a 90 metros de altura sobre a Garganta del Tejo. Impressiona qualquer um e proporciona sempre belos momentos fotográficos. Mas para captar toda a sua beleza é necessário sair um pouco da cidade e descer alguns metros em altura. A noite já estava praticamente posta e não tínhamos, nem estava tempo para isso. Tentámos da melhor forma a partir das suas margens captar retrato à altura.
Espreitámos ambos os lados da ponte e a garganta lá em baixo, a altura impressiona.
Demos uma voltinha à Plaza de Espanha para onde dá o Parador e regressámos por dentro passando pela Plaza del Socorro, uma espécie de Rossio lá do sítio.
Seriam horas de jantar e optámos por fazê-lo no restaurante do hotel onde estávamos alojados, que nos pareceu ter boa pinta e ser acolhedor. Depois, com a chuva que já caia e no caso de estarmos bem bebidos, só teríamos de nos ajudar um ao outro para subir aos aposentos.
Já sentados à mesa e consultando a ementa recomendaram-nos o menu turístico composto por uma colecção de “entrantes” tradicionais seguidos de um prato principal típico. Pareceu-nos bem, não propriamente barato, mas sem dúvida adequado. Para começar, “ensalada” mista, finas fatias de presunto extra, queijo mergulhado em azeite, ovos “revueltos” (mexidos) e morcela cozinhada…
Eu confesso que ficava bem só com isto.
Mas por cima veio ainda o prato principal, uma peça larga de entrecôte de vitela para mim e um rabo de toiro para o Barradas. Sim, se ficaram na dúvida trata-se mesmo da cauda do animal e não de uma parte do quadril. Uma especialidade local, não estivéssemos nós na cidade dos Romeros (famosa dinastia de toureiros rondanos, ou serão rondeiros?).
Tudo da melhor qualidade e cuidadosamente confeccionado. Uma refeição digna de reis. No final ainda os “postres”, menos espectaculares, mas satisfatórios. No que toca a sobremesas sempre achei que faltava imaginação aos espanhóis, não é raro o lado onde quando se pede um pudim flã vem para a mesa uma embalagem do Lidl ainda fechada. Repasto memorável que demorou algum tempo, que é como assim deve ser. Lembro-me que fomos falando de vários temas e que a meio o meu telemóvel resolveu suicidar-se no meio de um envio de fotos para o “livro das fuças”.
No final estávamos sóbrios mas tão cheios que achámos melhor voltar à rua para desmoer um bocado. Saímos, mas não demorámos, o tempo não estava para passear.
Multibancos para crianças.
Mais um dia excelente de turismo, com boas estradas, paisagens e comida.
Infelizmente a previsão meteorológica para o dia seguinte continuava a não ser tão animadora.
continua...
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 16:55, editado 1 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
filipeoliveira escreveu:Esse video tem toda a pinta de ter sido feito no Rocio em Huelva....
abraço e ficamos á espera do resto.
Como se diz: É disto que o povo gosta !
abraço
Filipe, foi mesmo...
Cumps!
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Que bela voltinha.
Boa, bonita e clara. Os condimentos para nos engordar.
Como viajantes, claro.
Serviste um bom aperitivo para lá voltar e disfrutar.
Gracias.
Boa, bonita e clara. Os condimentos para nos engordar.
Como viajantes, claro.
Serviste um bom aperitivo para lá voltar e disfrutar.
Gracias.
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prós acamados nas cabanas do tédio......não há remédio.......é deixá-las arder.....
"lacraus"
ADVirtam-SE
legasea- Zero à direita
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