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Passeio a Andorra
4 participantes
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Passeio a Andorra
Viagem a Andorra. ( 1ª Parte )
Vontade
Adquiri uma paixão muito grande nestes últimos anos em andar de moto. Durante longo tempo a minha atividade profissional não permitia dispor de tempos livres para a prática de qualquer desporto. Cheguei à idade da reforma e a ociosidade do tempo livre começou a perturbar-me. O meu filho guardava a sua mota na minha garagem e de certa forma incomodava-me olhar para aquele brinquedo sem o disfrutar, até que, chegou o dia porque a curiosidade foi mais forte e num impulso feliz fui dar uma volta e aquele despertar de novas sensações foi extremamente gratificante.
No dia seguinte, comprei uma. Comecei com uma 125 mas arrependi-me e num curto espaço de tempo adquiri uma Virago 535. Os passeios e as concentrações começaram a despoletar em mim e troquei por uma Honda 750. Num ápice de tempo estava a comprar e a recomprar todos os equipamentos necessários para passeios maiores e despertou-me o “bichinho” por uma moto maior capaz de levar-me a rolar estrada. Troquei por uma Honda Goldwing 1.500 . Mas, não contente acabei por trocá-la por outra Goldwing F6b 1800, tudo num percurso de 4 anos, onde , entre retas e curvas percorri cerca de 70.000km.
Ao longo do ano, começamos a sonhar e perspetivar todos os longos passeios que pretendemos fazer e foi então que “agarrei-me” ao computador e comecei a desenhar um percurso de aproximadamente 3.200km. Leça da Palmeira-Riano-Biarritz-Arcachon-Bordeus-Toulouse-Carcassonne-Perpignan-Andorra-Saragoza-Sória-Valladolid-Zamora-Bragança-Porto.
Preparativos
O desejo pelo Passeio estava determinado. Publiquei o Evento no nosso Clube Motard de Leça da Palmeira e num ápice consegui o parceiro ideal e habitual. O Rui Rodrigues alinhou de imediato e consegui desse modo a companhia ideal e tão necessária.
Faltavam dois meses e programei uma vistoria para salvaguardar qualquer deficiência para poder rolar sem grandes preocupações.
Hoje, faltam quinze dias e já sei o que vou levar e o que vou dispensar. Entre Gps, GoPro, calças, casacos, cuecas, Tshirts, botas, telemóvel, medicamentos, etc,etc, vou levar todo o material de campismo para o que der e vier. Não temos nada planeado onde vamos comer ou dormir. Simplesmente curtir a estrada, com vontade de percorrer cerca de 300/400 km por dia.
Vamos partir em Junho.
Parte 2.
Esta viagem inicialmente prevista para ir a Andorra, foi alterada para ir ver o Grande Prémio MotoGP da Catalunha.
Chegou o dia ! Eram 8 da manha, estávamos de partida para Riano. Muitos Km de auto-estrada. Porto-Chaves-Verin-Benavente. Em Benavente optamos por uma estrada Nacional porque era muito mais emocionante. Uma estrada espetacular com paisagens deslumbrantes de comover qualquer cristão mas com um frio intenso sentido no corpo apesar do equipamento apropriado.
Chegámos mesmo no final do dia a Riano, com pouca preocupação porque existia uma reserva prévia para um hotel de poucas estrelas. O sono foi Justo e quando amanheceu a paisagem estava mudada. Os cumes nos montes vizinhos estavam forrados com mantos de neve. Uma paisagem gélida mas encantadora. Bagagens nas motas, partimos.
Nada programado mas com uma forte curiosidade e entusiasmo de percorrer aquelas curvas e o serpentear maravilhoso daquelas estradas que poluem os Picos da Europa até que chegamos a Aguilar de Campo, eram horas de almoço e nada melhor que comer num daqueles restaurantes onde imperam os camionistas de camião. Já refeitos fisicamente, novamente na estrada, atingimos Torrelavega, uma visita rápida a San Sebastian . Pelos nossos cálculos ainda tínhamos mais uma hora de Sol para circular. Seria o necessário para chegar a Irún. O tempo não estava nada favorável, frio e um vento muito forte. Em alguns trechos das estradas, senti algumas “rabanadas” que chocalharam fortemente a minha moto que tem quase 400kg de peso. A chuva e ao mau tempo intensificaram-se. O meu visual era feio, parecia um escafandro a andar de moto. Como não previa tâo mau tempo levei as calças de chuva mas não as botas apropriadas. Daí, ter colocado dois sacos de lixo enfiados nos pés para atenuar a chuva nas botas. Alguma falta de visibilidade e mau estar gerou alguma confusão e perdi-me do Rui. Mas o telemóvel resolveu a situação. Estava a anoitecer quando chegámos a Irún. Ficámos num Ibis.
