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Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
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Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Dia 03, Ronda - El Rocio
Acordámos com o barulho da chuva… Bonito! Não era que fosse surpresa, estava alinhado com a previsão.
Rotina matinal habitual, e descemos até ao piso térreo do hotel para comer qualquer coisa. O pequeno-almoço era servido numa divisão ao lado do restaurante, com a mesma linha decorativa das festividades taurinas. Café com leite, torradas e sumo de laranja, o habitual. Aqui para além da manteiga e doce, tivemos direito a paté e molho de tomate para cobrir as “tostadas”! Olé! Tínhamos acordado corajosos, de modo que o Barradas atirou-se ao paté e eu ao tomate e azeite… O Rui gostou, eu não fiquei fã.
Entretanto já tínhamos espreitado como estava lá fora, e não estava bem. Chuva fraca certo, mas tocada a vento…
Pagámos, descemos com as malas e fomos buscar as motas que tinham ficado numa garagem numas ruas mais adiante.
Tirámos as Tiger do estábulo e estacioná-las à beira do hotel não foi linear… A rua que dava para a garagem era de sentido único, de modo que não pudemos fazer o caminho de volta que era bastante directo. Assim, tivemos que inventar e tentar encontrar o caminho de volta. Por ruelas e empedrados bem molhados, andámos ali perdidos uns minutos até finalmente dar com a rua principal que passava ao lado do hotel. Carregámos as malas e seguimos.
Logo à saída de Ronda, tivemos de parar para enfiar as luvas de Inverno. Mudei duas ou três vezes de cor antes de conseguir enfiar as mãos molhadas dentro das luvas!
Finalmente saímos de Ronda, e pingava. Depois de uma noite de chuva, a estrada estava com uma camada de água impressionante, nalgum piso inclinado fazia um pequeno ribeiro. Havia pouco trânsito mas fomos com calma. Eu já estava ver o que iriamos ter à nossa frente, ou melhor o que não poderíamos apreciar, outra bonita passagem pela Serra! Efectivamente, depois de andar na véspera pelo lado Norte de Grazalema, hoje tinha previsto uma passagem pelo lado Sul. Tínhamos uma quantidade de quilómetros para fazer com um possível desvio pelo pueblo de Algar, que só valeria a pena fazer em boas condições de estrada e tempo. Deixámos a decisão para Ubrique, lá chegados logo se avaliava como estariam as coisas. O troço até à entrada da Serra é relativamente rectilíneo e bonito, fazendo-nos atravessar uma série de planícies. Pouco vimos, pois como se não bastasse a chuva, fomos brindado com um denso nevoeiro que nos acompanhou durante toda a viagem até saímos da Serra. Porque aqui passei em Agosto, sei que neste caminho se atravessa um belíssimo vale que nos cerca com paredes imensas de calcário. Pois desta vez, nem dei por passar por ele, para ficarem com ideia da quantidade de nevoeiro que havia!
Daqui até Lisboa, as Tigers foram praticamente sempre com os faróis de nevoeiro ligados, e não foi para o “estilo”.
Às tantas já mal via o farolim da mota do Barradas que seguia à frente! E quando chegámos ao troço de curvas (algumas em cotovelo) deixei mesmo de o ver. Subimos a Serra nestas condições e descemos nas mesmas condições. As Tigers seguiram sem estrebuchar e em situação alguma senti a mota a deslizar ou fugir, apesar dos mais de 16.000kms que levam os Bridgestone Battlewings. É um pneu que gosto verdadeiramente (a Strom levou dois jogos destes) e acho que assenta que nem uma luva na XC, é um pneu que não desilude, e não sendo o supra-sumo em nada, é bom em qualquer situação.
Por fim aproximávamos de Ubrique. Parámos logo na estação de serviço à entrada, para reabastecer e relaxar um pouco. As minhas luvas novas estavam a aguentar-se bem, as do Barradas já estavam a meter água. O casaco estava a aguentar-se, mas a ponta das mangas já estavam a ficar ensopadas…
Que se lixe! Decidimos descer até Ubrique e beber por lá alguma coisa. E estava um movimento danado para um dia destes.
Estacionámos as motos e fomos à procura de um café. Encontrámos um com esplanada coberta, a funcionar ao lado de um antigo cinema convertido em fábrica de peles. A indústria de peles aqui é importante, e as ruas estão repletas de pequenas lojas com produção própria.
Ubrique é um pueblo blanco interessante, tem uma dimensão considerável quando comparado com outros pueblos, e está localizado numa cova rodeada por um maciço calcário que lhe confere um aspecto único.
Recompostos voltámos à estrada. Esquecemos a ida a Algar, já tínhamos visto nevoeiro que chegasse. E a propósito disso, tínhamos alguma esperança que o nevoeiro desaparecesse ao sair da Serra. De facto ficou melhor, mas a chuva nem por isso. Mais água e mais vento, foi o que apanhámos até à proximidade de Sevilha. Por vezes era insuportável. Mas lá seguimos mantendo sempre a boa disposição! Felizmente a temperatura não estava mal, e não passámos frio. À entrada de Sevilha, seguia à frente guiado pelo GPS, que estupidamente nos fez entrar pela cidade dentro. Não era a primeira vez que acontecia, já na Rota Berber tivemos este erro no percurso. Sempre que se passa pelas imediações de Sevilha, há ali qualquer parvoíce no TomTom que o impede de passar ao largo da cidade! Demos meia volta e encarrilhámos em direcção a Huelva, a terra do morango.
Mesmo com as contrariedades meteorológicas não estávamos atrasados, e provavelmente até daria para almoçar no destino. Mas tinha dúvidas que houvesse alguma coisa de interessante para almoçar em El Rocio. Trata-se de uma aldeola equestre fundada em redor de um santuário, e do que me lembro, comes e bebes não são o seu forte. Assim decidimos almoçar pelo caminho nalgum boteco que encontrássemos. No caminho passámos por Pilas, e claro tivemos de tirar uma foto!
Demos uma volta a Pilas, na esperança de comer alguma coisa de jeito. Mas Pilas não tem onde comer. Ou melhor, o pouco que havia estava encerrado, e estávamos em pleno horário de almoço, que é como quem diz, depois das 14h00. Andámos por Pilas acima e Pilas abaixo, a apanhar chuva, e desistimos. Não ficámos impressionados com Pilas. Claramente fica o conselho, não vão a Pilas, não vale a pena.
Já prestes a entrar no parque natural de Doñana,e ainda sem sítio para comer. De repente, depois de uma rotunda, demos com o “Meson do Gato”… Veio mesmo a calhar, e parámos logo ali. Tinha estacionamento coberto, o que vinha mesmo a calhar. Entrámos, tinha bom aspecto. Decoração tradicional e com aspecto de restaurante igual aos nosso.
Tirámos as luvas e despimos os casacos que ficaram literalmente a pingar. Uma salada para “entrantes” e uns bifinhos para cada um.
Estava bom e o empregado era bem simpático. Quis saber de onde eramos e ia dizendo umas palavras em português, dizia ele que havia muito português por aqui por causa da apanha do melão e morango. A refeição calhou-nos fabulosamente bem, e para finalizar em grande estilo uma especialidade loca, uma espécie de pudim de queijo que estava simplesmente divinal.
Efectivamente se houve coisa que não calhou mal durante a nossa viagem, foram as refeições! Tudo muito bom e a preços razoáveis, que é a meu ver coisa não muito frequente em Espanha. Café “solo”, que veio curto e que não ficou a dever em nada às bicas portuguesas, outra coisa rara. Ficámos mesmo bem! Despedidas e voltar a vestir casacos para mais uns quilómetros até El Rocio.
