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Passeando por caminhos Celtas - 2014
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Adoro monumentos históricos, principalmente conventos
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Não se pode estar alguns dias sem visitar a tua crónica, que quando regresso fico sempre fascinado com o que apresentas
Ainda não esgotei o stock de meritos, por isso aqui vai mais um muito bem merecido
Obrigada mais uma vez
Ainda não esgotei o stock de meritos, por isso aqui vai mais um muito bem merecido
Obrigada mais uma vez
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
7 de agosto de 2014
Mais um dia feito de história…
O hostel onde fiquei não era nada de especial mas tinha alguns pormenores que me agradaram. Um deles eram as mesas no pátio, onde se juntavam pessoas ao serão, que conversavam em inglês arranhado, entre risotas e petiscos! Junto da maior parte delas o meu inglês até parecia perfeito
Outro era a sala do pequeno-almoço! Um espetáculo!
Sim, era uma capela linda, em que o altar era a cozinha, e a nave, com mesas corridas, fazia lembrar o ambiente da sala de jantar do Harry Potter, mas em muito pequenino!
E ao fundo, pendurada nas grades do coro, estava a bandeira portuguesa! Espetáculo! Lugar de destaque com a bandeira espanhola ao lado!
Do pátio eu vira a capela no dia anterior quando estacionara a moto, mas não tinha percebido que era parte do hostel!
A moto estava logo ali, eu podia vê-la desde o meu quarto ou da sala do pequeno almoço, com direito a parque privado e tudo!
O dia estava lindo e eu decidi dedica-lo a viajar para trás no tempo, muito para trás!
Peguei nas minhas coisas básicas, os meus livrinhos, a máquina fotográfica e fui dar uma volta de dia inteiro pelo condado de Meath, que fica ligeiramente acima do condado de Dublin, e onde a gente cruza com a história a cada passo que se dá …
Brú na Bóinne era o meu principal destino, não só daquele dia mas de toda a viagem! Era um dos motivos que me levaram até aquele país e àquela zona!
E sentia-me particularmente feliz por poder realizar mais um dos meus objetivos, depois de, no dia anterior ter ido ao mosteiro de Clonmacnoise, a minha lista de destinos estava quase realizada… que bom!
O centro de visitantes está bem servido de parques e o espaço para as motos é grande e bem posicionado.
A minha bonequinha ficou muito bem acompanhada por uma prima branca de nacionalidade espanhola!
Não cheguei a ver o dono da branquinha, uma pena, mas aquilo é tão grande que andávamos uns por cada lado e não nos cruzamos! Até que achei piada à moto em branco!
Brú na Bóinne é um complexo neolítico impressionante, composto por 2 zonas visitáveis Newgrange e Knowth. As pessoas ficavam meio desorientadas sobre qual escolher mas eu tinha o tempo todo do mundo, por isso fui visitar os dois! Eu sabia o quanto aquilo era bonito… para mim, pelo menos!
Embora Newgrange seja mais conhecido e procurado pelos turistas, Knowth é, para mim, mais impressionante.
Estas construções espantosas, são anteriores às pirâmides do Egito, por isso dá para imaginar o meu fascínio a caminhar por ali!
Estamos perante construções do neolítico, lá pelos 3000 a 2000 aC, que foram ficando subterradas e que pareceram colinas por muito tempo!
Durante séculos, gerações e civilizações viveram ali, sem saberem que por baixo dos seus pés algo muito mais antigo e extraordinário estava subterrado!
E tudo foi preservado por essa terra que permitiu que nada se estragasse até um dia alguém descobrir e começar a escavar e encontrar…
As pedras gravadas estão perfeitamente intactas, são tantas mais de 100 dizem, só em torno do grande monte… deslumbrantes!
E os alinhamentos não se faziam só com pedras! Eles faziam-nos também com troncos, provavelmente teriam uma cobertura!
E são tantos os montinhos! São 18! Os arqueólogos dizem que eram túmulos!
Se pensarmos que Knowth contém um terço da arte rupestre em toda a Europa Ocidental, podemos entender melhor a importância daquele sítio!
No total são mais de 200 as pedras gravadas que foram encontrados nas escavações de Knowth.
Pode-se entrar numa câmara do grande monte
Mas o fascínio está cá fora mesmo!
De cima do grande monte pode-se ver a redondeza e ao longe Newgrange e o seu grande monte!
Hoje há uma escadaria para subir o monte, em épocas passadas subia-se por um carreiro de terra batida!
Há alinhamentos de pedras com a porta de entrada, o que mostra conhecimentos astronómicos e solares!
E ali em cima viveram populações da era do bronze, medievais e normandas, como se aquilo fosse uma colina, sem imaginarem que era um monte artificial construído por alguém antes deles! Não é fantástico?
Depois da visita a Knowth, voltamos ao centro de visitantes para voltar a apanhar um novo autocarro para ir a Newgrange.
E Newgrange é a estrela do local e, juntamente com Knowth, foi designado como Património Mundial pela Unesco.
“Newgrange foi construído há 5.000 anos (cerca de 3200 aC), sendo por isso mais antigo que o Stonehenge na Inglaterra e a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. Newgrange foi construído durante o Neolítico ou Nova Idade da Pedra por uma comunidade agrícola que prosperou nas ricas terras do vale do rio Boyne.“
A porta está “protegida” por pedras gravadas de uma beleza espantosa… a guia falava e eu ouvia a sua voz ao longe, completamente hipnotizada pelo que via!
Embora se fale em Newgrange como um túmulo, eu não vi aquilo assim e os arqueólogos parece que também já não! Eu vi como um templo que teria outras finalidades que não enterrar gente!
A forma como está construído, as pedras decoradas e o alinhamento do sol aquando do solstício… leva-me para um templo, um lugar de importância astrológica, espiritual, religiosa e cerimonial!
Não se pode fotografar lá dentro, não sei porquê já que não há nada que se estrague!
Uma câmara cruciforme tem todo o ar de templo, como uma igreja ou uma catedral, pequena, debaixo da terra e, num momento único, quando o sol se alinha, o solstício, entra por uma frincha e desenha um rasto de luz no chão, quando o escuro e o frio inverno se vai e se anuncia o início da primavera!
Ora num túmulo esses requintes de refinado conhecimento não teriam qualquer utilidade!
Andei por ali, não havia muito mais para ver ou desenhar mas apetece sempre dar mais uma olhada antes de partir, afinal eu não vou voltar ali amanha!
E lá segui o meu caminho porque havia mais coisas antigas que eu queria ver na zona! Da rua eu ainda podia ver o monte de Newgrange…
(continua)
Mais um dia feito de história…
O hostel onde fiquei não era nada de especial mas tinha alguns pormenores que me agradaram. Um deles eram as mesas no pátio, onde se juntavam pessoas ao serão, que conversavam em inglês arranhado, entre risotas e petiscos! Junto da maior parte delas o meu inglês até parecia perfeito
Outro era a sala do pequeno-almoço! Um espetáculo!
Sim, era uma capela linda, em que o altar era a cozinha, e a nave, com mesas corridas, fazia lembrar o ambiente da sala de jantar do Harry Potter, mas em muito pequenino!
E ao fundo, pendurada nas grades do coro, estava a bandeira portuguesa! Espetáculo! Lugar de destaque com a bandeira espanhola ao lado!
Do pátio eu vira a capela no dia anterior quando estacionara a moto, mas não tinha percebido que era parte do hostel!
A moto estava logo ali, eu podia vê-la desde o meu quarto ou da sala do pequeno almoço, com direito a parque privado e tudo!
O dia estava lindo e eu decidi dedica-lo a viajar para trás no tempo, muito para trás!
Peguei nas minhas coisas básicas, os meus livrinhos, a máquina fotográfica e fui dar uma volta de dia inteiro pelo condado de Meath, que fica ligeiramente acima do condado de Dublin, e onde a gente cruza com a história a cada passo que se dá …
Brú na Bóinne era o meu principal destino, não só daquele dia mas de toda a viagem! Era um dos motivos que me levaram até aquele país e àquela zona!
E sentia-me particularmente feliz por poder realizar mais um dos meus objetivos, depois de, no dia anterior ter ido ao mosteiro de Clonmacnoise, a minha lista de destinos estava quase realizada… que bom!
O centro de visitantes está bem servido de parques e o espaço para as motos é grande e bem posicionado.
A minha bonequinha ficou muito bem acompanhada por uma prima branca de nacionalidade espanhola!
Não cheguei a ver o dono da branquinha, uma pena, mas aquilo é tão grande que andávamos uns por cada lado e não nos cruzamos! Até que achei piada à moto em branco!
Brú na Bóinne é um complexo neolítico impressionante, composto por 2 zonas visitáveis Newgrange e Knowth. As pessoas ficavam meio desorientadas sobre qual escolher mas eu tinha o tempo todo do mundo, por isso fui visitar os dois! Eu sabia o quanto aquilo era bonito… para mim, pelo menos!
Embora Newgrange seja mais conhecido e procurado pelos turistas, Knowth é, para mim, mais impressionante.
Estas construções espantosas, são anteriores às pirâmides do Egito, por isso dá para imaginar o meu fascínio a caminhar por ali!
Estamos perante construções do neolítico, lá pelos 3000 a 2000 aC, que foram ficando subterradas e que pareceram colinas por muito tempo!
Durante séculos, gerações e civilizações viveram ali, sem saberem que por baixo dos seus pés algo muito mais antigo e extraordinário estava subterrado!
E tudo foi preservado por essa terra que permitiu que nada se estragasse até um dia alguém descobrir e começar a escavar e encontrar…
As pedras gravadas estão perfeitamente intactas, são tantas mais de 100 dizem, só em torno do grande monte… deslumbrantes!
E os alinhamentos não se faziam só com pedras! Eles faziam-nos também com troncos, provavelmente teriam uma cobertura!
E são tantos os montinhos! São 18! Os arqueólogos dizem que eram túmulos!
Se pensarmos que Knowth contém um terço da arte rupestre em toda a Europa Ocidental, podemos entender melhor a importância daquele sítio!
No total são mais de 200 as pedras gravadas que foram encontrados nas escavações de Knowth.
Pode-se entrar numa câmara do grande monte
Mas o fascínio está cá fora mesmo!
De cima do grande monte pode-se ver a redondeza e ao longe Newgrange e o seu grande monte!
Hoje há uma escadaria para subir o monte, em épocas passadas subia-se por um carreiro de terra batida!
Há alinhamentos de pedras com a porta de entrada, o que mostra conhecimentos astronómicos e solares!
E ali em cima viveram populações da era do bronze, medievais e normandas, como se aquilo fosse uma colina, sem imaginarem que era um monte artificial construído por alguém antes deles! Não é fantástico?
Depois da visita a Knowth, voltamos ao centro de visitantes para voltar a apanhar um novo autocarro para ir a Newgrange.
E Newgrange é a estrela do local e, juntamente com Knowth, foi designado como Património Mundial pela Unesco.
“Newgrange foi construído há 5.000 anos (cerca de 3200 aC), sendo por isso mais antigo que o Stonehenge na Inglaterra e a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. Newgrange foi construído durante o Neolítico ou Nova Idade da Pedra por uma comunidade agrícola que prosperou nas ricas terras do vale do rio Boyne.“
A porta está “protegida” por pedras gravadas de uma beleza espantosa… a guia falava e eu ouvia a sua voz ao longe, completamente hipnotizada pelo que via!
Embora se fale em Newgrange como um túmulo, eu não vi aquilo assim e os arqueólogos parece que também já não! Eu vi como um templo que teria outras finalidades que não enterrar gente!
A forma como está construído, as pedras decoradas e o alinhamento do sol aquando do solstício… leva-me para um templo, um lugar de importância astrológica, espiritual, religiosa e cerimonial!
Não se pode fotografar lá dentro, não sei porquê já que não há nada que se estrague!
Uma câmara cruciforme tem todo o ar de templo, como uma igreja ou uma catedral, pequena, debaixo da terra e, num momento único, quando o sol se alinha, o solstício, entra por uma frincha e desenha um rasto de luz no chão, quando o escuro e o frio inverno se vai e se anuncia o início da primavera!
Ora num túmulo esses requintes de refinado conhecimento não teriam qualquer utilidade!
Andei por ali, não havia muito mais para ver ou desenhar mas apetece sempre dar mais uma olhada antes de partir, afinal eu não vou voltar ali amanha!
E lá segui o meu caminho porque havia mais coisas antigas que eu queria ver na zona! Da rua eu ainda podia ver o monte de Newgrange…
(continua)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Viva
Agradecido por mais uns bites de dados para conhecimento pessoal..
As viagens que faço ao ler as tuas crónicas
Agradecido por mais uns bites de dados para conhecimento pessoal..
As viagens que faço ao ler as tuas crónicas
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cmps curvados
JCTransalp- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Rambo escreveu:Adoro monumentos históricos, principalmente conventos
Esta viagem e recheada de tudo o que eu gosto, desde paisagens e momentos fantástico de condução até às celebres ruinas de castelos, cemitérios e abadias!
