Wild Wild West

Há dias de sorte. Sorte ou azar, ainda não sei. Mas isso não interessa nada. O facto é que estou no Arizona, a 3 dias de ter uma R1200GS nas mãos. E isso é que interessa. Mas como é que chegámos a este ponto?

Prólogo

Já faz quase um ano. Soube que iria haver um evento no Arizona, e soube que a empresa iria participar. "Arizona… cowboys, indios, cavalos, tiros… sitio giro." - foi o que me passou pela cabeça. Sim, "westerns" fizeram parte do meu imaginário de criança.
Depois vi o mapa. Espera lá! Meteor Crater? Meteor Crater!!! Tenho de lá ir! E o Grand Canyon! Deixa ver melhor… Apache trail! Mogollon Rim! Sedona! Porra. só tenho 4 dias…

Que maluquice. Nunca fiz nada disto. Vamos lá a ver: Um motociclista rookie, com um motão enorme, 4 dias, mais de 1200km, alguns fora de estrada… Eu disse fora de estrada? Mas eu nunca fiz fora de estrada! (Excepto aqui) E não conheço nada. Nada! É a primeira vez que vou ao Arizona. Total rookie com uma ideia idiota na cabeça… É capaz de correr bem.
Mas a ideia ganhou forma, corpo. Ganhou volume também. "Não é no Arizona que passa a Route 66?" Adiciona á lista. 4 míseros dias…!!! O que devo levar? Como fazer? Fora de estrada? O curso dos MotoXplorers parece bem. Mas é caro e as datas não servem. Bolas pá! Será boa ideia fazer isto?

Google maps. Google Earth. E websites, montes deles. O que ver, o que fazer. Esta estrada ou aquela? E este caminho será melhor que aquele? Faltam 2 semanas para partir e não marquei nada. Será boa ideia fazer isto?

Estou em Lisboa, 10 dias para partir, num sítio improvável, com um portátil e uma pen 3G. Reservo a mota. QUANTO?!!! Cum caraças! Agora não posso vacilar. Que se lixe, é só dinheiro, hei-de ganhar mais. Agora já está. Não posso voltar atrás.

5 dias para partir. Ainda não marquei hotéis. Nem rota tenho definida! Olho para Meteorologia. Phoenix com 28º de máxima e 12º de mínima. Previsão ok. fixe. Grand Canyon… -4º de mínima. Fresquinho! Vou para este ou oeste? Pernoito onde? 200 milhas por dia. Parece pouco, mas os 600km da "rota do medronho" deixara-me um "bocado" roto. E fora de estrada! Será que me aguento á bronca?

Véspera de partir. Que se lixe. Não vou marcar nada. Meto o equipamento na mala, casaco, calças, capacete, luvas. E logo se vê.

E já só faltam 3 dias para ir para a estrada. E continuo sem ter nada marcado, mas já tenho uma rota para o primeiro dia. Totalmente sujeita a alterações, claro. Dança-se consoante a musica.

http://goo.gl/maps/Dt0E1

Continua...

Não me interessa como foste, se foste ou se ainda vais ir.
Não me interessa se vais nu ou vestido, com planos ou sem planos, se com medo ou sem medo.

Mas como pares de contar esta aventura, vou aí e capo-te! 

Boas curvas!

Estou aqui com uma dor nos cotovelos tramada... 

Mas olha, é só ter calma, não stressar, e acautelar minimamente as coisas para desfrutar em pleno da experiência.

Ficamos à espera da continuação COM fotos de preferênica

Cumps!

Estou como o Cobra....Doi-me o cotovelo!!!   

Que Deus ex machina anda aí?

Dia 1

Saí tarde. Um gajo põe-se na conversa e é o que dá. 8h da manhã para estar ás 9 em Phoenix para levantar a mota. E ainda ter de levar o carro á Avis… Só se for de amanhã.  

Despeço-me da viatura de serviço dos últimos dias:


Desculpa pá, vais ser substituido por outro cavalo.

11 da manhã quando finalmente saí da AZ Ride. Umas quantas milhas feitas sem olhar para trás, que quero sair da cidade o quanto antes. Regra geral, não acho piada a cidades grandes, mas as americanas são realmente pouco interessantes.


Assim sim, estamos no bom caminho.