Mais chuva pelo caminho e finalmente chegávamos ao destino.
continua...
Acordámos com o barulho da chuva… Bonito! Não era que fosse surpresa, estava alinhado com a previsão.
Rotina matinal habitual, e descemos até ao piso térreo do hotel para comer qualquer coisa. O pequeno-almoço era servido numa divisão ao lado do restaurante, com a mesma linha decorativa das festividades taurinas. Café com leite, torradas e sumo de laranja, o habitual. Aqui para além da manteiga e doce, tivemos direito a paté e molho de tomate para cobrir as “tostadas”! Olé! Tínhamos acordado corajosos, de modo que o Barradas atirou-se ao paté e eu ao tomate e azeite… O Rui gostou, eu não fiquei fã.
Entretanto já tínhamos espreitado como estava lá fora, e não estava bem. Chuva fraca certo, mas tocada a vento…
Pagámos, descemos com as malas e fomos buscar as motas que tinham ficado numa garagem numas ruas mais adiante.
Tirámos as Tiger do estábulo e estacioná-las à beira do hotel não foi linear… A rua que dava para a garagem era de sentido único, de modo que não pudemos fazer o caminho de volta que era bastante directo. Assim, tivemos que inventar e tentar encontrar o caminho de volta. Por ruelas e empedrados bem molhados, andámos ali perdidos uns minutos até finalmente dar com a rua principal que passava ao lado do hotel. Carregámos as malas e seguimos.
Logo à saída de Ronda, tivemos de parar para enfiar as luvas de Inverno. Mudei duas ou três vezes de cor antes de conseguir enfiar as mãos molhadas dentro das luvas!
Finalmente saímos de Ronda, e pingava. Depois de uma noite de chuva, a estrada estava com uma camada de água impressionante, nalgum piso inclinado fazia um pequeno ribeiro. Havia pouco trânsito mas fomos com calma. Eu já estava ver o que iriamos ter à nossa frente, ou melhor o que não poderíamos apreciar, outra bonita passagem pela Serra! Efectivamente, depois de andar na véspera pelo lado Norte de Grazalema, hoje tinha previsto uma passagem pelo lado Sul. Tínhamos uma quantidade de quilómetros para fazer com um possível desvio pelo pueblo de Algar, que só valeria a pena fazer em boas condições de estrada e tempo. Deixámos a decisão para Ubrique, lá chegados logo se avaliava como estariam as coisas. O troço até à entrada da Serra é relativamente rectilíneo e bonito, fazendo-nos atravessar uma série de planícies. Pouco vimos, pois como se não bastasse a chuva, fomos brindado com um denso nevoeiro que nos acompanhou durante toda a viagem até saímos da Serra. Porque aqui passei em Agosto, sei que neste caminho se atravessa um belíssimo vale que nos cerca com paredes imensas de calcário. Pois desta vez, nem dei por passar por ele, para ficarem com ideia da quantidade de nevoeiro que havia!
Daqui até Lisboa, as Tigers foram praticamente sempre com os faróis de nevoeiro ligados, e não foi para o “estilo”.
Às tantas já mal via o farolim da mota do Barradas que seguia à frente! E quando chegámos ao troço de curvas (algumas em cotovelo) deixei mesmo de o ver. Subimos a Serra nestas condições e descemos nas mesmas condições. As Tigers seguiram sem estrebuchar e em situação alguma senti a mota a deslizar ou fugir, apesar dos mais de 16.000kms que levam os Bridgestone Battlewings. É um pneu que gosto verdadeiramente (a Strom levou dois jogos destes) e acho que assenta que nem uma luva na XC, é um pneu que não desilude, e não sendo o supra-sumo em nada, é bom em qualquer situação.
Por fim aproximávamos de Ubrique. Parámos logo na estação de serviço à entrada, para reabastecer e relaxar um pouco. As minhas luvas novas estavam a aguentar-se bem, as do Barradas já estavam a meter água. O casaco estava a aguentar-se, mas a ponta das mangas já estavam a ficar ensopadas…
Que se lixe! Decidimos descer até Ubrique e beber por lá alguma coisa. E estava um movimento danado para um dia destes.
Estacionámos as motos e fomos à procura de um café. Encontrámos um com esplanada coberta, a funcionar ao lado de um antigo cinema convertido em fábrica de peles. A indústria de peles aqui é importante, e as ruas estão repletas de pequenas lojas com produção própria.
Ubrique é um pueblo blanco interessante, tem uma dimensão considerável quando comparado com outros pueblos, e está localizado numa cova rodeada por um maciço calcário que lhe confere um aspecto único.
Recompostos voltámos à estrada. Esquecemos a ida a Algar, já tínhamos visto nevoeiro que chegasse. E a propósito disso, tínhamos alguma esperança que o nevoeiro desaparecesse ao sair da Serra. De facto ficou melhor, mas a chuva nem por isso. Mais água e mais vento, foi o que apanhámos até à proximidade de Sevilha. Por vezes era insuportável. Mas lá seguimos mantendo sempre a boa disposição! Felizmente a temperatura não estava mal, e não passámos frio. À entrada de Sevilha, seguia à frente guiado pelo GPS, que estupidamente nos fez entrar pela cidade dentro. Não era a primeira vez que acontecia, já na Rota Berber tivemos este erro no percurso. Sempre que se passa pelas imediações de Sevilha, há ali qualquer parvoíce no TomTom que o impede de passar ao largo da cidade! Demos meia volta e encarrilhámos em direcção a Huelva, a terra do morango.
Mesmo com as contrariedades meteorológicas não estávamos atrasados, e provavelmente até daria para almoçar no destino. Mas tinha dúvidas que houvesse alguma coisa de interessante para almoçar em El Rocio. Trata-se de uma aldeola equestre fundada em redor de um santuário, e do que me lembro, comes e bebes não são o seu forte. Assim decidimos almoçar pelo caminho nalgum boteco que encontrássemos. No caminho passámos por Pilas, e claro tivemos de tirar uma foto!
Demos uma volta a Pilas, na esperança de comer alguma coisa de jeito. Mas Pilas não tem onde comer. Ou melhor, o pouco que havia estava encerrado, e estávamos em pleno horário de almoço, que é como quem diz, depois das 14h00. Andámos por Pilas acima e Pilas abaixo, a apanhar chuva, e desistimos. Não ficámos impressionados com Pilas. Claramente fica o conselho, não vão a Pilas, não vale a pena.
Já prestes a entrar no parque natural de Doñana,e ainda sem sítio para comer. De repente, depois de uma rotunda, demos com o “Meson do Gato”… Veio mesmo a calhar, e parámos logo ali. Tinha estacionamento coberto, o que vinha mesmo a calhar. Entrámos, tinha bom aspecto. Decoração tradicional e com aspecto de restaurante igual aos nosso.
Tirámos as luvas e despimos os casacos que ficaram literalmente a pingar. Uma salada para “entrantes” e uns bifinhos para cada um.
Estava bom e o empregado era bem simpático. Quis saber de onde eramos e ia dizendo umas palavras em português, dizia ele que havia muito português por aqui por causa da apanha do melão e morango. A refeição calhou-nos fabulosamente bem, e para finalizar em grande estilo uma especialidade loca, uma espécie de pudim de queijo que estava simplesmente divinal.
Efectivamente se houve coisa que não calhou mal durante a nossa viagem, foram as refeições! Tudo muito bom e a preços razoáveis, que é a meu ver coisa não muito frequente em Espanha. Café “solo”, que veio curto e que não ficou a dever em nada às bicas portuguesas, outra coisa rara. Ficámos mesmo bem! Despedidas e voltar a vestir casacos para mais uns quilómetros até El Rocio.