As nossas manhâs nunca foram stressantes. Depois do acordar, a maior preocupação era o pequeno almoço. Geralmente “Continental” que era suficientemente substancial para aguentar longas horas, sem comer. Depois dos sacos e mochilas nas motos, era tempo de arrancar.
Novamente na estrada, encontrámos o primeiro túnel e depois de o percorrer surgiu a portagem guardada por guardas fortemente armados, impondo respeito a qualquer um. Continuámos o nosso percurso e encontrámos pela frente um extenso comboio de camiões que não parecia acabar. Impressionante ! Camiões à direita restantes à esquerda. A forma ordeira dos camiões era metódica. Todos respeitavam a velocidade máxima dos 80km/h sem ultrapassar. Uma estrada com duas vias, poluída de sinais de trânsito que toda a gente cumpria, menos nós ! Apareceram novamente mais túneis e portagens. Numa delas, voltei a perder-me do Rui. Mas o nosso destino era para a cidade seguinte Arcachon, e sem Stressar, fui andando e antes de entrar no centro da cidade, encontrámo-nos novamente. O tempo melhorou, tinha parado a chuva. Escolhemos outro Ibis .
O Gps indicou-nos os pontos principais de Arcachon e lá fomos nós, cantando e rindo, tirar uma fotos e umas “selfies” para enviar para a Família. Tínhamos completado o nosso terceiro dia de viagem.
Na manha seguinte, não propriamente muito cedo, a nossa prioridade era de não ultrapassar a hora do pequeno almoço, geralmente, uns quinze minutos antes de fecharem o “tasco”.
Mas o prazer voltava. “ A Felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A Felicidade é a própria estrada”.
Com o simples objetivo pela liberdade de optar pelos horários mais adequados e de definir quais serão as paragens, será mais interessante do que chegar rápido a um lugar. Vai demorar mais, mas vais curtir mais. Isso tenho a certeza !
Por variadíssimas vezes senti o prazer abstrato de ouvir música, para recompensar e reforçar a minha motivação.
Por vezes lembrava-me de olhar para o painel da moto, aferir se existia alguma luz de aviso, olhar para o ponteiro da gasolina que teimava sempre , por pedir mais “gota”. Preventivamente nunca deixei chegar à reserva e os Postos de gasolina eram locais bastante simpáticos de parar. Por variadíssimas vezes fiquei estupefacto com a extrema limpeza e higiene dos “WC” e com acomodações apropriadas para qualquer viajante usufruir. Tudo isto com o particular destaque que abasteci a minha moto com gasolina 95 a 1,42€ em França onde o ordenado mínimo é sobejamente superior, quase o triplo. Fico triste, com esta realidade, ao comparar com os valores praticados na nossa Terrinha.
Mas ligo a moto, ligo o Som, porque viver é bom, nas curvas da estrada.
Estava previsto, neste quarto dia perfazer mais 350km. A caminho da próxima grande cidade, a paisagem era particularmente inebriante. A segunda maior região de cultivo de vinhos em todo o Mundo, devido a excelente ambiente para o desenvolvimento de vinhedos. Estávamos a entrar na grande cidade de Bordéus. Depois do usual “tour” fotos, selfies e contatos com a Família, fizemos aquele esforço para beber umas “bejecas” e colocar à boca algo de substancial para encarar mais alguns Km.
Novamente na estrada, com muitas paragens à mistura para tirar a “água do joelho” fruto da falta de hábito da cerveja artesanal. Bom, bom é o vinho … Durante muitos km continuamos a serpentear no meio dos camiões com alguns atrevimentos em ultrapassar em riscos contínuos mas o propósito de “rolar” foi superior. Próxima parada, Toulouse.
Uma cidade gigantesca. A quarta maior cidade de França. À entrada da cidade encontra-se o maior centro espacial da Europa. Uma cidade banhada pelo rio Garona onde atravessam dezenas de pontes que se destacam na sua sumptuosidade com a iluminação noturna. Uma cidade com muitos parques, muita vegetação, monumentos e muitas Universidades. Mas o gps mandou-nos para Blagnac porque nas definições só podiam aparecer, hotéis mais em conta. Fomos novamente para um Ibis.