A sério? Ainda bem!
Acho sempre que nem toda a gente aprecia, mas são personagens principais numa viagem minha!
Carlos Balio escreveu:Não se pode estar alguns dias sem visitar a tua crónica, que quando regresso fico sempre fascinado com o que apresentas
Ainda não esgotei o stock de meritos, por isso aqui vai mais um muito bem merecido
Obrigada mais uma vez
Obrigada eu!
Tenho dias muito recheados de coisas fantásticas o que dá crónicas infinitas mas não tardará nada e começa a chuva e tudo será mais comedido, pois quando a chuva era muita eu recolhia-me a falar com as pessoas e via muito menos coisas!
Última edição por Gracinda Ramos em Ter Set 30 2014, 11:05, editado 1 vez(es)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
JCTransalp escreveu:Viva
Agradecido por mais uns bites de dados para conhecimento pessoal..
As viagens que faço ao ler as tuas crónicas
Normalmente eu planeio uma série de coisas que posso querer ver em viagem mas depois por lá, muitas vezes passo e vou ver outras coisas!
Nesta viagem, por terras irlandesas, havia coisas que eu "tinha de ver mesmo" e tentei não lhes passar ao lado! Eu aprecio de tudo numa viagem, mas os vestigios do passado, sobretudo muito remotos, sempre me provocam um grande efeito!
Fico contente que não seja um seca acompanhar as minhas explorações pré-históricas!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Gracinda Ramos escreveu:JCTransalp escreveu:Viva
Agradecido por mais uns bites de dados para conhecimento pessoal..
As viagens que faço ao ler as tuas crónicas
Normalmente eu planeio uma série de coisas que posso querer ver em viagem mas depois por lá, muitas vezes passo e vou ver outras coisas!
Nesta viagem, por terras irlandesas, havia coisas que eu "tinha de ver mesmo" e tentei não lhes passar ao lado! Eu aprecio de tudo numa viagem, mas os vestigios do passado, sobretudo muito remotos, sempre me provocam um grande efeito!
Fico contente que não seja um seca acompanhar as minhas explorações pré-históricas!
Seca . . . oh Gracinda. . . por quem sois....
Embora a história não seja o meu forte, monumentos históricos dessa envergadura e elegância deixam-me boquiaberto e nutro um especial respeito pelo valor arquitetónico a simplicidade das construções. Ainda mais sabendo que tais feitos foram projetados e erigidos sem recurso a mais que a força humana, quer intelectual quer fisica...
Isso sim é obra . .
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cmps curvados
JCTransalp- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
7 de agosto de 2014
Continuando um dia feito de história…
Ainda no condado de Meath fica o Hill of Tara - Cnoc na Teamhrach, que quer dizer em irlandês "Colina dos Reis" embora, ao que parece, não tenha vivido ali nenhum rei!
Aquilo seria lindo de ver de helicóptero pois consta de desenhos por saliências no chão relvado, formando círculos concêntricos com efeitos a lembrar a ondulação da água quando cai uma pedra. Por isso eu sabia que do chão pouco veria mas, a sensação de pisar aquele solo era algo que eu não podia perder!
A High Cross está ali no meio de nada, marcando o local da batalha de Hill of Tara, quando rebeldes irlandeses foram derrotados pelos ingleses no final do séc. XIX.…
E as “ondas” são visíveis por vezes de um ponto mais alto!
A Lia Fáil ou Stone of Destiny, a pedra onde, diz a lenda, todos os reis irlandeses formam coroados por muitos séculos.
Há muitas lendas em volta desta pedra, mas o que mais me fascinou foram os seus poderes, que dizem ter reconhecido o verdadeiro rei da irlanda, soltando rugidos de alegria, ou ainda que tinha o poder de rejuvenescer o reio o dar-lhe um longo reinado!
Isto a ser verdade não faltaria quem lá se fosse esfregar a ver se ela lhe ofereceria uma longa vida ou um pouco de juventude, sei lá!
Tara vem do neolítico também, pensa-se por isso que virá de épocas pré-célticas…
O que eu acho curioso é que, nestes milhares de anos todos ninguém lixou aquilo tudo para construir uma porcaria qualquer e tudo se manteve pelos tempos infinitos intacto até hoje! Espantoso!
O centro de visitantes fica na igreja de Sant Patrick e a estátua do santo está ali perto.
“Saint Patrick, o "Apóstolo da Irlanda" foi um missionário do séc. V que é o grande padroeiro da Irlanda! A sua história mistura-se com a lenda e não se sabe mais como foi realmente, mas dizem que foi raptado de sua casa, na Grã-Bretanha, quando era um adolescente e levado para a Irlanda onde viveu até conseguir fugir e voltar para os seus. Quando se tornou padre voltou para a Irlanda percorrendo-a como missionário pelo país. Saint Patrick's Day é hoje a grande festa da Irlanda, em março, quando toda a gente sai à rua vestida de verde em memória do bonequinho que o representa e que parece um duende! Quando o encontro vestido de bispo não o associo de todo ao boneco irlandês!”
Logo ali na rua ficam vários estabelecimento alguns deles curiosos! Fui dar com um atelier de pintura de um fulano que estava de volta de uma tela que fazia lembrar as mandalas!
Estivemos ali no paleio enquanto ele pintava com uma minucia impressionante!
Parece que tudo o que ele pintava era do mesmo tipo de composição, telas ou suportes quadrados com desenhos caleidoscópicos que leitura a partir dos 4 lados. Muito bonito!
Ainda me fui meter num alfarrabista que me prendeu a atenção por longos minutos, até eu decidir que o inglês não é a língua que eu mais facilmente leio e que não queria massacrar-me a puxar pela cabeça por isso não iria comprar livros e ponto final!
E pus-me a andar na direção da costa até ser surpreendida por uma construção em ruinas! Eu sei que é o que mais há por lá, igrejas em ruinas, mas há algumas a que não consigo resistir, pronto!
E acabei por me divertir um bocado! Estava a chegar um grupo de pessoas que percebi eram as damas de honor e os respetivos moços, mais os noivos, para fazerem fotos no local!
Eu adoro estas coisas e há sempre um ou dois casamentos no percurso de todas as minhas viagens! Faltava um nesta!
As damas de honor eram redondinhas e não sabiam andar de saltos altos, por isso pareciam meio tortinhas, uma acabou por os tirar e seguir descalça pela relva! Eheheh
Os moçoilos vestiam todos de igual, o noivo incluído, não entendi porquê, ainda por cima de calças beges com suspensórios!
A noiva era a mais bonita, a mais magra e a mais elegante! Será que o casamento era um bom pretexto para desencalhar as damas de honor?! Eheheheh
Bem fui saindo dali, para não aparecer uma sombra negra de chapéu no fundo das fotos, e fui ver a abadia.
Era a Bective Abbey, do séc. XII, e descobri que foi palco de filmagem de cenas do filme de Mel Gibson, “Braveheart”. Fantástico, assim se encontra uma celebridade sem saber!
Claro que teria de ver o filme todo outra vez para tentar descobrir onde aparece a abadia!
Independentemente das pessoas do casamento, foi curioso constatar que as pessoas vão para ali passear e fazer picnics!
Havia ali famílias com miúdos a passar a tarde! A verdade é que o relvado é excelente e o dia estava bonito para se estar ali!
Ali ao lado havia também vaquinhas a relaxar!
E os carros dos “modelos” do casamento!
Ainda se ao menos tivessem levado uma cestinha com algo de comer lá da festa de casamento! Mas só havia os carros e mais nada!
Depois tinha de passar em Trim para ver o seu castelo. Ficava no meu caminho e o dia ainda ia alto!
Eu queria vê-lo porque ele é diferente de tudo o que conheço! A planta da torre é cruciforme, o que não é muito comum porque torna-a mais difícil de defender por ter muitas reentrâncias!
É o maior castelo normando da Irlanda e já esteve para ser desmantelado! Acabaram por o proteger e o abrir ao publico com guias que conhecem a sua história e, por isso, tornam a visita interessante.
As perspetivas que se vai tendo ao subir a torre são impressionantes e fazem pensar nos diversos andares que ali existiam em tempos áureos!
O topo foi coberto para proteger o interior e em volta a cidade é visível num ângulo de 360º.
Com direito a visitas curiosas!
Uma senhora ofereceu-se para me tirar uma foto!
As pessoas estranham sempre eu andar a tirar fotos a tudo e não as tirar a mim mesma e oferecem-se para me fotografar e eu aceito sempre!
O castelo é imponente e eu fartei-me de o fotografar!
Também fiz um desenho ou dois, mas muito rápidos porque aquilo iria fechar!
A cidade em redor tem pormenores encantadores!
Ao ir para casa vi mais uma torre redonda, era o Donaghmore cementery…
As Round Towers estavam a ter o mesmo efeito sobre mim que as cruzes celtas e eu tive de parar, ok, só um bocadinho, vá lá!
Na Irlanda, como na Inglaterra, usam um pormenor muito curioso nos cemitérios! Há sempre um muro com um portão, que está frequentemente fechado! Ok, a gente percebe que não pode passar ou terá de saltar o muro! Então há uma série de degraus de um lado do muro e outra do outro, para nos facilitar a vida de “saltar o muro”! Não é espantoso?
Por isso é suposto a gente avançar o muro mesmo!
O cemitério era antigo e pequeno, mas com perspetivas encantadoras e uma relva fofinha como uma almofada verde!
E fui para casa, toda encantada com um dia histórico cheio de coisas que se calhar só a mim me encantam, mas encantam muito!
E foi o fim do 10º dia de viagem!
Continuando um dia feito de história…
Ainda no condado de Meath fica o Hill of Tara - Cnoc na Teamhrach, que quer dizer em irlandês "Colina dos Reis" embora, ao que parece, não tenha vivido ali nenhum rei!
Aquilo seria lindo de ver de helicóptero pois consta de desenhos por saliências no chão relvado, formando círculos concêntricos com efeitos a lembrar a ondulação da água quando cai uma pedra. Por isso eu sabia que do chão pouco veria mas, a sensação de pisar aquele solo era algo que eu não podia perder!
A High Cross está ali no meio de nada, marcando o local da batalha de Hill of Tara, quando rebeldes irlandeses foram derrotados pelos ingleses no final do séc. XIX.…
E as “ondas” são visíveis por vezes de um ponto mais alto!
A Lia Fáil ou Stone of Destiny, a pedra onde, diz a lenda, todos os reis irlandeses formam coroados por muitos séculos.
Há muitas lendas em volta desta pedra, mas o que mais me fascinou foram os seus poderes, que dizem ter reconhecido o verdadeiro rei da irlanda, soltando rugidos de alegria, ou ainda que tinha o poder de rejuvenescer o reio o dar-lhe um longo reinado!
Isto a ser verdade não faltaria quem lá se fosse esfregar a ver se ela lhe ofereceria uma longa vida ou um pouco de juventude, sei lá!
Tara vem do neolítico também, pensa-se por isso que virá de épocas pré-célticas…
O que eu acho curioso é que, nestes milhares de anos todos ninguém lixou aquilo tudo para construir uma porcaria qualquer e tudo se manteve pelos tempos infinitos intacto até hoje! Espantoso!
O centro de visitantes fica na igreja de Sant Patrick e a estátua do santo está ali perto.
“Saint Patrick, o "Apóstolo da Irlanda" foi um missionário do séc. V que é o grande padroeiro da Irlanda! A sua história mistura-se com a lenda e não se sabe mais como foi realmente, mas dizem que foi raptado de sua casa, na Grã-Bretanha, quando era um adolescente e levado para a Irlanda onde viveu até conseguir fugir e voltar para os seus. Quando se tornou padre voltou para a Irlanda percorrendo-a como missionário pelo país. Saint Patrick's Day é hoje a grande festa da Irlanda, em março, quando toda a gente sai à rua vestida de verde em memória do bonequinho que o representa e que parece um duende! Quando o encontro vestido de bispo não o associo de todo ao boneco irlandês!”
Logo ali na rua ficam vários estabelecimento alguns deles curiosos! Fui dar com um atelier de pintura de um fulano que estava de volta de uma tela que fazia lembrar as mandalas!
Estivemos ali no paleio enquanto ele pintava com uma minucia impressionante!
Parece que tudo o que ele pintava era do mesmo tipo de composição, telas ou suportes quadrados com desenhos caleidoscópicos que leitura a partir dos 4 lados. Muito bonito!
Ainda me fui meter num alfarrabista que me prendeu a atenção por longos minutos, até eu decidir que o inglês não é a língua que eu mais facilmente leio e que não queria massacrar-me a puxar pela cabeça por isso não iria comprar livros e ponto final!
E pus-me a andar na direção da costa até ser surpreendida por uma construção em ruinas! Eu sei que é o que mais há por lá, igrejas em ruinas, mas há algumas a que não consigo resistir, pronto!