Mais chuva pelo caminho e finalmente chegávamos ao destino.
continua...
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 21:46, editado 3 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
É para isto que os méritos foram criados.
________________________
Felicidade é um modo de viajar, não um destino.
Roy Goodman
https://www.facebook.com/emergenciamotociclista?ref=hl
com4riding.blogspot.com
Andorra 1984
Férias Moto 1983
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Mais chuva pelo caminho e finalmente chegávamos ao destino.
El Rocio é peculiar, trata-se de uma aldeia onde as estradas são de areia por causa dos cavalos e charretes, e a maioria das casas, num estilo muito característico são conhecidas por Hermandades. Há Hermandades de vários tamanhos, de pequeninas até ao tamanho de um quarteirão. Este edifícios sempre compostos por uma capela ou igreja de devoção são erigidas pela mão de comunidades religiosas regionais. São os elementos de cada comunidade que podem depois usufruir das mesmas, em especial durante o mês de romaria à virgem santa de El Rocio que inicia em Agosto de cada ano. Por essa altura é verdadeira fiesta por aqui, com uma enchente de gente na rua, muito comer e beber, música, e tiros para o ar… Se há coisa que os espanhóis dominam é festa rija, disso não tenho dúvidas. Para comer, beber, cantar e bailar, não há pai para esta boa gente!
Entrámos pelo Rocio com algum receio, andar na areia de mota com um temporal destes ninguém gosta, e levantar os Tigres do chão no fim do dia, não nos estava de facto a apetecer! Mas nada, entrámos por ali adentro na boa, sem qualquer chatice. Problema foi estacionar as Tigers à entrada do alojamento onde iriamos ficar. É que os descansos funcionam bem no alcatrão, já na areia não funcionam... Ficámos os dois atrapalhados a olhar um para o outro à procura de algum lugar para assentar o descanso. Felizmente um espanholito ali próximo viu o nosso incómodo e rapidamente desencantou dois pedaços de madeira para colocarmos debaixo dos descansos. Ufa, que esta foi difícil… Com as motas convenientemente estacionadas fomos directos à recepção fazer o check-in.
Edifício amplo com duas portadas grande de madeira que se abriam para uma sala que também servia de recepção. Para lá da entrada, duas portas grandes de vidro que davam para um pátio sobre o comprido onde em redor se localizavam as habitações. No seu melhor castelhano, o Rui já tinha averiguado previamente por telefone a possibilidade de resguardar as motas. O tipo tinha falado na existência de um pátio onde poderíamos deixar as “burras” a salvo… Ora espera lá… Pátio, só vejo este, mas para isso é preciso literalmente entrar no edifício e atravessar a recepção, como se fosse um cavalo.
Eh eh… Vamos a isso… O fulano abriu bem as portadas de entrada, e as vidraças do pátio, e hop… Já lá estávamos dentro! Arrumámos as Tiger ao fundo, debaixo de uma escadaria, a 2 metros de distância do quarto onde iriamos ficar.
Resolvido este problema, passámos ao seguinte que foi pendurar todo o equipamento nas portas do armário de modo a que ficasse estrategicamente virado para a saída do Ar Condicionado, e colocar este último a 30 graus centigrados.
Depois banhoca quente, vestir uma roupa quente e sair à rua para aproveitar o resto dia, enquanto deixávamos o quarto em modo estufa.
Felizmente quando chegámos à rua a chuva parecia ter dado tréguas. Perfeito para podermos passear…
Quer dizer, o ideal era termos tido um bonito céu azul, mas por esta altura não chover nas nossas carolas já era muito bom!
El Rocio por esta altura está a menos que meio-gás e muito longe do espírito de loucura que há por aqui no Verão. A maioria das Hermandades estão fechadas, ainda assim havia algum movimento na rua.
Seguimos rua abaixo, na direcção da bonita ermida. El Rocio não é muito grande e eu tinha mais ou menos uma ideia de onde ficava. Pelo caminho fomos fotografando as ruas e as Hermandades, algumas são verdadeiramente bonitas e até um pouco exuberantes.
Finalmente chegámos à ermida que se localiza junto a um curso de água (Arroyo de la Rocina) que forma ao seu lado uma espécie de albufeira pantanosa. Hoje a albufeira estava cheia, lembro-me que quando cá estive em Agosto estava seca e alguns cavalos por ali pastavam.
Passámos pela capela das velas, um edifício longo onde os devotos deixam as suas velas em homenagem à santa, velas verdadeiras, nada daquelas lâmpadas foleiras em forma de chama.
Infelizmente a frente da ermida estava em obras, pelo que não foi muito fácil achar o melhor enquadramento.
Depois fomos lá dentro, onde não são permitidas fotos. Pois nem de propósito estava por lá uma velha espanhola a tirar algumas com o flash ligado.
A santa estava ausente do seu pedestal, 2012 é ano de Jubileu e assim transitou no mês de romaria para a aldeia de Almonte mais a Norte, o Traslado. Para ano, volta à base, e é a loucura total durante as festividades com mais de 1 milhão (!) de visitantes. Torna-se a 3ª maior cidade de Espanha nesta altura, durante o resto do ano tem cerca de 2000 habitantes.
O interior da ermida é relativamente simples e não muito grande. Existe um altar imponentemente decorado a dourado, mas fora isso predominam as paredes de um branco imaculado. Aliás, isso é regra. Quer por fora, quer por dentro a ermida está impecavelmente mantida e preservada.
Depois de uns quantos cliques de máquina, desviámos para a estrada onde o nosso amigo da recepção nos tinha indicado um restaurante para comer. Demos com ele, “Aires de Doñana” no estilo assador, e não tivemos dúvidas que se comia ali bem, mas os preços eram proibitivos.
Ainda era cedo, tínhamos ficado bem com o almoço e decidimos que ficaríamos melhor com uns petiscos ou tapas, como se chama por aqui. Parámos num café, bebemos um copo e seguimos para cima.
Efectivamente comer por aqui não é coisa simples, ainda para mais nesta altura. Parámos num boteco com ar simpático e perguntámos pelo que havia para comer… Azareco, a cozinha só abria às 21h00, pelo que para comer só salada russa ou pimentada…
Ora deviam ser umas 20h00, de modo que venha daí uma salada… Deve ter sido a salada russa mais estranha que comi na minha vida… Tinha um forte travo a cerveja, que é paladar que eu não estou à espera numa salada, nem mesmo russa. Deve ser receita daqui, ou então é caganeira na certa!
Despachámos a salada e mais um copo, nada se passava ali e ainda falta um bom pedaço para que a cozinha “magicamente” se abrisse… Sinceramente não percebo esta regra restrita, parece que estava capaz de ir tudo preso se o raio da cozinha abrisse antes da hora…
Saímos, andámos um pouco mais para cima na direcção da estação de serviço à entrada de El Rocio onde nos pareceu estar um restaurante. E estava, um edifício grande e pomposo, mas problema. Não se via vivalma por ali, apenas uma loura espampanante que saíra de um carro de luxo e entrara para dentro do restaurante deserto… Mau, é melhor não inventar que este pessoal gosta de confundir refeições com mulheres e varões, e nós de momento só nos interessava as primeiras!
Voltámos ao boteco da cozinha que só abria às 9 da noite… Felizmente estava quase na hora.
Mandámos vir mais um copo e esperámos enquanto víamos o Cristiano Ronaldo a jogar na televisão. Já passava das 21h00 e ainda não havia cozinha aberta… Irra que está difícil… Mais dez minutos e finalmente o espanhol traz-nos as ementas de tapas para a mesa… Óptimo.