De volta a estrada, apanhámos a A-61 em direção a Carcassonne. Uma cidade muito cheia de história. Para os curiosos aconselho consultar a Wikipédia porque não sou historiador. Parámos em Perpignan para o trivial “tour” e registos fotográficos e como a estrada era o nosso prazer, atravessámos as Montanhas do Parque Natural Regional de La Narbonnaise. Estávamos a entrar nov amente em Espanha. Entrámos em Girona, recompostos com algumas vitaminas seguimos o nosso estradão para Lloret de Mar.
Aqui o gps atraiçou-nos porque mandou-nos para uma espelunca de meter medo. Mudou-se as definições e conseguimos ficar num Hotel com dois tipos de hospedes: Pessoas e andorinhas. Nunca vi, tantas.
Como íamos ficar dois dias, retiramos toda a bagagem das motos. O descanso foi essencial porque alguma fadiga estava presente. Acordei com alguma dor no pé esquerdo. Os excessos das “bejecas” foi notório. Nada que algumas pastilhas não resolvessem o problema e partimos para Montmeló , a 30km de Barcelona, onde se iria realizar o Grande Prémio da Catalunha de Moto GP. Comprámos o bilhete para o dia seguinte! Mas aproveitamos a distração na entrada e conseguimos ainda ver alguns treinos. Algo inexplicável. O ambiente, o barulho das motas e a beleza do circuito. Muita adrenalina junta.
Como ainda havia tempo de sobra porque apenas anoitece lá para as 10 da noite. Por isso fomos até Barcelona. Uma volta rápida e acabámos por parar junto à Sagrada Família para tirar algumas fotos e comprar mais alguns imanes, para a minha coleção. Das diversas vezes que tinha estado em Barcelona, nunca tivera a possibilidade de ver aquela obra colossal.
De volta à estrada. Fomos pelo litoral para conhecer as famosas praias de Badalona,Villassar de Mar, Mataró, Arenys de Mar, Calella, Malgrat de Mar, Blanes e regressar a Lloret de Mar onde estávamos hospedados.
Na manha seguinte com algum esforço, fomos tomar o pequeno almoço mais cedo porque tínhamos que voltar para Montmeló para o GPmoto. Quando lá chegamos, aferi efetivamente a vantagem em andar de moto. Filas indetermináveis de automóveis para entrar, debaixo de algum calor e nós a galgar piso serpenteando entre eles. Chegámos sem grande dificuldade e fomos ver o GPmoto da Catalunha. Inesquecível !
Voltamos para Lloret de Mar. Já chegámos tarde e após jantar ainda deu para sentir o fervor da música do Caribe, numa praia repleta de gente simpática.
No oitavo dia, já estávamos no processo de retorno, passando novamente por Barcelona, Lérida, Saragoça e Sória, onde voltamos a pernoitar num hotel de quatro estrelas com serviço e requinte de sete estrelas. Com muita pena, fomos jantar no único local que estava aberto. A comidinha estava apetitosa porque continha o melhor tempero do Mundo, a fome.
No último dia, a pressa de chegar a casa já era notória, mas, pior do que nunca terminar uma viagem é nunca ter partido. Estava contente por esta iniciativa e ter encontrado o parceiro ideal para me acompanhar.
Tínhamos entrado em Portugal por Miranda do Douro. Seguimos para Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Real e pela A4 até ao Porto. Em Penafiel a chuva apanhou nos de surpresa. Como tinha retirado o pinlock da viseira, tive que vir debaixo da chuva com a viseira entreaberta, provocando uma pequena inundação no meu pescoço. Foi horrível, Uma chuva muito intensa, visibilidade zero, transito de retorno de trabalho, restava-me apenas uma hipótese, colar-me na traseira de um camião e aguentar.
Mas já faltavam poucos metros para chegar a casa. Quando cheguei não pude entrar, não estava ninguém em casa e não tinha chaves. Pensei ! Vou voltar para Riano e fazer o percurso novamente…
Carlos Serrano.
Vontade
Adquiri uma paixão muito grande nestes últimos anos em andar de moto. Durante longo tempo a minha atividade profissional não permitia dispor de tempos livres para a prática de qualquer desporto. Cheguei à idade da reforma e a ociosidade do tempo livre começou a perturbar-me. O meu filho guardava a sua mota na minha garagem e de certa forma incomodava-me olhar para aquele brinquedo sem o disfrutar, até que, chegou o dia porque a curiosidade foi mais forte e num impulso feliz fui dar uma volta e aquele despertar de novas sensações foi extremamente gratificante.