E acabei por me divertir um bocado! Estava a chegar um grupo de pessoas que percebi eram as damas de honor e os respetivos moços, mais os noivos, para fazerem fotos no local!
Eu adoro estas coisas e há sempre um ou dois casamentos no percurso de todas as minhas viagens! Faltava um nesta!
As damas de honor eram redondinhas e não sabiam andar de saltos altos, por isso pareciam meio tortinhas, uma acabou por os tirar e seguir descalça pela relva! Eheheh
Os moçoilos vestiam todos de igual, o noivo incluído, não entendi porquê, ainda por cima de calças beges com suspensórios!
A noiva era a mais bonita, a mais magra e a mais elegante! Será que o casamento era um bom pretexto para desencalhar as damas de honor?! Eheheheh
Bem fui saindo dali, para não aparecer uma sombra negra de chapéu no fundo das fotos, e fui ver a abadia.
Era a Bective Abbey, do séc. XII, e descobri que foi palco de filmagem de cenas do filme de Mel Gibson, “Braveheart”. Fantástico, assim se encontra uma celebridade sem saber!
Claro que teria de ver o filme todo outra vez para tentar descobrir onde aparece a abadia!
Independentemente das pessoas do casamento, foi curioso constatar que as pessoas vão para ali passear e fazer picnics!
Havia ali famílias com miúdos a passar a tarde! A verdade é que o relvado é excelente e o dia estava bonito para se estar ali!
Ali ao lado havia também vaquinhas a relaxar!
E os carros dos “modelos” do casamento!
Ainda se ao menos tivessem levado uma cestinha com algo de comer lá da festa de casamento! Mas só havia os carros e mais nada!
Depois tinha de passar em Trim para ver o seu castelo. Ficava no meu caminho e o dia ainda ia alto!
Eu queria vê-lo porque ele é diferente de tudo o que conheço! A planta da torre é cruciforme, o que não é muito comum porque torna-a mais difícil de defender por ter muitas reentrâncias!
É o maior castelo normando da Irlanda e já esteve para ser desmantelado! Acabaram por o proteger e o abrir ao publico com guias que conhecem a sua história e, por isso, tornam a visita interessante.
As perspetivas que se vai tendo ao subir a torre são impressionantes e fazem pensar nos diversos andares que ali existiam em tempos áureos!
O topo foi coberto para proteger o interior e em volta a cidade é visível num ângulo de 360º.
Com direito a visitas curiosas!
Uma senhora ofereceu-se para me tirar uma foto!
As pessoas estranham sempre eu andar a tirar fotos a tudo e não as tirar a mim mesma e oferecem-se para me fotografar e eu aceito sempre!
O castelo é imponente e eu fartei-me de o fotografar!
Também fiz um desenho ou dois, mas muito rápidos porque aquilo iria fechar!
A cidade em redor tem pormenores encantadores!
Ao ir para casa vi mais uma torre redonda, era o Donaghmore cementery…
As Round Towers estavam a ter o mesmo efeito sobre mim que as cruzes celtas e eu tive de parar, ok, só um bocadinho, vá lá!
Na Irlanda, como na Inglaterra, usam um pormenor muito curioso nos cemitérios! Há sempre um muro com um portão, que está frequentemente fechado! Ok, a gente percebe que não pode passar ou terá de saltar o muro! Então há uma série de degraus de um lado do muro e outra do outro, para nos facilitar a vida de “saltar o muro”! Não é espantoso?
Por isso é suposto a gente avançar o muro mesmo!
O cemitério era antigo e pequeno, mas com perspetivas encantadoras e uma relva fofinha como uma almofada verde!
E fui para casa, toda encantada com um dia histórico cheio de coisas que se calhar só a mim me encantam, mas encantam muito!
E foi o fim do 10º dia de viagem!
________________________
Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Muito obrigada pelos conhecimentos que nos transmites.
Adoro história, e esta cronica está e vai ser uma delícia seguir, porque tenho a certeza que me vai emriquecer culturalmente.
Merecido
Adoro história, e esta cronica está e vai ser uma delícia seguir, porque tenho a certeza que me vai emriquecer culturalmente.
Merecido
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
8 de agosto de 2014
O dia estava uma bosta e eu iria sair da República da Irlanda para a Irlanda do Norte sem poder levar comigo as paisagens mais encantadoras… simplesmente porque nada se via do fim da rua para a frente! Uma pena!
Quando isto acontece nunca sei muito bem o que fazer, ir direta por ali acima ou tentar dar uma volta procurando alguma aberta nas nuvens cerradas? Decidi pela segunda hipótese, dar uma voltinha antes de seguir para Belfast!
Segui para a Upper Lake region of Glendalough, um recanto encantador que eu não queria deixar de visitar antes de partir. Glendalough, em irlandês “Gleann Dá Loch” significa "vale de dois lagos", é um vale glaciar que é conhecido pelo seu mosteiro medieval do séc. VI.
Eu não sabia se o veria, pois o tempo estava mesmo miserável, mas eu iria tentar!
A paisagem por ali é linda e seguramente que, com um dia de sol, seria deslumbrante!
Apesar de por vezes a humidade no ar ser altíssima e a visibilidade quase nula, passear por aqueles caminhos era ainda um prazer! Sem ninguém na única rua que rasgava a montanha, com os tons verde intenso, que pareciam ativados pela humidade, era a sensação de estar sozinha no meio do mundo! Tão bom!
O rio Inchavore acompanhou boa parte do meu caminho e eu voltaria a passar por ele no regresso, podia perceber pelo mapa, por isso olhei-o na sua descida pelo vale, em catarata e depois iria ve-lo mais de perto na volta!
Era imponente a forma como ele escorregava por ali abaixo, assim de repente, sem que a gente suspeitasse vendo-o de cima!
Finalmente cheguei ao Lower loch. Apesar de o dia estar cinzento o verde era intenso e a água parecia um espelho!
São aqueles momentos em que apetece parar e ficar, simplesmente, a olhar!
Não sei quanto tempo fiquei por ali, o lago nem ficava no meu caminho, nem tinha seguimento, o caminho apenas levava ao outro lago. Eu fui ali por ele e por ele ali fiquei.
Eu não sabia, mas aquele recanto de paraíso, seria a ultima coisa que eu veria da República da Irlanda…
Eu vira ao passar para o lago a torre redonda tão característica, o mosteiro seria mesmo ao lado, seguramente!
Lá estava a relva fofinha e muito verde, a parecer irreal, um cenário de um filme qualquer, com cenas a puxar para o tenebroso, já que cemitério lembra sempre ambientes desses!
Mas não havia nada de tenebroso no local, apenas muito de histórico, isso sim!
A catedral é do mais antigo que há, da época da transição da cultura celta para a cultura cristã e mantem-se totalmente original, o que é espantoso!
E foi mais uma visita sagrada, pelo antigo e histórico que continha! Eu nunca fico indiferente a essa carga histórica de um local tão antigo…
Logo ao lado fica a cruz de Saint Kevin que, embora pareça mais pobre que todas as que vi, é simplesmente extraordinária porque é esculpida numa única pedra de granito, um monólito. Tem 2.5m de altura e é um dos primeiros exemplares da combinação da cruz céltica com a cruz cristã, num esforço dos monges em receber a cultura pagã no seio da cultura cristã, incluindo e aceitando o círculo que representa o sol, venerado pelos celtas.
Há uma lenda que diz que quem conseguir abraçar a cruz de St Kevin e tocar os dedos do outro lado, fechando o círculo, verá os seus desejos realizados. Mais uma vez nada tentei e nada pedi… uma pena pois eu tenho os braços compridos e certamente conseguiria dar a volta à cruz com eles e tocar os dedos do outro lado. Sim, porque parece fácil porque não há ninguém perto da cruz na foto, senão ver-se-ia como ela é grande e grossa!
Por entre tumbas de lápides inclinadas pelo passar do tempo e a vegetação que levanta a terra, chega-se à Igreja de São Kevin, o fundador do mosteiro e o primeiro santo irlandês.
E logo a seguir um riacho de águas escuras…
olhando bem eu achei que as águas eram mesmo castanhas! Curioso!
E a “Monastic City” como lhe chamam é fantástica! Estivesse um pouco mais de sol e seria um encanto, assim foi um encanto misterioso, por entre brumas e gotas de agua que molhavam os meus pés e faziam as varias pessoas que visitavam o local, enfeitarem-se com capas de plástico coloridas!
Havia sítios onde eu tinha de passar por baixo das lápides das tumbas,
que coisa mais inspiradora!
O tempo piorava a olhos vistos e começava a chover a sério, só para encher a minha despedida de tristeza!
Não haveria condições para visitar mais nada, só me restava seguir para a Irlanda do Norte a ver se o tempo melhorava para lá. Mas a Republica da Irlanda ficou-me no coração e a vontade de ver muito mais, procurar, descobrir e viver histórias antigas, uma sensação que tenho de voltar a sentir!
Uma certa nostalgia acompanhava-me já ao fazer-me à estrada.
Parei um pouco para apreciar o rio Inchavore que vira em catarata na ida para Glendalough.
E sim, ele é castanho!
“O tempo estava cinzento, uma pena porque a paisagem por ali merecia pelo menos um céu cheio de nuvens revoltas e inspiradoras, com nesgas de azul por trás… mas estava cinzento, com promessas de chuva a cada momento. E os montes inspiravam-me, com lagos a aparecer a cada momento, na solidão do meu caminho. Que coisa linda é o Wicklow Mountains National Park, podia passear-me por ali por muitos dias seguidos e encantar-me sempre. Então parei junto do rio e... espantei-me! O rio Inchavore é castanho! Ainda pensei se poderia ser apenas influencia da sombra da vegetação, do reflexo sei lá do quê! Mas não, a gente aproxima-se, desce até ele, e as suas águas são mesmo daquela cor! Impressionante!”
Coisa estranha olhar para um rio da cor do chá! Não, aquilo é mais da cor do café!
Eu conhecia rios de águas brancas, de aguas azuis turquesa, de aguas verdes… agora posso dizer que também os conheço castanhos!
Claro que fui investigar a razão daquela cor e, a cor castanha é provocada pela turfa que há por aquelas terras, e é muita, o que torna a água castanha e ácida e a vida aquática não é muito rica por causa disso, mas existe e até há espécies raras a viver nela! Claro que sendo eu meio fora das biologias e ciências, imaginei logo que uma água acida teria uma espécie de sabor a limão! Associação lógica não? Eheheheh
Muito curioso!
Acabei por ficar por ali mais um pouco, a chuva parara e eu fui desenhando umas ovelhas que estavam muito quietinhas em pose para mim, para juntar à minha coleção de animais dos meus percursos!
E a seguir lá estava a estrada magnífica que precisava tanto de um céu azul por cima para me levar ao êxtase…
A dada altura já só com fato de chuva poderia continuar. Que pena ter de guardar a maquina fotográfica e embrulhar-me toda num momento em que tudo o que eu queria era ver um pouco mais daquele país lindíssimo…
e foram mais de 200 km de chuva e estrada, sem nem parar para passar a fronteira, sem nem tirar uma foto junto da placa a dizer Irlanda, até entrar em Belfast.
Quando eu amuo com o tempo acontece-me isso, “ai não é para ver nada? Então conduzo sem parar e pronto!”
A minha chegada a Belfast e ao hostel foi o primeiro contacto com uma realidade que eu conhecia mas não imaginava ser “tão possível”! Por entre as coisas que me foram dizendo, recomendações, indicações de atrações e tal, disseram-me onde era o ponto mais perto para comprar bebidas com álcool!
Oh valha-me Deus, então comprar álcool é assim mesmo, um momento extraordinário na vida da gente, que até é referido no meio das atrações e curiosidades da terra?! Estes irlandeses são malucos!
E veio o sol! E eu peguei na moto e fui passear, depois da chuva todo o sol seria de aproveitar! Claro que estava tudo fechado, passava das 6.00h da tarde, mas não importava nada!
St Anne's Cathedral ou a catedral de Belfast, um edifício do inicio do séc. XX que teria valido a pena visitar mas nada feito! Eu não voltaria ali por isso fiquei-me pelas imagens exteriores!
O que eu procurava era outras coisa em Belfast e ainda bem que a procurei naquele dia, ou não teria tempo de ver mais tarde!
Guiei-me pela St Peter’s Cathedral que eu via ao longe!
Mais uma igreja imponente e extraordinária, a primeira igreja católica a ser construída em Belfast, ao estilo gótico francês, por isso mais uma construção revivalista!
Muito bonita, fica no meio de bairros habitacionais com ar pouco asseado, pensei eu, até perceber que lixo é o que não falta nas ruas da cidade!
A catedral foi projetada pelo padre da paróquia, que tinha estudado arquitetura antes de se tornar sacerdote, e construída num terreno doado por um padeiro local. Uma história simples para uma construção extraordinária!
Ali perto começam os Murais, descrevendo as divisões políticas e religiosas do passado e do presente da região… era isso que eu queria ver!