Pedimos umas patatas alioli (batata cozida como molho alioli), pinchos de pollo (espetadas de frango com tempero característico) e llomo ajillo (carne de porco em molho de alho) para começar.
Não demorou a chegar à mesa, e mandámo-nos às tapas e ao pão. Tudo caseiro e muito bom! No final da primeira rodada estávamos satisfeitos e ficámos por ali. Tínhamos almoçado bem, e estas tapas vieram mesmo a calhar para aconchegar o estomago sem enfartar.
Pagámos e voltamos para o alojamento, já estava noite cerrada.
As Tigers lá estavam à nossa espera, e no quarto um fabuloso ambiente tropical. A maior parte do equipamento tinha secado. As luvas do Rui continuavam molhadas, e as mangas dos nossos casacos também. Estávamos esperançados que tudo secasse durante a noite.
A recepção do wifi era péssima e o Rui teve de sair do quarto e carregar umas fotos em cima do banco da Tiger onde a captação era melhor.
E vamos à deita, que amanhã é o último dia com regresso ao nosso querido Portugal.
continua...
El Rocio é peculiar, trata-se de uma aldeia onde as estradas são de areia por causa dos cavalos e charretes, e a maioria das casas, num estilo muito característico são conhecidas por Hermandades. Há Hermandades de vários tamanhos, de pequeninas até ao tamanho de um quarteirão. Este edifícios sempre compostos por uma capela ou igreja de devoção são erigidas pela mão de comunidades religiosas regionais. São os elementos de cada comunidade que podem depois usufruir das mesmas, em especial durante o mês de romaria à virgem santa de El Rocio que inicia em Agosto de cada ano. Por essa altura é verdadeira fiesta por aqui, com uma enchente de gente na rua, muito comer e beber, música, e tiros para o ar… Se há coisa que os espanhóis dominam é festa rija, disso não tenho dúvidas. Para comer, beber, cantar e bailar, não há pai para esta boa gente!
Entrámos pelo Rocio com algum receio, andar na areia de mota com um temporal destes ninguém gosta, e levantar os Tigres do chão no fim do dia, não nos estava de facto a apetecer! Mas nada, entrámos por ali adentro na boa, sem qualquer chatice. Problema foi estacionar as Tigers à entrada do alojamento onde iriamos ficar. É que os descansos funcionam bem no alcatrão, já na areia não funcionam... Ficámos os dois atrapalhados a olhar um para o outro à procura de algum lugar para assentar o descanso. Felizmente um espanholito ali próximo viu o nosso incómodo e rapidamente desencantou dois pedaços de madeira para colocarmos debaixo dos descansos. Ufa, que esta foi difícil… Com as motas convenientemente estacionadas fomos directos à recepção fazer o check-in.
Edifício amplo com duas portadas grande de madeira que se abriam para uma sala que também servia de recepção. Para lá da entrada, duas portas grandes de vidro que davam para um pátio sobre o comprido onde em redor se localizavam as habitações. No seu melhor castelhano, o Rui já tinha averiguado previamente por telefone a possibilidade de resguardar as motas. O tipo tinha falado na existência de um pátio onde poderíamos deixar as “burras” a salvo… Ora espera lá… Pátio, só vejo este, mas para isso é preciso literalmente entrar no edifício e atravessar a recepção, como se fosse um cavalo.
Eh eh… Vamos a isso… O fulano abriu bem as portadas de entrada, e as vidraças do pátio, e hop… Já lá estávamos dentro! Arrumámos as Tiger ao fundo, debaixo de uma escadaria, a 2 metros de distância do quarto onde iriamos ficar.
Resolvido este problema, passámos ao seguinte que foi pendurar todo o equipamento nas portas do armário de modo a que ficasse estrategicamente virado para a saída do Ar Condicionado, e colocar este último a 30 graus centigrados.
Depois banhoca quente, vestir uma roupa quente e sair à rua para aproveitar o resto dia, enquanto deixávamos o quarto em modo estufa.
Felizmente quando chegámos à rua a chuva parecia ter dado tréguas. Perfeito para podermos passear…
Quer dizer, o ideal era termos tido um bonito céu azul, mas por esta altura não chover nas nossas carolas já era muito bom!
El Rocio por esta altura está a menos que meio-gás e muito longe do espírito de loucura que há por aqui no Verão. A maioria das Hermandades estão fechadas, ainda assim havia algum movimento na rua.
Seguimos rua abaixo, na direcção da bonita ermida. El Rocio não é muito grande e eu tinha mais ou menos uma ideia de onde ficava. Pelo caminho fomos fotografando as ruas e as Hermandades, algumas são verdadeiramente bonitas e até um pouco exuberantes.
Finalmente chegámos à ermida que se localiza junto a um curso de água (Arroyo de la Rocina) que forma ao seu lado uma espécie de albufeira pantanosa. Hoje a albufeira estava cheia, lembro-me que quando cá estive em Agosto estava seca e alguns cavalos por ali pastavam.
Passámos pela capela das velas, um edifício longo onde os devotos deixam as suas velas em homenagem à santa, velas verdadeiras, nada daquelas lâmpadas foleiras em forma de chama.
Infelizmente a frente da ermida estava em obras, pelo que não foi muito fácil achar o melhor enquadramento.
Depois fomos lá dentro, onde não são permitidas fotos. Pois nem de propósito estava por lá uma velha espanhola a tirar algumas com o flash ligado.
A santa estava ausente do seu pedestal, 2012 é ano de Jubileu e assim transitou no mês de romaria para a aldeia de Almonte mais a Norte, o Traslado. Para ano, volta à base, e é a loucura total durante as festividades com mais de 1 milhão (!) de visitantes. Torna-se a 3ª maior cidade de Espanha nesta altura, durante o resto do ano tem cerca de 2000 habitantes.
O interior da ermida é relativamente simples e não muito grande. Existe um altar imponentemente decorado a dourado, mas fora isso predominam as paredes de um branco imaculado. Aliás, isso é regra. Quer por fora, quer por dentro a ermida está impecavelmente mantida e preservada.
Depois de uns quantos cliques de máquina, desviámos para a estrada onde o nosso amigo da recepção nos tinha indicado um restaurante para comer. Demos com ele, “Aires de Doñana” no estilo assador, e não tivemos dúvidas que se comia ali bem, mas os preços eram proibitivos.
Ainda era cedo, tínhamos ficado bem com o almoço e decidimos que ficaríamos melhor com uns petiscos ou tapas, como se chama por aqui. Parámos num café, bebemos um copo e seguimos para cima.
Efectivamente comer por aqui não é coisa simples, ainda para mais nesta altura. Parámos num boteco com ar simpático e perguntámos pelo que havia para comer… Azareco, a cozinha só abria às 21h00, pelo que para comer só salada russa ou pimentada…
Ora deviam ser umas 20h00, de modo que venha daí uma salada… Deve ter sido a salada russa mais estranha que comi na minha vida… Tinha um forte travo a cerveja, que é paladar que eu não estou à espera numa salada, nem mesmo russa. Deve ser receita daqui, ou então é caganeira na certa!
Despachámos a salada e mais um copo, nada se passava ali e ainda falta um bom pedaço para que a cozinha “magicamente” se abrisse… Sinceramente não percebo esta regra restrita, parece que estava capaz de ir tudo preso se o raio da cozinha abrisse antes da hora…
Saímos, andámos um pouco mais para cima na direcção da estação de serviço à entrada de El Rocio onde nos pareceu estar um restaurante. E estava, um edifício grande e pomposo, mas problema. Não se via vivalma por ali, apenas uma loura espampanante que saíra de um carro de luxo e entrara para dentro do restaurante deserto… Mau, é melhor não inventar que este pessoal gosta de confundir refeições com mulheres e varões, e nós de momento só nos interessava as primeiras!