No dia seguinte, comprei uma. Comecei com uma 125 mas arrependi-me e num curto espaço de tempo adquiri uma Virago 535. Os passeios e as concentrações começaram a despoletar em mim e troquei por uma Honda 750. Num ápice de tempo estava a comprar e a recomprar todos os equipamentos necessários para passeios maiores e despertou-me o “bichinho” por uma moto maior capaz de levar-me a rolar estrada. Troquei por uma Honda Goldwing 1.500 . Mas, não contente acabei por trocá-la por outra Goldwing F6b 1800, tudo num percurso de 4 anos, onde , entre retas e curvas percorri cerca de 70.000km.
Ao longo do ano, começamos a sonhar e perspetivar todos os longos passeios que pretendemos fazer e foi então que “agarrei-me” ao computador e comecei a desenhar um percurso de aproximadamente 3.200km. Leça da Palmeira-Riano-Biarritz-Arcachon-Bordeus-Toulouse-Carcassonne-Perpignan-Andorra-Saragoza-Sória-Valladolid-Zamora-Bragança-Porto.
Preparativos
O desejo pelo Passeio estava determinado. Publiquei o Evento no nosso Clube Motard de Leça da Palmeira e num ápice consegui o parceiro ideal e habitual. O Rui Rodrigues alinhou de imediato e consegui desse modo a companhia ideal e tão necessária.
Faltavam dois meses e programei uma vistoria para salvaguardar qualquer deficiência para poder rolar sem grandes preocupações.
Hoje, faltam quinze dias e já sei o que vou levar e o que vou dispensar. Entre Gps, GoPro, calças, casacos, cuecas, Tshirts, botas, telemóvel, medicamentos, etc,etc, vou levar todo o material de campismo para o que der e vier. Não temos nada planeado onde vamos comer ou dormir. Simplesmente curtir a estrada, com vontade de percorrer cerca de 300/400 km por dia.
Vamos partir em Junho.
Parte 2.
Esta viagem inicialmente prevista para ir a Andorra, foi alterada para ir ver o Grande Prémio MotoGP da Catalunha.
Chegou o dia ! Eram 8 da manha, estávamos de partida para Riano. Muitos Km de auto-estrada. Porto-Chaves-Verin-Benavente. Em Benavente optamos por uma estrada Nacional porque era muito mais emocionante. Uma estrada espetacular com paisagens deslumbrantes de comover qualquer cristão mas com um frio intenso sentido no corpo apesar do equipamento apropriado.
Chegámos mesmo no final do dia a Riano, com pouca preocupação porque existia uma reserva prévia para um hotel de poucas estrelas. O sono foi Justo e quando amanheceu a paisagem estava mudada. Os cumes nos montes vizinhos estavam forrados com mantos de neve. Uma paisagem gélida mas encantadora. Bagagens nas motas, partimos.
Nada programado mas com uma forte curiosidade e entusiasmo de percorrer aquelas curvas e o serpentear maravilhoso daquelas estradas que poluem os Picos da Europa até que chegamos a Aguilar de Campo, eram horas de almoço e nada melhor que comer num daqueles restaurantes onde imperam os camionistas de camião. Já refeitos fisicamente, novamente na estrada, atingimos Torrelavega, uma visita rápida a San Sebastian . Pelos nossos cálculos ainda tínhamos mais uma hora de Sol para circular. Seria o necessário para chegar a Irún. O tempo não estava nada favorável, frio e um vento muito forte. Em alguns trechos das estradas, senti algumas “rabanadas” que chocalharam fortemente a minha moto que tem quase 400kg de peso. A chuva e ao mau tempo intensificaram-se. O meu visual era feio, parecia um escafandro a andar de moto. Como não previa tâo mau tempo levei as calças de chuva mas não as botas apropriadas. Daí, ter colocado dois sacos de lixo enfiados nos pés para atenuar a chuva nas botas. Alguma falta de visibilidade e mau estar gerou alguma confusão e perdi-me do Rui. Mas o telemóvel resolveu a situação. Estava a anoitecer quando chegámos a Irún. Ficámos num Ibis.
As nossas manhâs nunca foram stressantes. Depois do acordar, a maior preocupação era o pequeno almoço. Geralmente “Continental” que era suficientemente substancial para aguentar longas horas, sem comer. Depois dos sacos e mochilas nas motos, era tempo de arrancar.
