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Passeando por caminhos Celtas - 2014
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda Ramos escreveu:LoneRider escreveu:A Gracinda anda a fazer uns estragos tremendos na moral do pessoal!
Ultimamente, nas ultimas pesquisas que tenho feito, inexplicavelmente, termino a ver estradas, castelos e a ler lendas sobre deferentes clãs Escoceses!
Não é justo!
Isso quer dizer que vais levar a Maria até à Escócia?
Tenho tantos planos que se calhar nem me consigo decidir!
Para já calma!
Que a Dorothy ainda não está preparada para viajar e a Maria está sem sapatinho!
________________________
ENDLESS ROAD
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Aqui vai mais um merecido
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
17 de agosto de 2014
Um regresso é sempre triste para mim e, naquele momento, eu sentia que começava o meu regresso! Talvez porque estava no ponto mais a norte da minha viagem e a partir dali tudo seria descida até casa… embora estivesse ainda a 14 dias do fim da minha viagem!
Tudo o que eu esperava era que houvesse um pouco de tempo seco para que as minhas memórias da descida das Highlands fizessem justiça ao meu caminho…
Eu planeara fazer outros percursos, diferentes do que fizera na subida, mas o tempo incerto mudaria os meus planos e eu redesenhei o meu percurso de acordo com o sítio onde as nuvens e o mau tempo estavam, o que acabou por dar um refazer a mesma estrada do dia anterior. Isso não me entristeceu minimamente, já que o caminho da costa é encantador e ver a paisagem de outro ângulo, enquanto conduzia, deslumbrar-me-ia de novo!
E o tempo estava bastante ruim em Thurso. A minha motita dormira no quintal dos vizinhos e estava bem molhada. Aproveitei ela ter estado de molho toda a noite para lhe limpar o lixo!
A cidade tem os seus encantos mas o mau tempo nem permitia aprecia-los devidamente. Passeei um pouco junto ao mar tentando entender se o tempo mudaria ou não!
Não havia vivalma nas ruas, o que tornava tudo mais triste ainda. Puxei do telemóvel e só então entendi que era domingo… eu nunca sei a quantas ando quando ando em viagem! Bolas! Claro que estava tudo desoladamente só, com aquela bosta de tempo e sendo domingo!
G
Como não havia (quase) ninguém pelas ruas da cidade aproveitei para me meter por recantos, subir passeios e quase entrar nos quintais das pessoas, para ver o que havia sem descer da moto, Esse “quase ninguém” é para os senhores que caminhavam, todos encasacados, e pararam meio aparvalhados a olhar para mim, a fazer malabarismos com a moto pela beirinha dos passeios e a passar entre o muro do cais e os mecos das amarras, onde a minha motita parecia grande demais para passar.
“You're a sweet crazy girl, you know?!” disse um deles è minha passagem
“You're not supposed to be there looking at me!” respondi-lhe eu! ahahahah
Se há dias em que me apetece conduzir, arriscar um pouco, procurar caminhos inusuais, aquele era um deles, mesmo o tempo não estando a ajudar muito! Por isso meti-me por ruelas que nem eu sabia onde ia dar, mas que prometiam perspectivas diferentes do meu caminho.
Pássaros, muitos pássaros, pareciam corvos (eu adoro corvos) levantavam voo à minha aproximação e voavam perto de mim! Sentia-me no meio de um filme de Hitchcock.
Caminhos que me levavam pelo meio dos campos de cultivo e de pasto, sem ninguém para além de pássaros!
Torre de Harold, construída no séc. XVIII, fica ali, no meio de lado nenhum, campos a toda a volta, visível a longas distâncias porque está numa elevação com o mar abaixo. É um mausoléu, embora digam que os corpos não estão lá dentro.
Mais uma curva e não havia mais alcatrão, apenas terra batida e o caminho que desaparecia. Pousei a moto e fui se dava para seguir.
G
Fui seguindo na direcção de John o’Groats, já que tinha de apanhar chuva, que fosse pelo caminho mais bonito, já que pelo interior a coisa estava negra!
Eu sempre fico impressionada com os enquadramentos que os cemitérios por aquelas bandas permitem, com o mar ao fundo! Continuava o meu trabalho de rato de cemitério a catar tumbas em Canisbay.
Jon o’Groats estava só mas com boa visibilidade…
Até desatar a chover e eu nem conseguir mais fotografar decentemente! Apareceu um perdido, como eu, um suíço muito bem-disposto que reclamava para os céus “Eh toi lá haut, arrête cette pluie je ne sais pas si je pourrais revenir ici!”
Fartei.me de rir com ele “deixe lá, é mais um motivo para cá voltar!
Ele ficou por lá na esperança que o tempo melhorasse, mas acho que não iria ter grande sorte, a considerar pelo céu pesado que se instalou. Eu despedi-me do local e vim embora…
E comecei a descida, com uma plateia que ficava muito espantada a olhar para mim, cada vez que eu parava para dar uma olhada na encosta!
Era só eu parar e a multidão parava de comer e olhava toda para mim! Que sensação!
O tempo realmente melhorava à medida que eu ia descendo, o que era fantástico pois ia-me permitindo ver e registar.
Deslumbrei-me a cada quilómetro!
Aquele mar parecia de prata a cada vez que as nuvens se tornavam um pouco menos espessas e deixavam a claridade passar!
Castelinhos, torres e casa senhoriais… um conto de fadas!
As pingas de chuva faziam estragos nas minhas fotos, mas a paisagem valia o risco…
Então vi um castelo!
“Ao longe vê-se mais uma torre, procuro o caminho até ela, não é evidente, porque parece que é acessível por várias ruelas que aparecem no entretanto, mas nenhuma delas se aproxima. Na realidade não há uma rua até lá, há um caminho privado, dentro de portões, dentro da propriedade. Não sei o que fazer, não há ninguém por perto e o portão está aberto para uma longa alameda… Da rua não se vê o castelo, por isso decido armar-me em turista inconsciente e entrar com a moto por ali dentro. A teoria é sempre a mesma, se me puserem fora eu vou, mas levo comigo tudo o que consegui ver! E ninguém me pôs fora, ninguém apareceu, e eu passeei com a moto pela propriedade sem qualquer impedimento. O castelo é chamado de torre, the Ackergill Tower, pode ter sido construído antes mas só aparece mencionado no séc. XVI, e tem uma lenda que conta que o seu primeiro proprietário raptou uma belíssima rapariga que, para escapar dos seus avanços, caiu do topo da torre, desde então diz-se que o seu fantasma ainda é visto de vez em quando. Se é assim, não parece assustar muita gente, pois o castelo é hoje um local de realização de eventos e não consta que noivos ou convivas temam a intromissão da rapariga nas suas festividades!”
(in “Passeando pela vida” – a página)
Lá estava ele!
Quando se fala de um sítio, de uma cidade, de um país, há sempre uma imagem que me vem à memória e, quando se fala de Escócia, essa imagem é sempre de um castelo. Um qualquer, mesmo inexistente, mesmo construído pelo meu imaginário. Este, que eu nunca vira, é tão parecido com tantos castelos que já desenhei na minha cabeça ao pensar naquele país…
Senti-me no meio de um cenário de filme! A atmosfera junto de uma construção daquelas sempre me fascina!
Claro que não pude deixar de captar a minha bonequinha naquele ambiente!
E eu sabia que o meu crédito de tempo aceitável estava a chegar ao fim, as nuvens eram negras por todo o lado! Tinha de aproveitar enquanto aquele céu todo não começasse a cair-me em cima!
Parei um pouco em Wick, tinha de comer qualquer coisa…
“A minha descida pelas Highlands foi linda e cheia de nostalgia. Cenários grandiosos de céus e mar deslumbrantes me fizeram companhia, com a terra no meio a servir-me de suporte paradisíaco. Quanto tempo demorei eu a percorrer aqueles caminhos? Todo o tempo do mundo até a chuva tomar conta de tudo… Quantas vezes voltarei eu àquele país? Seguramente algumas mais, assim a vida mo permita, porque há sentimentos e sensações que precisam de ser revividos e alimentados ou definharão quem os sente!”
(in “Passeando pela vida” – a página)
Então vi-as!
Um pasto cheio delas!
Lindas, fofinhas, simpáticas!
Parei de repente, larguei da moto e fui vê-las de perto!
Não resisti, saltei a cerca e fui mais perto!
São umas queridas! Apetecia mesmo trazer uma para casa comigo!
E as filhotas? Pareciam grandes cachorrinhos!
E uma fotografia de família para terminar!
Estava a aproximar-me de Invernes e o Dunrobin Castle a aparecer de novo, por cima das árvores na berma da estrada!
E foi quando o temporal foi tanto que eu tive de parar e guardar a máquina fotográfica. E ainda bem que o fiz… porque foi o verdadeiro dilúvio, à medida que me aproximava do Cairngorms National Park, onde eu iria pernoitar, junto ao Loch Morlich … já imaginando que nada veria da região que é tão linda…
E assim foi!
Uma luta renhida com o temporal, sem vontade de parar em lado nenhum. O nevoeiro era cerrado e até ao chão, nada se via para além de uns 4 ou 5 metros à frente da moto. Carros, camiões e autocarros enchiam o pouco espaço de visibilidade na minha frente de spray sujo de terra, que dificultava ainda mais a minha condução. E paravam, e abrandavam, que o tempo não estava para brincadeiras! E eu que tinha de fazer o percurso a mais velocidade por causa do vento que me abanava, lá ia ultrapassando uns e outros, ao som da minha música aconchegante, que me fazia sentir agasalhada e protegida, dentro do meu fato de chuva que nada deixava entrar…
Quando cheguei à pousada fui recebida por gente muito simpática que me indicou um “drying room” onde pude pôr toda a minha roupa a secar, capacete e tudo! Fantástico!
Ter um “drying room” queria dizer que eles tinham muita chuva por ali? Sim, sempre, quase todos os dias, verão e inverno! Que fixe, queria dizer também que haveria pouca esperança de, no dia seguinte, ver o que quer que fosse então! Pois, seguramente, a meteorologia já andava a dizer que a chuva estaria por lá mais uma semana, nada de novo, é sempre assim!
me***!
Amuei e fui-me meter numa ponta da sala de jantar, que parecia um aquário ao contrário, vidro com a água do lado de fora…
E foi um serão muito giro e agradável com longas conversas, cerveja da terra e muitos desenhos de interior, do tipo que não costumo fazer nas minhas viagens, mas que ali me fizeram bastante companhia. Às vezes é assim, quando não há mais nada para fazer, desenha-se...
E foi o fim do 19º dia de viagem.
Um regresso é sempre triste para mim e, naquele momento, eu sentia que começava o meu regresso! Talvez porque estava no ponto mais a norte da minha viagem e a partir dali tudo seria descida até casa… embora estivesse ainda a 14 dias do fim da minha viagem!
Tudo o que eu esperava era que houvesse um pouco de tempo seco para que as minhas memórias da descida das Highlands fizessem justiça ao meu caminho…
Eu planeara fazer outros percursos, diferentes do que fizera na subida, mas o tempo incerto mudaria os meus planos e eu redesenhei o meu percurso de acordo com o sítio onde as nuvens e o mau tempo estavam, o que acabou por dar um refazer a mesma estrada do dia anterior. Isso não me entristeceu minimamente, já que o caminho da costa é encantador e ver a paisagem de outro ângulo, enquanto conduzia, deslumbrar-me-ia de novo!
E o tempo estava bastante ruim em Thurso. A minha motita dormira no quintal dos vizinhos e estava bem molhada. Aproveitei ela ter estado de molho toda a noite para lhe limpar o lixo!
A cidade tem os seus encantos mas o mau tempo nem permitia aprecia-los devidamente. Passeei um pouco junto ao mar tentando entender se o tempo mudaria ou não!
Não havia vivalma nas ruas, o que tornava tudo mais triste ainda. Puxei do telemóvel e só então entendi que era domingo… eu nunca sei a quantas ando quando ando em viagem! Bolas! Claro que estava tudo desoladamente só, com aquela bosta de tempo e sendo domingo!
G
Como não havia (quase) ninguém pelas ruas da cidade aproveitei para me meter por recantos, subir passeios e quase entrar nos quintais das pessoas, para ver o que havia sem descer da moto, Esse “quase ninguém” é para os senhores que caminhavam, todos encasacados, e pararam meio aparvalhados a olhar para mim, a fazer malabarismos com a moto pela beirinha dos passeios e a passar entre o muro do cais e os mecos das amarras, onde a minha motita parecia grande demais para passar.
“You're a sweet crazy girl, you know?!” disse um deles è minha passagem
“You're not supposed to be there looking at me!” respondi-lhe eu! ahahahah
Se há dias em que me apetece conduzir, arriscar um pouco, procurar caminhos inusuais, aquele era um deles, mesmo o tempo não estando a ajudar muito! Por isso meti-me por ruelas que nem eu sabia onde ia dar, mas que prometiam perspectivas diferentes do meu caminho.
Pássaros, muitos pássaros, pareciam corvos (eu adoro corvos) levantavam voo à minha aproximação e voavam perto de mim! Sentia-me no meio de um filme de Hitchcock.
Caminhos que me levavam pelo meio dos campos de cultivo e de pasto, sem ninguém para além de pássaros!
Torre de Harold, construída no séc. XVIII, fica ali, no meio de lado nenhum, campos a toda a volta, visível a longas distâncias porque está numa elevação com o mar abaixo. É um mausoléu, embora digam que os corpos não estão lá dentro.
Mais uma curva e não havia mais alcatrão, apenas terra batida e o caminho que desaparecia. Pousei a moto e fui se dava para seguir.
G
Fui seguindo na direcção de John o’Groats, já que tinha de apanhar chuva, que fosse pelo caminho mais bonito, já que pelo interior a coisa estava negra!
Eu sempre fico impressionada com os enquadramentos que os cemitérios por aquelas bandas permitem, com o mar ao fundo! Continuava o meu trabalho de rato de cemitério a catar tumbas em Canisbay.
Jon o’Groats estava só mas com boa visibilidade…
Até desatar a chover e eu nem conseguir mais fotografar decentemente! Apareceu um perdido, como eu, um suíço muito bem-disposto que reclamava para os céus “Eh toi lá haut, arrête cette pluie je ne sais pas si je pourrais revenir ici!”
Fartei.me de rir com ele “deixe lá, é mais um motivo para cá voltar!
Ele ficou por lá na esperança que o tempo melhorasse, mas acho que não iria ter grande sorte, a considerar pelo céu pesado que se instalou. Eu despedi-me do local e vim embora…
E comecei a descida, com uma plateia que ficava muito espantada a olhar para mim, cada vez que eu parava para dar uma olhada na encosta!
Era só eu parar e a multidão parava de comer e olhava toda para mim! Que sensação!
O tempo realmente melhorava à medida que eu ia descendo, o que era fantástico pois ia-me permitindo ver e registar.
Deslumbrei-me a cada quilómetro!
Aquele mar parecia de prata a cada vez que as nuvens se tornavam um pouco menos espessas e deixavam a claridade passar!
Castelinhos, torres e casa senhoriais… um conto de fadas!
As pingas de chuva faziam estragos nas minhas fotos, mas a paisagem valia o risco…
Então vi um castelo!
“Ao longe vê-se mais uma torre, procuro o caminho até ela, não é evidente, porque parece que é acessível por várias ruelas que aparecem no entretanto, mas nenhuma delas se aproxima. Na realidade não há uma rua até lá, há um caminho privado, dentro de portões, dentro da propriedade. Não sei o que fazer, não há ninguém por perto e o portão está aberto para uma longa alameda… Da rua não se vê o castelo, por isso decido armar-me em turista inconsciente e entrar com a moto por ali dentro. A teoria é sempre a mesma, se me puserem fora eu vou, mas levo comigo tudo o que consegui ver! E ninguém me pôs fora, ninguém apareceu, e eu passeei com a moto pela propriedade sem qualquer impedimento. O castelo é chamado de torre, the Ackergill Tower, pode ter sido construído antes mas só aparece mencionado no séc. XVI, e tem uma lenda que conta que o seu primeiro proprietário raptou uma belíssima rapariga que, para escapar dos seus avanços, caiu do topo da torre, desde então diz-se que o seu fantasma ainda é visto de vez em quando. Se é assim, não parece assustar muita gente, pois o castelo é hoje um local de realização de eventos e não consta que noivos ou convivas temam a intromissão da rapariga nas suas festividades!”