Voltámos ao boteco da cozinha que só abria às 9 da noite… Felizmente estava quase na hora.
Mandámos vir mais um copo e esperámos enquanto víamos o Cristiano Ronaldo a jogar na televisão. Já passava das 21h00 e ainda não havia cozinha aberta… Irra que está difícil… Mais dez minutos e finalmente o espanhol traz-nos as ementas de tapas para a mesa… Óptimo.
Pedimos umas patatas alioli (batata cozida como molho alioli), pinchos de pollo (espetadas de frango com tempero característico) e llomo ajillo (carne de porco em molho de alho) para começar.
Não demorou a chegar à mesa, e mandámo-nos às tapas e ao pão. Tudo caseiro e muito bom! No final da primeira rodada estávamos satisfeitos e ficámos por ali. Tínhamos almoçado bem, e estas tapas vieram mesmo a calhar para aconchegar o estomago sem enfartar.
Pagámos e voltamos para o alojamento, já estava noite cerrada.
As Tigers lá estavam à nossa espera, e no quarto um fabuloso ambiente tropical. A maior parte do equipamento tinha secado. As luvas do Rui continuavam molhadas, e as mangas dos nossos casacos também. Estávamos esperançados que tudo secasse durante a noite.
A recepção do wifi era péssima e o Rui teve de sair do quarto e carregar umas fotos em cima do banco da Tiger onde a captação era melhor.
E vamos à deita, que amanhã é o último dia com regresso ao nosso querido Portugal.
continua...
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 21:47, editado 2 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Excelente relato sem dúvida
Há pessoas que têm mesmo jeito para crónicas, tu és uma delas.
Tive que esperar pelo anti-flood para dar os méritos todos
Responde-me a uma dúvida... as tuas malas laterais são ambas de 33l... pensava que do lado oposto do escape fosse a de 46l... ou os ferros não são da givi? os ferros são simétricos de ambos os lados?
Um abraço.
Há pessoas que têm mesmo jeito para crónicas, tu és uma delas.
Tive que esperar pelo anti-flood para dar os méritos todos
Responde-me a uma dúvida... as tuas malas laterais são ambas de 33l... pensava que do lado oposto do escape fosse a de 46l... ou os ferros não são da givi? os ferros são simétricos de ambos os lados?
Um abraço.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Impressionante, sem qualquer dúvida. As fotos estão muito boas, o texto está excelente, e a baba escorre... Como de costume!
Resumindo, muitissimo bom!
PS: Gostei do detalhe das matriculas...
Resumindo, muitissimo bom!
PS: Gostei do detalhe das matriculas...
________________________
Atikman
atikman- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Estou a adorar!
Andei a distribuir méritos mas esta coisa faz-me esperar uma eternidade para repetir a proeza!
Adorei o estendal, fez-me lembrar os que eu propria monto a cada paragem! E adorei as 6 Pilas!
(a minha Ninfa dá uma cambalhota na garagem cada vez que eu venho aqui pôr o olho! )
Andei a distribuir méritos mas esta coisa faz-me esperar uma eternidade para repetir a proeza!
Adorei o estendal, fez-me lembrar os que eu propria monto a cada paragem! E adorei as 6 Pilas!
(a minha Ninfa dá uma cambalhota na garagem cada vez que eu venho aqui pôr o olho! )
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Uma crónica relatada ao nível que nos tens habituado.
Vou esperar pelo próximo, mas claro que tem um merecido
Obrigado
Abraço
Vou esperar pelo próximo, mas claro que tem um merecido
Obrigado
Abraço
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Sai para a gota
________________________
http://pelomundoem2rodas.blogspot.pt/
https://www.youtube.com/user/micasimba/videos
carlosferreira- Motociclista a começar.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Obrigado a todos pelas simpáticas palavras!
Ainda falta o relato do último dia, mas entretanto deixo aqui o vídeo do primeiro dia.
Para ver em melhor qualidade (HD), sigam este link
Cumps!
Ainda falta o relato do último dia, mas entretanto deixo aqui o vídeo do primeiro dia.
Para ver em melhor qualidade (HD), sigam este link
Cumps!
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
rjvieira escreveu:Excelente relato sem dúvida
Há pessoas que têm mesmo jeito para crónicas, tu és uma delas.
Tive que esperar pelo anti-flood para dar os méritos todos
Responde-me a uma dúvida... as tuas malas laterais são ambas de 33l... pensava que do lado oposto do escape fosse a de 46l... ou os ferros não são da givi? os ferros são simétricos de ambos os lados?
Um abraço.
Obrigado!
Respondendo à tua pergunta, tenho o conjunto de 33+46+33.
Embora as Trekker possam ser usadas em qualquer suporte monokey (lateral/topcase), uso a 46 como topcase. Os suportes monokey para a Tiger não são simétricos e a diferença é enorme na combinação 33+46 em lateral. Já com as duas do mesmo tamanho, mal se nota.
Ainda ponderei usar 46+46 como lateral, mas a mota ficava com a largura de um caro :s
33+33 é perfeito, a traseira fica à largura do guiador, e o facto destas malas serem quadradas e semi-abertas faz com que o espaço seja melhor aproveitado que por exemplo a série E41.
Para guardar capacete, é que só mesmo na 46.
Cumps!
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Brutal...
Bela crónica com fotos e texto espetaculares.
Sai mais um...
Bela crónica com fotos e texto espetaculares.
Sai mais um...
JoUgly- Zero à esquerda
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Que belissima padeirada!!! Fotos fantásticas e uma prosa ainda mais deslumbrante...muito bom...li tudo de seguida e fiquei com vontade de lá ir no Verão...
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Já ronca!!!!
Trophyvitor- Já sai à rua a conduzir.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Dia 04, El Rocio - Lisboa
Depois de uma boa noite de chuva, acordámos nem tarde, nem cedo… E cum caneco, o tempo não estava melhor, e ameaçava ainda mais chuva!!!
Bem, vamos mas é despachar. O equipamento pendurado nas portas do roupeiro estava meio-seco e meio-molhado…
A camisola e as luvas do Barradas continuavam húmidas, e as mangas do meu casaco também. Antes de sairmos para o pequeno-almoço voltámos a aplicar o método de secagem do dia anterior, ar condicionado a 30ºC com a ventoinha a fundo!
O pequeno-almoço era servido na sala ampla junto à recepção. E foi o recepcionista do dia anterior que nos atendeu. Deu-nos a possibilidade de ficarmos no alpendre, mas optámos por ficar dentro do edifício, não estava dia para apanhar Sol.
Tostas e café, o habitual. Aviámos num quarto de hora o que se apresentou na mesa, e regressámos ao quarto onde por esta altura estava um braseiro. Vestimos o equipamento ainda com boas réstias de humidade (tal foi a molha!) e ajeitámos as motas no pátio interior, para carregar as malas.
O Barradas optou por sair com a mota em mãos, e eu fui com ela mesmo a trabalhar…
Cá fora o dia estava como de véspera, piso húmido, céu sombrio a ameaçar chuva. Cheira-me que vem aí mais um dia cheio de água...
Saímos de El Rocio com calma para não nos baldarmos na areia logo pela manhã. Apanhámos a estrada de alcatrão e seguimos para Sul em direcção à costa. De caminho parámos numa estação de serviço para atestar e olear a corrente.
Continuámos pela costa até Huelva. Este troço é basicamente uma recta interminável que passa pelas várias praias da região, sem na verdade lá ir. Digo isto porque os acessos à costa são geralmente mato adentro ao estilo de corta-fogos. Assim a estrada segue ladeando mar à distância, o que não a torna particularmente bonita ou rica em cenário, a não ser, claro, que se aprecie de sobremaneira o pinheiro, que é o que há por aqui com fartura.