Diz-se que perto de 2.000 murais foram documentados entre os anos 70 e 2014 e o 'The Belfast Mural Guide' diz que mais de 300 estão hoje visíveis pela cidade, em diversos estados de conservação/degradação!
Os murais servem para comemorar, comunicar ideias, mostrar aspetos culturais e históricos de populações, crenças e ideologias de comunidades, eu sei lá! Sei que são fantásticos!
Andava ali eu sozinha a ver tudo em pormenor, quando chegou um grupo de táxis! Eu sabia que as pessoas se organizavam em táxis para visitar aquela zona da cidade, sendo os próprios taxistas guias que contavam as histórias e tal. não sabia é que eles andavam assim aos magotes!
Eu não queria ver todos os murais possíveis, queira ver alguns, estar perto, tocar-lhes, ver como eram pintados, nada mais!
Alguns não são pintados sobre a parede, diretamente, são impressos em grandes painéis e colocados ali, com placas que explicam de onde vêm.
E alguns têm placas informativas e identificativas.
Alguns murais ficaram-me na memória pela mensagem que transmitiam.
Ao lado de tão fantástica arte, outros cartazes se impõem!
Escrevia eu no meu Facebook:
“Curioso, eles proibirem o álcool nas ruas, mas as pessoas devem embebedar-se em casa pois deixam as ruas cheias de lixo! Não seria de proibir o lixo pela calçada então?”
Mas havia outras placas por la que me fizeram sorrir! Tão bom quando tratam bem as motos!
E fiz uma selfie de cima da minha motita, refletidas as duas numa montra!
E fui para casa, pois tinha marcado jantar no hostel, mas não sem por o olho ao que me aparecia na berma da estrada:
“Na margem do rio Lagan, na berma da Queen's Bridge, fica Beacon of Hope, uma escultura feminina de 15 metros, trabalhada em aço inoxidável e bronze. É tão imponente quanto leve e frágil, como facilmente uma imagem feminina pode parecer. O escultor, Andy Scott, escreveu sobre ela: "Espero que a figura seja adotada pelo povo de Belfast como um símbolo de paz e reconciliação, e como um farol luminoso de modernidade e progresso". Está ali desde 2007 e é já uma referência, um recanto a visitar, para quem chega a Belfast!”
A menina do hostel tinha referido aquele escultura por isso eu tinha de a ver!
O jantar que me esperava era muito louco, com gente muito maluca, com direito a conversa fiada sobre tudo e em todas as línguas possíveis e eu la fui dando “agua sem caneco” até às tantas, que um serão animado sabe sempre bem!
E foi o fim do 11º dia de viagem!
O dia estava uma bosta e eu iria sair da República da Irlanda para a Irlanda do Norte sem poder levar comigo as paisagens mais encantadoras… simplesmente porque nada se via do fim da rua para a frente! Uma pena!
Quando isto acontece nunca sei muito bem o que fazer, ir direta por ali acima ou tentar dar uma volta procurando alguma aberta nas nuvens cerradas? Decidi pela segunda hipótese, dar uma voltinha antes de seguir para Belfast!
Segui para a Upper Lake region of Glendalough, um recanto encantador que eu não queria deixar de visitar antes de partir. Glendalough, em irlandês “Gleann Dá Loch” significa "vale de dois lagos", é um vale glaciar que é conhecido pelo seu mosteiro medieval do séc. VI.
Eu não sabia se o veria, pois o tempo estava mesmo miserável, mas eu iria tentar!
A paisagem por ali é linda e seguramente que, com um dia de sol, seria deslumbrante!
Apesar de por vezes a humidade no ar ser altíssima e a visibilidade quase nula, passear por aqueles caminhos era ainda um prazer! Sem ninguém na única rua que rasgava a montanha, com os tons verde intenso, que pareciam ativados pela humidade, era a sensação de estar sozinha no meio do mundo! Tão bom!
O rio Inchavore acompanhou boa parte do meu caminho e eu voltaria a passar por ele no regresso, podia perceber pelo mapa, por isso olhei-o na sua descida pelo vale, em catarata e depois iria ve-lo mais de perto na volta!
Era imponente a forma como ele escorregava por ali abaixo, assim de repente, sem que a gente suspeitasse vendo-o de cima!
Finalmente cheguei ao Lower loch. Apesar de o dia estar cinzento o verde era intenso e a água parecia um espelho!
São aqueles momentos em que apetece parar e ficar, simplesmente, a olhar!
Não sei quanto tempo fiquei por ali, o lago nem ficava no meu caminho, nem tinha seguimento, o caminho apenas levava ao outro lago. Eu fui ali por ele e por ele ali fiquei.
Eu não sabia, mas aquele recanto de paraíso, seria a ultima coisa que eu veria da República da Irlanda…
Eu vira ao passar para o lago a torre redonda tão característica, o mosteiro seria mesmo ao lado, seguramente!
Lá estava a relva fofinha e muito verde, a parecer irreal, um cenário de um filme qualquer, com cenas a puxar para o tenebroso, já que cemitério lembra sempre ambientes desses!
Mas não havia nada de tenebroso no local, apenas muito de histórico, isso sim!
A catedral é do mais antigo que há, da época da transição da cultura celta para a cultura cristã e mantem-se totalmente original, o que é espantoso!
E foi mais uma visita sagrada, pelo antigo e histórico que continha! Eu nunca fico indiferente a essa carga histórica de um local tão antigo…
Logo ao lado fica a cruz de Saint Kevin que, embora pareça mais pobre que todas as que vi, é simplesmente extraordinária porque é esculpida numa única pedra de granito, um monólito. Tem 2.5m de altura e é um dos primeiros exemplares da combinação da cruz céltica com a cruz cristã, num esforço dos monges em receber a cultura pagã no seio da cultura cristã, incluindo e aceitando o círculo que representa o sol, venerado pelos celtas.
Há uma lenda que diz que quem conseguir abraçar a cruz de St Kevin e tocar os dedos do outro lado, fechando o círculo, verá os seus desejos realizados. Mais uma vez nada tentei e nada pedi… uma pena pois eu tenho os braços compridos e certamente conseguiria dar a volta à cruz com eles e tocar os dedos do outro lado. Sim, porque parece fácil porque não há ninguém perto da cruz na foto, senão ver-se-ia como ela é grande e grossa!
Por entre tumbas de lápides inclinadas pelo passar do tempo e a vegetação que levanta a terra, chega-se à Igreja de São Kevin, o fundador do mosteiro e o primeiro santo irlandês.
E logo a seguir um riacho de águas escuras…
olhando bem eu achei que as águas eram mesmo castanhas! Curioso!
E a “Monastic City” como lhe chamam é fantástica! Estivesse um pouco mais de sol e seria um encanto, assim foi um encanto misterioso, por entre brumas e gotas de agua que molhavam os meus pés e faziam as varias pessoas que visitavam o local, enfeitarem-se com capas de plástico coloridas!
Havia sítios onde eu tinha de passar por baixo das lápides das tumbas,
que coisa mais inspiradora!
O tempo piorava a olhos vistos e começava a chover a sério, só para encher a minha despedida de tristeza!
Não haveria condições para visitar mais nada, só me restava seguir para a Irlanda do Norte a ver se o tempo melhorava para lá. Mas a Republica da Irlanda ficou-me no coração e a vontade de ver muito mais, procurar, descobrir e viver histórias antigas, uma sensação que tenho de voltar a sentir!
Uma certa nostalgia acompanhava-me já ao fazer-me à estrada.
Parei um pouco para apreciar o rio Inchavore que vira em catarata na ida para Glendalough.
E sim, ele é castanho!
“O tempo estava cinzento, uma pena porque a paisagem por ali merecia pelo menos um céu cheio de nuvens revoltas e inspiradoras, com nesgas de azul por trás… mas estava cinzento, com promessas de chuva a cada momento. E os montes inspiravam-me, com lagos a aparecer a cada momento, na solidão do meu caminho. Que coisa linda é o Wicklow Mountains National Park, podia passear-me por ali por muitos dias seguidos e encantar-me sempre. Então parei junto do rio e... espantei-me! O rio Inchavore é castanho! Ainda pensei se poderia ser apenas influencia da sombra da vegetação, do reflexo sei lá do quê! Mas não, a gente aproxima-se, desce até ele, e as suas águas são mesmo daquela cor! Impressionante!”
Coisa estranha olhar para um rio da cor do chá! Não, aquilo é mais da cor do café!
Eu conhecia rios de águas brancas, de aguas azuis turquesa, de aguas verdes… agora posso dizer que também os conheço castanhos!
Claro que fui investigar a razão daquela cor e, a cor castanha é provocada pela turfa que há por aquelas terras, e é muita, o que torna a água castanha e ácida e a vida aquática não é muito rica por causa disso, mas existe e até há espécies raras a viver nela! Claro que sendo eu meio fora das biologias e ciências, imaginei logo que uma água acida teria uma espécie de sabor a limão! Associação lógica não? Eheheheh
Muito curioso!
Acabei por ficar por ali mais um pouco, a chuva parara e eu fui desenhando umas ovelhas que estavam muito quietinhas em pose para mim, para juntar à minha coleção de animais dos meus percursos!
E a seguir lá estava a estrada magnífica que precisava tanto de um céu azul por cima para me levar ao êxtase…
A dada altura já só com fato de chuva poderia continuar. Que pena ter de guardar a maquina fotográfica e embrulhar-me toda num momento em que tudo o que eu queria era ver um pouco mais daquele país lindíssimo…
e foram mais de 200 km de chuva e estrada, sem nem parar para passar a fronteira, sem nem tirar uma foto junto da placa a dizer Irlanda, até entrar em Belfast.
Quando eu amuo com o tempo acontece-me isso, “ai não é para ver nada? Então conduzo sem parar e pronto!”
A minha chegada a Belfast e ao hostel foi o primeiro contacto com uma realidade que eu conhecia mas não imaginava ser “tão possível”! Por entre as coisas que me foram dizendo, recomendações, indicações de atrações e tal, disseram-me onde era o ponto mais perto para comprar bebidas com álcool!
Oh valha-me Deus, então comprar álcool é assim mesmo, um momento extraordinário na vida da gente, que até é referido no meio das atrações e curiosidades da terra?! Estes irlandeses são malucos!
E veio o sol! E eu peguei na moto e fui passear, depois da chuva todo o sol seria de aproveitar! Claro que estava tudo fechado, passava das 6.00h da tarde, mas não importava nada!
St Anne's Cathedral ou a catedral de Belfast, um edifício do inicio do séc. XX que teria valido a pena visitar mas nada feito! Eu não voltaria ali por isso fiquei-me pelas imagens exteriores!
O que eu procurava era outras coisa em Belfast e ainda bem que a procurei naquele dia, ou não teria tempo de ver mais tarde!
Guiei-me pela St Peter’s Cathedral que eu via ao longe!
Mais uma igreja imponente e extraordinária, a primeira igreja católica a ser construída em Belfast, ao estilo gótico francês, por isso mais uma construção revivalista!
Muito bonita, fica no meio de bairros habitacionais com ar pouco asseado, pensei eu, até perceber que lixo é o que não falta nas ruas da cidade!
A catedral foi projetada pelo padre da paróquia, que tinha estudado arquitetura antes de se tornar sacerdote, e construída num terreno doado por um padeiro local. Uma história simples para uma construção extraordinária!
Ali perto começam os Murais, descrevendo as divisões políticas e religiosas do passado e do presente da região… era isso que eu queria ver!
Diz-se que perto de 2.000 murais foram documentados entre os anos 70 e 2014 e o 'The Belfast Mural Guide' diz que mais de 300 estão hoje visíveis pela cidade, em diversos estados de conservação/degradação!
Os murais servem para comemorar, comunicar ideias, mostrar aspetos culturais e históricos de populações, crenças e ideologias de comunidades, eu sei lá! Sei que são fantásticos!
Andava ali eu sozinha a ver tudo em pormenor, quando chegou um grupo de táxis! Eu sabia que as pessoas se organizavam em táxis para visitar aquela zona da cidade, sendo os próprios taxistas guias que contavam as histórias e tal. não sabia é que eles andavam assim aos magotes!
Eu não queria ver todos os murais possíveis, queira ver alguns, estar perto, tocar-lhes, ver como eram pintados, nada mais!
Alguns não são pintados sobre a parede, diretamente, são impressos em grandes painéis e colocados ali, com placas que explicam de onde vêm.
E alguns têm placas informativas e identificativas.
Alguns murais ficaram-me na memória pela mensagem que transmitiam.
Ao lado de tão fantástica arte, outros cartazes se impõem!
Escrevia eu no meu Facebook:
“Curioso, eles proibirem o álcool nas ruas, mas as pessoas devem embebedar-se em casa pois deixam as ruas cheias de lixo! Não seria de proibir o lixo pela calçada então?”
Mas havia outras placas por la que me fizeram sorrir! Tão bom quando tratam bem as motos!