(in “Passeando pela vida” – a página)
Lá estava ele!
Quando se fala de um sítio, de uma cidade, de um país, há sempre uma imagem que me vem à memória e, quando se fala de Escócia, essa imagem é sempre de um castelo. Um qualquer, mesmo inexistente, mesmo construído pelo meu imaginário. Este, que eu nunca vira, é tão parecido com tantos castelos que já desenhei na minha cabeça ao pensar naquele país…
Senti-me no meio de um cenário de filme! A atmosfera junto de uma construção daquelas sempre me fascina!
Claro que não pude deixar de captar a minha bonequinha naquele ambiente!
E eu sabia que o meu crédito de tempo aceitável estava a chegar ao fim, as nuvens eram negras por todo o lado! Tinha de aproveitar enquanto aquele céu todo não começasse a cair-me em cima!
Parei um pouco em Wick, tinha de comer qualquer coisa…
“A minha descida pelas Highlands foi linda e cheia de nostalgia. Cenários grandiosos de céus e mar deslumbrantes me fizeram companhia, com a terra no meio a servir-me de suporte paradisíaco. Quanto tempo demorei eu a percorrer aqueles caminhos? Todo o tempo do mundo até a chuva tomar conta de tudo… Quantas vezes voltarei eu àquele país? Seguramente algumas mais, assim a vida mo permita, porque há sentimentos e sensações que precisam de ser revividos e alimentados ou definharão quem os sente!”
(in “Passeando pela vida” – a página)
Então vi-as!
Um pasto cheio delas!
Lindas, fofinhas, simpáticas!
Parei de repente, larguei da moto e fui vê-las de perto!
Não resisti, saltei a cerca e fui mais perto!
São umas queridas! Apetecia mesmo trazer uma para casa comigo!
E as filhotas? Pareciam grandes cachorrinhos!
E uma fotografia de família para terminar!
Estava a aproximar-me de Invernes e o Dunrobin Castle a aparecer de novo, por cima das árvores na berma da estrada!
E foi quando o temporal foi tanto que eu tive de parar e guardar a máquina fotográfica. E ainda bem que o fiz… porque foi o verdadeiro dilúvio, à medida que me aproximava do Cairngorms National Park, onde eu iria pernoitar, junto ao Loch Morlich … já imaginando que nada veria da região que é tão linda…
E assim foi!
Uma luta renhida com o temporal, sem vontade de parar em lado nenhum. O nevoeiro era cerrado e até ao chão, nada se via para além de uns 4 ou 5 metros à frente da moto. Carros, camiões e autocarros enchiam o pouco espaço de visibilidade na minha frente de spray sujo de terra, que dificultava ainda mais a minha condução. E paravam, e abrandavam, que o tempo não estava para brincadeiras! E eu que tinha de fazer o percurso a mais velocidade por causa do vento que me abanava, lá ia ultrapassando uns e outros, ao som da minha música aconchegante, que me fazia sentir agasalhada e protegida, dentro do meu fato de chuva que nada deixava entrar…
Quando cheguei à pousada fui recebida por gente muito simpática que me indicou um “drying room” onde pude pôr toda a minha roupa a secar, capacete e tudo! Fantástico!
Ter um “drying room” queria dizer que eles tinham muita chuva por ali? Sim, sempre, quase todos os dias, verão e inverno! Que fixe, queria dizer também que haveria pouca esperança de, no dia seguinte, ver o que quer que fosse então! Pois, seguramente, a meteorologia já andava a dizer que a chuva estaria por lá mais uma semana, nada de novo, é sempre assim!
me***!
Amuei e fui-me meter numa ponta da sala de jantar, que parecia um aquário ao contrário, vidro com a água do lado de fora…
E foi um serão muito giro e agradável com longas conversas, cerveja da terra e muitos desenhos de interior, do tipo que não costumo fazer nas minhas viagens, mas que ali me fizeram bastante companhia. Às vezes é assim, quando não há mais nada para fazer, desenha-se...
E foi o fim do 19º dia de viagem.
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
18 de agosto de 2014
Tal como predito pelo meu amigo da receção, no dia seguinte chovia a potes!
Ele era chuva por todo o lado, só me restava enfiar o fato de chuva e continuar a descer o país sem nem olhar para o lado… uma pena…
Voltei de desenhar o interior da sala de estar onde passei todo o tempo que o tempo não me deixava sair. Acho que nunca tinha desenhado tantos interiores como desta vez!
Porque os exteriores estavam uma sopa!
Por ali tudo é verde e até é fácil de entender porquê, com tanta humidade e chuva…
Os bichinhos são bem tratados por aquelas terras, há comida para os pássaros nas árvores
e há coelhos a passear por ali como se fosse a coisa mais natural, em plena harmonia com os patos que entravam quase pela casa dentro à procura de comida!
Lá tratei de partir, depois de um pequeno-almoço tomado a espreitar de janela em janela…
O lago que me levara ali estava cinzento e triste, era mesmo do outro lado da rua e eu nem o vira ainda…
Como tudo deve ser bonito por ali e eu nada vi…
Há mesmo paisagens surreais que eu queria ver, mas apenas as vislumbrei levemente, no meio do mau tempo!
E a estrada na minha frente parecia o caminho da tempestade!
Mesmo assim eu não desci tão direta assim, fui-me encostando à costa leste, já que tinha de seguir sem paragens que fosse tenho algo para ver, como o mar do norte!
Claro que aquele caminho não foi uma escolha inocente!
Havia uma réstia de sol por aqueles lados na meteorologia da manhã, e havia também algo que eu queria ver, nem que fosse de passagem!
“Finalmente fui até ao Castelo de Alnwick, lindo, antigo, medieval mas, não importa quanta história ele conta, a sua mais recente fama o tornou mundialmente conhecido, quando emprestou os seus exteriores para as filmagens de Hogwarts, o castelo do Harry Potter. Embora muita coisa tenha sido inventada e criada em desenho digital, a alma do castelo permanece no filme, pude senti-lo hoje. Estava cheio de famílias com miúdos, havia atividades engraçadas e bastante realistas para alegria da pequenada e os relvados, fofos como almofadas, serviam de alcatifa onde toda a gente se sentava a todo o momento, até eu, aproveitando o lindo sol que espreitava finalmente entre as nuvens!”
(in Passeando pela vida – a página)
A chuva tinha parado e quando eu entrei no castelo, ninguém diria que tinha sequer chovido!
Depois da chuva, depois de nada ver por tanto tempo, o Castelo de Alnwick foi um paraíso de luz e alegria na minha viagem, apesar de estar cheio de gente e de as nuvens logo se voltarem a fechar.
Não, não se pode fotografar lá dentro… eu sei, sou uma fora da lei, pois roubei uma ou duas fotos para a posteridade!
Que bem que me soube ver o sol em tão bonito lugar pelo tempo suficiente para me animar a alma!
Andei por ali, sentei-me no relvado fofo, subi às torres, desci ao rio…
nada me fazia lembrar o Harry Potter, porque tudo era alegria e luz por ali, a não ser as animações e encenações que faziam os mais pequenos delirarem e sonharem, por mundos de magia a que aquele castelo serviu já de cenário…
Lá estava o rio e a ponte que eu queria atravessar! Lá de baixo a perspectiva sobre o castelo devia ser linda!
Nuvens gigantes aproximavam-se rapidamente e eu nem iria ver os jardins. Tratei de dar a volta ao circuito de regresso para ir ver o castelo por fora e pôr-me a andar, antes que a chuva voltasse a apanhar-me!
Uma escultura imponente de Sir Henry Percy, um herói do séc. XIV nas guerras anglo-escocesas, fica entre o mundo da brincadeira e o jardim de relva fofa e verde.
Deixei os jardins para outra visita (eu sei que são lindos e imperdíveis) porque o que eu queria ver era a ponte e a perspectiva que Turner tomou para a sua pintura desde a ponte, lá em baixo! Manias!
E realmente lá de baixo as perspectivas do castelo são encantadoras e voltei a sentir a atmosfera do Harry Potter ali!
Mais um milhão de fotos, um desenhito ou dois… e parti de novo!
Havia mais coisas que eu queria ver...
“Um dia eu ía a passar e vi-o, the Angel of the North, mas eu seguia para norte, na A1, e como se conduz pela esquerda, ele ficava à minha direita e eu nem tive tempo de raciocinar para sair algures para o ir ver… uma pena! Desta vez eu vinha no sentido contrario e lá estava ele de novo. Rapidamente saí na primeira oportunidade, tinha mesmo uma placa a indicar que era por ali que eu devia sair! Tinha parado de chover, o céu estava cheio de nuvens e sombras, e o Angel estava ali, maior do que a lente da minha máquina parecia poder captar, lindo. Uma escultura extraordinária de um anjo com 20m de altura, com longas asas que impressionam pela sua excessiva dimensão, mais de 50m de asas, o que as faz muito maiores que a altura total do corpo. Construído entre 1995 e 1998, fazia parte das coisas que eu queria muito ver, desde o seu primeiro dia de “vida”… desta vez eu vi-o!”
(in Passeando pela vida – a Página)
O contraluz que a imensa escultura desenhava contra o azul do céu, fascinou-me!
Nervuras de metal decoram todo o comprimento do corpo conferindo-lhe uma ideia de robustez bem necessária para suportar todo aquele peso!
Grandiosa! Conhecia-a tão bem a escultura… e de repente não conhecia nada, ficava ali a olhar aquele enorme gigante, em perfeito êxtase!
E o raio da chuva voltou a apanhar-me no caminho e acompanhou-me por ali fora até chegar a Manchester! Nada a fazer senão levar com ela!
Manchester era uma cidade que eu ainda não tinha visitado, a segunda cidade da Inglaterra, cheia de história e música, afinal é o berço de vários músicos/ bandas míticos.
Alguns que me lembro são sobejamente conhecidas, como os New Order, Joy Division, Simply Red, The Smiths ou Oasis!
Dei uma pequena volta pelo centro da cidade, só para ver como era, pois no dia seguinte é que eu visitaria a coisa melhor!
E fui para casa, que era ali perto e tinha um mural lindíssimo pintado na enorme parede em tijolo!
Aliás iria encontrar diversos murais por ali, a lembra um pouco Belfast!
E foi o fim do 20º dia de viagem, com uma espécie de oração “que amanhã não chova, que amanhã esteja sol”.
Tal como predito pelo meu amigo da receção, no dia seguinte chovia a potes!
Ele era chuva por todo o lado, só me restava enfiar o fato de chuva e continuar a descer o país sem nem olhar para o lado… uma pena…
Voltei de desenhar o interior da sala de estar onde passei todo o tempo que o tempo não me deixava sair. Acho que nunca tinha desenhado tantos interiores como desta vez!
Porque os exteriores estavam uma sopa!
Por ali tudo é verde e até é fácil de entender porquê, com tanta humidade e chuva…
Os bichinhos são bem tratados por aquelas terras, há comida para os pássaros nas árvores
e há coelhos a passear por ali como se fosse a coisa mais natural, em plena harmonia com os patos que entravam quase pela casa dentro à procura de comida!
Lá tratei de partir, depois de um pequeno-almoço tomado a espreitar de janela em janela…
O lago que me levara ali estava cinzento e triste, era mesmo do outro lado da rua e eu nem o vira ainda…
Como tudo deve ser bonito por ali e eu nada vi…
Há mesmo paisagens surreais que eu queria ver, mas apenas as vislumbrei levemente, no meio do mau tempo!
E a estrada na minha frente parecia o caminho da tempestade!
Mesmo assim eu não desci tão direta assim, fui-me encostando à costa leste, já que tinha de seguir sem paragens que fosse tenho algo para ver, como o mar do norte!
Claro que aquele caminho não foi uma escolha inocente!
Havia uma réstia de sol por aqueles lados na meteorologia da manhã, e havia também algo que eu queria ver, nem que fosse de passagem!
“Finalmente fui até ao Castelo de Alnwick, lindo, antigo, medieval mas, não importa quanta história ele conta, a sua mais recente fama o tornou mundialmente conhecido, quando emprestou os seus exteriores para as filmagens de Hogwarts, o castelo do Harry Potter. Embora muita coisa tenha sido inventada e criada em desenho digital, a alma do castelo permanece no filme, pude senti-lo hoje. Estava cheio de famílias com miúdos, havia atividades engraçadas e bastante realistas para alegria da pequenada e os relvados, fofos como almofadas, serviam de alcatifa onde toda a gente se sentava a todo o momento, até eu, aproveitando o lindo sol que espreitava finalmente entre as nuvens!”
(in Passeando pela vida – a página)
A chuva tinha parado e quando eu entrei no castelo, ninguém diria que tinha sequer chovido!
Depois da chuva, depois de nada ver por tanto tempo, o Castelo de Alnwick foi um paraíso de luz e alegria na minha viagem, apesar de estar cheio de gente e de as nuvens logo se voltarem a fechar.
Não, não se pode fotografar lá dentro… eu sei, sou uma fora da lei, pois roubei uma ou duas fotos para a posteridade!
Que bem que me soube ver o sol em tão bonito lugar pelo tempo suficiente para me animar a alma!
Andei por ali, sentei-me no relvado fofo, subi às torres, desci ao rio…
nada me fazia lembrar o Harry Potter, porque tudo era alegria e luz por ali, a não ser as animações e encenações que faziam os mais pequenos delirarem e sonharem, por mundos de magia a que aquele castelo serviu já de cenário…
Lá estava o rio e a ponte que eu queria atravessar! Lá de baixo a perspectiva sobre o castelo devia ser linda!
Nuvens gigantes aproximavam-se rapidamente e eu nem iria ver os jardins. Tratei de dar a volta ao circuito de regresso para ir ver o castelo por fora e pôr-me a andar, antes que a chuva voltasse a apanhar-me!
Uma escultura imponente de Sir Henry Percy, um herói do séc. XIV nas guerras anglo-escocesas, fica entre o mundo da brincadeira e o jardim de relva fofa e verde.
Deixei os jardins para outra visita (eu sei que são lindos e imperdíveis) porque o que eu queria ver era a ponte e a perspectiva que Turner tomou para a sua pintura desde a ponte, lá em baixo! Manias!
E realmente lá de baixo as perspectivas do castelo são encantadoras e voltei a sentir a atmosfera do Harry Potter ali!
Mais um milhão de fotos, um desenhito ou dois… e parti de novo!
Havia mais coisas que eu queria ver...
“Um dia eu ía a passar e vi-o, the Angel of the North, mas eu seguia para norte, na A1, e como se conduz pela esquerda, ele ficava à minha direita e eu nem tive tempo de raciocinar para sair algures para o ir ver… uma pena! Desta vez eu vinha no sentido contrario e lá estava ele de novo. Rapidamente saí na primeira oportunidade, tinha mesmo uma placa a indicar que era por ali que eu devia sair! Tinha parado de chover, o céu estava cheio de nuvens e sombras, e o Angel estava ali, maior do que a lente da minha máquina parecia poder captar, lindo. Uma escultura extraordinária de um anjo com 20m de altura, com longas asas que impressionam pela sua excessiva dimensão, mais de 50m de asas, o que as faz muito maiores que a altura total do corpo. Construído entre 1995 e 1998, fazia parte das coisas que eu queria muito ver, desde o seu primeiro dia de “vida”… desta vez eu vi-o!”
(in Passeando pela vida – a Página)
O contraluz que a imensa escultura desenhava contra o azul do céu, fascinou-me!
Nervuras de metal decoram todo o comprimento do corpo conferindo-lhe uma ideia de robustez bem necessária para suportar todo aquele peso!
Grandiosa! Conhecia-a tão bem a escultura… e de repente não conhecia nada, ficava ali a olhar aquele enorme gigante, em perfeito êxtase!
E o raio da chuva voltou a apanhar-me no caminho e acompanhou-me por ali fora até chegar a Manchester! Nada a fazer senão levar com ela!
Manchester era uma cidade que eu ainda não tinha visitado, a segunda cidade da Inglaterra, cheia de história e música, afinal é o berço de vários músicos/ bandas míticos.
Alguns que me lembro são sobejamente conhecidas, como os New Order, Joy Division, Simply Red, The Smiths ou Oasis!