Novamente na estrada, encontrámos o primeiro túnel e depois de o percorrer surgiu a portagem guardada por guardas fortemente armados, impondo respeito a qualquer um. Continuámos o nosso percurso e encontrámos pela frente um extenso comboio de camiões que não parecia acabar. Impressionante ! Camiões à direita restantes à esquerda. A forma ordeira dos camiões era metódica. Todos respeitavam a velocidade máxima dos 80km/h sem ultrapassar. Uma estrada com duas vias, poluída de sinais de trânsito que toda a gente cumpria, menos nós ! Apareceram novamente mais túneis e portagens. Numa delas, voltei a perder-me do Rui. Mas o nosso destino era para a cidade seguinte Arcachon, e sem Stressar, fui andando e antes de entrar no centro da cidade, encontrámo-nos novamente. O tempo melhorou, tinha parado a chuva. Escolhemos outro Ibis .
O Gps indicou-nos os pontos principais de Arcachon e lá fomos nós, cantando e rindo, tirar uma fotos e umas “selfies” para enviar para a Família. Tínhamos completado o nosso terceiro dia de viagem.
Na manha seguinte, não propriamente muito cedo, a nossa prioridade era de não ultrapassar a hora do pequeno almoço, geralmente, uns quinze minutos antes de fecharem o “tasco”.
Mas o prazer voltava. “ A Felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A Felicidade é a própria estrada”.
Com o simples objetivo pela liberdade de optar pelos horários mais adequados e de definir quais serão as paragens, será mais interessante do que chegar rápido a um lugar. Vai demorar mais, mas vais curtir mais. Isso tenho a certeza !
Por variadíssimas vezes senti o prazer abstrato de ouvir música, para recompensar e reforçar a minha motivação.
Por vezes lembrava-me de olhar para o painel da moto, aferir se existia alguma luz de aviso, olhar para o ponteiro da gasolina que teimava sempre , por pedir mais “gota”. Preventivamente nunca deixei chegar à reserva e os Postos de gasolina eram locais bastante simpáticos de parar. Por variadíssimas vezes fiquei estupefacto com a extrema limpeza e higiene dos “WC” e com acomodações apropriadas para qualquer viajante usufruir. Tudo isto com o particular destaque que abasteci a minha moto com gasolina 95 a 1,42€ em França onde o ordenado mínimo é sobejamente superior, quase o triplo. Fico triste, com esta realidade, ao comparar com os valores praticados na nossa Terrinha.
Mas ligo a moto, ligo o Som, porque viver é bom, nas curvas da estrada.
Estava previsto, neste quarto dia perfazer mais 350km. A caminho da próxima grande cidade, a paisagem era particularmente inebriante. A segunda maior região de cultivo de vinhos em todo o Mundo, devido a excelente ambiente para o desenvolvimento de vinhedos. Estávamos a entrar na grande cidade de Bordéus. Depois do usual “tour” fotos, selfies e contatos com a Família, fizemos aquele esforço para beber umas “bejecas” e colocar à boca algo de substancial para encarar mais alguns Km.
Novamente na estrada, com muitas paragens à mistura para tirar a “água do joelho” fruto da falta de hábito da cerveja artesanal. Bom, bom é o vinho … Durante muitos km continuamos a serpentear no meio dos camiões com alguns atrevimentos em ultrapassar em riscos contínuos mas o propósito de “rolar” foi superior. Próxima parada, Toulouse.
Uma cidade gigantesca. A quarta maior cidade de França. À entrada da cidade encontra-se o maior centro espacial da Europa. Uma cidade banhada pelo rio Garona onde atravessam dezenas de pontes que se destacam na sua sumptuosidade com a iluminação noturna. Uma cidade com muitos parques, muita vegetação, monumentos e muitas Universidades. Mas o gps mandou-nos para Blagnac porque nas definições só podiam aparecer, hotéis mais em conta. Fomos novamente para um Ibis.
De volta a estrada, apanhámos a A-61 em direção a Carcassonne. Uma cidade muito cheia de história. Para os curiosos aconselho consultar a Wikipédia porque não sou historiador. Parámos em Perpignan para o trivial “tour” e registos fotográficos e como a estrada era o nosso prazer, atravessámos as Montanhas do Parque Natural Regional de La Narbonnaise. Estávamos a entrar nov amente em Espanha. Entrámos em Girona, recompostos com algumas vitaminas seguimos o nosso estradão para Lloret de Mar.
Aqui o gps atraiçou-nos porque mandou-nos para uma espelunca de meter medo. Mudou-se as definições e conseguimos ficar num Hotel com dois tipos de hospedes: Pessoas e andorinhas. Nunca vi, tantas.