E fiz uma selfie de cima da minha motita, refletidas as duas numa montra!
E fui para casa, pois tinha marcado jantar no hostel, mas não sem por o olho ao que me aparecia na berma da estrada:
“Na margem do rio Lagan, na berma da Queen's Bridge, fica Beacon of Hope, uma escultura feminina de 15 metros, trabalhada em aço inoxidável e bronze. É tão imponente quanto leve e frágil, como facilmente uma imagem feminina pode parecer. O escultor, Andy Scott, escreveu sobre ela: "Espero que a figura seja adotada pelo povo de Belfast como um símbolo de paz e reconciliação, e como um farol luminoso de modernidade e progresso". Está ali desde 2007 e é já uma referência, um recanto a visitar, para quem chega a Belfast!”
A menina do hostel tinha referido aquele escultura por isso eu tinha de a ver!
O jantar que me esperava era muito louco, com gente muito maluca, com direito a conversa fiada sobre tudo e em todas as línguas possíveis e eu la fui dando “agua sem caneco” até às tantas, que um serão animado sabe sempre bem!
E foi o fim do 11º dia de viagem!
Última edição por Gracinda Ramos em Qua Out 01 2014, 20:53, editado 1 vez(es)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Correndo o risco de me repetir..
Belas fotos
Apreciei particularmente esta
Belas fotos
Apreciei particularmente esta
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Simone escreveu:Mais um lindo dia como já nos tens habituado!
Obrigada!
Carlos Balio escreveu:Muito obrigada pelos conhecimentos que nos transmites.
Adoro história, e esta cronica está e vai ser uma delícia seguir, porque tenho a certeza que me vai emriquecer culturalmente.
Merecido
Obrigada
À medida que vou relembrando é que me apercebo de quanta coisa vi! Quando chego de uma viagem longa tenho sempre a sensação de que não vi quase nada de tudo o que queria!
E num caminho destes a história está por todo o lado e impõe-se mesmo! Tanta coisa que eu queria ver ha tanto tempo de perto!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Rambo escreveu:Correndo o risco de me repetir..
Belas fotos
Apreciei particularmente esta
Obrigada!
Não há qualquer problema na repetição, é bom saber que alguem vai gostando do que mostro!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Olá Gracinda.
Comecei a ler as suas crónicas no seu blog (vou no capítulo 6 - espetaculares), e surgiu-me o seguinte pensamento ao ver as fotos.
Em Portugal seria impossível obter fotos limpas assim. Praticamente não se veem carros, muito menos amontoados em tudo quanto é sítio nas zonas históricas. E onde param as pessoas? Parece que esses locais pararam no tempo... certamente que por cá temos muito a aprender com a preservação de locais históricos.
Fotos de monumentos e edifícios históricos sem uma amontoado de pessoas à frente, não é fácil.
Parabéns e obrigado pela partilha!
Comecei a ler as suas crónicas no seu blog (vou no capítulo 6 - espetaculares), e surgiu-me o seguinte pensamento ao ver as fotos.
Em Portugal seria impossível obter fotos limpas assim. Praticamente não se veem carros, muito menos amontoados em tudo quanto é sítio nas zonas históricas. E onde param as pessoas? Parece que esses locais pararam no tempo... certamente que por cá temos muito a aprender com a preservação de locais históricos.
Fotos de monumentos e edifícios históricos sem uma amontoado de pessoas à frente, não é fácil.
Parabéns e obrigado pela partilha!
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
nunomsp escreveu:Olá Gracinda.
Comecei a ler as suas crónicas no seu blog (vou no capítulo 6 - espetaculares), e surgiu-me o seguinte pensamento ao ver as fotos.
Em Portugal seria impossível obter fotos limpas assim. Praticamente não se veem carros, muito menos amontoados em tudo quanto é sítio nas zonas históricas. E onde param as pessoas? Parece que esses locais pararam no tempo... certamente que por cá temos muito a aprender com a preservação de locais históricos.
Fotos de monumentos e edifícios históricos sem uma amontoado de pessoas à frente, não é fácil.
Parabéns e obrigado pela partilha!
Ola
Muitas vezes há pessoas e há carros, mas não por todo o lado e eu procuro ângulos em que não se veem!
Na Irlanda tudo o que é antigo fica isolado, só se pode chegar lá a pé e deixando o carro afastado. Por isso dá a sensação de que eu andava sozinha por todo o lado e não, havia frequentemente gente perto.
Por vezes ando mesmo sozinha no meio de lado nenhum, porque faço percursos que eu “invento” que não são rotas turísticas e onde os turistas não vão há sempre paz e sossego!
Por cá, cada vez que se corta o trânsito num local ele morre de isolamento, porque ninguém vai mais para lá, então está sempre tudo um bocado cheio de carros sim, o que é uma pena! Lembro-me que quando fecharam o centro histórico aqui de Penafiel, as lojas começaram todas a fechar porque não havia mais clientes, então tiveram de a abrir de novo ao trânsito, ou hoje aquilo seria um deserto de lojas fechadas ou abandonadas!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Mais um para a gasolina...
palavras para quê...
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CARLOS PIRES
Mama Sumae !!
Carlospira- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
9 de agosto de 2014
Quando acordei e vi que o dia estava lindo fiquei impaciente! Uma coisa que a vida me ensinou foi a aproveitar cada dia de sol que me aparece em tempo de chuva, por isso tratei de me pôr a andar antes que alguma reviravolta me levasse a oportunidade de ver o que de mais importante me levou até ali!
Peguei na moto e pus-me a andar para norte, sem inventar de parar aqui e ali. Lá em cima eu tinha coisas demasiado importantes para ver para me permitir perder a oportunidade no cruzamento com uma qualquer nuvem mal disposta!!
O que sempre me fez querer visitar a Irlanda do norte foi a Giants Causeway por isso destinei todo o meu tempo à exploração do local. Falaram-me que deixava a moto não sei onde e caminhava pelo penhasco até encontrar a descida da falésia e tal, vistava a coisa e voltava a subir por ali fora…
Decidi que não iria fazer a coisa como um ladrão que se escapa por entre quem paga bilhete, e fui até ao Giant's Causeway Visitor Centre. O preço não é muito elevado a visita faz-se como eu gosto, cada um com o seu áudio-guia a passear por conta própria! E a informação e história que nos é contada é interessante, fácil de acompanhar e pertinente!
O edifício é muito interessante, tendo como inspiração clara os blocos verticais da calçada, cria um ambiente simpático a quem chega.
Um casal espanhol chegava na sua scooter e acharam que eu era uma supermulher qualquer por andar por ali de moto sozinha! Eles estavam de roulotte e a scooter era o elo de ligação do seu “caracol” ao mundo, onde não poderiam andar com tal carripana.
E fui passeando e ouvindo histórias, pela rua junto ao mar, em praias de pedras e pedregulhos…
Histórias de nomes que foram dados às pedras, como o camelo que se vê do outro lado da primeira baia.
E vê-se mesmo o dito camelo!
Depois da curva, ao fim da primeira baía, começam-se a ver ao longe as primeiras pedras em “agulha”, para lá da calçada, ao longe.
Na zona há pedras semelhantes às da calçada em vários locais, já que foi um fenómeno de arrefecimento da lava que provocou a formação dos blocos
Fui saindo do caminho alcatroado e passeando pelo meio das pedras junto ao mar, ao som das explicações, bastante interessantes e bem narradas do áudio-guia.
E a calçada foi-se tornando próxima, com os seus blocos impressionantes a fazer muros…
Os blocos hexagonais, às vezes pentagonais ou octogonais, estão tão perfeitamente encaixados entre si, como num puzzle da natureza. A gente sobe por eles, como se degraus fossem e a paisagem é quase surrealista!
Dizem que são mais de 40 000 colunas prismáticas de basalto que por ali há! Não sei como as contaram mas acredito que sejam essas todas já que há tantas e continuam pelo mar dentro!
O fenómeno deu-se há mais de 60 milhões de anos, quando uma erupção vulcânica provocou a disjunção colunar do basalto das grandes massas de lava provocando a calçada que conhecemos hoje. Choques de temperaturas fizeram-na solidificar daquela maneira!
Escrevia eu no meu facebook:
“The Giant's Causeway ou A Calçada dos Gigantes é aquele pormenor da natureza que eu tinha de ver há tempo demais! Já em 2011 eu queria lá ir e não foi de todo possível, mas desta vez eu vi-a… um encontro quase surrealista para mim, embora eu soubesse muito bem o que iria ver. As pedras brotam do chão como esteios esculpidos pelo homem e diz a lenda que o foram mesmo, mas por um gigante Irlandês que queria confrontar com um gigante escocês! Ora quando o gigante escocês veio até à Irlanda o irlandês pode constatar que ele era enorme e muito mais poderoso do que ele próprio! Pânico total! E foi a sua mulher quem salvou a situação, vestindo-o de bebé, apresentou-o ao gigante escocês como sendo o seu filhote! Ora o outro vendo um filhote tão grande apavorou-se imaginando a dimensão do pai da criança! Pânico para ele também! Então voltou a correr para o seu país, partindo tudo o que podia da calçada para que o outro não pudesse segui-lo! E por isso a calçada se estende sobre o mar até desaparecer, e daí os 40 mil blocos hexagonais de basalto! A história é contada num filme de animação muito engraçado no Visitor’s Center. Acho que tirei por ali umas vinte mil fotos...”
E lá está ela a entrar no mar, na direção da Escócia, como conta a historinha!
“A calçada destaca-se do chão em blocos que atingem vários de metros de altura sobre nós e a gente sobe pelas pedras e caminha sobre ela. É irregular de uns lados e plana de outros, como paralelos hexagonais que se encaixam mas saem aqui e ali. Formam mesmo paredes e desníveis curiosos. Mas quando nos afastamos, percorrendo o caminho que nos leva pela encosta até onde os nossos olhos se perdem entre o mar e a escarpa quase em estado puro, e olhamos para trás… ela lá está ao longe, com pequenos pontos de cor formados pelas pessoas que lhe caminham por cima. Faço zoom com a minha maquina e é espantoso o que ela é, vista assim de longe! E entendo tão bem porque foi chamada de construção de gigantes!”
O que eu caminhei por ali, sempre com a calçada no horizonte!
E no outro lado da baía lá estão eles de novo, os blocos em alinhamentos como esteios, a formar paredes!
G
Não faltava gente a caminhar por ali comigo. Um percurso longo mas muito bonito e interessante de se fazer!
Depois subi a escarpa, pela escada bem ingreme e voltei para a moto por cima com a falésia sempre ao meu lado!
Ao chegar ao estacionamento o casal espanhol que chegara comigo estava se partida e um grupo de motos chegava! Uma animação, entre uns que se despedem e outros que chegam e se apercebem que eu estou sozinha! Gente boa com direito a muita conversa!
Finalmente, depois de muita conversa do tipo “de onde vens?” ou “ Onde estão os teus amigos?” (esta será para sempre pergunta numero 1 de todas as minhas viagens!) ou ainda “Como chegaste até aqui sozinha com uma moto tão grande e pesada!”, depois de umas gargalhadas, de muitos cumprimentos e apertos de mão, lá segui para leste. Mais à frente, na costa encontra-se a ruina do Dunseverick Castle.
[img][/img]
O castelo é muito antigo, do séc. V, e diz-se que já foi visitado por Saint Patrick , o bispo da Irlanda!
Fica numa saliência num recorte da costa, quase uma pequena península, um ambiente muito romântico!
Mas por ali tudo é encantador e algo romântico mesmo!
Praias de areia branca, que não são nada comuns por aqueles lados, enchem de magia todo o percurso!
Localidades bem pequeninas, de casinhas brancas, destacam-se do verde a cada momento, como ilustrações de livros de poemas!
E cheguei a Carrick-a-rede rope bridge…
Quem anda por aqueles lados vai sempre ver a famosa ponte de rede e, como seria de esperar, estava uma bela fila para a visitar. Um motard estava junto da sua moto quando cheguei e foi paleio até dizer chega. Ficou fascinado comigo e com a minha moto, tiramos fotos juntos e tudo, para mostrarmos aos amigos!
Conversa pegada e acabei por decidir deixar a ponte para outra vez. Não me apetecia pagar para caminhar até ela, encontra-la cheia de gente e voltar para trás!
Pus-me a inspecionar a redondeza cheia de encantos
E vi, ao longe, depois das ilhas e das nuvens… a Escócia!
Um pouco de zoom e lá estava ela!
A sensação de ver o outro lado do mar fascinou-me mais do que qualquer ponte. Se pensarmos na dificuldade de se encontrar tempo de sol, com atmosfera suficientemente límpida para se pode ver tão longe, entende-se melhor a minha alegria!
Então andei por alia passear, por pequenas aldeias piscatórias, voltando agora para este no mapa. Havia outro castelo que eu queria ver, por isso fui explorando a costa no sentido inverso, deliciando-me com o sol e com as paisagens!