Dei uma pequena volta pelo centro da cidade, só para ver como era, pois no dia seguinte é que eu visitaria a coisa melhor!
E fui para casa, que era ali perto e tinha um mural lindíssimo pintado na enorme parede em tijolo!
Aliás iria encontrar diversos murais por ali, a lembra um pouco Belfast!
E foi o fim do 20º dia de viagem, com uma espécie de oração “que amanhã não chova, que amanhã esteja sol”.
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Todos estes relatos são, para mim, como uma bíblia digital
Se algum dia passarem para o papel corro logo até a livraria para comprar um livro!!
Boas viagens...
Se algum dia passarem para o papel corro logo até a livraria para comprar um livro!!
Boas viagens...
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PValdeira
PValdeira- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
PValdeira escreveu:Todos estes relatos são, para mim, como uma bíblia digital
Se algum dia passarem para o papel corro logo até a livraria para comprar um livro!!
Boas viagens...
Obrigada!
Um dia esse livro vai sair...
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Não seria um livro, mas antes uma Enciclopédia de Viagens de uma Grande Motociclista
Obrigada e aqui vai
Obrigada e aqui vai
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda, como teu seguidor, neste momento ainda não acompanhei a cronica, nem uma única foto, porque estou a espera que concluas para poder me deliciar e colar me ao ecrã, desde o inicio ao fim, como aconteceu no ano passado, que no qual adorei e mts vezes falo nessa viagem, com amigos meus, como exemplo de viagem a seguir, e a convidar amigos a perderem um bocadinho dou seu tempo a ver a cronica da viagem pelos balcãs , dos 19mil/km. que no qual ainda tenho na memoria imagens que postaste. que um dia eide fazer esse trajecto. não passando por todos os países, mas sim alguns e locais que deixou vontade de visitar pela sua beleza natural. mesmo ainda sem ver esta cronica, sai mais um porque de certeza absoluta que nao me vou desiludir
angelomigas- Zero à esquerda
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
19 de agosto de 2014
Trouxe a minha bonequinha até à porta do Hostel para lhe colocar a mala que tinha de carregar desde o 3º andar até à porta. As pessoas são sempre tão simpáticas quando vêm uma menina a carregar uma grande mala e não faltam cavalheiros que se ofereçam para me ajudar.
Manchester era um nome que eu trazia na minha lista de vontades, talvez apenas pelo nome, talvez apenas pela música e músicos que dali saíram, mas simplesmente estava na lista “a visitar”!
Depois, como é sabido, eu adoro conduzir no trânsito, nunca me nego a meter a minha motita gordinha pelo meio dos carros, numa gincana de arranca e para, fura e segue, como faço no Porto ou em Lisboa! Por isso quando me recomendam que evite as cidade eu nada digo e faço exactamente o contrário! E que bom que é “surfar” com uma moto “gigante” por entre a confusão!
E fui até ao centro, não era muita coisa que eu queria ver, apenas queria sentir a cidade em torno de mim. Contra o que seria de esperar, fui até Albert Square, porque o que me prendia a tenção não era uma igreja ou uma catedral, era antes a Town Hall.
Aquele edifício é deslumbrante e eu ia preparada para tentar tudo para o visitar… não foi preciso! Apenas me deixaram entrar e pronto, sem que fosse necessária qualquer pressão ou argumentação da minha parte! Eu adoro aquela gente prática e sem “frufruzices”!
O edifício é neogótico e ali funciona o governo local, como uma câmara municipal deve ser!
Claro que só andei nos corredores e espaço públicos, mas que lindo aquilo é tudo!
Ninguém me incomodou enquanto andei por ali! Pessoas passavam, no seu percurso de trabalho, e sorriam para mim por eu andar ali maravilhada a olhar!
“It’s beautifull, isn’t it?” perguntava alguém a cada passo
“Oh yes, you are privileged to work here!”
O edifício tem ligações por corredores passadiços para o edifício lateral, onde funcionam outros serviços, a lembrar os corredores da idade média que também atravessavam ruas!
Então depois de muitas voltinhas por ali, lá fui ver a catedral!
É sempre uma surpresa entrar numa catedral inglesa, tudo se pode encontrar lá dentro sem ser um tradicional ambiente de culto! A porta de entrada estava decorada com bordados pendurados em tiras infinitas!
Numa igreja por vezes encontra-se um bar, com mesas e gente a lanchar, outras vezes encontra-se uma sala de exposições….
E ali havia algumas obras curiosas, como candelabros criativos,
ou trabalhos imensos de bordados em cores chamativas!
Os vitrais são inspiradores e modernos, lindos!
E o local de culto está lá na mesma, numa nave lateral!
A catedral, mais propriamente, Cathedral and Collegiate Church of St Mary, St Denys and St George, é gótica na sua origem, com muitas reformas e transformações ao longo da sua vida conturbada por momentos religiosos menos favoráveis, e momentos de guerra também. Mas lá está ela, linda, como se nada fosse!
Nasceu católica e hoje é anglicana.
E depois da história, e embora eu nem seja muito dada a futebóis, fui ver outra catedral que levava na minha lista de vontades!
Eu tinha de ir ver o estádio do Manchester!
Cheguei lá e havia chineses por todos os lados! Eu não sei se eram mesmo chineses, mas que tinham os olhos em bico, isso tinham!
Aproximei a moto e um segurança veio ter comigo, perguntar-me onde eu queria ir com ela. Expliquei que só queria tirar uma foto sem gente nem carros na frente. Ele perguntou de onde eu era, respondi que era portuguesa. O seu rosto iluminou-se “Portuguese? Great! Of course you will take your photo with your bike!” e desatou a enxotar os chineses do meu caminho para que a moto ficasse sozinha!
Mas o efeito do “I’m portuguese” ainda iria fazer-se notar mais à frente!
Pousei a moto no meio dos carros e fui tentar visitar o estádio.
As chinesas revelaram-se úteis ao tirarem-me uma foto, claro que depois de eu lhes ter tirado uma dezena delas também!
Um estádio é sempre aquela construção imensa que me fascina!
Pude vê-lo numa maquete na loja, mas eu queria mesmo visita-lo por dentro!
Então depois de muito catar pelos corredores laterais onde ficam as portas para as bancadas, cheguei à grande porta lateral, a sir Alex Ferguson Stand, onde fica o museu. Estavam 2 homens muito simpáticos à porta, que depois percebi que eram guias do estádio.
Dirigi-me a eles, eu queria visitar o estádio, mas tinha deixado a carteira na moto, do outro lado, junto da porta principal. De onde era eu? De Portugal! Fantástico! Quanto tempo tinha para visitar o estádio? Pouco! Sem problema, era só ir buscar a moto para ali e eles me fariam uma visita guiada cirúrgica, aos pontos mais importantes do estádio, sem que eu tivesse de demorar toda a hora e meia da visita que os chineses estavam a fazer! Genial!
E assim foi, trouxe a moto até à porta, um segurança veio-me receber, guardou-me o capacete e tudo, e eu fui visitar aquilo tudo como visitante VIP, sozinha com um guia e com tarifa reduzida, enquanto os chinocas andavam em bandos de muitos. Eu podia vê-los do outro lado do campo enquanto eu estava na bancada VIP!
PG
O meu guia era simpático, contava histórias interessantes e fazia-me perguntas também. Apanhei-o numa foto!
Ele ofereceu-se para me fotografar também. Parecíamos velhos amigos!
O espaço amplo de um estádio sempre provoca em mim uma sensação forte, de pequenez, quase de êxtase! Se juntar a essa sensação o mítico do local, então entende-se melhor o mundo de sensações que passou por mim, ali!
Então depois veio o museu… toda a história de um grande clube e um grande estádio em infinitas memórias!
E lá estava o Ronaldo…
E as taças aos milhares!
Quando saí parece que caí num outro mundo!
O segurança veio trazer-me o capacete e pôs-se ali à conversa comigo.
“So you're portuguese? Oh Ronaldo, Ronaldo, come back please!” Dizia ele!
Perguntou-me onde ía eu a seguir, disse que ía para Liverpool. O homem ficou alarmado
“Don’t go! Don’t go to Liverpool! Liverpool is shit!”
Oh valha-me Deus que a rivalidade futebolística não era para aqui chamada! Expliquei que ia a ver a cidade, que não ia ver os seus estádios e seguiria para sul, para Cardiff.
“Cardiff is too far, too many miles away from here, go straight to there, don't go to Liverpool, Liverpool is shit!”
Adorei a conversa do homem, dizem que os ingleses são pouco expressivos mas há momentos em que o são e muito! Adoro-os!
E fiquei com uma fita muito bonita de Manchester como recordação daquela visita que adorei!
(continua)
Trouxe a minha bonequinha até à porta do Hostel para lhe colocar a mala que tinha de carregar desde o 3º andar até à porta. As pessoas são sempre tão simpáticas quando vêm uma menina a carregar uma grande mala e não faltam cavalheiros que se ofereçam para me ajudar.
Manchester era um nome que eu trazia na minha lista de vontades, talvez apenas pelo nome, talvez apenas pela música e músicos que dali saíram, mas simplesmente estava na lista “a visitar”!
Depois, como é sabido, eu adoro conduzir no trânsito, nunca me nego a meter a minha motita gordinha pelo meio dos carros, numa gincana de arranca e para, fura e segue, como faço no Porto ou em Lisboa! Por isso quando me recomendam que evite as cidade eu nada digo e faço exactamente o contrário! E que bom que é “surfar” com uma moto “gigante” por entre a confusão!
E fui até ao centro, não era muita coisa que eu queria ver, apenas queria sentir a cidade em torno de mim. Contra o que seria de esperar, fui até Albert Square, porque o que me prendia a tenção não era uma igreja ou uma catedral, era antes a Town Hall.
Aquele edifício é deslumbrante e eu ia preparada para tentar tudo para o visitar… não foi preciso! Apenas me deixaram entrar e pronto, sem que fosse necessária qualquer pressão ou argumentação da minha parte! Eu adoro aquela gente prática e sem “frufruzices”!
O edifício é neogótico e ali funciona o governo local, como uma câmara municipal deve ser!
Claro que só andei nos corredores e espaço públicos, mas que lindo aquilo é tudo!
Ninguém me incomodou enquanto andei por ali! Pessoas passavam, no seu percurso de trabalho, e sorriam para mim por eu andar ali maravilhada a olhar!
“It’s beautifull, isn’t it?” perguntava alguém a cada passo
“Oh yes, you are privileged to work here!”
O edifício tem ligações por corredores passadiços para o edifício lateral, onde funcionam outros serviços, a lembrar os corredores da idade média que também atravessavam ruas!
Então depois de muitas voltinhas por ali, lá fui ver a catedral!
É sempre uma surpresa entrar numa catedral inglesa, tudo se pode encontrar lá dentro sem ser um tradicional ambiente de culto! A porta de entrada estava decorada com bordados pendurados em tiras infinitas!
Numa igreja por vezes encontra-se um bar, com mesas e gente a lanchar, outras vezes encontra-se uma sala de exposições….
E ali havia algumas obras curiosas, como candelabros criativos,
ou trabalhos imensos de bordados em cores chamativas!
Os vitrais são inspiradores e modernos, lindos!
E o local de culto está lá na mesma, numa nave lateral!
A catedral, mais propriamente, Cathedral and Collegiate Church of St Mary, St Denys and St George, é gótica na sua origem, com muitas reformas e transformações ao longo da sua vida conturbada por momentos religiosos menos favoráveis, e momentos de guerra também. Mas lá está ela, linda, como se nada fosse!
Nasceu católica e hoje é anglicana.
E depois da história, e embora eu nem seja muito dada a futebóis, fui ver outra catedral que levava na minha lista de vontades!
Eu tinha de ir ver o estádio do Manchester!
Cheguei lá e havia chineses por todos os lados! Eu não sei se eram mesmo chineses, mas que tinham os olhos em bico, isso tinham!
Aproximei a moto e um segurança veio ter comigo, perguntar-me onde eu queria ir com ela. Expliquei que só queria tirar uma foto sem gente nem carros na frente. Ele perguntou de onde eu era, respondi que era portuguesa. O seu rosto iluminou-se “Portuguese? Great! Of course you will take your photo with your bike!” e desatou a enxotar os chineses do meu caminho para que a moto ficasse sozinha!
Mas o efeito do “I’m portuguese” ainda iria fazer-se notar mais à frente!
Pousei a moto no meio dos carros e fui tentar visitar o estádio.
As chinesas revelaram-se úteis ao tirarem-me uma foto, claro que depois de eu lhes ter tirado uma dezena delas também!
Um estádio é sempre aquela construção imensa que me fascina!
Pude vê-lo numa maquete na loja, mas eu queria mesmo visita-lo por dentro!
Então depois de muito catar pelos corredores laterais onde ficam as portas para as bancadas, cheguei à grande porta lateral, a sir Alex Ferguson Stand, onde fica o museu. Estavam 2 homens muito simpáticos à porta, que depois percebi que eram guias do estádio.
Dirigi-me a eles, eu queria visitar o estádio, mas tinha deixado a carteira na moto, do outro lado, junto da porta principal. De onde era eu? De Portugal! Fantástico! Quanto tempo tinha para visitar o estádio? Pouco! Sem problema, era só ir buscar a moto para ali e eles me fariam uma visita guiada cirúrgica, aos pontos mais importantes do estádio, sem que eu tivesse de demorar toda a hora e meia da visita que os chineses estavam a fazer! Genial!
E assim foi, trouxe a moto até à porta, um segurança veio-me receber, guardou-me o capacete e tudo, e eu fui visitar aquilo tudo como visitante VIP, sozinha com um guia e com tarifa reduzida, enquanto os chinocas andavam em bandos de muitos. Eu podia vê-los do outro lado do campo enquanto eu estava na bancada VIP!
PG
O meu guia era simpático, contava histórias interessantes e fazia-me perguntas também. Apanhei-o numa foto!
Ele ofereceu-se para me fotografar também. Parecíamos velhos amigos!
O espaço amplo de um estádio sempre provoca em mim uma sensação forte, de pequenez, quase de êxtase! Se juntar a essa sensação o mítico do local, então entende-se melhor o mundo de sensações que passou por mim, ali!
Então depois veio o museu… toda a história de um grande clube e um grande estádio em infinitas memórias!
E lá estava o Ronaldo…
E as taças aos milhares!
Quando saí parece que caí num outro mundo!
O segurança veio trazer-me o capacete e pôs-se ali à conversa comigo.
“So you're portuguese? Oh Ronaldo, Ronaldo, come back please!” Dizia ele!
Perguntou-me onde ía eu a seguir, disse que ía para Liverpool. O homem ficou alarmado
“Don’t go! Don’t go to Liverpool! Liverpool is shit!”
Oh valha-me Deus que a rivalidade futebolística não era para aqui chamada! Expliquei que ia a ver a cidade, que não ia ver os seus estádios e seguiria para sul, para Cardiff.
“Cardiff is too far, too many miles away from here, go straight to there, don't go to Liverpool, Liverpool is shit!”
Adorei a conversa do homem, dizem que os ingleses são pouco expressivos mas há momentos em que o são e muito! Adoro-os!
E fiquei com uma fita muito bonita de Manchester como recordação daquela visita que adorei!
(continua)
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Carlos Balio escreveu:Não seria um livro, mas antes uma Enciclopédia de Viagens de uma Grande Motociclista
Obrigada e aqui vai
Obrigada!
Quando digo que esse livro pode vir a sair um dia destes, não quer dizer que o esteja a escrever, até porque nem saberia por onde começar, com tanta coisa que tenho em memória!
Apenas me pressionam e nunca se sabe!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
angelomigas escreveu:Gracinda, como teu seguidor, neste momento ainda não acompanhei a cronica, nem uma única foto, porque estou a espera que concluas para poder me deliciar e colar me ao ecrã, desde o inicio ao fim, como aconteceu no ano passado, que no qual adorei e mts vezes falo nessa viagem, com amigos meus, como exemplo de viagem a seguir, e a convidar amigos a perderem um bocadinho dou seu tempo a ver a cronica da viagem pelos balcãs , dos 19mil/km. que no qual ainda tenho na memoria imagens que postaste. que um dia eide fazer esse trajecto. não passando por todos os países, mas sim alguns e locais que deixou vontade de visitar pela sua beleza natural. mesmo ainda sem ver esta cronica, sai mais um porque de certeza absoluta que nao me vou desiludir
Obrigada pela confiança na cronica que ainda não acabei!