Uma dica do dono da Az Ride poupou-me umas milhas no percurso, mas acima de tudo atalhei um bocado, evitando as duas freeways (auto-estradas) que estavam no plano. Poupou-me a seca e encheu a vista, tipo aperitivo do que estava para vir.


A beleza da paisagem ia aumentando.


Paragem para esticar as pernas.


Um pequeno rio corta o deserto.

A primeira paragem planeada do dia é o Superstition Mountain museum, e Goldmine. Basicamente são duas "tourist traps" separadas por 500m, mas mesmo assim não deixam de ser engraçadas de visitar.


O Cavalo e uma capela branquinha.


A capela.

Reparem bem na capela branquinha. Quem olha diz logo que a devoção é grande, há brio na limpeza e qualidade da pintura, bem como nos arranjos exteriores. Qual será o santo?


O "santo" Elvis.

Realmente estes americanos são doidos… adiante que se faz tarde.


Replica de diligência.


A respectiva "estação".


O dentista lá do sítio.


Moinho e cavalariça.


Só cavalos. As bestas ficam na rua.


O WC.


O sitio para onde vão os meninos maus.

Goldfield fica um pouco mais á frente. É uma "vila fantasma" que foi fundada em 1893, quando descobriram ouro na zona. Mas tão depressa elas aparecem como desaparecem, basta o ouro acabar. Neste caso, em 5 anos foi abandonada. Regressou á vida em 1921 quando novos métodos de prospecção revelaram a existência de minério viável. Mas lá está, o que é bom acaba depressa, e em 1926, bye bye. No ourito no funito.
Até que em 1966 um outro tipo achou que aquilo se poderia transformar numa mina mas não de ouro. De papel verdinho. E Goldfield renascia novamente, para turista ver.


O Cavalo á entrada.


O Pingo Doce lá do sitio.


Avenida principal.


Abastecimento de água.


Local de encontro dos bisavôs do "Comando Padeiros", e Saloon.


Não vou comentar esta.


Nem esta. Não sei porquê mas vem-me imediatamente á cabeça uma foto de um membro do M&D cada vez que olho para estas fotos. Vá-se lá saber porquê.


Outra capela. Será que…??


Naaa, esta á mesmo a sério.


Sabem que gingarelho é este?


É a trisavó da impressora que têm em casa!


Um gerador do tempo da maria cachucha.


Apartamento desenhado especificamente para políticos.


Entrada da mina.

E está na hora de ir, que se faz tarde. A hora de saída de Phoenix fez acelerar as visitas do primeiro dia. Próxima paragem, Tortilla Flat.


Um "postal" engraçado.


Rocha "verde", coberta de musgo. Só a vi neste sítio.


Lago "Canyon Lake".


Ainda é grande…


Uma das várias pontes de ferro.

Tortilla Flat é a vila mais pequena dos EUA, ou assim apregoam eles. Tem 6 habitantes. Já a tentaram vender no Ebay for uns módicos $5.000.000. Aproveitem a pechincha.

Fundada em 1904 como paragem para as diligências que atravessavam o Apache trail, já ardeu, já sofreu uma inundação, mas os (6) tipos lá são teimosos. Verdadeiros Cowboys com pelo na venta!


Aquilo é enorme: A primeira metade…


E a segunda.


Este deixaram-no pendurado…


Devia ser jeitoso devia…


Hora de dar ao dente. Mais que horas, aliás…


Aquilo está forrado de notas de 1 dólar!


Por todo o lado mesmo!


Todos os cantinhos têm notas!


Muitas têm mensagens do tipo "I was here"


Não me contive. Quando lá forem, tentem encontrá-la!  

Continua...

Epá... DELICIOSO!...

Cumps!

LINDO!!    Ancioso pela continuação!  

Brutal! É como ler as historias no Advrider mas em português com um português como figura principal!
Tou a curtir à brava!

Granda tópico,

estou atento.

Bem...correspondentes nos estates é de outro nível!!! Muito obrigado pela partilha, Atikman!!    

 por conta do que virá daí!

Brutal Atik, brutal mesmo.
Um reparo, acho que a malta para alem das fotos do interior das igrejas, também gostava de ver as fotos doutros interiores. Não te acanhes!