Ballintoy, uma pequena vila que quase vai desaparecendo ao longo dos tempos, tendo cada vez menos população!
Com uma envolvência extraordinária e uma igreja linda!
E então cheguei a mais um dos sítios que eu queria tanto visitar!
O castelo medieval de Dunluce fica logo a seguir a The Giant's Causeway, foram até usadas pedras da calçada na sua construção e podem-se ver no meio das outras se se olhar com atenção!
É um daqueles castelos que aparece por todo o lado quando se busca pela palavra “castelo” no Google! E lá estava ele, num promontório sobre o mar, a casa do Clan MacDonnell de Antrim. Pensa-se que o Dunluce Castle terá sido a inspiração para Cair Paravel, o castelo dos reis das Crónicas de Nárnia!
Aquele castelo sempre me fascinou e eu fui até ele para o visitar mas, ao olhar para ele, sentei-me a desenhar e não visitei coisa nenhuma! Afinal o mais espetacular dele vê-se de fora!
Está ali, periclitante no limite do penhasco parecendo tão frágil!
Mais uma longa pausa, um desenho ou dois, um milhão de fotos e aquela sensação de estar perante uma celebridade muito antiga…
Eu queria que o sol estivesse de outro ângulo para o poder ver melhor…
Mas não iria esperar até ao entardecer para o sol “se virar” por isso continuei a explorar a costa…
E há mais rios castanhos por aquelas terras, não é só na República da Irlanda!
E os recortes que a terra desenha sobre o mar são fascinantes!
Eu chegava-me perto! Pousava a moto e caminhava até ao precipício, voltava a sentar, voltava a desenhar e a sensação de estar viva e feliz era tão intensa que quase beirava a euforia!
JPG
Lá me fui dirigindo para Belfast saboreando as estradinhas mais estreitinhas que fui encontrando! É assim que gosto de viajar!
Então, no meio de lado nenhum, ou antes, no meio de um lugarejo minúsculo, apareceu-me um castelo!
G
Ui, se eu tivesse de viver num país assim, onde há um castelo em cada esquina, eu não iria parar em casa nunca, até não haver mais nenhum castelo para procurar!
Era o Caulfield castle, do séc XVI, que o que teve de mais encantador foram os enquadramentos que permitiu, com jogos de sombra e luz, com o verde da relva a criar contrastes impressionantes!
O que eu gosto destes momentos solenes!
E o dia estava a chegar ao fim, embora o sol ainda estivesse alto. Tempo para uma pausa junto ao grande Loch Neagh
De baixo do sitio onde parei e me sentei vinha uma restolheira, grande algazarra mesmo! Quando espreitei, era uma grande patada!
Palravam com uma intensidade que parecia mais uma discussão entre eles! Tão giros!
Fiquei ali uma série de tempo a aprecia-los e até desenhei alguns!
Estava já perto de Balfast e podia perceber que as grandes nuvens me esperavam mais à frente!
E foi o diluvio total!
Parei rapidamente numa paragem de autocarro e abriguei-me. É nesses momentos que eu percebo o quanto é importante aproveitar bem o sol… enquanto ele se mostra!
Como uma chuvada tropical, o temporal afastou-se e deixou para trás um lindo arco-iris!
E fui para casa e foi o fim do 12º dia de viagem!
Quando acordei e vi que o dia estava lindo fiquei impaciente! Uma coisa que a vida me ensinou foi a aproveitar cada dia de sol que me aparece em tempo de chuva, por isso tratei de me pôr a andar antes que alguma reviravolta me levasse a oportunidade de ver o que de mais importante me levou até ali!
Peguei na moto e pus-me a andar para norte, sem inventar de parar aqui e ali. Lá em cima eu tinha coisas demasiado importantes para ver para me permitir perder a oportunidade no cruzamento com uma qualquer nuvem mal disposta!!
O que sempre me fez querer visitar a Irlanda do norte foi a Giants Causeway por isso destinei todo o meu tempo à exploração do local. Falaram-me que deixava a moto não sei onde e caminhava pelo penhasco até encontrar a descida da falésia e tal, vistava a coisa e voltava a subir por ali fora…
Decidi que não iria fazer a coisa como um ladrão que se escapa por entre quem paga bilhete, e fui até ao Giant's Causeway Visitor Centre. O preço não é muito elevado a visita faz-se como eu gosto, cada um com o seu áudio-guia a passear por conta própria! E a informação e história que nos é contada é interessante, fácil de acompanhar e pertinente!
O edifício é muito interessante, tendo como inspiração clara os blocos verticais da calçada, cria um ambiente simpático a quem chega.
Um casal espanhol chegava na sua scooter e acharam que eu era uma supermulher qualquer por andar por ali de moto sozinha! Eles estavam de roulotte e a scooter era o elo de ligação do seu “caracol” ao mundo, onde não poderiam andar com tal carripana.
E fui passeando e ouvindo histórias, pela rua junto ao mar, em praias de pedras e pedregulhos…
Histórias de nomes que foram dados às pedras, como o camelo que se vê do outro lado da primeira baia.
E vê-se mesmo o dito camelo!
Depois da curva, ao fim da primeira baía, começam-se a ver ao longe as primeiras pedras em “agulha”, para lá da calçada, ao longe.
Na zona há pedras semelhantes às da calçada em vários locais, já que foi um fenómeno de arrefecimento da lava que provocou a formação dos blocos
Fui saindo do caminho alcatroado e passeando pelo meio das pedras junto ao mar, ao som das explicações, bastante interessantes e bem narradas do áudio-guia.
E a calçada foi-se tornando próxima, com os seus blocos impressionantes a fazer muros…
Os blocos hexagonais, às vezes pentagonais ou octogonais, estão tão perfeitamente encaixados entre si, como num puzzle da natureza. A gente sobe por eles, como se degraus fossem e a paisagem é quase surrealista!
Dizem que são mais de 40 000 colunas prismáticas de basalto que por ali há! Não sei como as contaram mas acredito que sejam essas todas já que há tantas e continuam pelo mar dentro!
O fenómeno deu-se há mais de 60 milhões de anos, quando uma erupção vulcânica provocou a disjunção colunar do basalto das grandes massas de lava provocando a calçada que conhecemos hoje. Choques de temperaturas fizeram-na solidificar daquela maneira!
Escrevia eu no meu facebook:
“The Giant's Causeway ou A Calçada dos Gigantes é aquele pormenor da natureza que eu tinha de ver há tempo demais! Já em 2011 eu queria lá ir e não foi de todo possível, mas desta vez eu vi-a… um encontro quase surrealista para mim, embora eu soubesse muito bem o que iria ver. As pedras brotam do chão como esteios esculpidos pelo homem e diz a lenda que o foram mesmo, mas por um gigante Irlandês que queria confrontar com um gigante escocês! Ora quando o gigante escocês veio até à Irlanda o irlandês pode constatar que ele era enorme e muito mais poderoso do que ele próprio! Pânico total! E foi a sua mulher quem salvou a situação, vestindo-o de bebé, apresentou-o ao gigante escocês como sendo o seu filhote! Ora o outro vendo um filhote tão grande apavorou-se imaginando a dimensão do pai da criança! Pânico para ele também! Então voltou a correr para o seu país, partindo tudo o que podia da calçada para que o outro não pudesse segui-lo! E por isso a calçada se estende sobre o mar até desaparecer, e daí os 40 mil blocos hexagonais de basalto! A história é contada num filme de animação muito engraçado no Visitor’s Center. Acho que tirei por ali umas vinte mil fotos...”
E lá está ela a entrar no mar, na direção da Escócia, como conta a historinha!
“A calçada destaca-se do chão em blocos que atingem vários de metros de altura sobre nós e a gente sobe pelas pedras e caminha sobre ela. É irregular de uns lados e plana de outros, como paralelos hexagonais que se encaixam mas saem aqui e ali. Formam mesmo paredes e desníveis curiosos. Mas quando nos afastamos, percorrendo o caminho que nos leva pela encosta até onde os nossos olhos se perdem entre o mar e a escarpa quase em estado puro, e olhamos para trás… ela lá está ao longe, com pequenos pontos de cor formados pelas pessoas que lhe caminham por cima. Faço zoom com a minha maquina e é espantoso o que ela é, vista assim de longe! E entendo tão bem porque foi chamada de construção de gigantes!”
O que eu caminhei por ali, sempre com a calçada no horizonte!
E no outro lado da baía lá estão eles de novo, os blocos em alinhamentos como esteios, a formar paredes!
G
Não faltava gente a caminhar por ali comigo. Um percurso longo mas muito bonito e interessante de se fazer!
Depois subi a escarpa, pela escada bem ingreme e voltei para a moto por cima com a falésia sempre ao meu lado!
Ao chegar ao estacionamento o casal espanhol que chegara comigo estava se partida e um grupo de motos chegava! Uma animação, entre uns que se despedem e outros que chegam e se apercebem que eu estou sozinha! Gente boa com direito a muita conversa!
Finalmente, depois de muita conversa do tipo “de onde vens?” ou “ Onde estão os teus amigos?” (esta será para sempre pergunta numero 1 de todas as minhas viagens!) ou ainda “Como chegaste até aqui sozinha com uma moto tão grande e pesada!”, depois de umas gargalhadas, de muitos cumprimentos e apertos de mão, lá segui para leste. Mais à frente, na costa encontra-se a ruina do Dunseverick Castle.
[img][/img]
O castelo é muito antigo, do séc. V, e diz-se que já foi visitado por Saint Patrick , o bispo da Irlanda!
Fica numa saliência num recorte da costa, quase uma pequena península, um ambiente muito romântico!
Mas por ali tudo é encantador e algo romântico mesmo!
Praias de areia branca, que não são nada comuns por aqueles lados, enchem de magia todo o percurso!
Localidades bem pequeninas, de casinhas brancas, destacam-se do verde a cada momento, como ilustrações de livros de poemas!
E cheguei a Carrick-a-rede rope bridge…
Quem anda por aqueles lados vai sempre ver a famosa ponte de rede e, como seria de esperar, estava uma bela fila para a visitar. Um motard estava junto da sua moto quando cheguei e foi paleio até dizer chega. Ficou fascinado comigo e com a minha moto, tiramos fotos juntos e tudo, para mostrarmos aos amigos!
Conversa pegada e acabei por decidir deixar a ponte para outra vez. Não me apetecia pagar para caminhar até ela, encontra-la cheia de gente e voltar para trás!
Pus-me a inspecionar a redondeza cheia de encantos
E vi, ao longe, depois das ilhas e das nuvens… a Escócia!
Um pouco de zoom e lá estava ela!
A sensação de ver o outro lado do mar fascinou-me mais do que qualquer ponte. Se pensarmos na dificuldade de se encontrar tempo de sol, com atmosfera suficientemente límpida para se pode ver tão longe, entende-se melhor a minha alegria!
Então andei por alia passear, por pequenas aldeias piscatórias, voltando agora para este no mapa. Havia outro castelo que eu queria ver, por isso fui explorando a costa no sentido inverso, deliciando-me com o sol e com as paisagens!
Ballintoy, uma pequena vila que quase vai desaparecendo ao longo dos tempos, tendo cada vez menos população!
Com uma envolvência extraordinária e uma igreja linda!
E então cheguei a mais um dos sítios que eu queria tanto visitar!
O castelo medieval de Dunluce fica logo a seguir a The Giant's Causeway, foram até usadas pedras da calçada na sua construção e podem-se ver no meio das outras se se olhar com atenção!
É um daqueles castelos que aparece por todo o lado quando se busca pela palavra “castelo” no Google! E lá estava ele, num promontório sobre o mar, a casa do Clan MacDonnell de Antrim. Pensa-se que o Dunluce Castle terá sido a inspiração para Cair Paravel, o castelo dos reis das Crónicas de Nárnia!
Aquele castelo sempre me fascinou e eu fui até ele para o visitar mas, ao olhar para ele, sentei-me a desenhar e não visitei coisa nenhuma! Afinal o mais espetacular dele vê-se de fora!
Está ali, periclitante no limite do penhasco parecendo tão frágil!
Mais uma longa pausa, um desenho ou dois, um milhão de fotos e aquela sensação de estar perante uma celebridade muito antiga…
Eu queria que o sol estivesse de outro ângulo para o poder ver melhor…
Mas não iria esperar até ao entardecer para o sol “se virar” por isso continuei a explorar a costa…
E há mais rios castanhos por aquelas terras, não é só na República da Irlanda!
E os recortes que a terra desenha sobre o mar são fascinantes!
Eu chegava-me perto! Pousava a moto e caminhava até ao precipício, voltava a sentar, voltava a desenhar e a sensação de estar viva e feliz era tão intensa que quase beirava a euforia!
JPG
Lá me fui dirigindo para Belfast saboreando as estradinhas mais estreitinhas que fui encontrando! É assim que gosto de viajar!
Então, no meio de lado nenhum, ou antes, no meio de um lugarejo minúsculo, apareceu-me um castelo!