O tempo tem sido pouco e o trabalho muito, mas lá vai saindo mais um pouco agora que estou em férias de natal!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
19 de agosto de 2014 - continuando
Peguei na moto e segui para Liverpool!
Nem sei há quantos anos queria lá passar, por nada em especial, apenas porque é uma cidade e um nome que trago no meu imaginário desde sempre, talvez porque deve ter sido das primeiras cidades Inglesas de que ouvi falar, um dia, quando o meu mundo ainda terminava bem perto da minha casa.
Como muitas outras cidades que visitei na minha vida apenas porque o seu nome não me saiu da cabeça por toda a minha vida até eu lá conseguir ir, como Budapeste, Cracóvia ou Bucareste… ou Leninegrado onde ainda irei!
Bem, Liverpool é afinal a terra dos Beatles, por exemplo, e só por isso eu queria lá passar, e pronto!
Fui entrando pela cidade sem nada que me prendesse a atenção até cruzar com uma igreja em ruinas! Não é muito comum cruzar-se com uma igreja em ruinas no centro de uma grande cidade, mas naquele país as igrejas têm uma simbologia bem diferente da que tem por cá, por isso tudo é possível!
Parei e fui ver!
A ruina ganhou um significado especial quando me aproximei e entendi a sua história!
Tratava-se da St Luke's church, uma igreja neogótica do final do séc. XIX, que foi profundamente danificada durante o bombardeamento, chamado de Liverpool Blitz, quando a cidade foi atacada pelos alemães em 1941.
Liverpool foi a segunda cidade do Reino Unido mais atacada e danificada durante a II Grande Guerra, depois de Londres, devido ao seu importante porto que os alemães queriam neutralizar…
Hoje a Igreja de St Luke permanece como um memorial às 4.000 vítimas daquele ataque. Os jardins estão bem tratados e o espaço é usado para eventos culturais, como concertos, recitais e coisas do género.
Cartazes colados em seu redor sensibilizam a população para ajudar a manter a igreja de pé!
E de igreja em igreja, na realidade aquela que eu queria mesmo ver na cidade, era a catedral!
“A catedral de Liverpool é um edifício espantoso! Com quase 190 m de comprimento é a catedral mais comprida do mundo mas, quando a gente entra, não é o seu comprimento que impressiona, é o seu espaço amplo e a sensação de altura infinita, ao ponto de não se ter ângulo para a enquadrar completamente na máquina fotográfica! Um neogótico impressionante do século passado, com um ambiente que surpreende, onde o espaço religioso convive com exposições de pintura, uma cafetaria e uma loja. Toda esta vida torna o enorme edifício bem menos austero, porque as suas diversas alas podem ser quase opressoras, ao estilo das antigas igrejas góticas. Explorei tudo com a calma e o deslumbramento que o espaço provoca e mesmo desenha-lo não era fácil…”
(in Passeando pela vida – a página)
“Entrei ali e tudo o que eu vira em livros e na net pareceu uma brincadeira de meninos! A catedral de Liverpool é simplesmente grandiosa! Por momentos eu nem sabia em que direcção ir, ela é tão ampla, tão alta e tão vazia! Não conseguia entender para que lado era o altar, as cadeiras estavam tão longe que nem percebi logo para que lado estavam voltadas. Depois, na dúvida de não saber para onde ir ou olhar, ergui os olhos e segui o seu teto impressionante, porque pelo teto tudo leva ao transepto, ao altar e à abobada no cruzamento das naves, que era tão alta quanto a imensa torre que se via ao longe! Sentei-me por ali no meio e fiquei a admirar a vertiginosa altura por cima de mim e os efeitos que a luz provocava na imensa torre… momentos de espanto!”
(in Passeando pela vida – a página)
A descontracção com que se passeia por ali, por entre conversas murmuradas mas sem qualquer preocupação!
Homens e mulheres, usando batinas vermelhas, conversam com quem visita de forma natural, explicando pormenores de história e religião e as luzes desenham ambientes surreais no grandioso espaço sem nos oprimir!
Dentro da catedral fica a Lady Chapel, uma obra mais pequena e pormenorizada, contrasta com a grandiosidade do corpo principal da catedral e é linda!
A sensação era incrível, de ter entrado numa igreja dentro de outra igreja, com a estranheza de um “será que eu saí da catedral sem dar por ela’”
A semipenumbra do espaço fascinou-me realmente!
Claro que a catedral estava lá, logo à saída da porta da capela, eu apenas tinha entrado num mundo dentro de outro mundo!
E ali se fazem exposições, concertos, jantares, festas! Havia obras artísticas nos altares laterais muito interessantes!
E havia uma espécie de arvorezinha dos desejos, onde eu coloquei um coraçãozinho que sarrabisquei, lembrando-me de tanta coisa e tanta gente ao faze-lo, como quem põe uma vela por alguém!
O edifício é grandioso e vermelho e pode ser visto de muito longe na cidade!
E depois de um banho de igreja não me apetecia ver muito mais coisas, apenas passear pela cidade e apreciar os seus pormenores!
Tomei um café (mais ou menos horroroso) num café com o nome da minha terra!
E passei pelos estádios de futebol lá da terra, aqueles que em Manchester não queriam que eu visitasse!
O mítico Liverpool Football Club, o Anfield, construído nos finais do séc. XIX… e não, não fui visita-lo por dentro! Nem só de estádios se faz uma viagem!
E de passagem fui também ao Everton, que é logo à frente, rivais e vizinhos!
E não, também não o fui visitar!
Pronto, eu prometi em Manchester que não visitaria o Liverpool por isso terá de ficar para outra passagem pela zona!
Memoriais a grandes jogadores, Dixie Dean, o maior artilheiro do clube “um dos maiores avançados centro da sua era” dizem ainda hoje.
As paredes cheias de plaquinhas comemorativas!
Há sempre vida onde há futebol “You’ll never walk alone”
Passeei um pouco pelo tão desejado porto da cidade, no tempo da guerra por ser um bom porto, hoje por ter muitas atrações, de festas e comes-e-bebes!
Estava um belo dia para se beber uma cerveja numa esplanada, mas eu não o faria! A campanha anti-álcool estava na rua com toda a força e eu ainda tinha uma série de quilómetros para fazer!
Ao longe a catedral parecia um fantasma avermelhado que tudo observava!
Pelos caminhos do porto podia-se apreciar o mar e as nuvens magníficas!
E depois da King’s Dock era a saída da cidade ou, pelo menos, do centro da cidade, com coisas que me chamavam a atenção, mesmo por trás dos carros!
Havia muito tempo que eu percebera que não adiantava nada pedir café, é uma bosta mesmo, por isso parei para um chazinho! Afinal estamos na Inglaterra “time for a cuppa!”
Ainda dei dois dedos de paleio com 2 motards que apareceram entretanto e se deslumbraram comigo, por causa da minha motita, que eu e ela fazíamos um conjunto muito bonito! Wow, nunca imaginei ouvir piropos de ingleses, os sérios, cínicos e distantes! Que nada, boa gente!
Havia um sítio onde eu queria ir antes de seguir para Cardiff, um sítio onde eu queria ir desde a última vez que andei por ali, há 3 anos, e me distraí com outras coisas no lado leste da ilha. Desta vez eu iria lá nem que chegasse a Cardiff a meio da noite!
Caernarfon e o seu castelo!
“O Caernarfon Castle tinha ficado para trás nas minhas escolhas da ultima vez que estive no País de Gales, mas desta vez eu fui vê-lo. É uma fortaleza medieval bem no meio de Caernarfon. O castelo embora tenha aquela aparência de construção robusta e completa, não tem muito mais do que as muralhas intactas. A sua história conturbada de guerras e batalhas, desde a sua construção no séc. XIII, é rica e está ligada à história do país até ser deixado ao abandono e só no século XX voltou à sua imponência e beleza, agora como muralha e ruína deslumbrante! Eu queria vê-lo e enquadra-lo na sua redondeza, por isso fartei-me de dar voltas em seu redor, até parar no outro lado do rio Seiont, sentar-me e admira-lo… Que lindo dia se pusera, e permitiu que eu viajasse um pouco pela história enquanto o desenhava e fotografava em momentos que ficaram na minha memória para sempre!”
(in Passeando pela vida – a página)
A ponte que atravessa o rio é basculante, não vi muitas pontes assim na minha vida e foi curioso ficar ali a vê-la rodar sobre si própria para deixar passar os barcos!
Apesar de atravessar a ponte a pé eu queria ir aquele lado com a moto!
Por isso voltei à cidadezinha para a buscar e ir procurar o caminho!
O ambiente era muito agradável por ali, com pessoas que passeavam calmamente e comiam gelados… e eu que não gosto de gelados, limitei-me a ficar a olhar! Ok, sai mais um chá!
Encontrei uma das casas com 3 frentes mais estreitinhas da minha vida! Parecia um livro de pé!
Enquanto se toma um chá quente aprecia-se muito mais coisas do que quando se come um gelado! Só pelo tempo de espera para que arrefeça, dá para ver tudo o que nos rodeia!
E lá peguei na moto e fui ver o castelo do outro lado do rio!
E por cima dos campos de milho!
Eu sabia que ele estaria naquela direcção, bastou pôr-me de pé em cima da moto, e ele lá estava!
E continuei a escolher percursos de sonho até ao meu destino!
Porque viajar é como viver, o facto de sabermos qual o nosso destino, não quer dizer que façamos o caminho de toda a gente, nem o mais fácil, ou o mais rápido! Porque não fazer o mais bonito?
E eu escolhi descer o país por Beddgelert, por ruelas antigas, entre aldeias perdidas nos montes!
Esta aldeiazinha lindíssima tem uma lenda que lhe dá o nome e eu queria ver de perto a sua beleza!
Na realidade Beddgelert quer dizer Gelert’s Grave – sepultura de Gelert.
Diz a lenda que Gelert foi um cão que o rei João de Inglaterra ofereceu ao Príncipe de Gwynedd em Gales. Ora um dia o príncipe chegava da caça quando viu o berço do seu filho tombado e o bebé desaparecido. Quando o cão aparece com a boca cheia de sangue ele saca da espada e mata-o, acreditando que ele matara o seu filho. Mal o cão solta o seu uivo de morte o príncipe ouve o choro do seu bebé e então percebe que há um lobo morto no chão do quarto. Cheio de remorsos por ter morto o cão salvador do seu filho, sepulta o cão com uma grande cerimónia no local onde fica hoje a aldeia, mas continua a ouvir o seu uivo, e a partir daquele dia ele nunca mais voltou a sorrir.
Embora a lenda seja triste a verdade é que a aldeia é linda e estava cheia de gente bem disposta que começou a acenar-me a cada vez que eu passava, já que eu andei para lá e para cá com a moto à procura de onde a parar! Acabei por a parar bem no meio da ponte e pronto!
E as paisagens por ali são verdadeiramente exuberantes!
Uma simples estrada era um postal ilustrado feito de beleza! Bastava erguer a máquina e disparar, pois todas as fotos ficariam lindas, com o céu azul e as nuvens inspiradoras!
A verdade é que, naquele país, basta estar um pouco de sol, que tudo é lindo!
E fui para casa, que naquele dia seria em Cardiff!
E foi o fim do 21º dia de viagem
Peguei na moto e segui para Liverpool!
Nem sei há quantos anos queria lá passar, por nada em especial, apenas porque é uma cidade e um nome que trago no meu imaginário desde sempre, talvez porque deve ter sido das primeiras cidades Inglesas de que ouvi falar, um dia, quando o meu mundo ainda terminava bem perto da minha casa.
Como muitas outras cidades que visitei na minha vida apenas porque o seu nome não me saiu da cabeça por toda a minha vida até eu lá conseguir ir, como Budapeste, Cracóvia ou Bucareste… ou Leninegrado onde ainda irei!
Bem, Liverpool é afinal a terra dos Beatles, por exemplo, e só por isso eu queria lá passar, e pronto!
Fui entrando pela cidade sem nada que me prendesse a atenção até cruzar com uma igreja em ruinas! Não é muito comum cruzar-se com uma igreja em ruinas no centro de uma grande cidade, mas naquele país as igrejas têm uma simbologia bem diferente da que tem por cá, por isso tudo é possível!
Parei e fui ver!
A ruina ganhou um significado especial quando me aproximei e entendi a sua história!
Tratava-se da St Luke's church, uma igreja neogótica do final do séc. XIX, que foi profundamente danificada durante o bombardeamento, chamado de Liverpool Blitz, quando a cidade foi atacada pelos alemães em 1941.
Liverpool foi a segunda cidade do Reino Unido mais atacada e danificada durante a II Grande Guerra, depois de Londres, devido ao seu importante porto que os alemães queriam neutralizar…
Hoje a Igreja de St Luke permanece como um memorial às 4.000 vítimas daquele ataque. Os jardins estão bem tratados e o espaço é usado para eventos culturais, como concertos, recitais e coisas do género.
Cartazes colados em seu redor sensibilizam a população para ajudar a manter a igreja de pé!
E de igreja em igreja, na realidade aquela que eu queria mesmo ver na cidade, era a catedral!
“A catedral de Liverpool é um edifício espantoso! Com quase 190 m de comprimento é a catedral mais comprida do mundo mas, quando a gente entra, não é o seu comprimento que impressiona, é o seu espaço amplo e a sensação de altura infinita, ao ponto de não se ter ângulo para a enquadrar completamente na máquina fotográfica! Um neogótico impressionante do século passado, com um ambiente que surpreende, onde o espaço religioso convive com exposições de pintura, uma cafetaria e uma loja. Toda esta vida torna o enorme edifício bem menos austero, porque as suas diversas alas podem ser quase opressoras, ao estilo das antigas igrejas góticas. Explorei tudo com a calma e o deslumbramento que o espaço provoca e mesmo desenha-lo não era fácil…”
(in Passeando pela vida – a página)
“Entrei ali e tudo o que eu vira em livros e na net pareceu uma brincadeira de meninos! A catedral de Liverpool é simplesmente grandiosa! Por momentos eu nem sabia em que direcção ir, ela é tão ampla, tão alta e tão vazia! Não conseguia entender para que lado era o altar, as cadeiras estavam tão longe que nem percebi logo para que lado estavam voltadas. Depois, na dúvida de não saber para onde ir ou olhar, ergui os olhos e segui o seu teto impressionante, porque pelo teto tudo leva ao transepto, ao altar e à abobada no cruzamento das naves, que era tão alta quanto a imensa torre que se via ao longe! Sentei-me por ali no meio e fiquei a admirar a vertiginosa altura por cima de mim e os efeitos que a luz provocava na imensa torre… momentos de espanto!”
(in Passeando pela vida – a página)
A descontracção com que se passeia por ali, por entre conversas murmuradas mas sem qualquer preocupação!
Homens e mulheres, usando batinas vermelhas, conversam com quem visita de forma natural, explicando pormenores de história e religião e as luzes desenham ambientes surreais no grandioso espaço sem nos oprimir!
Dentro da catedral fica a Lady Chapel, uma obra mais pequena e pormenorizada, contrasta com a grandiosidade do corpo principal da catedral e é linda!
A sensação era incrível, de ter entrado numa igreja dentro de outra igreja, com a estranheza de um “será que eu saí da catedral sem dar por ela’”
A semipenumbra do espaço fascinou-me realmente!
Claro que a catedral estava lá, logo à saída da porta da capela, eu apenas tinha entrado num mundo dentro de outro mundo!
E ali se fazem exposições, concertos, jantares, festas! Havia obras artísticas nos altares laterais muito interessantes!
E havia uma espécie de arvorezinha dos desejos, onde eu coloquei um coraçãozinho que sarrabisquei, lembrando-me de tanta coisa e tanta gente ao faze-lo, como quem põe uma vela por alguém!
O edifício é grandioso e vermelho e pode ser visto de muito longe na cidade!
E depois de um banho de igreja não me apetecia ver muito mais coisas, apenas passear pela cidade e apreciar os seus pormenores!
Tomei um café (mais ou menos horroroso) num café com o nome da minha terra!