Saia um Big  

Abraço

Zé Carlos

Tenho de deixar de vir a este fórum... Os cromos do tuning metem autocolantes nas traseiras dos carros a dizer: "a inveja é uma coisa feia". Eles têm razão! Penso que não me engano se disser que uma voltas na 66 povoam o imaginário de muitos de nós. Boa viagem!

Continuação…

Já de barriguinha cheia, há que voltar á estrada. Mas não por muito tempo, já que 3 milhas á frente, a estrada acaba e começa o tal fora de estrada.


O Cavalo, a rir-se da "estrada".

O "Apache Trail", aka SR-88, deve o seu nome devido a ter sido usado, durante séculos, como via de comunicação por entre as "Superstition Mountains". Efectivamente, a primeira utilização conhecida data de 900AD, quando os Salado entraram no vale pela primeira vez. Mais recentemente, os Apache usaram-no para fazer a vida negra aos Pimas, até que chegou a cavalaria (aka caras-pálidas) e encheram de chumbo os Apaches, com a ajuda dos Pimas. A vingança serve-se no calor do deserto… adiante.
Ainda mais recentemente, o traçado actual foi construído, como via de acesso ás obras de construção da barragem Roosevelt, com início em 1906.


Alguém decidiu fazer tiro ao Apache…


A paisagem desértica é impressionante.


Idem.

O tal "fora de estrada", revelou-se fácil nas primeiras centenas de metros. Nada a assinalar. Depois veio a areia e o primeiro ameaço de "malhanço"! F&d@-se! Nada como um shot de adrenalina para fazer abrir a pestana…
Os prós da coisa dizem que se deve andar de pé. E não é de é mais fácil?!


Aproximava-se o ponto alto do trail.


O Cavalo a apreciar a vista.


E que vista. São 450 metros até lá abaixo.


Estão a ver a estrada lá embaixo do lado esquerdo? È lá que vou passar daqui a pouco.


Uma bela descida, sim senhor (lá vem a adrenalina outra vez…).


A vista é simplesmente deslumbrante... Mas mete lá os olhos na estrada ó camelo!


No fundo, uma ponte.

Parei o Cavalo na ponte e desliguei o motor. O Silêncio, a tranquilidade, faz com que o tempo pareça parar.


A imponência do local é, ao mesmo tempo tranquilizadora.


Um rio que já não vê agua faz tempo.


Apetece ficar ali…

Mas a realidade chama. Quanto mais não seja porque vem uma pick-up a descer o trail, e se eu não me puser a andar como o pó dele.


Aqueles sulcos na estrada fazem desmanchar os ossos de qualquer um…


Mais uma pequena ponte.


A poeirada que tive de comer quando um jeep passou por mim. E a porcaria dos sulcos, que por sorte estavam do lado certo da "estrada".


Ao fundo, o Apache Lake.


Com Marina e tudo.

Aliás, aqui qualquer lago digno do nome tem uma marina, com barcos e tudo! Não é como na Madeira…  


A água fica sempre bem na paisagem…


Dois "Saguaros" a olhar para mim.


Junto à água, estamos quase a chegar á barragem.


E cá está ela!


O Cavalo, de volta ao real asfalto!


Ponte sobre o lago Roosevelt.


O Cavalo também quer ver!

Daqui, se tivesse tido a decência de sair de Tucson a horas decentes, seguiria para o "Tonto National monument" para uma visita. Mas como o sol já se está a ir embora, e ainda faltam uma porrada de milhas até Payson, vamos embora que a temperatura está a descer rapidamente e eu não quero rapar muito frio. "Não quero rapar muito frio", diz ele! Não sabes o que te espera…  

Fim do Dia 1.

Itinerário final.

 Fabuloso  
Está aqui um tipo fechado sem poder sair (alguem tem de trabalhar) e este pessoal a curtir uma passeata destas  
Aqui vai um merito:
Continuação de boa viagem....

      sai mais um

Saia mais um big   para o nosso correspondente nos states!

Estou a adorar. muito bom!

Um verdadeiro Espectáculo     

Dia 2

O dia amanheceu cinzento. Seria, talvez, o prelúdio do que eventualmente viria a acontecer. Mas adiante. Saí de Payson passava pouco das 8. O primeiro objectivo do dia é passar a parte oriental do Mogollon Rim pela FR-300 e depois seguir até Winslow, onde a Route 66 nos espera.