G
Ui, se eu tivesse de viver num país assim, onde há um castelo em cada esquina, eu não iria parar em casa nunca, até não haver mais nenhum castelo para procurar!
Era o Caulfield castle, do séc XVI, que o que teve de mais encantador foram os enquadramentos que permitiu, com jogos de sombra e luz, com o verde da relva a criar contrastes impressionantes!
O que eu gosto destes momentos solenes!
E o dia estava a chegar ao fim, embora o sol ainda estivesse alto. Tempo para uma pausa junto ao grande Loch Neagh
De baixo do sitio onde parei e me sentei vinha uma restolheira, grande algazarra mesmo! Quando espreitei, era uma grande patada!
Palravam com uma intensidade que parecia mais uma discussão entre eles! Tão giros!
Fiquei ali uma série de tempo a aprecia-los e até desenhei alguns!
Estava já perto de Balfast e podia perceber que as grandes nuvens me esperavam mais à frente!
E foi o diluvio total!
Parei rapidamente numa paragem de autocarro e abriguei-me. É nesses momentos que eu percebo o quanto é importante aproveitar bem o sol… enquanto ele se mostra!
Como uma chuvada tropical, o temporal afastou-se e deixou para trás um lindo arco-iris!
E fui para casa e foi o fim do 12º dia de viagem!
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Fabuloso:venia:
Mais uma vez vou repetir-me {Obrigado Gracinda}
Podes continuar por favor:merito:
Mais uma vez vou repetir-me {Obrigado Gracinda}
Podes continuar por favor:merito:
Carlos Balio- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
10 de agosto de 2014
E a chuva ficou até ao dia seguinte!
Depois de um serão de grande algazarra no hostel, onde meio às escuras no pequeno pátio, montes de hospedes divertidos foram contando as sua histórias, por entre cerveja e hambúrgueres, a animação perdeu-se de manhã! Fomo-nos amontoando à porta do hostel olhando para um dia cinzento, cheio de chuva e com visibilidade nula!
Um grupo de mochileiros tinha deixado a Calçada dos Gigantes para visitar naquele dia e estavam todos inconsoláveis, pois para norte o tempo estava ainda pior, dizia na meteorologia!
No dia anterior alguém comentara que eu fizera mal em ir logo a correr explorar o norte, devia ter passeado por perto para descansar, pois não havia pressa em ir à Calçada… hoje todos olhavam para mim com um “tu é que fizeste bem!” já que ninguém ali veria mais aquelas paisagens tão cheias de sol como eu vira, apenas no dia anterior!
“Num país de chuva há que saber aproveitar o sol!” respondera eu na noite anterior… acho que aquela gente aprendeu isso comigo naquele dia!
Ora bem, mas eu tinha de decidir o que fazer com tanta chuva! Se para norte estava péssimo e para sul/este a coisa prometia algumas abertas, eu tentei aquele lado, pois então!
Mas as promessas de “abertas” não se viriam a realizar durante o meu caminho, e eu cheguei a Armagh debaixo do mesmo diluvio que estava em Belfast!
Chamam-lhe a cidade das catedrais e, ao chegar, parei junto da primeira igreja que me apareceu aberta. Eu tinha de sair da chuva, era domingo e estava tudo fechado, só me restava enfiar-me numa igreja mesmo!
Apercebi-me que estava por ali muito movimento, dois homens na porta receberam-me com muita simpatia e eu perguntei se podia visitar a igreja. Claro que sim, mas venha por aqui que vou leva-la ao andar de cima onde tem menos gente. Fiquei intrigada onde me levavam, toda empacotada de fato de chuva vestido, cinta por cima para prender toda a roupa, capacete debaixo do braço a pingar para o chão, como toda eu pingava, e o chapéu a pesar já uns 2 kg de água que o ensopavam. Mas lá fui, pelas escadas acima imaginando onde iriam dar!
E escrevia eu na minha página no Facebook nesse dia:
“Hoje o dia acordou com um mau feitio terrível e parece que toda a chuva, que foi ameaçando cair nos últimos dias, decidiu cair hoje, desde muito cedo pela manhã, sem parar! É sempre difícil decidir o que fazer nestas situações, apetece ficar no choco mas, ao mesmo tempo, é uma pena não sair e aproveitar o que se puder! Então peguei na motita e fui até Armagh, a cidade das catedrais, como lhe chamam! Chovia tanto que entrei na primeira igreja/catedral que encontrei, a Presbetyrian Church e foi muito bonito! Fui recebida com toda a simpatia por dois senhores que estavam à porta, estava a começar a celebração e eu pensei que me mandassem embora, mas não, convidaram-me a entrar, conduziram-me ao andar superior. Pensava que era o coro mas, na realidade era um nível superior que rodeava toda a nave e onde outras pessoas acompanhavam a celebração. Fiquei até ao fim e adorei. Tudo o que foi dito e mostrado foi bonito, cheio de humor e alegria, havia miúdos também e o clima era tão simpático. No fim conduziram-me até ao “pastor” (não sei se se chama assim) que me agradeceu a visita e me perguntou se eu me tinha sentido bem. Outras pessoas me cumprimentavam, claramente sabiam que eu não era dali, eu estava cheia de roupa, com fato de chuva vestido e capacete no braço e tudo! Pediram-me para assinar o livro de visitas … uma experiencia para não esquecer!”
A princípio apenas tirei o chapéu e fiquei ali, de pé, com o capacete na mão, mas as pessoas olhavam para mim e faziam-me sinal para eu me sentar. E foi o que fiz, pousei o capacete e o chapéu na beira da janela e fui-me sentar junto das pessoas e o que era para ser uma visita rápida tornou-se num experiencia simpática e curiosa! A minha primeira visita a uma igreja presbiteriana, com direito a assistir a uma celebração e tudo!
Quando terminou a celebração pude fotografar o que quis, com direito a cumprimentos simpáticos das pessoas, que não mostraram qualquer estranhamento nas minhas vestes e os comentários eram do tipo “Bloody rain for a biker!”
E o raio da chuva estava lá, no mesmo sítio quando saí, horas depois! Bem só restava procurar um sítio para me refugiar, um café, outra igreja, sei lá! Não estava dia para passear e tirar fotos, isso já dera para entender, o tempo não melhoraria!
Então encontrei a catedral de Saint Patrick, a católica, pois há outra protestante com o mesmo nome.
Ela fica numa colina destacada, com um lindo relvado em degraus, com uma magnífica escadaria a subir aquilo tudo. Estava aberta, toca a subir por ali acima.
A catedral é deslumbrante! Foi construída entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX em estilo neogótico, para substituir a anterior catedral medieval dedicada ao mesmo Saint Patrick, mas que fora tomada pela igreja da Irlanda, aquando da reforma religiosa. Por isso a cidade tem 2 catedrais, o que contribui para o seu cognome!
E a igreja é linda, embora haja vozes discordantes que se referem aos melhoramentos e alterações que sofreu ao longo dos anos 80 e 90, em que muita coisa foi alterada, como o altar original! Como não vi antes não sei avaliar… mas gostava de ver como era esse altar neogótico que foi retirado…
Quando olhei para o teto, ricamente trambalhado, não consegui evitar de percorrer todo o espaço, não apenas a nave, de nariz para o ar, a olhar!
Lá fora chovia copiosamente e o ambiente dentro da catedral era tão descontraído e acolhedor, que eu fiquei por ali uma infinidade de tempo, até sentir vertigens de tanto olhar para cima!
Por cima da porta não há uma rosácea, tão característica das igrejas góticas, há uma grande janela que, ao fazer contraluz, se torna muito interessante, com os anjos a fazer efeito de sombra chinesa! Desenhei aquilo, está algures num livrinho que tenho de procurar!
O ambiente de uma grande igreja sempre me fascina, sobretudo quando ninguém me perturba nem me questiona e me deixam estar por ali, com a música nos ouvidos e os livrinhos para desenhar! Ok, pronto, não sou só rato de cemitérios a catar tumbas, também sou rato de igreja a catar altares!
O inferno molhado continuava lá fora…
Armagh aos meus pés, é a cidade menos populosa da Irlanda do Norte, a segunda da irlanda e a quarta de todo o Reino Unido! Não se nota nada, com aquele temporal nem que houvesse por ali a maior multidão a viver, não se notaria, pois estaria tudo fechado em casa! Só um maluco como eu é que sairia à rua!
Eu podia ver a catedral se Saint Patrick, a medieval, no topo da outra colina em frente.
“Será que vale a pena «nadar» até lá para a ver?
Oh pá, molha por molha, já que estás na rua mesmo vai lá, pois então!
A igreja tem origem no séc. V e foi o próprio St. Patrick, o tal, o primeiro santo da Irlanda, que colocou a primeira pedra para a sua construção!
Ela foi destruída e reconstruida 17 vezes ao longo da sua história e hoje há nela muita coisa bem posterior às suas primeiras características românicas.
Achei tanta piadinha às almofadas de ajoelhar que tive de experimentar uma, era fofinha!
Metade do seu encanto foi-se com as remodelações, mas é ainda uma igreja muito interessante!
É por fora que ela conserva mais da sua “raça”!
E por falar em cá fora… a chuva não desarmava nem por nada!
Parei apenas um pouco na cidade, aquele cruz na berma da estrada não me deixou indiferente, afinal Irlanda do Norte também é Irlanda e também é celta!
E ao lado um mural, pois, a Irlanda do Norte é toda destas coisas! Ainda lá hei-de voltar com tempo para explorar e conhecer todos os murais possíveis, que são mais que muitos pelo país todo!
Quando o meu mp3 deixou de funcionar e começou a mostrar mensagens bizarras no seu visor, eu percebi o quando a humidade estava a afetar o meu dia!
Então amuei e voltei para Belfast sem nem olhar mais para o lado! Não valia a pena ir mais longe, nem valia a penar parar em lado nenhum, a chuva era tão serrada e o tempo estava tão húmido, que só pegava na máquina fotográfica e a lente ficava toda embaciada!
Por isso decidi ir-me meter dentro de um espaço onde eu pudesse ficar o resto da tarde sem me chatear mais!
E sim, fui visitar o Tinatic Centre! Como eles dizem, fui visitar “the birthplace of Titanic”
Escrevia eu no meu facebook naquele dia:
“O temporal não me deu paz todo o santo dia, lixei o meu mp3 com a chuva e tudo! Então amuei e fui-me enfiar no Titanic! Parece que estou a fazer o maior sucesso por aqui, não falta quem se ofereça para me tirar fotos! eheheheh
Bem, acho que vou comprar mais cerveja que esta bosta de tempo está a deprimir-me!”
Muito tempo depois os estaleiros Harland and Wolff voltaram à vida com o centro Titanic no local rebatizado de "Titanic Quarter" em 2001.
A construção é impressionante e faz justiça aos grandes gigantes marítimos que foram ali construídos, lembrando 4 proas de grandes navios. Estava chuva, uma pena, porque aquele imenso edifício merecia um céu deslumbrante por trás! Faz um efeito visitar um local onde tanta gente trabalhou arduamente por tempo demais, para que o produto do seu trabalho fosse a morte de tanta outra gente também…
O interior do edifício é espaçoso e acolhedor, com uma atmosfera entre o ambiente de feira provocado pelos turistas ruidosos, e o ambiente solene deixado pela história que o local encerra…
Para além dos objetos da época expostos, são recriados ambientes e sensações para permitirem aos visitante entender um pouco da dimensão e condições de trabalho no estaleiro ali montado na época.
Mapas, planos, projetos, desenhos, fotos e tantas outras coisas fazem-nos reviver uma das histórias mais conhecidas no mundo!
Ah, e maquetas também, como aquela que mostra como era o estaleiro antes de começar a construção do grande barco.
Há mesmo um percurso, numas gondolas suspensas, que nos levam numa viagem cheia de voltas e reviravoltas pela obra, onde se pode ver como os homens trabalhavam sem quaisquer condições, ou equipamento próprio.
E o lançamento do barco é feito virtualmente num recato, onde a cadeia de corrente em tamanho real é impressionante, e cobre todo o espaço ladeado de vidro, sobre o real local do lançamento na época!
Por muito que a gente veja e leia, ali tem-se mais a noção da verdadeira dimensão das coisas….
O fim da história já todos o conhecemos há mais de um século…
Cá em baixo há uma cafetaria e um restaurante, onde se podem comer coisas interessantes, o que foi muito útil para ganhar coragem para voltar para a chuva!
E não pude deixar de dar uma volta pelo espaço do estaleiro, hoje chamado de “Titanic Quarter”
E ver o edifício de todos os ângulos
E a minha bonequinha também teve direito a uma foto junto do grande título!
E fui para casa, que de chuva já tinha levado a minha dose para me pôr a inventar mais e foi o fim do 13º dia de viagem!
E a chuva ficou até ao dia seguinte!