E passei pelos estádios de futebol lá da terra, aqueles que em Manchester não queriam que eu visitasse!
O mítico Liverpool Football Club, o Anfield, construído nos finais do séc. XIX… e não, não fui visita-lo por dentro! Nem só de estádios se faz uma viagem!
E de passagem fui também ao Everton, que é logo à frente, rivais e vizinhos!
E não, também não o fui visitar!
Pronto, eu prometi em Manchester que não visitaria o Liverpool por isso terá de ficar para outra passagem pela zona!
Memoriais a grandes jogadores, Dixie Dean, o maior artilheiro do clube “um dos maiores avançados centro da sua era” dizem ainda hoje.
As paredes cheias de plaquinhas comemorativas!
Há sempre vida onde há futebol “You’ll never walk alone”
Passeei um pouco pelo tão desejado porto da cidade, no tempo da guerra por ser um bom porto, hoje por ter muitas atrações, de festas e comes-e-bebes!
Estava um belo dia para se beber uma cerveja numa esplanada, mas eu não o faria! A campanha anti-álcool estava na rua com toda a força e eu ainda tinha uma série de quilómetros para fazer!
Ao longe a catedral parecia um fantasma avermelhado que tudo observava!
Pelos caminhos do porto podia-se apreciar o mar e as nuvens magníficas!
E depois da King’s Dock era a saída da cidade ou, pelo menos, do centro da cidade, com coisas que me chamavam a atenção, mesmo por trás dos carros!
Havia muito tempo que eu percebera que não adiantava nada pedir café, é uma bosta mesmo, por isso parei para um chazinho! Afinal estamos na Inglaterra “time for a cuppa!”
Ainda dei dois dedos de paleio com 2 motards que apareceram entretanto e se deslumbraram comigo, por causa da minha motita, que eu e ela fazíamos um conjunto muito bonito! Wow, nunca imaginei ouvir piropos de ingleses, os sérios, cínicos e distantes! Que nada, boa gente!
Havia um sítio onde eu queria ir antes de seguir para Cardiff, um sítio onde eu queria ir desde a última vez que andei por ali, há 3 anos, e me distraí com outras coisas no lado leste da ilha. Desta vez eu iria lá nem que chegasse a Cardiff a meio da noite!
Caernarfon e o seu castelo!
“O Caernarfon Castle tinha ficado para trás nas minhas escolhas da ultima vez que estive no País de Gales, mas desta vez eu fui vê-lo. É uma fortaleza medieval bem no meio de Caernarfon. O castelo embora tenha aquela aparência de construção robusta e completa, não tem muito mais do que as muralhas intactas. A sua história conturbada de guerras e batalhas, desde a sua construção no séc. XIII, é rica e está ligada à história do país até ser deixado ao abandono e só no século XX voltou à sua imponência e beleza, agora como muralha e ruína deslumbrante! Eu queria vê-lo e enquadra-lo na sua redondeza, por isso fartei-me de dar voltas em seu redor, até parar no outro lado do rio Seiont, sentar-me e admira-lo… Que lindo dia se pusera, e permitiu que eu viajasse um pouco pela história enquanto o desenhava e fotografava em momentos que ficaram na minha memória para sempre!”
(in Passeando pela vida – a página)
A ponte que atravessa o rio é basculante, não vi muitas pontes assim na minha vida e foi curioso ficar ali a vê-la rodar sobre si própria para deixar passar os barcos!
Apesar de atravessar a ponte a pé eu queria ir aquele lado com a moto!
Por isso voltei à cidadezinha para a buscar e ir procurar o caminho!
O ambiente era muito agradável por ali, com pessoas que passeavam calmamente e comiam gelados… e eu que não gosto de gelados, limitei-me a ficar a olhar! Ok, sai mais um chá!
Encontrei uma das casas com 3 frentes mais estreitinhas da minha vida! Parecia um livro de pé!
Enquanto se toma um chá quente aprecia-se muito mais coisas do que quando se come um gelado! Só pelo tempo de espera para que arrefeça, dá para ver tudo o que nos rodeia!
E lá peguei na moto e fui ver o castelo do outro lado do rio!
E por cima dos campos de milho!
Eu sabia que ele estaria naquela direcção, bastou pôr-me de pé em cima da moto, e ele lá estava!
E continuei a escolher percursos de sonho até ao meu destino!
Porque viajar é como viver, o facto de sabermos qual o nosso destino, não quer dizer que façamos o caminho de toda a gente, nem o mais fácil, ou o mais rápido! Porque não fazer o mais bonito?
E eu escolhi descer o país por Beddgelert, por ruelas antigas, entre aldeias perdidas nos montes!
Esta aldeiazinha lindíssima tem uma lenda que lhe dá o nome e eu queria ver de perto a sua beleza!
Na realidade Beddgelert quer dizer Gelert’s Grave – sepultura de Gelert.
Diz a lenda que Gelert foi um cão que o rei João de Inglaterra ofereceu ao Príncipe de Gwynedd em Gales. Ora um dia o príncipe chegava da caça quando viu o berço do seu filho tombado e o bebé desaparecido. Quando o cão aparece com a boca cheia de sangue ele saca da espada e mata-o, acreditando que ele matara o seu filho. Mal o cão solta o seu uivo de morte o príncipe ouve o choro do seu bebé e então percebe que há um lobo morto no chão do quarto. Cheio de remorsos por ter morto o cão salvador do seu filho, sepulta o cão com uma grande cerimónia no local onde fica hoje a aldeia, mas continua a ouvir o seu uivo, e a partir daquele dia ele nunca mais voltou a sorrir.
Embora a lenda seja triste a verdade é que a aldeia é linda e estava cheia de gente bem disposta que começou a acenar-me a cada vez que eu passava, já que eu andei para lá e para cá com a moto à procura de onde a parar! Acabei por a parar bem no meio da ponte e pronto!
E as paisagens por ali são verdadeiramente exuberantes!
Uma simples estrada era um postal ilustrado feito de beleza! Bastava erguer a máquina e disparar, pois todas as fotos ficariam lindas, com o céu azul e as nuvens inspiradoras!
A verdade é que, naquele país, basta estar um pouco de sol, que tudo é lindo!
E fui para casa, que naquele dia seria em Cardiff!
E foi o fim do 21º dia de viagem
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Se estás à espera que eu te dê mais 1 M podes ter a certeza de que estás certa!!!!!!!!!!!
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MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Elisio FJR escreveu:Se estás à espera que eu te dê mais 1 M podes ter a certeza de que estás certa!!!!!!!!!!!
Adorei!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
20 de agosto de 2014
Aquele seria um dia muito especial! Não apenas pelo que eu tinha planeado ver mas também pelo que eu tinha planeado fazer… ou tentar fazer, claro, pois há coisas que a gente nunca sabe se são mesmo possíveis até estar lá, no local!
Não seria um dia cheio de quilómetros, mas seria, seguramente, um dia cheio de emoções!
O País de Gales é uma das zonas celtas que eu mal tinha visitado da última vez que estivera no Reino e desta vez propunha-me a catar os seus recantos mais encantadores, porque as ruelas são ladeadas de casinhas que lembram os contos de fadas e as histórias de encantar!
G
Embora eu não seja arquitecta, as casas de cada país, zona, ou aldeia, sempre me fascinam! Gosto de ver como vivem as pessoas, que gostos têm, que decorações usam, por aí fora, por onde passo! Então as casinhas de telhado de colmo, que se encontram pelo Reino Unido, são um encanto.
Para além do telhado de colmo, tão comum em tantos países, como no nosso, por ali têm requintes de decoração em palha no topo, onde se separam as águas, e são mesmo dignas de histórias de encantar.
Depois os jardins, com plantas que frequentemente são trepadeiras, completam o quadro, por trás de muros que não nos impedem de ver quão bonito é tudo ali dentro. Um quadro pintado a cada curva do caminho, quando se passeia com calma por terras de sua majestade!
E todo este encanto ficava no caminho para o primeiro destino do dia!
O Castle Combe Circuit!
Eu tinha lido que se podia correr ali mas apenas encontrara tarifas para grupos de 6 motos, por isso não sabia se eu podia dar uma corridinha por ali com a minha moto!
Fui-me aproximando, dei uma volta ao circuito por fora e acabei por meter conversa com uns e com outros.
Aquela gente olhou para mim como se eu fosse um ET, meio espantados pela minha motita!
Eu sabia que aquela hora era das motos, podia vê-las a correr…
Tinha de concordar que a minha moto não era a coisa mais previsível para aparecer ali, no meio das “Rs” para correr!
E aquela gente não me levava a sério, acho que pensavam que eu apenas queria ver o povo correr!
Quando entenderam finalmente que eu queria correr um pouco com a minha moto, que ela andava há dias demais a baixas velocidades e queríamos, eu e ela, dar o gosto ao dedo e leva-la ao limite, houve um sorriso geral!
“A moto não é muito rápida!” – dizia um
“Claro que não é, mas é rápida o suficiente para fazer o que aqueles estão a fazer na pista com motos muito mais rápidas que a minha!” – respondia eu.
“Quanto dá?”
“Muito mais do que eles estão a dar ali!” – eu via-os a passar na pista e não iam a mais de uns 130 ou 140 km/h. O preconceito de que a minha moto é enorme e anda devagar não os deixava pensar que 130 ou 140 km/h qualquer moto dá! – “A minha moto dá 250 km/h e está sem top case, por isso conduzi-la na pista é só uma questão de habilidade minha!”
Havia um sorriso nos rostos deles, acho que um sorriso irónico! Então alguém me ofereceu 5 voltas!
“Deixe aqui tudo, eles vão sair daqui a pouco e você tem 5 voltas por sua conta! Nós vamos ficar aqui a ver, qualquer coisa e pare, não arrisque!”
O meu coração deu um salto!
Tratei rapidamente de me preparar, deram-me uma joelheiras para eu pôr por cima das calças, apertei-me toda, prendi o cabelo, enfiei o capacete, fui para a moto e fiquei à espera.
As motos foram saindo e os pilotos ficavam a olhar para mim, gente comum que ia para ali correr, como eu, a única diferença é que eram todos homens e com motos de pista!
Então entrei!
Eu tinha estudado a planta da pista em casa e ali nos placares, mas percorre-la era outra coisa bem diferente! Tinha a consciência de que todos os olhos estavam postos em mim, algures lá para trás, mas ignorei tudo isso mal comecei a conhecer o percurso, e sim, dei muito mais do que os 130 ou 140 km/h!
Que sensação, depois de tantos dias a conduzir em baixas velocidades, poder correr livremente.
Houve retas em que o ponteiro passou os 230 km/h. A pista não é muito grande mas tem curvas largas que se fazem a mais de 180km/k e fui perdendo a noção de quantas voltas dei, até que alguém na berma da pista me fez sinal para sair. Claro que teve de esperar que eu desse mais uma volta pois eu vi o sinal de relance e não dava mais para sair ali!
Quando me apanharam cá fora fizeram um escândalo! Como me atrevia eu a correr daquela maneira com uma moto daquela dimensão e sem conhecer a pista!
Afinal em que ficamos? Primeiro não devia correr porque a moto andava pouco, depois escandalizam-se porque eu corri para caramba?
Que nada, diz-me o homem que me ofereceu as 5 voltas, foi um prazer para os olhos verem-me brincar com a minha moto gigante a tamanhas velocidades, as outras motos até podiam ter continuado a correr que a minha moto não teria perturbado nada! Parabéns! Então bateram-me palmas e tudo! De onde vinha eu? Portugal? E os meus colegas de viagem onde andavam? Não havia colegas, eu viajava sozinha! Quase se fez silêncio! Sozinha por ali com aquela moto?
E pronto, tive direito também a chá e a bolachas só por andar a viajar pelo Reino, depois de ter vindo da República da Irlanda, completamente sozinha, com uma moto enorme e a correr em circuito como se fosse a minha segunda profissão! Eheheh
Senti-me uma estrela!
E com isto foi-se quase toda a manhã! Saí dali com a energia renovada e ainda cheia de adrenalina, que foi passando pelas ruelas que fui fazendo a seguir e onde nem pensar em dar mais que os 90km/h permitidos por lei! A bem dizer, quem daria os 90 por aquelas ruinhas?
Comecei a procurar de uma aldeia encantadora que tinha em mente, dei voltas e voltas e voltava sempre ao ponto de partida! Parecia um filme de terror, a lembrar o Pesadelo em Elm Street, quando as pessoas tentam sair da cidade e voltam sempre ao mesmo sitio!
Parei numa St Peter’s Church porque na falta do que procurava há sempre outras coisas para ver no caminho!
O que me chamou a atenção da rua foi uma cruz esculpida numa peça só, a partir do tronco de uma árvore! Uma cruz céltica!
O que eu gosto daqueles ambientes!
E lá estava elas de novo, as cruzes! Desenhei mais uma ou duas para a minha colecção de cruzes recolhidas nos países celtas! Lindas!
A cruz de uma peça só fascinou-me!
E na falta do que procurava e não encontrava, segui as placas até a Malmesbury abbey.
“À procura do que quero ver, vou vendo tudo o que me aparecer no caminho e pronto!”
Uma abadia espantosa, românica, com uma história rara de vida monástica continua desde a sua fundação no séc. VII até ao fim das congregações e mosteiros no séc. XVI
Acho sempre curiosa a maneira como a porta de entrada é assumida lateralmente e não pela fachada, como fazemos por cá em geral!
E a porta é linda!
O interior é surpreendente! A simplicidade do estilo românico é mantido e a altura da nave torna-se vertiginosamente acentuada pela nudez das paredes! Lindo!
Impossível não andar por ali de nariz no ar!
Há traços posteriores, de arcos quebrados, o que só torna o conjunto mais fascinante!
E o teto, espectacular!
Para quem não quisesse andar por ali de nariz no ar para ver a abobada, um espelho estrategicamente colocado, tornava a tarefe mais fácil!
E como em todas as igrejas e catedrais naquele país, lá estava o cafezinho onde se serviam chá e bolos!
Estava um belo dia de sol, apetecia mesmo passear por ali, junto da belíssima construção!
Parte do complexo religioso está em ruinas, o que permite enquadramentos muito bonitos!
E onde deveria ser a porta principal, a fachada, no extremo oposto ao altar mor, fica uma parede fechada!
A cidadezinha de Malmesbury é muito bonita e pitoresca, com casas lindas e ruas estreitas, de traçado medieval!
E na saída do jardim, pelas traseiras da abadia, fica uma escultura impressionante, bem no meio do portão. Dois homens que lutam acrobaticamente!
Uma obra tão expressiva que me encostei ali a desenha-la um pouco!
Estava eu naquela contemplação fascinada quando aprecio o jardineiro que andava por ali a tratar dos jardins! E não é que o homem usava apenas uma t-shirt como indumentária! Eu vi-lhe mesmo rabo quando se inclinou sobre as sebes! Eheheheh
Muito próprio para quem trabalha nos jardins de uma igreja! Eheheheh
E a minha procura continuou mais um pouco… os caminhos que percorria eram lindos, o dia estava espantoso e só me apetecia dar voltas e mais voltas pela zona! Parei num café/restaurante, só pelo encanto que era!
O The Baker’s Arms era a coisa mais encantadora! Sai mais um chá que café nem vale a pena pensar!
As ruas mais simples são lindas por ali!
“A minha ida até Castle Combe não foi nada inocente, havia coisas que eu queria fazer ali, mas a aldeia em si, não foi fácil de encontrar. Depois de umas corridas, que também sabem bem numa viagem essencialmente feita em baixas velocidades, andei para trás e para a frente por ruelas infinitas, sem conseguir encontrar… então decidi desistir! Às vezes é preciso saber-se deixar cair uma ideia para seguir outras mais possíveis!”
“E foi quando desisti que a encontrei!
O deslumbramento do local acolheu-me assim, na berma da estrada que eu escolhera fazer.
Pousei a moto entre os carros, junto a um grupo de velhotes, sentado no muro. Perguntei se incomodava eu deixar ali a moto, não, não incomodava nada. Fiquei um pouco por ali, sentada no mesmo muro a desenhar um pouco! Então uma das velhotas chegou-se a mim e perguntou-me de onde eu era, pois os seus amigos questionavam o “P” da minha moto mas estavam envergonhados de perguntar. “Sou portuguesa” disse eu “ah, eu bem dizia que não era da Polónia!” exclamou ela. Disse-me que era irlandesa mas estava na Inglaterra há muitos anos. “Lindo país, eu venho de lá nesta viagem!” todo o seu rosto se iluminou às minhas palavras. O tempo que eu ali fiquei a divagar sobre as 2 Irlandas, a alegria que se instalou naquela ponta do muro….”