Fez-se bem, sem trânsito e nas calmas pela manhã, mesmo bom para o Barradas ir secando as luvas que seguiam penduradas nos espelhos…
Andámos assim uns 50 e tal quilómetros até chegar a Huelva, a cidade do morango. Entrámos pela zona portuária e contornámos a cidade por aí.
A esta distância, Huelva parece grande e suscita alguma curiosidade, mas não tínhamos tempo para visitá-la, e começava a chover… Lindo!
Uma paragem rápida para acertar o equipamento e siga debaixo de chuva em direcção a Norte.
O percurso de regresso que tínhamos planeado fazia-nos entrar em Portugal por onde tínhamos saído, Rosal de La Frontera. No entanto iríamos fazê-lo numa trajectória diferente da de há quatro dias, mais em vertical e portanto sem repassar pelo mesmo percurso. Havia um propósito nisto, cruzar o Rio Tinto e atravessar a região mineira a norte de Huelva. Um roteiro cénico que me ficou na retina quando aqui passei há uns meses atrás. Se não conhecem o Rio Tinto, aconselho-vos a fazerem uma pesquisa. Está classificado como um dos locais mais estranhos do planeta, e o seu nome deriva da sua principal característica, que é o facto das suas águas serem de um tom que varia entre o avermelhado e alaranjado. Como se não bastasse as suas águas são extremamente ácidas, com pH a rondar 2 valores.
E a razão para isto?... Desde sempre que aqui se extrai minério, cobre, ferro, prata e mesmo ouro. À semelhança do que sucedeu nas Minas de São Domingos (Mértola, Alentejo) o exercício destas actividades provoca graves impactos no meio envolvente, nomeadamente pela drenagem das minas que contamina as águas envolventes com metais pesados. Desta forma, é a concentração de ferro em níveis anormais nas águas do rio que lhe confere esta coloração estranha, e consequentemente o seu nome.
Saímos de Huelva por nacionais sempre rumando a Norte e sempre debaixo de chuva.
Seguia à frente e às tantas começo a ver espanhóis no sentido contrário a bater máximos… Eh lá… Será polícia?!
Íamos no limite de velocidade, as condições do piso e tempo não permitiam mais que isso, portanto por aí não havia por onde pegar.
Mas qual quê, não era a polícia… Depois de uma curva a estrada fazia o efeito de um vale, e aí estava inundada… Bonito… Água por cima, água por baixo!
Aquilo é uma boa quantidade de água de suja do qual não se via o fundo… Afrouxei sem parar, e meti-me pela berma direita que parecia levar menos água.
Dei-lhe um bocadinho de gás e passou… O Barradas seguia atrás de mim, e disse-lhe para fazer o mesmo, atravessar pelo lado direito… Passou sem problema e lá fomos nós… Que máquinas do cacete estas Tigers!
Mais um pouco de nacionais e finalmente chegávamos à região de Rio Tinto, onde a vegetação se adensa.
Para passarmos junto ao rio teríamos de fazer um troço serra adentro. No acesso vimos logo a indicação de estrada cortada… Grande galo.
Assim mesmo resolvemos seguir a estrada para ver o que dava... Contornámos a barreira e seguimos… Mais meia dúzia de quilómetros e chegávamos ao ponto crítico.
Rio Tinto à nossa esquerda e uma curva da estrada em obras na sequência de um desmoronamento. Neste momento estava em pé só meia faixa, o que era para nós perfeitamente realizável. Desmontámos das motos e fomos averiguar o estado da coisa. Do outro lado estava um jipe e um casal espanhol que andava por ali a tirar fotos. Vieram ao nosso encontro e o espanhol disse-nos que do outro lado estava um monte de entulho que iria dificultar a nossa passagem. Fomos lá ver e de facto não estava fácil. Os tipos tinham erigido uma barreira de terra e alcatrão moído. As únicas possibilidades seriam passar pelo lado exterior (já que à direita a valeta suja não o permitia) ou atacar o monte de frente e passar por cima dele. O casal veio ter connosco e ele com extrema simpatia, prontamente se ofereceu a ajudar.
O Barradas tinha decidido experimentar a travessia de lado, pela berma. Eu estava com algum receio. Seria um metro de terra mole, que se afundava debaixo dos nossos pés, e para além disso uma ribanceira de 2 ou 3 metros... Sacámos as malas, e o Barradas trouxe a Tiger até junto à berma. Eu e o espanhol ficámos do lado fora para amparar. O Rui foi dando gás, devagarinho, e nós segurando a mota pelo exterior enquanto ele ficava com o pé esquerdo no ar… Ai, ui, ui, ai… E lá estava a Tiger do outro lado… Ufa… Falta a minha…
Comecei a mirar o monte, e a calcá-lo com uns pés num sítio e pareceu-me que era transponível. O espanhol também achou que sim e começou a juntar uns pedaços de pedra e alcatrão em forma de rampa… Vamos a isso, mesmo que encoste por baixo está lá a protecção de cárter para proteger.
Fui buscar a Tiger alinhei-a com o ponto de passagem, o Rui e o espanhol colocaram-se em cada lado para me amparar no caso de algum desequilíbrio.
Meti primeira, dei-lhe gás, sem toques e em 2 segundos estava do outro lado… Caramba, foi mesmo fácil… Que máquinas do cacete, mesmo!
Montámos as malas, agradecemos ao espanhol e demos-lhes o endereço da página do comando para ele depois ver a crónica.
Creio que a companheira dele tirou algumas fotos das passagens, mas eu não me dediquei muito a isso, estava com outras preocupações...
E vamos embora para casa!
A chuva a partir daqui e até Rosal, ia e vinha. O percurso é bastante agradável, uma estrada que serpenteia por meio de uma vegetação rasteira verdejante, e de quando em vez vamos vendo alguns cursos de água que correm com intensidade por esta altura. A estrada estava bem molhada, mas o traçado é simples e não muito exigente o que nos permitiu fazer todo o itinerário descontraídos, a velocidade moderada.
Finalmente chegávamos a Rosal, mesmo a tempo para fazer um último abastecimento com gasolina ainda a preço de “saldo”.
E vamos para Serpa que nos esperam umas migas à maneira na Adega Molhóbico!
E nisto começa a chuva novamente. Assim que entrámos em Portugal e até Serpa fomos brindados com um monumental banho de água, que é coisa que não faltou nestes últimos dois dias. Eu por esta altura ia lixado da vida. Tinha as mangas encharcadas até às axilas, e ainda para mais estava a começar a ficar frio...
Chuva e frio é uma mistura que deixa qualquer um mal disposto… E frio, efectivamente, não tivemos enquanto andámos por Espanha.
O que me safou foi pensar que só tinha de aguentar mais um pouco, para chegar a Serpa e mandar os beiços a umas migas quentinhas de porco preto!
Custou um bom bocado, mas lá chegámos a Serpa, a pingar. Água por dentro e por fora. Tive de tirar o forro térmico do casaco, que já estava encharcado, e vestir um polar.
Deixámos as motas estacionadas no parque de estacionamento e fomos à Adega. Sentámo-nos, pedimos e fomos barrando as fatias de pão com uma deliciosa banha polvilhada com algumas pedras de sal… Divino!
Veio o prato principal que devorámos àvidamente. Não há que enganar, aqui é sempre bom! E mais a sobremesa, se faz favor!… Delicia!
Não demorámos muito, apenas o tempo necessário para satisfazer o nosso apetite. Pagámos a conta e fomos embora.