Depois de um serão de grande algazarra no hostel, onde meio às escuras no pequeno pátio, montes de hospedes divertidos foram contando as sua histórias, por entre cerveja e hambúrgueres, a animação perdeu-se de manhã! Fomo-nos amontoando à porta do hostel olhando para um dia cinzento, cheio de chuva e com visibilidade nula!
Um grupo de mochileiros tinha deixado a Calçada dos Gigantes para visitar naquele dia e estavam todos inconsoláveis, pois para norte o tempo estava ainda pior, dizia na meteorologia!
No dia anterior alguém comentara que eu fizera mal em ir logo a correr explorar o norte, devia ter passeado por perto para descansar, pois não havia pressa em ir à Calçada… hoje todos olhavam para mim com um “tu é que fizeste bem!” já que ninguém ali veria mais aquelas paisagens tão cheias de sol como eu vira, apenas no dia anterior!
“Num país de chuva há que saber aproveitar o sol!” respondera eu na noite anterior… acho que aquela gente aprendeu isso comigo naquele dia!
Ora bem, mas eu tinha de decidir o que fazer com tanta chuva! Se para norte estava péssimo e para sul/este a coisa prometia algumas abertas, eu tentei aquele lado, pois então!
Mas as promessas de “abertas” não se viriam a realizar durante o meu caminho, e eu cheguei a Armagh debaixo do mesmo diluvio que estava em Belfast!
Chamam-lhe a cidade das catedrais e, ao chegar, parei junto da primeira igreja que me apareceu aberta. Eu tinha de sair da chuva, era domingo e estava tudo fechado, só me restava enfiar-me numa igreja mesmo!
Apercebi-me que estava por ali muito movimento, dois homens na porta receberam-me com muita simpatia e eu perguntei se podia visitar a igreja. Claro que sim, mas venha por aqui que vou leva-la ao andar de cima onde tem menos gente. Fiquei intrigada onde me levavam, toda empacotada de fato de chuva vestido, cinta por cima para prender toda a roupa, capacete debaixo do braço a pingar para o chão, como toda eu pingava, e o chapéu a pesar já uns 2 kg de água que o ensopavam. Mas lá fui, pelas escadas acima imaginando onde iriam dar!
E escrevia eu na minha página no Facebook nesse dia:
“Hoje o dia acordou com um mau feitio terrível e parece que toda a chuva, que foi ameaçando cair nos últimos dias, decidiu cair hoje, desde muito cedo pela manhã, sem parar! É sempre difícil decidir o que fazer nestas situações, apetece ficar no choco mas, ao mesmo tempo, é uma pena não sair e aproveitar o que se puder! Então peguei na motita e fui até Armagh, a cidade das catedrais, como lhe chamam! Chovia tanto que entrei na primeira igreja/catedral que encontrei, a Presbetyrian Church e foi muito bonito! Fui recebida com toda a simpatia por dois senhores que estavam à porta, estava a começar a celebração e eu pensei que me mandassem embora, mas não, convidaram-me a entrar, conduziram-me ao andar superior. Pensava que era o coro mas, na realidade era um nível superior que rodeava toda a nave e onde outras pessoas acompanhavam a celebração. Fiquei até ao fim e adorei. Tudo o que foi dito e mostrado foi bonito, cheio de humor e alegria, havia miúdos também e o clima era tão simpático. No fim conduziram-me até ao “pastor” (não sei se se chama assim) que me agradeceu a visita e me perguntou se eu me tinha sentido bem. Outras pessoas me cumprimentavam, claramente sabiam que eu não era dali, eu estava cheia de roupa, com fato de chuva vestido e capacete no braço e tudo! Pediram-me para assinar o livro de visitas … uma experiencia para não esquecer!”
A princípio apenas tirei o chapéu e fiquei ali, de pé, com o capacete na mão, mas as pessoas olhavam para mim e faziam-me sinal para eu me sentar. E foi o que fiz, pousei o capacete e o chapéu na beira da janela e fui-me sentar junto das pessoas e o que era para ser uma visita rápida tornou-se num experiencia simpática e curiosa! A minha primeira visita a uma igreja presbiteriana, com direito a assistir a uma celebração e tudo!
Quando terminou a celebração pude fotografar o que quis, com direito a cumprimentos simpáticos das pessoas, que não mostraram qualquer estranhamento nas minhas vestes e os comentários eram do tipo “Bloody rain for a biker!”
E o raio da chuva estava lá, no mesmo sítio quando saí, horas depois! Bem só restava procurar um sítio para me refugiar, um café, outra igreja, sei lá! Não estava dia para passear e tirar fotos, isso já dera para entender, o tempo não melhoraria!
Então encontrei a catedral de Saint Patrick, a católica, pois há outra protestante com o mesmo nome.
Ela fica numa colina destacada, com um lindo relvado em degraus, com uma magnífica escadaria a subir aquilo tudo. Estava aberta, toca a subir por ali acima.
A catedral é deslumbrante! Foi construída entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX em estilo neogótico, para substituir a anterior catedral medieval dedicada ao mesmo Saint Patrick, mas que fora tomada pela igreja da Irlanda, aquando da reforma religiosa. Por isso a cidade tem 2 catedrais, o que contribui para o seu cognome!
E a igreja é linda, embora haja vozes discordantes que se referem aos melhoramentos e alterações que sofreu ao longo dos anos 80 e 90, em que muita coisa foi alterada, como o altar original! Como não vi antes não sei avaliar… mas gostava de ver como era esse altar neogótico que foi retirado…
Quando olhei para o teto, ricamente trambalhado, não consegui evitar de percorrer todo o espaço, não apenas a nave, de nariz para o ar, a olhar!
Lá fora chovia copiosamente e o ambiente dentro da catedral era tão descontraído e acolhedor, que eu fiquei por ali uma infinidade de tempo, até sentir vertigens de tanto olhar para cima!
Por cima da porta não há uma rosácea, tão característica das igrejas góticas, há uma grande janela que, ao fazer contraluz, se torna muito interessante, com os anjos a fazer efeito de sombra chinesa! Desenhei aquilo, está algures num livrinho que tenho de procurar!
O ambiente de uma grande igreja sempre me fascina, sobretudo quando ninguém me perturba nem me questiona e me deixam estar por ali, com a música nos ouvidos e os livrinhos para desenhar! Ok, pronto, não sou só rato de cemitérios a catar tumbas, também sou rato de igreja a catar altares!
O inferno molhado continuava lá fora…
Armagh aos meus pés, é a cidade menos populosa da Irlanda do Norte, a segunda da irlanda e a quarta de todo o Reino Unido! Não se nota nada, com aquele temporal nem que houvesse por ali a maior multidão a viver, não se notaria, pois estaria tudo fechado em casa! Só um maluco como eu é que sairia à rua!
Eu podia ver a catedral se Saint Patrick, a medieval, no topo da outra colina em frente.
“Será que vale a pena «nadar» até lá para a ver?
Oh pá, molha por molha, já que estás na rua mesmo vai lá, pois então!
A igreja tem origem no séc. V e foi o próprio St. Patrick, o tal, o primeiro santo da Irlanda, que colocou a primeira pedra para a sua construção!
Ela foi destruída e reconstruida 17 vezes ao longo da sua história e hoje há nela muita coisa bem posterior às suas primeiras características românicas.
Achei tanta piadinha às almofadas de ajoelhar que tive de experimentar uma, era fofinha!
Metade do seu encanto foi-se com as remodelações, mas é ainda uma igreja muito interessante!
É por fora que ela conserva mais da sua “raça”!
E por falar em cá fora… a chuva não desarmava nem por nada!
Parei apenas um pouco na cidade, aquele cruz na berma da estrada não me deixou indiferente, afinal Irlanda do Norte também é Irlanda e também é celta!
E ao lado um mural, pois, a Irlanda do Norte é toda destas coisas! Ainda lá hei-de voltar com tempo para explorar e conhecer todos os murais possíveis, que são mais que muitos pelo país todo!
Quando o meu mp3 deixou de funcionar e começou a mostrar mensagens bizarras no seu visor, eu percebi o quando a humidade estava a afetar o meu dia!
Então amuei e voltei para Belfast sem nem olhar mais para o lado! Não valia a pena ir mais longe, nem valia a penar parar em lado nenhum, a chuva era tão serrada e o tempo estava tão húmido, que só pegava na máquina fotográfica e a lente ficava toda embaciada!
Por isso decidi ir-me meter dentro de um espaço onde eu pudesse ficar o resto da tarde sem me chatear mais!
E sim, fui visitar o Tinatic Centre! Como eles dizem, fui visitar “the birthplace of Titanic”
Escrevia eu no meu facebook naquele dia:
“O temporal não me deu paz todo o santo dia, lixei o meu mp3 com a chuva e tudo! Então amuei e fui-me enfiar no Titanic! Parece que estou a fazer o maior sucesso por aqui, não falta quem se ofereça para me tirar fotos! eheheheh
Bem, acho que vou comprar mais cerveja que esta bosta de tempo está a deprimir-me!”
Muito tempo depois os estaleiros Harland and Wolff voltaram à vida com o centro Titanic no local rebatizado de "Titanic Quarter" em 2001.
A construção é impressionante e faz justiça aos grandes gigantes marítimos que foram ali construídos, lembrando 4 proas de grandes navios. Estava chuva, uma pena, porque aquele imenso edifício merecia um céu deslumbrante por trás! Faz um efeito visitar um local onde tanta gente trabalhou arduamente por tempo demais, para que o produto do seu trabalho fosse a morte de tanta outra gente também…
O interior do edifício é espaçoso e acolhedor, com uma atmosfera entre o ambiente de feira provocado pelos turistas ruidosos, e o ambiente solene deixado pela história que o local encerra…
Para além dos objetos da época expostos, são recriados ambientes e sensações para permitirem aos visitante entender um pouco da dimensão e condições de trabalho no estaleiro ali montado na época.
Mapas, planos, projetos, desenhos, fotos e tantas outras coisas fazem-nos reviver uma das histórias mais conhecidas no mundo!
Ah, e maquetas também, como aquela que mostra como era o estaleiro antes de começar a construção do grande barco.
Há mesmo um percurso, numas gondolas suspensas, que nos levam numa viagem cheia de voltas e reviravoltas pela obra, onde se pode ver como os homens trabalhavam sem quaisquer condições, ou equipamento próprio.
E o lançamento do barco é feito virtualmente num recato, onde a cadeia de corrente em tamanho real é impressionante, e cobre todo o espaço ladeado de vidro, sobre o real local do lançamento na época!
Por muito que a gente veja e leia, ali tem-se mais a noção da verdadeira dimensão das coisas….
O fim da história já todos o conhecemos há mais de um século…
Cá em baixo há uma cafetaria e um restaurante, onde se podem comer coisas interessantes, o que foi muito útil para ganhar coragem para voltar para a chuva!
E não pude deixar de dar uma volta pelo espaço do estaleiro, hoje chamado de “Titanic Quarter”
E ver o edifício de todos os ângulos
E a minha bonequinha também teve direito a uma foto junto do grande título!
E fui para casa, que de chuva já tinha levado a minha dose para me pôr a inventar mais e foi o fim do 13º dia de viagem!
Última edição por Gracinda Ramos em Dom Out 05 2014, 18:19, editado 1 vez(es)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
https://passeandopelavida.com/
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Carlos Balio escreveu:Fabuloso:venia:
Mais uma vez vou repetir-me {Obrigado Gracinda}
Podes continuar por favor:merito:
Obrigada!
Sempre bem-vinda uma repetição!
E amanhã atravesso para a Escócia!
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Beijucas!
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Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Acabei de me actualizar nesta viagem!!!
Mais 1 M
Mais 1 M
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MY LIFE IS A HELL!!!
Elisio FJR- Já sai à rua a conduzir.
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Mulher.. tu metes o Vasco da Gama num bolso.. qual cavaleiro/a templário do novo milénio!
Rambo- A tirar a carta
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Boas,
Mais uma vez...que dizer ??? Sem palavras mesmo , tal a maravilhosa viajem que fazemos consigo através da leitura e das fotos fantásticas !!!!!
Mais um , pois então....
Mais uma vez...que dizer ??? Sem palavras mesmo , tal a maravilhosa viajem que fazemos consigo através da leitura e das fotos fantásticas !!!!!
Mais um , pois então....
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CARLOS PIRES
Mama Sumae !!
Carlospira- Zero à direita
Re: Passeando por caminhos Celtas - 2014
Obrigada!
Hoje atravesso para a Escócia e faltarão 22 dias de viagem ... oh quem dera que fosse mesmo hoje e faltassem mesmo esses dias todos para voltar para casa!
Hoje atravesso para a Escócia e faltarão 22 dias de viagem ... oh quem dera que fosse mesmo hoje e faltassem mesmo esses dias todos para voltar para casa!
Última edição por Gracinda Ramos em Ter Out 07 2014, 09:55, editado 1 vez(es)
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Beijucas!
Viajar é mais assustador para quem fica do que para quem vai!
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