(in Passeando pela vida – a página)
Arlington Row, em Bibury, com o rio Coln a completar o quadro, considerada desde o sé. XIX "a mais bela aldeia de Inglaterra", por um artista famoso quando a visitou.
E as casinhas lá estavam, tão típicas da zona, mas aquelas bem alinhadas, de pedra cor-de-mel e telhados a condizer, como se fosse um cenário ali posto para os turistas verem!
G
É tudo tão bonito ali!
O tempo que eu andei por ali, fartei-me de desenhar casinhas lindas com flores e pormenores encantadores!
Então os enquadramentos daquelas casas encantadoras com uma moto em frente, deliciaram-me!
Pormenores decorativos surreais…
e outros reais!
Então cruzei com o segundo casamento da minha viagem!
Não cheguei a entender se aquele seria o noivo ou o pai da noiva!
As pitorescas casas Arlington Row foram construídas em 1380 como uma loja de lã monástica. Continuam hoje como eram, alinhadas e lindas!
Valera a pena catar a zona à procura da aldeiazinha!
A igreja mais à frente, na mesma pedra bege, rodeada por um jardim com florinhas!
Eu gosto de ver por dentro igrejas de outras religiões! Há sempre algo de diferente so que estou a costumada a ver numa igreja!
O cemitério no jardim da igreja é a coisa mais comum e esperada por aquelas terras! Quase senti falta de ter algo do género por cá pelas nossas terras também!
E segui para a última etapa do meu passeio por terras galesas, do Gloucestershire para o Oxfordshire para chegar a Burford.
Sempre na rota das terras mais bonitas do Reino! De origem saxónica a cidade é encantadora, com o traçado e construções medievais bem visíveis!
Entrei na cidade pela parte de cima, pela High Street, e ainda bem, pois pude ver a rua principal até ao fundo, cheia de movimentos, casa encantadoras e esplanadas que se sucediam à minha passagem! Lindo!
Queria comer e aquele era o ambiente perfeito! Sentei-me numa esplanada, com a moto bem pertinho, e pedi um pequeno-almoço, que ali se serve todo o dia!
Claro que um pequeno-almoço ali não tem nada a ver com malgas de café com leite e torradas!
Tem mais a ver com comida variada, com direito a ovos e feijões e tudo que, acompanhado com cerveja é mil vezes melhor que comidas suspeitas, feitas de fritos cobertos com camadas de massa frita encharcada em óleo!
Fico sempre na dúvida se uma casa daquelas se irá aguentar de pé por muitos mais anos, com os tetos todos tortos, deformados pelo tempo!
Mas parece que estão para durar!
Que bem que a minha motita ficava naquele ambiente!
As lojinhas são encantadoras e apetece entrar em todas!
Não admira que Burford seja o lar de diversos escritores, na realidade ali tudo inspira para escrever, e desenhar, e pintar e acredito que para fazer música e dançar também, só para falar nas artes mais populares!
E voltei a subir a High Street, com vontade de parar a cada momento para ver e fotografar cada casa por onde passava!
Ainda havia um sítio onde eu queria passar, certamente não para visitar longamente mas para ver! Se não desse para ver da rua, pelo menos o caminho até lá era bonito, por isso não seria tudo perdido!
Eu queria ver uma abadia em ruinas, daquelas coisas que me fascinam sempre e segui pela margem do rio Wye até ela!
G
Sim, era visível da rua e não, não iria pagar para a visitar!
Simplesmente não podia andar a pagar para ver tudo o que me passava pela cabeça! Depois uma ruina daquela dimensão, tão visível da rua, não justificava um pagamento para a ver por dentro! Com muita pena minha, mas seria de fora que eu a veria e pronto!
A Tintern Abbey, vem desde o séc. XII cheia de história feita de remodelações, reconstruções, destruições e finalmente abandono por séculos, até ao séc XVII, quando o romantismo despertou o interesse pelo misterioso e impressionante da construção, exacervada por poemas e textos. Desde então tem sido mantida e protegida.
Claro que não se pode esquecer que foi utilizada para o videoclip dos Iron Maiden - Can I Play With Madness
Provoca-me sempre uma grande sensação estar na presença de tão fantástica construção em ruinas!
“O poder que uma abadia em ruinas tem é impressionante, como se uma força ela exercesse sobre mim e me deixasse quase paralisada de respeito de admiração. É sempre assim! Então fico a olhar e, intimamente, agradeço o facto de estar sozinha, apenas e eu e ela, e todo um mundo de sensações que me percorrem! A Tintern Abbey voltou a provocar esse efeito, não entrei, não pude por isso percorrer o seu interior mas, mesmo assim, o seu poder avassalou-me! Uma construção do séc. XII mostra hoje vestígios de séculos de transformações arquitetónicas, até ser deixada ao abandono por tempos que se perdem no tempo até alguém no séc. XIX voltar a dar valor ao seu corpo esquelético, mas muito belo, e o estudar. Quando foi considerado monumento de interesse nacional e foi finalmente protegido…”
(in Passeando pela vida – a página)
Os seus pormenores impressionantes… como aquilo se manteve de pé por tantos séculos em ruinas?
A minha motita parece insignificante e minúscula junto dela!
Uma ultima olhada e segui para Cardiff…
Ainda era dia por isso fui passear um pouco pela cidade e ainda não ficariam por ali as minhas visitas a igrejas e cemitérios!
A catedral estava a chamar-me a atenção, ainda por cima tinham-me indicado um sitio para comer lá perto! Ora, era cedo para comer, por isso fui passear pela redondeza!
A Llandaff Cathedral é anglicana e fica perto da margem do rio Taff na antiga "Cidade de Llandaff” que hoje é rodeada por Cardiff e por isso faz parte dela.
Estava fechada e ouvia-se lá dentro música. Alguém estava a ensaiar órgão e coros, ainda me sentei perto a ouvir mas depois fui andando pela propriedade da igreja. Soube depois que a música é tradição da igreja, com coros de homens e rapazes!
Tem origem normanda e foi sofrendo transformações ao longo dos séculos desde o séc. XII e lá estavam as cruzes celtas, num dos sítios cristão mais antigo da Grã-Bretanha! Lindo!
Então fui seguindo os caminhos, saindo da relva bem aparada em torno da igreja e percorrendo trilhos que me levaram por aquilo que parecia um cemitério abandonado, embora começasse logo ali, ao lado da catedral!
De cruz celta em cruz celta pelo meio do mato… eu podia ve-las ao longe, parecia gente no meio do caminho!
“Eu nunca fui dada a medos de cemitérios, mortos ou locais assombrados, passeio-me por eles como por jardins incomuns, apenas! Mas passear pelo cemitério de Cardiff foi a coisa mais parecida com um filmezinho de terror que se possa imaginar! É enorme, fica mesmo ao lado da catedral e tem todo o ar de coisa abandonada, cheio de ervas altas e mato, de onde brotam as tumbas antigas e desalinhadas, com cruzes celtas à mistura. Não bastando o cenário já sombrio por si, o entardecer tornava tudo ainda mais a puxar para o sinistro, quando a vegetação encobria a já pouca luz do dia e eu cruzava com enormes árvores centenárias que preenchiam quase todo o meu caminho, que não era mais que um carreiro de folhas pisadas. Ao longe ouvia as risadas dos miúdos que jogavam futebol numa clareira que eu vira ao chegar e que já ficara para trás há muito. Ninguém parece preocupar-se com um cemitério por ali, de repente miúdos passavam por mim em bicicletas de montanha em grande velocidade, como se o cemitério fosse o sítio mais comum para se brincar. E tornou-se noite, e ninguém pareceu se importar, nem eu, que continuei as minhas explorações, pensando numa meia dúzia de pessoas que conheço que desmaiariam de terror se se encontrassem ali naquele momento. E não, nenhum morto se ergueu para me matar à dentada!”
(in Passeando pela vida – a página)
E se eu me perdesse por ali pelo cemitério? É que aquilo parecia que não tinha fim! A única coisa que me provocava alguma apreensão eram os rapazes que eu ouvia ao longe e que passavam perto nas suas bicicletas. Os mortos nunca me preocupam, os vivos sim, porque lhes chamo miúdos, mas não eram tão miúdos assim, eram mais jovens para lá de teenagers!
Mas a preocupação não era assim tanta que me impedisse de sentar numa tumba a comer amoras! Eheheheh
Eu adoro amoras silvestres!
E lá voltei ao mundo dos vivos, placidamente!
Fui comer qualquer coisa…
E foi o fim de dia no jardim do hostel, com direito a internet na rua e tudo, só para gelar um pouco os dedos!
E foi o fim do 23º dia de viagem
Aquele seria um dia muito especial! Não apenas pelo que eu tinha planeado ver mas também pelo que eu tinha planeado fazer… ou tentar fazer, claro, pois há coisas que a gente nunca sabe se são mesmo possíveis até estar lá, no local!
Não seria um dia cheio de quilómetros, mas seria, seguramente, um dia cheio de emoções!
O País de Gales é uma das zonas celtas que eu mal tinha visitado da última vez que estivera no Reino e desta vez propunha-me a catar os seus recantos mais encantadores, porque as ruelas são ladeadas de casinhas que lembram os contos de fadas e as histórias de encantar!
G
Embora eu não seja arquitecta, as casas de cada país, zona, ou aldeia, sempre me fascinam! Gosto de ver como vivem as pessoas, que gostos têm, que decorações usam, por aí fora, por onde passo! Então as casinhas de telhado de colmo, que se encontram pelo Reino Unido, são um encanto.
Para além do telhado de colmo, tão comum em tantos países, como no nosso, por ali têm requintes de decoração em palha no topo, onde se separam as águas, e são mesmo dignas de histórias de encantar.
Depois os jardins, com plantas que frequentemente são trepadeiras, completam o quadro, por trás de muros que não nos impedem de ver quão bonito é tudo ali dentro. Um quadro pintado a cada curva do caminho, quando se passeia com calma por terras de sua majestade!
E todo este encanto ficava no caminho para o primeiro destino do dia!
O Castle Combe Circuit!
Eu tinha lido que se podia correr ali mas apenas encontrara tarifas para grupos de 6 motos, por isso não sabia se eu podia dar uma corridinha por ali com a minha moto!
Fui-me aproximando, dei uma volta ao circuito por fora e acabei por meter conversa com uns e com outros.
Aquela gente olhou para mim como se eu fosse um ET, meio espantados pela minha motita!
Eu sabia que aquela hora era das motos, podia vê-las a correr…
Tinha de concordar que a minha moto não era a coisa mais previsível para aparecer ali, no meio das “Rs” para correr!
E aquela gente não me levava a sério, acho que pensavam que eu apenas queria ver o povo correr!
Quando entenderam finalmente que eu queria correr um pouco com a minha moto, que ela andava há dias demais a baixas velocidades e queríamos, eu e ela, dar o gosto ao dedo e leva-la ao limite, houve um sorriso geral!
“A moto não é muito rápida!” – dizia um
“Claro que não é, mas é rápida o suficiente para fazer o que aqueles estão a fazer na pista com motos muito mais rápidas que a minha!” – respondia eu.
“Quanto dá?”
“Muito mais do que eles estão a dar ali!” – eu via-os a passar na pista e não iam a mais de uns 130 ou 140 km/h. O preconceito de que a minha moto é enorme e anda devagar não os deixava pensar que 130 ou 140 km/h qualquer moto dá! – “A minha moto dá 250 km/h e está sem top case, por isso conduzi-la na pista é só uma questão de habilidade minha!”
Havia um sorriso nos rostos deles, acho que um sorriso irónico! Então alguém me ofereceu 5 voltas!
“Deixe aqui tudo, eles vão sair daqui a pouco e você tem 5 voltas por sua conta! Nós vamos ficar aqui a ver, qualquer coisa e pare, não arrisque!”
O meu coração deu um salto!
Tratei rapidamente de me preparar, deram-me uma joelheiras para eu pôr por cima das calças, apertei-me toda, prendi o cabelo, enfiei o capacete, fui para a moto e fiquei à espera.
As motos foram saindo e os pilotos ficavam a olhar para mim, gente comum que ia para ali correr, como eu, a única diferença é que eram todos homens e com motos de pista!
Então entrei!
Eu tinha estudado a planta da pista em casa e ali nos placares, mas percorre-la era outra coisa bem diferente! Tinha a consciência de que todos os olhos estavam postos em mim, algures lá para trás, mas ignorei tudo isso mal comecei a conhecer o percurso, e sim, dei muito mais do que os 130 ou 140 km/h!
Que sensação, depois de tantos dias a conduzir em baixas velocidades, poder correr livremente.
Houve retas em que o ponteiro passou os 230 km/h. A pista não é muito grande mas tem curvas largas que se fazem a mais de 180km/k e fui perdendo a noção de quantas voltas dei, até que alguém na berma da pista me fez sinal para sair. Claro que teve de esperar que eu desse mais uma volta pois eu vi o sinal de relance e não dava mais para sair ali!
Quando me apanharam cá fora fizeram um escândalo! Como me atrevia eu a correr daquela maneira com uma moto daquela dimensão e sem conhecer a pista!
Afinal em que ficamos? Primeiro não devia correr porque a moto andava pouco, depois escandalizam-se porque eu corri para caramba?
Que nada, diz-me o homem que me ofereceu as 5 voltas, foi um prazer para os olhos verem-me brincar com a minha moto gigante a tamanhas velocidades, as outras motos até podiam ter continuado a correr que a minha moto não teria perturbado nada! Parabéns! Então bateram-me palmas e tudo! De onde vinha eu? Portugal? E os meus colegas de viagem onde andavam? Não havia colegas, eu viajava sozinha! Quase se fez silêncio! Sozinha por ali com aquela moto?
E pronto, tive direito também a chá e a bolachas só por andar a viajar pelo Reino, depois de ter vindo da República da Irlanda, completamente sozinha, com uma moto enorme e a correr em circuito como se fosse a minha segunda profissão! Eheheh
Senti-me uma estrela!
E com isto foi-se quase toda a manhã! Saí dali com a energia renovada e ainda cheia de adrenalina, que foi passando pelas ruelas que fui fazendo a seguir e onde nem pensar em dar mais que os 90km/h permitidos por lei! A bem dizer, quem daria os 90 por aquelas ruinhas?
Comecei a procurar de uma aldeia encantadora que tinha em mente, dei voltas e voltas e voltava sempre ao ponto de partida! Parecia um filme de terror, a lembrar o Pesadelo em Elm Street, quando as pessoas tentam sair da cidade e voltam sempre ao mesmo sitio!
Parei numa St Peter’s Church porque na falta do que procurava há sempre outras coisas para ver no caminho!
O que me chamou a atenção da rua foi uma cruz esculpida numa peça só, a partir do tronco de uma árvore! Uma cruz céltica!
O que eu gosto daqueles ambientes!
E lá estava elas de novo, as cruzes! Desenhei mais uma ou duas para a minha colecção de cruzes recolhidas nos países celtas! Lindas!
A cruz de uma peça só fascinou-me!
E na falta do que procurava e não encontrava, segui as placas até a Malmesbury abbey.
“À procura do que quero ver, vou vendo tudo o que me aparecer no caminho e pronto!”
Uma abadia espantosa, românica, com uma história rara de vida monástica continua desde a sua fundação no séc. VII até ao fim das congregações e mosteiros no séc. XVI
Acho sempre curiosa a maneira como a porta de entrada é assumida lateralmente e não pela fachada, como fazemos por cá em geral!
E a porta é linda!
O interior é surpreendente! A simplicidade do estilo românico é mantido e a altura da nave torna-se vertiginosamente acentuada pela nudez das paredes! Lindo!
Impossível não andar por ali de nariz no ar!
Há traços posteriores, de arcos quebrados, o que só torna o conjunto mais fascinante!
E o teto, espectacular!
Para quem não quisesse andar por ali de nariz no ar para ver a abobada, um espelho estrategicamente colocado, tornava a tarefe mais fácil!