Parece que não havia mais chuva no horizonte. Não é que chover agora fizesse muita diferença (mais água, menos água), mas fazer o Alentejo por esta altura implica frio. E água e frio é talvez o mais desagradável para quem rola de mota.
Entrámos na A2 perto de Grândola, ligámos a velocidade de cruzeiro entre os 120 e 140 e seguimos assim até à 25 de Abril.
Já passada a ponte, uma paragem para a despedida final e devolução do segundo jogos de chaves, que tínhamos trocado para o caso de se perder o principal.
Mais uma excelente aventura com mais um rol de boas memórias. Valeram os dois primeiros dias de bom tempo que nos permitiram apreciar o melhor daquela zona.
Os dias seguinte podiam ter sido melhores, ou, pelo menos, menos “húmidos”, e teria-se feito a “coisa” com outro à vontade. Ainda assim pudemos apreciar um pouco de El Rocio e fazer uma passagem por aquela bonita região. Ficou mesmo a faltar uma saída pelo sul da Serra de Grazalema que fizemos no terceiro dia debaixo de um nevoeiro denso.
Mesmo assim, em relação às opções iniciais parece-me que não foi má escolha. A zona é fantástica para mototurismo e a temperatura nesta altura do ano é bastante amena. A opção de rumar para Norte teria-nos trazido água em menor quantidade, mas muito frio.
Uma palavra de apreço ao meu companheiro de estrada. Como é habitual, o Rui Barradas, que me vai acompanhando nas minhas loucuras e eu que o acompanho nas dele.
Depois de tantos quilómetros feitos juntos, só posso concluir que alinhamos muito bem na estrada e fora dela. Quer em ideias, maneira de ser, e expectativas que temos sempre destas viagens. Só isso justifica a vontade que temos em perpetuar estas aventuras, arrancar de madrugada e deixar tudo para trás durante uns dias… Viajar de moto tornou-se para mim uma necessidade básica para manter a sanidade mental… Não esquecendo que a sensação de arrancar para o desconhecido, para outras realidades em modo aventura é tão bom como a de regresso a casa…
Ah, e claro, pontuação máxima para as britânicas que em dois dias apanharam litradas de água e nunca se queixaram.
Comportamento cinco estrelas. Nem em condução na condições mais agrestes houve sustos ou percalços… Que máquinas do CACETE!!!
Fim.
Cumps!
Depois de uma boa noite de chuva, acordámos nem tarde, nem cedo… E cum caneco, o tempo não estava melhor, e ameaçava ainda mais chuva!!!
Bem, vamos mas é despachar. O equipamento pendurado nas portas do roupeiro estava meio-seco e meio-molhado…
A camisola e as luvas do Barradas continuavam húmidas, e as mangas do meu casaco também. Antes de sairmos para o pequeno-almoço voltámos a aplicar o método de secagem do dia anterior, ar condicionado a 30ºC com a ventoinha a fundo!
O pequeno-almoço era servido na sala ampla junto à recepção. E foi o recepcionista do dia anterior que nos atendeu. Deu-nos a possibilidade de ficarmos no alpendre, mas optámos por ficar dentro do edifício, não estava dia para apanhar Sol.
Tostas e café, o habitual. Aviámos num quarto de hora o que se apresentou na mesa, e regressámos ao quarto onde por esta altura estava um braseiro. Vestimos o equipamento ainda com boas réstias de humidade (tal foi a molha!) e ajeitámos as motas no pátio interior, para carregar as malas.
O Barradas optou por sair com a mota em mãos, e eu fui com ela mesmo a trabalhar…
Cá fora o dia estava como de véspera, piso húmido, céu sombrio a ameaçar chuva. Cheira-me que vem aí mais um dia cheio de água...
Saímos de El Rocio com calma para não nos baldarmos na areia logo pela manhã. Apanhámos a estrada de alcatrão e seguimos para Sul em direcção à costa. De caminho parámos numa estação de serviço para atestar e olear a corrente.
Continuámos pela costa até Huelva. Este troço é basicamente uma recta interminável que passa pelas várias praias da região, sem na verdade lá ir. Digo isto porque os acessos à costa são geralmente mato adentro ao estilo de corta-fogos. Assim a estrada segue ladeando mar à distância, o que não a torna particularmente bonita ou rica em cenário, a não ser, claro, que se aprecie de sobremaneira o pinheiro, que é o que há por aqui com fartura.
Fez-se bem, sem trânsito e nas calmas pela manhã, mesmo bom para o Barradas ir secando as luvas que seguiam penduradas nos espelhos…
Andámos assim uns 50 e tal quilómetros até chegar a Huelva, a cidade do morango. Entrámos pela zona portuária e contornámos a cidade por aí.
A esta distância, Huelva parece grande e suscita alguma curiosidade, mas não tínhamos tempo para visitá-la, e começava a chover… Lindo!
Uma paragem rápida para acertar o equipamento e siga debaixo de chuva em direcção a Norte.
O percurso de regresso que tínhamos planeado fazia-nos entrar em Portugal por onde tínhamos saído, Rosal de La Frontera. No entanto iríamos fazê-lo numa trajectória diferente da de há quatro dias, mais em vertical e portanto sem repassar pelo mesmo percurso. Havia um propósito nisto, cruzar o Rio Tinto e atravessar a região mineira a norte de Huelva. Um roteiro cénico que me ficou na retina quando aqui passei há uns meses atrás. Se não conhecem o Rio Tinto, aconselho-vos a fazerem uma pesquisa. Está classificado como um dos locais mais estranhos do planeta, e o seu nome deriva da sua principal característica, que é o facto das suas águas serem de um tom que varia entre o avermelhado e alaranjado. Como se não bastasse as suas águas são extremamente ácidas, com pH a rondar 2 valores.
E a razão para isto?... Desde sempre que aqui se extrai minério, cobre, ferro, prata e mesmo ouro. À semelhança do que sucedeu nas Minas de São Domingos (Mértola, Alentejo) o exercício destas actividades provoca graves impactos no meio envolvente, nomeadamente pela drenagem das minas que contamina as águas envolventes com metais pesados. Desta forma, é a concentração de ferro em níveis anormais nas águas do rio que lhe confere esta coloração estranha, e consequentemente o seu nome.
Saímos de Huelva por nacionais sempre rumando a Norte e sempre debaixo de chuva.
Seguia à frente e às tantas começo a ver espanhóis no sentido contrário a bater máximos… Eh lá… Será polícia?!
Íamos no limite de velocidade, as condições do piso e tempo não permitiam mais que isso, portanto por aí não havia por onde pegar.
Mas qual quê, não era a polícia… Depois de uma curva a estrada fazia o efeito de um vale, e aí estava inundada… Bonito… Água por cima, água por baixo!
Aquilo é uma boa quantidade de água de suja do qual não se via o fundo… Afrouxei sem parar, e meti-me pela berma direita que parecia levar menos água.
Dei-lhe um bocadinho de gás e passou… O Barradas seguia atrás de mim, e disse-lhe para fazer o mesmo, atravessar pelo lado direito… Passou sem problema e lá fomos nós… Que máquinas do cacete estas Tigers!
Mais um pouco de nacionais e finalmente chegávamos à região de Rio Tinto, onde a vegetação se adensa.
Para passarmos junto ao rio teríamos de fazer um troço serra adentro. No acesso vimos logo a indicação de estrada cortada… Grande galo.
Assim mesmo resolvemos seguir a estrada para ver o que dava... Contornámos a barreira e seguimos… Mais meia dúzia de quilómetros e chegávamos ao ponto crítico.