Dia cinzento, mas estrada boa.


É para aquele "monte" lá ao fundo, que vou.


O "Visitors Center" está fechado. Diz que abre ás 9h mas já são 9:45. Onde é que eu já vi isto?


O Cavalo, desejoso de acção.

O Mogollon Rim é uma formação geológica algo peculiar, que divide uma boa parte do Arizona. Basicamente é um enorme planalto, com 320km de extensão, e com escarpas que chegam a ter 1000m de desnível. A norte, de maior elevação, as temperaturas são amenas no verão, é gélidas no inverno (agora é que dizes…). A sul, o deserto, com temperaturas escaldantes no verão. No Rim propriamente dito, uma floresta de pinheiros maravilhosa. O nome "Mogollon" vem do Governador espanhol do Novo México de 1712 a 1715, cujo nome era Juan Mogollón.


Umas centenas de metros á frente, e a paisagem já é espectacular.


Efectivamente!


Aquela estada lá em baixo foi onde passei antes.


O Cavalo espreita por entre as árvores. Também quer ver!


E que vista!


A parte mais oriental está bem cuidada. Caminhos pedestres/ciclovias são norma.


Estes "rapazes" estavam a rastear um balão estratosférico, lançado por um grupo de estudantes da universidade de Las Vegas, e que estava previsto cair algures no Rim. Ainda consegui ver o balão, primeiro com binóculos e depois a olho nu. Um projecto muito giro.


Quanto mais se anda em frente, mas sem palavras fico.


Lindo!


3 milhas á frente, acaba o asfalto.


É muito bom poder desligar o motor e ouvir a floresta…


Idem.


Muito caminho pela frente.


O Cavalo, no seu habitat natural.


Há coisas que uma fotografia nunca vai registar.


Sem palavras.


O Cavalo adora isto.


Em 1990, um enorme incêndio devastou mais de 11000 hectares de floresta no Rim. 6 bombeiros perderam a vida. Ainda se podem ver as cicatrizes, 23 anos depois.


Mesmo as zonas despidas de floresta têm uma beleza impressionante.


Só visto mesmo.


Esta quase que dá para fazer um anúncio da marca.  

Esta zona do Rim tem imensas coisas para explorar. Lagos, inúmeras estradas paisagísticas de beleza assinalável, pontos históricos… Facilmente se perde aqui um dia inteiro (ou dois). Mas tempo é um luxo escasso neste momento… adiante.


Está na hora de virar para a FR-321. Até aqui foram 21 milhas de off-road, faltam mais 18.


Ainda me vão explicar o que faz um "stop" no meio do nada.


Os americanos são tão organizados nas indicações que por vezes tornam-se ambíguas…


Querem disto, não é? Experimentem nesta estrada…


Ena, asfalto!


Local bem pavimentado, com marcações de estacionamento.


Até se pode levar uma árvore de natal a sério, das que não falam chinês!


Tudo muito giro. Agora expliquem-me lá porque é que todas as estradas que vêm dar a este lindo largo são idênticas a esta. Estes americanos têm costela Lusitana…


Da ponte, um lindo ribeiro.


Idem.


O tal ribeiro, depois de uma valente subida.


Efectivamente não se consegue registar o espectáculo que isto é.


São aí uns 200 métros até lá abaixo, praticamente a pique.


Mas que subida. Mais um ameaço de malhanço, e mais um shot, seguido de muitos alhos e bugalhos.


E finalmente, a AZ-87. De volta à civilização.


Rectas sem fim.


Entretanto vamos aprimorando a técnica das fotos em andamento. (que raio de coisa é aquela?)


Muitas milhas depois, já temos Winslow ao fundo.

Continua...

Estou   o meu vizinho numa aventura e pêras   claro todos nós    PARABÉNS a crónica e fotos estão supinpas vou começar a pagar  

Boas Curvas!      

Só hoje é que cheguei aqui!!!

E S P E C T A C U L A R !!!

1 M

aiou silver, a galope,

Continua brutal.
o  46 é meu!

Crónica estapafurdicamente fenomenal..... 

Só falta uma para um quadro genial

sai o respetivo, merecido, justo e mais que justo