E como em todas as igrejas e catedrais naquele país, lá estava o cafezinho onde se serviam chá e bolos!
Estava um belo dia de sol, apetecia mesmo passear por ali, junto da belíssima construção!
Parte do complexo religioso está em ruinas, o que permite enquadramentos muito bonitos!
E onde deveria ser a porta principal, a fachada, no extremo oposto ao altar mor, fica uma parede fechada!
A cidadezinha de Malmesbury é muito bonita e pitoresca, com casas lindas e ruas estreitas, de traçado medieval!
E na saída do jardim, pelas traseiras da abadia, fica uma escultura impressionante, bem no meio do portão. Dois homens que lutam acrobaticamente!
Uma obra tão expressiva que me encostei ali a desenha-la um pouco!
Estava eu naquela contemplação fascinada quando aprecio o jardineiro que andava por ali a tratar dos jardins! E não é que o homem usava apenas uma t-shirt como indumentária! Eu vi-lhe mesmo rabo quando se inclinou sobre as sebes! Eheheheh
Muito próprio para quem trabalha nos jardins de uma igreja! Eheheheh
E a minha procura continuou mais um pouco… os caminhos que percorria eram lindos, o dia estava espantoso e só me apetecia dar voltas e mais voltas pela zona! Parei num café/restaurante, só pelo encanto que era!
O The Baker’s Arms era a coisa mais encantadora! Sai mais um chá que café nem vale a pena pensar!
As ruas mais simples são lindas por ali!
“A minha ida até Castle Combe não foi nada inocente, havia coisas que eu queria fazer ali, mas a aldeia em si, não foi fácil de encontrar. Depois de umas corridas, que também sabem bem numa viagem essencialmente feita em baixas velocidades, andei para trás e para a frente por ruelas infinitas, sem conseguir encontrar… então decidi desistir! Às vezes é preciso saber-se deixar cair uma ideia para seguir outras mais possíveis!”
“E foi quando desisti que a encontrei!
O deslumbramento do local acolheu-me assim, na berma da estrada que eu escolhera fazer.
Pousei a moto entre os carros, junto a um grupo de velhotes, sentado no muro. Perguntei se incomodava eu deixar ali a moto, não, não incomodava nada. Fiquei um pouco por ali, sentada no mesmo muro a desenhar um pouco! Então uma das velhotas chegou-se a mim e perguntou-me de onde eu era, pois os seus amigos questionavam o “P” da minha moto mas estavam envergonhados de perguntar. “Sou portuguesa” disse eu “ah, eu bem dizia que não era da Polónia!” exclamou ela. Disse-me que era irlandesa mas estava na Inglaterra há muitos anos. “Lindo país, eu venho de lá nesta viagem!” todo o seu rosto se iluminou às minhas palavras. O tempo que eu ali fiquei a divagar sobre as 2 Irlandas, a alegria que se instalou naquela ponta do muro….”
(in Passeando pela vida – a página)
Arlington Row, em Bibury, com o rio Coln a completar o quadro, considerada desde o sé. XIX "a mais bela aldeia de Inglaterra", por um artista famoso quando a visitou.
E as casinhas lá estavam, tão típicas da zona, mas aquelas bem alinhadas, de pedra cor-de-mel e telhados a condizer, como se fosse um cenário ali posto para os turistas verem!
G
É tudo tão bonito ali!
O tempo que eu andei por ali, fartei-me de desenhar casinhas lindas com flores e pormenores encantadores!
Então os enquadramentos daquelas casas encantadoras com uma moto em frente, deliciaram-me!
Pormenores decorativos surreais…
e outros reais!
Então cruzei com o segundo casamento da minha viagem!
Não cheguei a entender se aquele seria o noivo ou o pai da noiva!
As pitorescas casas Arlington Row foram construídas em 1380 como uma loja de lã monástica. Continuam hoje como eram, alinhadas e lindas!
Valera a pena catar a zona à procura da aldeiazinha!
A igreja mais à frente, na mesma pedra bege, rodeada por um jardim com florinhas!
Eu gosto de ver por dentro igrejas de outras religiões! Há sempre algo de diferente so que estou a costumada a ver numa igreja!
O cemitério no jardim da igreja é a coisa mais comum e esperada por aquelas terras! Quase senti falta de ter algo do género por cá pelas nossas terras também!
E segui para a última etapa do meu passeio por terras galesas, do Gloucestershire para o Oxfordshire para chegar a Burford.
Sempre na rota das terras mais bonitas do Reino! De origem saxónica a cidade é encantadora, com o traçado e construções medievais bem visíveis!
Entrei na cidade pela parte de cima, pela High Street, e ainda bem, pois pude ver a rua principal até ao fundo, cheia de movimentos, casa encantadoras e esplanadas que se sucediam à minha passagem! Lindo!
Queria comer e aquele era o ambiente perfeito! Sentei-me numa esplanada, com a moto bem pertinho, e pedi um pequeno-almoço, que ali se serve todo o dia!
Claro que um pequeno-almoço ali não tem nada a ver com malgas de café com leite e torradas!
Tem mais a ver com comida variada, com direito a ovos e feijões e tudo que, acompanhado com cerveja é mil vezes melhor que comidas suspeitas, feitas de fritos cobertos com camadas de massa frita encharcada em óleo!
Fico sempre na dúvida se uma casa daquelas se irá aguentar de pé por muitos mais anos, com os tetos todos tortos, deformados pelo tempo!
Mas parece que estão para durar!
Que bem que a minha motita ficava naquele ambiente!
As lojinhas são encantadoras e apetece entrar em todas!
Não admira que Burford seja o lar de diversos escritores, na realidade ali tudo inspira para escrever, e desenhar, e pintar e acredito que para fazer música e dançar também, só para falar nas artes mais populares!
E voltei a subir a High Street, com vontade de parar a cada momento para ver e fotografar cada casa por onde passava!
Ainda havia um sítio onde eu queria passar, certamente não para visitar longamente mas para ver! Se não desse para ver da rua, pelo menos o caminho até lá era bonito, por isso não seria tudo perdido!
Eu queria ver uma abadia em ruinas, daquelas coisas que me fascinam sempre e segui pela margem do rio Wye até ela!
G
Sim, era visível da rua e não, não iria pagar para a visitar!
Simplesmente não podia andar a pagar para ver tudo o que me passava pela cabeça! Depois uma ruina daquela dimensão, tão visível da rua, não justificava um pagamento para a ver por dentro! Com muita pena minha, mas seria de fora que eu a veria e pronto!
A Tintern Abbey, vem desde o séc. XII cheia de história feita de remodelações, reconstruções, destruições e finalmente abandono por séculos, até ao séc XVII, quando o romantismo despertou o interesse pelo misterioso e impressionante da construção, exacervada por poemas e textos. Desde então tem sido mantida e protegida.
Claro que não se pode esquecer que foi utilizada para o videoclip dos Iron Maiden - Can I Play With Madness
Provoca-me sempre uma grande sensação estar na presença de tão fantástica construção em ruinas!
“O poder que uma abadia em ruinas tem é impressionante, como se uma força ela exercesse sobre mim e me deixasse quase paralisada de respeito de admiração. É sempre assim! Então fico a olhar e, intimamente, agradeço o facto de estar sozinha, apenas e eu e ela, e todo um mundo de sensações que me percorrem! A Tintern Abbey voltou a provocar esse efeito, não entrei, não pude por isso percorrer o seu interior mas, mesmo assim, o seu poder avassalou-me! Uma construção do séc. XII mostra hoje vestígios de séculos de transformações arquitetónicas, até ser deixada ao abandono por tempos que se perdem no tempo até alguém no séc. XIX voltar a dar valor ao seu corpo esquelético, mas muito belo, e o estudar. Quando foi considerado monumento de interesse nacional e foi finalmente protegido…”
(in Passeando pela vida – a página)
Os seus pormenores impressionantes… como aquilo se manteve de pé por tantos séculos em ruinas?
A minha motita parece insignificante e minúscula junto dela!
Uma ultima olhada e segui para Cardiff…
Ainda era dia por isso fui passear um pouco pela cidade e ainda não ficariam por ali as minhas visitas a igrejas e cemitérios!
A catedral estava a chamar-me a atenção, ainda por cima tinham-me indicado um sitio para comer lá perto! Ora, era cedo para comer, por isso fui passear pela redondeza!
A Llandaff Cathedral é anglicana e fica perto da margem do rio Taff na antiga "Cidade de Llandaff” que hoje é rodeada por Cardiff e por isso faz parte dela.
Estava fechada e ouvia-se lá dentro música. Alguém estava a ensaiar órgão e coros, ainda me sentei perto a ouvir mas depois fui andando pela propriedade da igreja. Soube depois que a música é tradição da igreja, com coros de homens e rapazes!
Tem origem normanda e foi sofrendo transformações ao longo dos séculos desde o séc. XII e lá estavam as cruzes celtas, num dos sítios cristão mais antigo da Grã-Bretanha! Lindo!
Então fui seguindo os caminhos, saindo da relva bem aparada em torno da igreja e percorrendo trilhos que me levaram por aquilo que parecia um cemitério abandonado, embora começasse logo ali, ao lado da catedral!
De cruz celta em cruz celta pelo meio do mato… eu podia ve-las ao longe, parecia gente no meio do caminho!
“Eu nunca fui dada a medos de cemitérios, mortos ou locais assombrados, passeio-me por eles como por jardins incomuns, apenas! Mas passear pelo cemitério de Cardiff foi a coisa mais parecida com um filmezinho de terror que se possa imaginar! É enorme, fica mesmo ao lado da catedral e tem todo o ar de coisa abandonada, cheio de ervas altas e mato, de onde brotam as tumbas antigas e desalinhadas, com cruzes celtas à mistura. Não bastando o cenário já sombrio por si, o entardecer tornava tudo ainda mais a puxar para o sinistro, quando a vegetação encobria a já pouca luz do dia e eu cruzava com enormes árvores centenárias que preenchiam quase todo o meu caminho, que não era mais que um carreiro de folhas pisadas. Ao longe ouvia as risadas dos miúdos que jogavam futebol numa clareira que eu vira ao chegar e que já ficara para trás há muito. Ninguém parece preocupar-se com um cemitério por ali, de repente miúdos passavam por mim em bicicletas de montanha em grande velocidade, como se o cemitério fosse o sítio mais comum para se brincar. E tornou-se noite, e ninguém pareceu se importar, nem eu, que continuei as minhas explorações, pensando numa meia dúzia de pessoas que conheço que desmaiariam de terror se se encontrassem ali naquele momento. E não, nenhum morto se ergueu para me matar à dentada!”
(in Passeando pela vida – a página)
E se eu me perdesse por ali pelo cemitério? É que aquilo parecia que não tinha fim! A única coisa que me provocava alguma apreensão eram os rapazes que eu ouvia ao longe e que passavam perto nas suas bicicletas. Os mortos nunca me preocupam, os vivos sim, porque lhes chamo miúdos, mas não eram tão miúdos assim, eram mais jovens para lá de teenagers!
Mas a preocupação não era assim tanta que me impedisse de sentar numa tumba a comer amoras! Eheheheh
Eu adoro amoras silvestres!
E lá voltei ao mundo dos vivos, placidamente!
Fui comer qualquer coisa…
E foi o fim de dia no jardim do hostel, com direito a internet na rua e tudo, só para gelar um pouco os dedos!
E foi o fim do 23º dia de viagem
Última edição por Gracinda Ramos em Qua Dez 31 2014, 01:30, editado 1 vez(es)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Boas,
Mais umas fotos simplesmente FANTÁSTICAS !!!!!!!!!!!
EXTRAORDINÁRIAS !!!!!
É um luxo ler e ver esta crónica de viagens maravilhosas pelas suas fotos !!!!!
Mais um ( para puder pagar a entrada numa das próximas igrejas/mosteiros em ruinas )
Beijucas ( como alguém aqui escreve.... )
Mais umas fotos simplesmente FANTÁSTICAS !!!!!!!!!!!
EXTRAORDINÁRIAS !!!!!
É um luxo ler e ver esta crónica de viagens maravilhosas pelas suas fotos !!!!!
Mais um ( para puder pagar a entrada numa das próximas igrejas/mosteiros em ruinas )
Beijucas ( como alguém aqui escreve.... )
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CARLOS PIRES
Mama Sumae !!
Carlospira- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Mais um dia fabuloso
Obrigada e com direito a
Bom Ano 2015
Obrigada e com direito a
Bom Ano 2015
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
21 de agosto de 2014
Entre alguns erros frequentes que cometo estupidamente em viagem, está o esquecer-me de pensar em quilómetros quando leio milhas, e isso aconteceu-me naquele dia, tudo me pareceu mais perto do que realmente era, e não processei logo que as cerca de 500 milhas que faria naquele dia eram, na realidade, quase 800 km!
Claro que quando dei conta, nada mudou nos meus planos e continuei alegremente o meu caminho, apenas passando ao lado de algumas pequenas coisas que gostaria de ter visto, para poder chegar onde queria! Nada que me matasse de cansaço ou infelicidade, portanto, e fui até ao fim da terra, Land’s End!
Esta viagem ficaria marcada, entre outras coisas, pelos estádios que visitei e aqueles onde passei à porta, definitivamente! E o hostel onde eu pernoitava era bem em frente do estádio do Cardiff, o Milénium Stadium, da sala de estar eu podia ver a minha bonequinha em frente da janela, com o estádio do outro lado do rio Taff!
Ora naquele dia eu rumaria para sul, muito para sul, milhas e milhas a sul…
Sair de Cardiff em direcção a sul é aquela seca de dar uma grande volta. Em torno do recorte que a terra faz em torno do Bristol Chanel até ao river Severn, onde fica finalmente a primeira ponte para começar a descer o mapa!
E a estrada é uma seca, ao estilo de uma via rápida mas, na realidade, não se podem passar as 50 m/h (80km/h), o que torna a coisa lenta e morosa para caramba, dado que a estrada até é rápida e larga e a paisagem nada tem de inspirador!
Quando finalmente sai daquele carrossel chato, tratei rapidamente de me meter pelas ruelas do costume, aquelas que parece que são de apenas um sentido mas na realidade são de dois!
Porque havia por ali uma vilazinha que eu queria visitar desde a minha ultima visita ao Reino Unido! Uma vila piscatória, por isso a costa seria o meu percurso de encanto!
E as perspectivas do mar ali de cima eram paradisíacas!
Clovelly é uma vilazinha piscatória no Devon.
Eu sabia que ela era encantadora, senão teria desistido de a visitar logo à chegada, ao perceber que tinha de pagar bilhete para entrar… mas além de eu saber que valeria a pena, as pessoas foram verdadeiramente simpáticas comigo, oferecendo-me espaço para deixar o capacete e o blusão e poder visitar tudo descontraidamente.
Então depois veio a descida, e que descida! A vilinha fica lá no fundo, depois de um percurso por ruelas a pique, pavimentadas em pedras redondas do mar, que nos fazem caminhar “ a travar” todo o tempo, sob o risco de escorregar e descer aquilo tudo de rabo pelo chão.
E tem degraus e nenhum veiculo ali pode circular, a não ser uma espécie de tobogãs, como na ilha da Madeira, que deslizam por ali abaixo com as cargas. Para as pessoas, só resta caminhar ou descer de burro! E chega-se ao ponto em que, numa curva apertada que passa por baixo de uma casa, se vê lá em baixo o portinho!
Parei e, não fosse o tempo fresco que por ali se fazia sentir, a sensação fazia lembrar a visita às Cinque Terre em Itália, no ano passado. Que bonito tudo por ali!
Tudo parece artificialmente perfeito ali, desde as casinhas, as ruelas, o porto e o próprio mar!
G
Pessoas de idade sofriam para chegar até ali, descendo com dificuldade a rua íngreme, pavimentada com pedras redondas que magoavam os pés!
Mas a descida valia a pena! Lá em baixo o ambiente era sereno, com as pessoas relaxadamente sentadas junto ao mar!
Do cais a perspetiva da vila, pelo monte acima, é vertiginosa e parte do casario não se pode mesmo ver cá de baixo!