Rio Tinto à nossa esquerda e uma curva da estrada em obras na sequência de um desmoronamento. Neste momento estava em pé só meia faixa, o que era para nós perfeitamente realizável. Desmontámos das motos e fomos averiguar o estado da coisa. Do outro lado estava um jipe e um casal espanhol que andava por ali a tirar fotos. Vieram ao nosso encontro e o espanhol disse-nos que do outro lado estava um monte de entulho que iria dificultar a nossa passagem. Fomos lá ver e de facto não estava fácil. Os tipos tinham erigido uma barreira de terra e alcatrão moído. As únicas possibilidades seriam passar pelo lado exterior (já que à direita a valeta suja não o permitia) ou atacar o monte de frente e passar por cima dele. O casal veio ter connosco e ele com extrema simpatia, prontamente se ofereceu a ajudar.
O Barradas tinha decidido experimentar a travessia de lado, pela berma. Eu estava com algum receio. Seria um metro de terra mole, que se afundava debaixo dos nossos pés, e para além disso uma ribanceira de 2 ou 3 metros... Sacámos as malas, e o Barradas trouxe a Tiger até junto à berma. Eu e o espanhol ficámos do lado fora para amparar. O Rui foi dando gás, devagarinho, e nós segurando a mota pelo exterior enquanto ele ficava com o pé esquerdo no ar… Ai, ui, ui, ai… E lá estava a Tiger do outro lado… Ufa… Falta a minha…
Comecei a mirar o monte, e a calcá-lo com uns pés num sítio e pareceu-me que era transponível. O espanhol também achou que sim e começou a juntar uns pedaços de pedra e alcatrão em forma de rampa… Vamos a isso, mesmo que encoste por baixo está lá a protecção de cárter para proteger.
Fui buscar a Tiger alinhei-a com o ponto de passagem, o Rui e o espanhol colocaram-se em cada lado para me amparar no caso de algum desequilíbrio.
Meti primeira, dei-lhe gás, sem toques e em 2 segundos estava do outro lado… Caramba, foi mesmo fácil… Que máquinas do cacete, mesmo!
Montámos as malas, agradecemos ao espanhol e demos-lhes o endereço da página do comando para ele depois ver a crónica.
Creio que a companheira dele tirou algumas fotos das passagens, mas eu não me dediquei muito a isso, estava com outras preocupações...
E vamos embora para casa!
A chuva a partir daqui e até Rosal, ia e vinha. O percurso é bastante agradável, uma estrada que serpenteia por meio de uma vegetação rasteira verdejante, e de quando em vez vamos vendo alguns cursos de água que correm com intensidade por esta altura. A estrada estava bem molhada, mas o traçado é simples e não muito exigente o que nos permitiu fazer todo o itinerário descontraídos, a velocidade moderada.
Finalmente chegávamos a Rosal, mesmo a tempo para fazer um último abastecimento com gasolina ainda a preço de “saldo”.
E vamos para Serpa que nos esperam umas migas à maneira na Adega Molhóbico!
E nisto começa a chuva novamente. Assim que entrámos em Portugal e até Serpa fomos brindados com um monumental banho de água, que é coisa que não faltou nestes últimos dois dias. Eu por esta altura ia lixado da vida. Tinha as mangas encharcadas até às axilas, e ainda para mais estava a começar a ficar frio...
Chuva e frio é uma mistura que deixa qualquer um mal disposto… E frio, efectivamente, não tivemos enquanto andámos por Espanha.
O que me safou foi pensar que só tinha de aguentar mais um pouco, para chegar a Serpa e mandar os beiços a umas migas quentinhas de porco preto!
Custou um bom bocado, mas lá chegámos a Serpa, a pingar. Água por dentro e por fora. Tive de tirar o forro térmico do casaco, que já estava encharcado, e vestir um polar.
Deixámos as motas estacionadas no parque de estacionamento e fomos à Adega. Sentámo-nos, pedimos e fomos barrando as fatias de pão com uma deliciosa banha polvilhada com algumas pedras de sal… Divino!
Veio o prato principal que devorámos àvidamente. Não há que enganar, aqui é sempre bom! E mais a sobremesa, se faz favor!… Delicia!
Não demorámos muito, apenas o tempo necessário para satisfazer o nosso apetite. Pagámos a conta e fomos embora.
Parece que não havia mais chuva no horizonte. Não é que chover agora fizesse muita diferença (mais água, menos água), mas fazer o Alentejo por esta altura implica frio. E água e frio é talvez o mais desagradável para quem rola de mota.
Entrámos na A2 perto de Grândola, ligámos a velocidade de cruzeiro entre os 120 e 140 e seguimos assim até à 25 de Abril.
Já passada a ponte, uma paragem para a despedida final e devolução do segundo jogos de chaves, que tínhamos trocado para o caso de se perder o principal.
Mais uma excelente aventura com mais um rol de boas memórias. Valeram os dois primeiros dias de bom tempo que nos permitiram apreciar o melhor daquela zona.
Os dias seguinte podiam ter sido melhores, ou, pelo menos, menos “húmidos”, e teria-se feito a “coisa” com outro à vontade. Ainda assim pudemos apreciar um pouco de El Rocio e fazer uma passagem por aquela bonita região. Ficou mesmo a faltar uma saída pelo sul da Serra de Grazalema que fizemos no terceiro dia debaixo de um nevoeiro denso.
Mesmo assim, em relação às opções iniciais parece-me que não foi má escolha. A zona é fantástica para mototurismo e a temperatura nesta altura do ano é bastante amena. A opção de rumar para Norte teria-nos trazido água em menor quantidade, mas muito frio.
Uma palavra de apreço ao meu companheiro de estrada. Como é habitual, o Rui Barradas, que me vai acompanhando nas minhas loucuras e eu que o acompanho nas dele.
Depois de tantos quilómetros feitos juntos, só posso concluir que alinhamos muito bem na estrada e fora dela. Quer em ideias, maneira de ser, e expectativas que temos sempre destas viagens. Só isso justifica a vontade que temos em perpetuar estas aventuras, arrancar de madrugada e deixar tudo para trás durante uns dias… Viajar de moto tornou-se para mim uma necessidade básica para manter a sanidade mental… Não esquecendo que a sensação de arrancar para o desconhecido, para outras realidades em modo aventura é tão bom como a de regresso a casa…
Ah, e claro, pontuação máxima para as britânicas que em dois dias apanharam litradas de água e nunca se queixaram.
Comportamento cinco estrelas. Nem em condução na condições mais agrestes houve sustos ou percalços… Que máquinas do CACETE!!!
Fim.
Cumps!
Última edição por Cobra em Dom Fev 12 2017, 21:51, editado 2 vez(es)
Cobra- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Excelente
As Tigers são mesmo umas máquinas Parabéns pela foto-reportagem, está ao mais alto nível como já nos habituas-te.
Mais um
Um abraço.
As Tigers são mesmo umas máquinas Parabéns pela foto-reportagem, está ao mais alto nível como já nos habituas-te.
Mais um
Um abraço.
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Gosto! Gosto! Gosto !
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Gosto! Gosto! Gosto !
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É melhor chegar 5 minutos atrasada nesta vida que 10 minutos adiantada na próxima
Paula Kota- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Britânicas...água...britânicas...água... Já vêm habituadas de fabrica!
Muitíssimo bom, as usual!
Muitíssimo bom, as usual!
________________________
Atikman
atikman- Zero à direita
Re: Rota dos Pueblos Blancos (01-04NOV2012)
Obrigado a todos!
E agora, finda esta crónica e enquanto não há outra, vou aproveitar para dar uma vista de olhos nas outras muito boas que há por aqui!
Cumps!
E agora, finda esta crónica e enquanto não há outra, vou aproveitar para dar uma vista de olhos nas outras muito boas que há por aqui!
Cumps!
Cobra- Zero à direita
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