Como íamos ficar dois dias, retiramos toda a bagagem das motos. O descanso foi essencial porque alguma fadiga estava presente. Acordei com alguma dor no pé esquerdo. Os excessos das “bejecas” foi notório. Nada que algumas pastilhas não resolvessem o problema e partimos para Montmeló , a 30km de Barcelona, onde se iria realizar o Grande Prémio da Catalunha de Moto GP. Comprámos o bilhete para o dia seguinte! Mas aproveitamos a distração na entrada e conseguimos ainda ver alguns treinos. Algo inexplicável. O ambiente, o barulho das motas e a beleza do circuito. Muita adrenalina junta.
Como ainda havia tempo de sobra porque apenas anoitece lá para as 10 da noite. Por isso fomos até Barcelona. Uma volta rápida e acabámos por parar junto à Sagrada Família para tirar algumas fotos e comprar mais alguns imanes, para a minha coleção. Das diversas vezes que tinha estado em Barcelona, nunca tivera a possibilidade de ver aquela obra colossal.
De volta à estrada. Fomos pelo litoral para conhecer as famosas praias de Badalona,Villassar de Mar, Mataró, Arenys de Mar, Calella, Malgrat de Mar, Blanes e regressar a Lloret de Mar onde estávamos hospedados.
Na manha seguinte com algum esforço, fomos tomar o pequeno almoço mais cedo porque tínhamos que voltar para Montmeló para o GPmoto. Quando lá chegamos, aferi efetivamente a vantagem em andar de moto. Filas indetermináveis de automóveis para entrar, debaixo de algum calor e nós a galgar piso serpenteando entre eles. Chegámos sem grande dificuldade e fomos ver o GPmoto da Catalunha. Inesquecível !
Voltamos para Lloret de Mar. Já chegámos tarde e após jantar ainda deu para sentir o fervor da música do Caribe, numa praia repleta de gente simpática.
No oitavo dia, já estávamos no processo de retorno, passando novamente por Barcelona, Lérida, Saragoça e Sória, onde voltamos a pernoitar num hotel de quatro estrelas com serviço e requinte de sete estrelas. Com muita pena, fomos jantar no único local que estava aberto. A comidinha estava apetitosa porque continha o melhor tempero do Mundo, a fome.
No último dia, a pressa de chegar a casa já era notória, mas, pior do que nunca terminar uma viagem é nunca ter partido. Estava contente por esta iniciativa e ter encontrado o parceiro ideal para me acompanhar.
Tínhamos entrado em Portugal por Miranda do Douro. Seguimos para Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Real e pela A4 até ao Porto. Em Penafiel a chuva apanhou nos de surpresa. Como tinha retirado o pinlock da viseira, tive que vir debaixo da chuva com a viseira entreaberta, provocando uma pequena inundação no meu pescoço. Foi horrível, Uma chuva muito intensa, visibilidade zero, transito de retorno de trabalho, restava-me apenas uma hipótese, colar-me na traseira de um camião e aguentar.
Mas já faltavam poucos metros para chegar a casa. Quando cheguei não pude entrar, não estava ninguém em casa e não tinha chaves. Pensei ! Vou voltar para Riano e fazer o percurso novamente…
Carlos Serrano.
Re: Passeio a Andorra
Muito bom, com umas fotos ainda ficava melhor, vamos ficar a espera das fotos que deves ter muitas, ou não fosse uma das tuas especialidades.
Mérito atribuído só porque é merecido.
Abraço
Mérito atribuído só porque é merecido.
Abraço
carlosrosa- Já conduz... mal!
Re: Passeio a Andorra
Boa volta, fixe crónica.
As molhas são uma constante no norte de Espanha. No ano passado, julho, ao sair de 1 túnel parecia q estava a entrar numa cachoeira tal a qtd de água q caía e como só levava o corta vento vestido...
Para a ajuda das despesas aí vai merecido
As molhas são uma constante no norte de Espanha. No ano passado, julho, ao sair de 1 túnel parecia q estava a entrar numa cachoeira tal a qtd de água q caía e como só levava o corta vento vestido...
Para a ajuda das despesas aí vai merecido
________________________
... e vamos com calma!
FJRico
Rico Sousa- Zero à direita
Re: Passeio a Andorra
Maravilhosa descricao.
Realmente só faltam umas fotos...
Realmente só faltam umas fotos...
carlos lopes- Já conduz... mal!
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