Sentei-me empoleirada no mais alto degrau de pedra e tentei desenhar um pouco, mas havia muita gente atenta ao que eu estava a fazer, afinal ali no meio de toda a cor, eu parecia o zorro, toda vestida de preto, só me faltava a capa, e isso despertava as atenções!
Não estava calor nenhum, uns 17 ou 18 graus, mas aquela gente está habituada a aproveitar o sol e o bom tempo!
O pormenor da “areia” sempre me fascina! Olha-se para a praia e tem-se a sensação de se estar a olhar para a areia com uma grande lupa, pois ela não é mais que um mar de calhaus redondinhos!
E os visitantes enchiam o ambiente de cor…
Tinha de começar a subida… e isso já me estava a deixar cansada, mesmo antes de começar!
Dá-se a volta por trás das casas em frente à praia e volta-se a descer à areia, do outro lado!
E foi ali, depois da grande rampa de descida dos barcos, que eu me pus a fazer o meu montinho de pedras!
“Material” não faltava para fazer o montinho! Podia até decidir a sua dimensão pela escolha das pedrinhas apropriadas!
Havia lá outros já feitos, mas o meu ficou muito mais bonitinho!
E então, finalmente, comecei a subida! Não podia adiar mais se queria ir longe depois!
Os pormenores de cada casa eram encantadores!
Casinhas de brincar, era o que pareciam!
Como eu imaginara ao descer, a subida era vertiginosa e as casas vistas de baixo acentuavam essa sensação!
Tudo ali mereceu o bilhete que tive de pagar para visitar!
É um verdadeiro privilégio viver-se ali e vir-se à rua e ela ser assim!
Há ali hotéis, mas hospedar-me ali isso assustou-me um pouco! Como conseguiria eu hospedar-me numa vila onde a minha motita não poderia entrar?
E cá em cima, à saída da vila, encostei-me ao muro e pus-me a recuperar energias comendo amoras! Naquele país há tanta amora, coisa que adoro!
E então seguir para a Cornualha, o ultimo reduto celta do Reino Unido, para mim, que vinha de norte!
Eu tinha vontade de ir a Tintagel, uma outra pequena vila na costa atlântica, onde fica, segundo a lenda, o castelo do rei Artur! O caminho para lá valeu a pena, ruinhas estreitas, ladeadas de muros feitos de terra revestida a palha acabada de cortar e onde dois carros mal passavam um pelo outro!
Mas acabei por desistir de visitar o castelo! Ele ficava longe da vila e eu teria de caminhar até ele. A disposição para caminhar era pouca e o tempo menos ainda… por isso segui pelas ruelas até ao mar, numa praia de rocha dura, entre Treknow e Trebarwith. Em frente eu podia ver o Gull Rock, aquela pedrinha no meio do mar!
Eu precisava de tempo para ficar…
É naqueles momentos que eu tenho a sensação que nem que eu vivesse varias idas seguidas, nunca conseguiria ver e viver tudo o que queria… e eu tinha de ir embora, se queria ir até ao fim, naquele dia!
Voltei à estrada nacional, onde muitas coisas acontecem!
E depois de quilómetros de estrada, seguindo em filas de carros que seguiam para destinos no caminho do meu destino, cheguei!
“Cheguei a Land's End ao anoitecer, o ponto mais ocidental da Cornualha e de toda a ilha. Um ponto mítico no Reino, usado frequentemente para definir eventos beneficentes com percursos entre os dois extremos, desde o norte – John O 'Groats, até ao sul – Land’s End, de “end-to-end”. O céu era uma luta de nuvens que deixavam transparecer uma luminosidade quase surreal. Havia gente por ali, e festa e tudo, mas ninguém parecia reparar naquele céu deslumbrante! O fim da Inglaterra estava lindo!”
(in Passeando pela Vida – a página)
Ao longe podia ver a famosa “última casa da ilha”!
E junto a mim a famosa placa!
Não resisti, como não gosto de selfies, que deformam a cara toda à gente por serem tiradas de muito perto, depois de montes de pessoas me pedirem para lhes tirar fotos, pedi eu também que me tirassem uma foto a mim!
E captei uma imagem para fazer conjunto com a placa de John o’Groats!
Por ali não faltava festa, coisas para comprar e gente a passear, apesar do frio e do vento!
Também não faltavam registos de eventos passados, personalidades que foram até ali!
E o registo da distância entre Land’s End e a terra de cada viajante que ali se desloque! Fiz uma rodinha vermelha na foto…
… e ampliando a coisa, na rodinha vermelha que eu fiz na foto, lá estamos nós: Faro, Lisboa e Porto!
Captei uma última perspectiva do local, estava a noitecer e eu tinha de voltar a subir até Cardiff… O cenário tornou-se perfeito para mim, a placa, a ultima casa, as nuvens inspiradoras! Foi um bom momento, aquele em que me despedi!
Atravessei a festa de piratas que havia por lá,
E fui encontrar a minha bonequinha acompanhada por uma BMW americana de Oregon que, pelo aspeto e pelos autocolantes, já percorreu mais de meio planeta!
E tinha um autocolante de Portugal!
Uma pena não ter encontrado o condutor que, pelos 2 capacetes visíveis, estaria acompanhado com pendura! Provavelmente estariam hospedados no hotel, já não estava ninguém com aspeto de motard por ali em volta!
Para memória futura, a minha bonequinha e o Hotel Land’s End!
Mais à frente encontrei os vestígios celtas que faltavam para marcar a tradição!
Lá estavam as célebres cruzes!
E tinha quase 400 km para fazer até Cardiff, podia vê-los no GPS!
Cheguei de noite a casa, depois de algumas peripécias na estrada, que me deixaram a sensação de que receberia mais dia, menos dia uma multa de excesso de velocidade em casa… até hoje não chegou, mas ainda pode vir a caminho… ainda pode vir!
E foi o fim do 24º dia de viagem
Entre alguns erros frequentes que cometo estupidamente em viagem, está o esquecer-me de pensar em quilómetros quando leio milhas, e isso aconteceu-me naquele dia, tudo me pareceu mais perto do que realmente era, e não processei logo que as cerca de 500 milhas que faria naquele dia eram, na realidade, quase 800 km!
Claro que quando dei conta, nada mudou nos meus planos e continuei alegremente o meu caminho, apenas passando ao lado de algumas pequenas coisas que gostaria de ter visto, para poder chegar onde queria! Nada que me matasse de cansaço ou infelicidade, portanto, e fui até ao fim da terra, Land’s End!
Esta viagem ficaria marcada, entre outras coisas, pelos estádios que visitei e aqueles onde passei à porta, definitivamente! E o hostel onde eu pernoitava era bem em frente do estádio do Cardiff, o Milénium Stadium, da sala de estar eu podia ver a minha bonequinha em frente da janela, com o estádio do outro lado do rio Taff!
Ora naquele dia eu rumaria para sul, muito para sul, milhas e milhas a sul…
Sair de Cardiff em direcção a sul é aquela seca de dar uma grande volta. Em torno do recorte que a terra faz em torno do Bristol Chanel até ao river Severn, onde fica finalmente a primeira ponte para começar a descer o mapa!
E a estrada é uma seca, ao estilo de uma via rápida mas, na realidade, não se podem passar as 50 m/h (80km/h), o que torna a coisa lenta e morosa para caramba, dado que a estrada até é rápida e larga e a paisagem nada tem de inspirador!
Quando finalmente sai daquele carrossel chato, tratei rapidamente de me meter pelas ruelas do costume, aquelas que parece que são de apenas um sentido mas na realidade são de dois!
Porque havia por ali uma vilazinha que eu queria visitar desde a minha ultima visita ao Reino Unido! Uma vila piscatória, por isso a costa seria o meu percurso de encanto!
E as perspectivas do mar ali de cima eram paradisíacas!
Clovelly é uma vilazinha piscatória no Devon.
Eu sabia que ela era encantadora, senão teria desistido de a visitar logo à chegada, ao perceber que tinha de pagar bilhete para entrar… mas além de eu saber que valeria a pena, as pessoas foram verdadeiramente simpáticas comigo, oferecendo-me espaço para deixar o capacete e o blusão e poder visitar tudo descontraidamente.
Então depois veio a descida, e que descida! A vilinha fica lá no fundo, depois de um percurso por ruelas a pique, pavimentadas em pedras redondas do mar, que nos fazem caminhar “ a travar” todo o tempo, sob o risco de escorregar e descer aquilo tudo de rabo pelo chão.
E tem degraus e nenhum veiculo ali pode circular, a não ser uma espécie de tobogãs, como na ilha da Madeira, que deslizam por ali abaixo com as cargas. Para as pessoas, só resta caminhar ou descer de burro! E chega-se ao ponto em que, numa curva apertada que passa por baixo de uma casa, se vê lá em baixo o portinho!
Parei e, não fosse o tempo fresco que por ali se fazia sentir, a sensação fazia lembrar a visita às Cinque Terre em Itália, no ano passado. Que bonito tudo por ali!
Tudo parece artificialmente perfeito ali, desde as casinhas, as ruelas, o porto e o próprio mar!
G
Pessoas de idade sofriam para chegar até ali, descendo com dificuldade a rua íngreme, pavimentada com pedras redondas que magoavam os pés!
Mas a descida valia a pena! Lá em baixo o ambiente era sereno, com as pessoas relaxadamente sentadas junto ao mar!
Do cais a perspetiva da vila, pelo monte acima, é vertiginosa e parte do casario não se pode mesmo ver cá de baixo!
Sentei-me empoleirada no mais alto degrau de pedra e tentei desenhar um pouco, mas havia muita gente atenta ao que eu estava a fazer, afinal ali no meio de toda a cor, eu parecia o zorro, toda vestida de preto, só me faltava a capa, e isso despertava as atenções!
Não estava calor nenhum, uns 17 ou 18 graus, mas aquela gente está habituada a aproveitar o sol e o bom tempo!
O pormenor da “areia” sempre me fascina! Olha-se para a praia e tem-se a sensação de se estar a olhar para a areia com uma grande lupa, pois ela não é mais que um mar de calhaus redondinhos!
E os visitantes enchiam o ambiente de cor…
Tinha de começar a subida… e isso já me estava a deixar cansada, mesmo antes de começar!
Dá-se a volta por trás das casas em frente à praia e volta-se a descer à areia, do outro lado!
E foi ali, depois da grande rampa de descida dos barcos, que eu me pus a fazer o meu montinho de pedras!
“Material” não faltava para fazer o montinho! Podia até decidir a sua dimensão pela escolha das pedrinhas apropriadas!
Havia lá outros já feitos, mas o meu ficou muito mais bonitinho!
E então, finalmente, comecei a subida! Não podia adiar mais se queria ir longe depois!
Os pormenores de cada casa eram encantadores!
Casinhas de brincar, era o que pareciam!
Como eu imaginara ao descer, a subida era vertiginosa e as casas vistas de baixo acentuavam essa sensação!
Tudo ali mereceu o bilhete que tive de pagar para visitar!
É um verdadeiro privilégio viver-se ali e vir-se à rua e ela ser assim!
Há ali hotéis, mas hospedar-me ali isso assustou-me um pouco! Como conseguiria eu hospedar-me numa vila onde a minha motita não poderia entrar?
E cá em cima, à saída da vila, encostei-me ao muro e pus-me a recuperar energias comendo amoras! Naquele país há tanta amora, coisa que adoro!
E então seguir para a Cornualha, o ultimo reduto celta do Reino Unido, para mim, que vinha de norte!
Eu tinha vontade de ir a Tintagel, uma outra pequena vila na costa atlântica, onde fica, segundo a lenda, o castelo do rei Artur! O caminho para lá valeu a pena, ruinhas estreitas, ladeadas de muros feitos de terra revestida a palha acabada de cortar e onde dois carros mal passavam um pelo outro!
Mas acabei por desistir de visitar o castelo! Ele ficava longe da vila e eu teria de caminhar até ele. A disposição para caminhar era pouca e o tempo menos ainda… por isso segui pelas ruelas até ao mar, numa praia de rocha dura, entre Treknow e Trebarwith. Em frente eu podia ver o Gull Rock, aquela pedrinha no meio do mar!
Eu precisava de tempo para ficar…
É naqueles momentos que eu tenho a sensação que nem que eu vivesse varias idas seguidas, nunca conseguiria ver e viver tudo o que queria… e eu tinha de ir embora, se queria ir até ao fim, naquele dia!
Voltei à estrada nacional, onde muitas coisas acontecem!
E depois de quilómetros de estrada, seguindo em filas de carros que seguiam para destinos no caminho do meu destino, cheguei!
“Cheguei a Land's End ao anoitecer, o ponto mais ocidental da Cornualha e de toda a ilha. Um ponto mítico no Reino, usado frequentemente para definir eventos beneficentes com percursos entre os dois extremos, desde o norte – John O 'Groats, até ao sul – Land’s End, de “end-to-end”. O céu era uma luta de nuvens que deixavam transparecer uma luminosidade quase surreal. Havia gente por ali, e festa e tudo, mas ninguém parecia reparar naquele céu deslumbrante! O fim da Inglaterra estava lindo!”
(in Passeando pela Vida – a página)
Ao longe podia ver a famosa “última casa da ilha”!
E junto a mim a famosa placa!
Não resisti, como não gosto de selfies, que deformam a cara toda à gente por serem tiradas de muito perto, depois de montes de pessoas me pedirem para lhes tirar fotos, pedi eu também que me tirassem uma foto a mim!
E captei uma imagem para fazer conjunto com a placa de John o’Groats!
Por ali não faltava festa, coisas para comprar e gente a passear, apesar do frio e do vento!
Também não faltavam registos de eventos passados, personalidades que foram até ali!
E o registo da distância entre Land’s End e a terra de cada viajante que ali se desloque! Fiz uma rodinha vermelha na foto…
… e ampliando a coisa, na rodinha vermelha que eu fiz na foto, lá estamos nós: Faro, Lisboa e Porto!
Captei uma última perspectiva do local, estava a noitecer e eu tinha de voltar a subir até Cardiff… O cenário tornou-se perfeito para mim, a placa, a ultima casa, as nuvens inspiradoras! Foi um bom momento, aquele em que me despedi!
Atravessei a festa de piratas que havia por lá,
E fui encontrar a minha bonequinha acompanhada por uma BMW americana de Oregon que, pelo aspeto e pelos autocolantes, já percorreu mais de meio planeta!
E tinha um autocolante de Portugal!
Uma pena não ter encontrado o condutor que, pelos 2 capacetes visíveis, estaria acompanhado com pendura! Provavelmente estariam hospedados no hotel, já não estava ninguém com aspeto de motard por ali em volta!
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Mais à frente encontrei os vestígios celtas que faltavam para marcar a tradição!
Lá estavam as célebres cruzes!
E tinha quase 400 km para fazer até Cardiff, podia vê-los no GPS!
Cheguei de noite a casa, depois de algumas peripécias na estrada, que me deixaram a sensação de que receberia mais dia, menos dia uma multa de excesso de velocidade em casa… até hoje não chegou, mas ainda pode vir a caminho… ainda pode vir!
E foi o fim do 24º dia de viagem
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Carlospira escreveu:Boas,
Mais umas fotos simplesmente FANTÁSTICAS !!!!!!!!!!!
EXTRAORDINÁRIAS !!!!!
É um luxo ler e ver esta crónica de viagens maravilhosas pelas suas fotos !!!!!
Mais um ( para puder pagar a entrada numa das próximas igrejas/mosteiros em ruinas )
Beijucas ( como alguém aqui escreve.... )
Obrigada!
Ainda faltam realmente algumas igrejas velhas para ver, mas já vou a caminho de casa!
Carlos Balio escreveu:Mais um dia fabuloso
Obrigada e com direito a
Bom Ano 2015
Obrigada!
Coisas bonitas e experiência que me trazem cheia de saudades, como se tu do tivesse sido há muito tempo!
Simone escreveu:Mais um belíssimo dia!
Obrigada!
Cá vai mais um dia!
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Beijucas!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Rambo escreveu:Men.. este tópico é um livro encantado!
Obrigada!
Que comentário bonito!
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Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
»
Última edição por Rambo em Qui Jan 08 2015, 21:51, editado 2 vez(es)
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda Ramos escreveu:Rambo escreveu:Men.. este tópico é um livro encantado!
Obrigada!
Que comentário bonito!
Os méritos vão para a autora
Rambo- A tirar a carta
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